A princesa desacertada (e seu...

Od LadysDePemberley

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Essa é uma história com princípios e analogias cristãs. NÃO CONTÉM HOT! Tudo que a princesa Flora queria era... Více

Personagens Principais
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Epílogo
Agradecimentos
Pedido Especial

Vinte

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Od LadysDePemberley

Phil proibiu o trio de parar ou diminuir o passo enquanto não avistassem vestígios da Torre do refúgio, ainda que a dor em seu braço fosse cruciante. Não suportava pensar sobre o perigo que havia colocado Flora ao propor aquela ideia insana que quase custou a vida de Jasper e poderia ter ferido a princesa gravemente caso ela insistisse em intervir na caminhada do jovem enfeitiçado pela criatura.

Depois de percorrerem um longo caminho na escuridão — a princípio em disparada — na fuga do vale, conseguiram avistar luzes distantes, denunciando a proximidade do vilarejo tão esperado.

— Está doendo muito ainda? — Flora questionou quando a claridade a permitiu enxergar o semblante de Philip e a mão repousada pressionando o local da investida do inseto.

Phil a encarou e mesmo a pouca luz pode identificar compaixão nos olhos dela. Por um instante, inevitavelmente, ele comparou a disponibilidade de Flora em pensar no outro e não apenas nos próprios interesses.

Disposto a não preocupar ainda mais aquela doce criatura, forçou um sorriso e tentou parecer mais natural.

— A dor está tolerável, não forte o suficiente para me fazer chorar — ele tentou brincar.

Flora riu mais do esforço dele em parecer divertido do que da piada por si só.

— Quando chegarmos à torre, farei uma mistura para aliviar um pouco a dor local — ele informou tentando confortar o homem que estava visivelmente sofrendo.

— Agradeço sua preocupação.

Phil observou maravilhado o sorriso preencher o rosto daquela bela mulher. Há tempos estava relutante em assumir, mas a cada instante a princesa se tornava mais bonita e mais agradável a seus olhos. A doçura contrastava com a força de seu caráter. Flora era delicada, mas destemida. Ingênua, mas perspicaz. Convicta, mas pronta a perdoar. Rica e poderosa, contudo se demonstrava humilde. E todas essas características recém-descobertas pelo nosso herói estavam confundindo seus sentimentos e coração.

Não demorou muito para que a grande torre — que na verdade se tratavam de duas torres —, responsável por dar nome à pequena aldeia, se revelasse imponente diante dos olhos do trio viajante. Havia luzes vindas de dentro da construção antiga de cinco andares, toda de pedra, e algumas tochas iluminavam ao seu redor.

— Bem vinda à Torre do refúgio — Phil disse, apontando para o monumento logo à frente. —Enfim, chegamos ao nosso destino. Espero que a Sra. Bascher esteja preparada com uma de suas deliciosas refeições, ainda que seus convidados estejam tão atrasados.

Flora pensou que uma refeição cairia bem para seu estomago faminto. Também desejou um banho e, se é que poderia ter ousadia de sonhar com isso, uma cama macia para abrigar seu corpo dolorido. Não fazia ideia de quais acomodações seriam oferecidas ao grupo e não tinha pretensão em se decepcionar com a recepção, seja ela qual fosse.

Os desejos de Flora foram rapidamente correspondidos. Antes mesmo de adentrar no vilarejo, fizeram a curva para a direita, contornando a torre e adentrando no portão de uma grande propriedade. Embora a escuridão da noite ocultasse praticamente toda a beleza do casarão, bem como os seus jardins, a princesa teve certeza de que ao menos um quarto confortável ela teria naquela noite.

Jasper esteve calado durante praticamente todo o caminho. Embora o próprio Philip tivesse pedido que se mantivessem concentrados e silenciosos durante o trajeto, ele parecia ainda um pouco em choque, não se atrevendo dizer nada até que se sentisse de fato novamente seguro.

