Dezenove

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Cara senhoritas e ladys que tanto tem se empenhado em acompanhar as postagens desse singelo livro, meu muito obrigada. Infelizmente, mesmo com tamanha crise em nosso país, eu não tive folga. Por isso,  estou impossibilitada de adiantar os capítulos como gostaria. Grata!

Flora tentou não vacilar em seus passos, embora suas pernas estivessem mais moles do que o normal. Não tinha certeza se deveria atribuir o fato de estar prestes a passar por um local hostil e tão temível pelos dois homens que até então não tinham demonstrado tanta hesitação com um desafio como aquele, ou pela proximidade acentuada dos mesmos rapazes, um de cada lado de seus braços.

Jasper segurava com firmeza a lamparina e iluminava o caminho, agora completamente tomado pela escuridão. Philip mantinha uma das mãos firmes no braço de Flora e a outra estava presa ao cabo da espada. O barulho dos cascos dos cavalos logo atrás contribuiu com o ambiente assustador que se formava a cada passo que o trio dava em direção ao Vale embevecido.

A tensão no ar era quase palpável e Flora passou a ter medo, muito embora se esforçasse para não pensar em sua real condição, concentrando-se em guiar os dois cegos pelo caminho acentuado, tentando livrá-los de pedras ou buracos na estrada que garantiriam um acidente na certa.

— Ouviram isso? — Jasper, apreensivo, indagou erguendo a lamparina em direção ao lugar de onde ouvira o primeiro som vindo de entre as árvores.

Flora interrompeu o andar bruscamente e olhou para o lugar onde Jasper concentrava sua atenção.

— Não pare, Flora! — pediu Phil. — Quanto antes passarmos pelo Vale, melhor será.

— Eu não ouvi nada — Flora declarou reiniciando a caminhada, mas sem retirar os olhos de determinado ponto na mata.

Obviamente que, afetada pelo suspense criado pelo alerta de Jasper, Flora deixou sua atenção repousar ao redor, no lugar de manter-se fiel em guiar o caminho seus companheiros. O fim não poderia ser mais trágico.

Em frações de segundos, Jasper, que também estava nervoso, mais concentrado no barulho misterioso do que no chão onde pisava, tropeçou em uma pedra. O corpo foi projetado para frente, juntamente com a lamparina que se apagou instantaneamente. Flora, tentando manter de pé o rapaz, foi levada junto. Consequentemente, terminou com Philip, cujo braço mantinha fortemente unido ao dela, em cima de seu frágil corpo.

Os cavalos relincharam ao sentir a pressão da corda que Flora rapidamente largou, tentando evitar que fossem pisoteados pelos animais.

— O que está acontecendo? — Phil questionou desconfortável por não ser capaz de acudir a mulher e frustrado por não ter conhecimento do que causara a queda. — Flora? — gritou. — Flora!

— Estou aqui — ela murmurou assim que Phil saiu de cima de si, afastando-se de Jasper. Agradeceu por eles estarem vendados, porque sua saia estava enroscada em suas pernas, a panturrilha a mostra. Se bem que a escuridão era tanta que ninguém veria nada ainda que estivessem mal intencionados. — Jasper encontrou uma pedra no caminho, fomos todos para o chão.

— Desculpe-me, por favor. Eu não vi a pedra — Jasper lamentou sentindo-se culpado.

Os três, então, desabaram a rir com o comentário inocente do rapaz.

— Eu estava distraída — Flora disse por fim, erguendo-se e indo em direção à lamparina. — Não há nada para se preocupar.

— Estão todos bem? — Phil questionou quando também se levantou, buscando o som indicativo da presença de seus companheiros.

— Sim — murmurou Jasper ainda atirado no chão.

— Eu estou tentando acender a lamparina. Perdemos nossa luz.

A princesa desacertada (e seu irremediável destino)Where stories live. Discover now