Nove

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Estou muito feliz por chegarmos a 1000 visualizações. Não tenho palavras para agradecer! Obrigada a todos que estão dando uma chance a esse projeto! Peço, humildemente, pelos votos e comentários, caso estejam se agradando da história! Boa leitura!

***

Philip deteve-se por um momento ao contemplar a figura da princesa dormindo no chão duro da caverna, bem próxima do fogo. Ela expirava profundamente e, embora estivesse com os fios do cabelo todos desgrenhados, continuava exalando uma doçura característica só dela.

Claro, precisamos explicar que Phil havia voltado a se deitar mais cedo, relutante, com o humor bastante alterado devido à obstinação de Flora opondo-se às decisões dele. Ele não tinha dela as melhores considerações quando pegou no sono. Dormiu por muitas horas seguidas e, precisava admitir, naquele momento, olhando para ela, o quanto o descanso havia auxiliado em sua ligeira recuperação. Apesar de se esforçar ao máximo para não demonstrar, estava muito abatido no momento quando anunciou a partida e precisou apenas de alguns minutos deitado para respirar, aliviado, com o adiamento proposto pela teimosa jovem.

Agora ele era um homem renovado e se não fosse pelo leve ardor em sua nuca, ninguém jamais suspeitaria da febre e da dor que o abatera por tantas horas seguidas.

Também precisamos expor como a culpa o tomou, tornando-se penoso arrependimento, quando ponderou sobre suas atitudes cruéis diante de toda a dedicação de Flora para cuidar de um desconhecido. Lembrou-se das palavras do rei Chesed, declaradas durante um de seus sermões.

"O orgulho vem antes da destruição; o espírito altivo, antes da queda."

Disposto a consertar as coisas assim que tivesse uma chance, aproximou-se um pouco mais da jovem para despertá-la.

— Princesa, acorde! Está na hora de partirmos! — ele chamou, contudo, Flora não se moveu.

— Ela está exausta — Jasper anunciou ao ver o insucesso de seu mestre. — Passou boa parte do tempo ontem ao lado do senhor, cuidando da febre. Apenas a convenci de dormir quando me ofereci para velar o senhor durante a noite.

Phil crispou o olhar para seu escudeiro.

— Contudo, estava dormindo quando despertei essa manhã — Phil concluiu um tanto indignado.

— Bem, eu tentei. Mas, talvez, não tenha tentado tanto quanto era necessário — confessou Jasper, apesar de não demonstrar muito arrependimento.

— Jasper! — Phil exclamou ao juntar algumas peças. — Quanto do tempo durante nosso revezamento de guarda você passa acordado?

Disposto a não entregar sua inabilidade em permanecer desperto por muitas horas seguintes durante a noite, Jasper apontou para Flora.

— Se não acordar a princesa, não conseguiremos passar pelo portal durante o dia. E o senhor sabe o que aguarda os viajantes durante a noite!

Philip estava muito ciente da escapulida de seu escudeiro, contudo, ele tinha razão. A segurança deles naquele momento era mais importante do que discutir a falta de segurança passada. Logicamente, aquela situação ainda seria esclarecida e Jasper não fugiria de um sermão sobre responsabilidades e defesa.

Phil ajoelhou-se ao lado da dama e, com cautela, tocou levemente o ombro de Flora.

— Princesa, acorde! Estamos atrasados!

Flora remexeu-se um pouco, mas não abriu os olhos. Philip recolheu a mão, mas continuou chamando-a. Ela, então, voltou-se a ele, ainda de olhos fechados e sorriu. O cavaleiro paralisou por um momento. Sensações diferentes, do passado e do presente, invadiram seu corpo, alterando as batidas de seu coração. Contudo, quando uma palavra saltou dos lábios ingênuos da jovem, um gosto amargo invadiu sua boca.

A princesa desacertada (e seu irremediável destino)Where stories live. Discover now