Os cavalos pararam em frente a uma escadaria, onde um funcionário devidamente uniformizado esperava para recebê-los. Phil pulou rapidamente de sua montaria pronto para auxiliar Flora, guardando apenas para si o deleite que sentia devido à rápida proximidade entre eles quando em um só movimento a tirava com facilidade de cima de seu animal.

— Obrigada, Philip — ela disse e olhou para o braço dele, analisando se o esforço não tinha causado desconforto.

Phil, lembrando-se de seu lugar, fez uma mesura e voltou para o seu cavalo para retirar seus pertences. Flora e Jasper fizeram o mesmo.

— Sr. Baruch, creio que estão atrasados. O patrão os esperava...

— Eu sei, Charles — Phil interrompeu o mordomo com um sorriso. — Tivemos contratempos no caminho.

O mordomo assentiu, avaliando aquilo que ele julgou ser o contratempo, a saber, Flora. Não podemos culpar Charles de torcer levemente o nariz diante da mulher. Qualquer um que a visse naquele estado, de longe seria capaz de classifica-la como uma dama. Acreditar que aquela, vestida com roupas imundas e amassados, cujos cabelos estavam despenteados, pudesse ser a princesa do Reino era um pensamento quase infame de se ter.

— Por favor, o patrão já foi avisado da sua chegada, senhor.

Os três seguiram atrás do mordomo, cuja postura era impecável. Mal atravessaram as portas e foram recebidos pelas calorosas expressões dos donos da casa, demonstrando sua felicidade em ver Philip.

— Grande Philip de Baruch! — um senhor de idade aproximou-se com os braços estendidos. — Pelo fruto da macieira, até que enfim chegaram!

Flora assistiu, sorrindo, o vigoroso abraço que o senhor deu no destemido cavaleiro. O Sr. Bascher era um sujeito baixinho, dos cabelos grisalhos e com uma avantajada barriga que insistia em pressionar contra o corpo de Phil, que, rendido, aceitava toda aquela demonstração de afeto. Quando se afastou, ainda mantendo as mãos nos braços rígidos de Philip, ajeitou os óculos e o observou atentamente.

— Você está horrível! Pelas barbas do grande Richard, é bom que se vista apropriadamente para o jantar ou minha esposa não aceitará você à mesa.

Flora, assim como Jasper, riu da sincera sentença. Logo atrás do amável senhor havia uma esguia e elegante mulher de meia idade. Com as mãos unidas, sorria afetuosamente, esperando sua vez para receber o seu estimado convidado. Seu vestido de seda era verde escuro, seu cabelo estava devidamente preso em um coque justo e seus movimentos eram graciosos e agradáveis aos olhos. Assim como o marido, tomou Philip nos braços e o abraçou, dessa vez com mais delicadeza.

— Bem vindo, meu querido. — Depois de deixar um beijo na face dele, virou-se para o jovem logo atrás. — Jasper, menino, como está?

Jasper murmurou uma resposta e Philip aproveitou a deixa para se aproximar de Flora.

— Ana e Simon, essa é Flora, nossa companheira de viagem.

O senhor olhou atentamente para a menina com uma exclamação estampada no rosto. Obviamente, aquela era uma novidade e tanto. Inevitavelmente, avaliou a situação dela e imaginou que deveria se tratar de alguma jovem a quem Phil estava prestando auxílio, ou conduzindo à Or, onde seria amavelmente acolhida.

— Ela é uma amiga. Oh, céus, é uma longa história — Phil suspirou e levou a mão até a ferida que doía um pouco mais depois de tanto ser apertado nos braços de seus anfitriões. — No momento, peço apenas que nos providencie aposentos onde poderemos nos lavar e ficarmos mais apresentáveis para o jantar.

Imediatamente o pedido de Phil foi atendido. Não foi preciso mais palavras para que funcionários, dirigidos pelo mordomo, guiassem os dois homens escadaria a cima. Flora, no entanto, foi guiada pela própria senhora Bascher. A mulher conquistou a princesa instantaneamente, apenas com seu olhar acolhedor e seus modos receptivos, sem grandes perguntas.

Flora soltou o ar, aliviada, quando o quarto se revelou após a porta do aposento ser aberta. Enfim ela teria acomodações dignas e poderia descansar sobre um colchão macio e cobertas quentes e limpas. Ana mostrou onde a menina encontraria tudo que precisasse e, após uma rápida avaliação, sugeriu um banho quente para ela.

— Oh, senhora, um banho seria muito bem vindo. Muito obrigada! — ela disse, deixando em cima de um baú o saco com os poucos pertences que havia ganhado da senhora McLee, entre eles, um vestido mais ou menos limpo.

Ana observou aquele saco empoeirado, depois se voltou novamente ao rosto de Flora e, discretamente, assumiu a responsabilidade de sanar suas dúvidas.

— Você não tem muitos pertences, creio eu. Aí não deve ter um vestido apropriado para uma mesa de jantar — ela falou com bastante amabilidade, temendo parecer indelicada.

— Ah, senhora, eu não trouxe muitas coisas comigo nessa viagem... E, bem, eu realmente só tenho comigo um vestido simples e talvez não tão limpo como pede a ocasião. — Flora abaixou a cabeça. — Se não tiver adequada à sua mesa, eu não me importo de fazer minha refeição aqui no quarto.

Ana deu alguns passos e segurou a mão de Flora.

— Perdoe-me se a deixei me interpretar mal, querida. — Sorrindo, ela passou a mão pelo rosto da jovem, depois pelos cabelos. — A senhorita é uma menina muito bonita e merece estar devidamente apresentável para jantar conosco. Na verdade, eu estava pensando nos arranjos que poderia fazer para realçar todos os seus encantos. Permite-me vesti-la?

Flora arqueou as sobrancelhas, sem compreender qual a sugestão daquela mulher.

— Minha criada virá auxiliá-la com seu banho. Tenho alguns vestidos aqui que servirão perfeitamente na senhorita. Mandarei também uma camisola para dormir mais confortável e voltarei para ajudá-la com o penteado.

— Obrigada — Flora agradeceu com sinceridade.

Ana soltou a mão da princesa e fez menção de deixá-la. Flora, contudo, lembrou-se de Philip e de seu desconforto. Adiantou-se até sua sacola e de lá tirou as folhas que havia separado de antemão.

— Por favor, senhora, poderia enviar isso até o senhor Philip? Creio que ele deva estar sofrendo no momento devido a um pequeno acidente que tivemos há pouco. — Ela entregou as folhas e orientou. — Diga a ele que deve bater até que a folha libere um liquido esverdeado. Ele deve misturar a esse liquido um pouco de óleo e passar no local.

Ana assentiu e saiu, prontamente disposta a cumprir seus deveres para com a menina. Um pouco depois, Flora estava dentro de uma banheira com água quente, os cabelos sendo rigorosamente lavados por uma ágil criada, e meia dúzia de vestidos estavam estendidos sobre a cama.

Flora postergou o quanto pode a saída da água quente que envolvia seu corpo. Contudo, a fome também a convidada a se apressar. Enrolada em uma toalha, escolheu um dos lindos vestidos ofertados e sentiu-se agradecida pela ajuda para se vestir. O vestido precisou de um pequeno ajuste, que foi rapidamente resolvido pelas mãos da ajudante enviada que tagarelava sem parar sobre o quanto a convidada era linda e tinha uma pele perfeita.

Ana entrou no quarto e suas mãos habilidosas prenderam os cabelos de Flora, deixando alguns fios caindo sobre seus ombros e face. Quando Flora olhou-se no espelho, sentiu-se novamente a mulher que tinha sido criada para ser. Estranhamente o sentimento apertou seu peito, deixando-a levemente angustiada.

— Eu não estava errada, você é linda! Nem serão necessárias joias para embelezá-la, minha querida.

— Obrigada, senhora. Sinto-me melhor agora.

— Agora, vamos! Os homens já estão impacientes esperando por nós. — A mulher virou-se para a criada. — Por favor, avise que estamos prontas.

A mulher fez uma mesura e saiu. Ana estendeu o braço para Flora, que segurou com gratidão.

Philip estava de fato impaciente. Olhou para o braço onde ataduras escondiam a ferida devidamente cuidada segundo a recomendação de Flora, e puxou a manga da camisa para esconder o local. Ele não sabia porque, mas temia toda aquela demora. Quando Charles, o mordomo, avisou da entrada das mulheres, ele levantou-se tão de pressa que se esqueceu de seus modos.

Jasper e Simon trocaram olhares significativos.

Nosso herói já imaginara que Ana tomaria medidas necessárias para que Flora estivesse bem apresentada. Ele conhecia aquela querida senhora de muitos anos e reconhecia a tendência dela buscar sempre fazer o bem a quem quer que fosse. Phil não entendia muito sobre as coisas de mulheres, há muito tempo essas não eram preocupações de seu cotidiano, mas sabia que a senhora Bascher cuidaria de todas as necessidades de Flora. Entretanto, ele não havia preparado seu mexido coração para encontrar aquela bela figura embelezada por um singelo e elegante vestido de musseline rosa.

Resistiu bravamente ao desejo de exclamar em voz alta sua — positiva — surpresa. Levou as mãos até as costas e assim ficou, embora, devo relatar que seus olhos não conseguiram se desviar nem por um minuto de Flora.

Jasper, por sua vez, já recuperado do choque daquela noite, aproximou-se dela e atrevido encheu-a de elogios.

— Flora, a senhorita é ainda mais bonita vestida como uma dama elegante — ele disse e sorriu, pensando que aquela era a imagem mais próxima da verdadeira identidade da princesa. — Embora, devo dizer que sempre a admirei.

Flora sorriu com o jeito do rapaz e aceitou o beijo carinhoso que ele deu em seus dedos.

Philip continuava imóvel, petrificado, quase enfeitiçado.

Simon, após tocar levemente nas costas do seu querido amigo, forçando-o a reagir, aproximou-se de Flora. Com um sorriso que ela julgou querer dizer algo, fez uma pequena e discreta mesura, denunciando, pelo olhar brilhante, que ele já sabia de toda a história.

— É uma honra recebê-la aqui, minha querida — ele disse e também aceitou a mão enluvada dela, beijando-a a seguir. — Sinta-se a vontade em nosso humilde lar. Nós nos alegramos de ter uma amiga de Philip em nossa casa.

— Obrigada, senhor — Flora murmurou, sentindo, tardiamente, as bochechas esquentarem.

Percebendo o embaraço da menina, Ana quem apressou a locomoção do grupo até a sala de jantar. Simon acompanhou a mulher à frente e Phil, um pouco menos atordoado, aproximou-se e ofereceu o braço para a princesa.

Flora sorriu e aceitou a oferta cavalheiresca. Preciso descrever que, no instante quando ela adentrou na sala, seus olhos buscaram pelo seu temporário guardião. Assim como ele, ela também observou suas vestes alinhadas e harmoniosas, embora ainda bastante simples. Os cabelos estavam limpos e penteados para trás. Ele realmente era um homem muito bem apessoado, ela precisou admitir. E quando o perfume dele exalou ao seu lado, ainda a caminho da sala de jantar, ela certificou-se de que sua companhia era muito agradável, mesmo em melhores condições das que viveram até então.

Mas ela não teve muito tempo para pensar sobre os sentimentos despertados naquela noite em particular. Eles adentraram na sala de jantar e o cheiro da refeição atingiu suas narinas, voltando toda a sua atenção ao prazer que seria fazer uma refeição completa, distinta e rica.

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