A princesa desacertada (e seu...

By LadysDePemberley

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Essa é uma história com princípios e analogias cristãs. NÃO CONTÉM HOT! Tudo que a princesa Flora queria era... More

Personagens Principais
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Oito
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Epílogo
Agradecimentos
Pedido Especial

Dezessete

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By LadysDePemberley

De antemão, peço perdão pela demasiada demora em postar esse capítulo! Tive compromissos que me impossibilitaram de escrever. Entretanto, não temem, eu retorno!

...

Flora observou o olhar preocupado de Jasper ser novamente direcionado a Philip, que dormia como um lactente alheio aos problemas do mundo. O rapaz demonstrava-se muito atormentado com o estado de seu mestre e foi necessária a intervenção da princesa diversas vezes para que ele deixasse o homem dormir.

— Jasper, eu já lhe assegurei, é normal ele estar dormindo. O chá de rougicera é um calmante natural e unido ao efeito do chá de cogumelo vermelho, os efeitos se intensificam.

Jasper agachou ao lado da brasa de uma fogueira acesa horas antes para o preparo da refeição. Ainda ansioso, colocou alguns gravetos e atiçou o fogo.

— Não é isso — ele disse sem encarar a princesa. — Se ele continuar dormindo por muito tempo, ficaremos sem abrigo durante a noite. Aqui não é um lugar seguro, precisamos nos retirar.

— Não podemos acampar aqui? — Flora indagou obrigando Jasper a encará-la. Pelo olhar sóbrio do rapaz, ela compreendeu a resposta. — E onde poderíamos encontrar um abrigo seguro?

Jasper levantou-se e avaliou mais uma vez a posição do sol. Coçou a cabeça, olhou para Philip e voltou-se à mulher.

— Precisamos partir logo — olhando para a estrada, completou — e nem assim tenho garantia de que encontraremos um local propício para passar a noite.

Flora, outrora sentada perto do fogo, levantou-se e limpou as mãos na saia.

— Bem, talvez possamos tentar acordá-lo... — Flora parou e ponderou antes de corrigir. — Você possa acordá-lo. Contudo, não saberemos se ele está restabelecido.

— Se for possível montar, podemos levá-lo — Jasper disse e tentou não rir diante das lembranças do falatório de Philip e de seu péssimo equilíbrio.

— Céus! — Flora ergueu as mãos para o alto e encontrou-se sem saída. — Tudo bem. Vou aproveitar e repor nossa água.

Jasper observou Flora partir depressa — quase fugindo — com os vasilhames de água vazios. Por um momento pensou em como, apesar de tudo, a presença dela tinha tornado aquela a melhor viagem de todas. Seu caráter doce e gentil, sempre disposta a ajudar e consolar diante das dificuldades, tornava o ambiente muito mais agradável. De alguma maneira ela fazia bem até mesmo para Phil.

A mulher, por sua vez, rapidamente se esqueceu dos infortúnios causados pelo cavaleiro atordoado. Sentia a brisa suave tocar sua face e o sol do fim da tarde, já não mais tão quente, esquentar a pele branca — não mais tão branca — dela.

Quando chegou ao rio, as águas cristalinas eram um convite para o corpo cansado da jovem. Após olhar ao redor e se certificar de que estava sozinha, retirou os sapatos e ergueu as saias até os joelhos, rindo sozinha ao pensar em quanta repreensão receberia de sua tutora se soubesse daquele gesto indecoroso. Com cuidado, sentou-se na beira do rio e enfiou os pés na água gelada, apreciando o contato do corpo com a água corrente.

Sem pressa, Flora lavou primeiramente o rosto. Depois, aproveitou para ajeitar os cabelos, molhou a nuca e lavou os braços. Nunca pensara que um dia estaria se lavando escassamente a beira de um rio e por um breve momento, um lampejo de saudade atravessou seu coração.

— Flora?

A jovem ouviu seu nome ser pronunciado na voz grossa e hesitante de Philip às suas costas. Atordoada por ser pega em um momento íntimo e com os joelhos expostos, tirou os pés da água e acabou se enrolando no tecido da saia quando, no instinto, tentou ficar de pé. A cena seguinte a ser descrita, talvez já tenha sido imaginada de antemão pelo leitor. Flora, desengonçada, terminou sua trajetória dentro do rio.

Philip demorou apenas alguns segundos para se dar conta de que precisava entrar em ação. Solícito, estendeu sua mão em direção à jovem que tentava se recompor depois do forçado mergulho e segurar as saias em seu devido lugar.

Flora não tinha certeza se deveria ou não aceitar o auxílio de Philip. Poderia se colocar em uma grande enrascada. Contudo, a situação de todo já era deprimente, não se esperaria algo pior. Segurou na mão firme e quente do cavaleiro que sem nenhum esforço a puxou de volta para a margem.

— Obrigada — ela agradeceu recolhendo rapidamente a mão e dando um passo para trás. Philip, por sua vez, tinha o semblante mais fechado.

— Não queria assustá-la — disse. — Perdoe-me.

Flora desviou o olhar do cavaleiro e passou a analisar o quanto estava em péssima condição, completamente molhada, dos pés à cabeça. Seria essa uma boa desculpa para se distanciar ainda mais dele.

— Sou uma desastrada! Melhor eu ir trocar minhas vestes antes de pegar um resfriado.

Philip, contudo, adiantou-se e rapidamente se desvencilhou de seu casaco, colocando-o sobre os ombros molhados da princesa. Ela observou os movimentos dele e concluiu que não estavam mais vacilantes, pelo contrário, eram firmes.

— Parece que você está se sentindo bem — ela falou evitando encará-lo enquanto ajustava o casaco para esquentá-la.

— Acredito que esteja se referindo sobre meu comportamento. — Philip cruzou os braços atrás das costas e ergueu a postura. — Sim, creio que esteja suficiente são agora. Embora minha cabeça esteja prestes a explodir.

Flora ergueu o olhar e notou o traço de incomodo refletido na feição de Philip.

— Posso providenciar algo para diminuir a dor.

— Oh, não! — Ele ergueu uma das mãos. — Nada de chás, por favor.

Um pequeno sorriso brotou nos lábios dela.

— Tudo bem.

Um silêncio constrangedor se instaurou entre os dois. É de se imaginar o que cada um estava pensando. Ela, constrangida, molhada e desejando retornar para a segurança da companhia do terceiro membro do grupo, e ele, constrangido, ciente do seu dever como um cavalheiro.

— Creio que devemos retornar, preciso me trocar para partirmos o mais depressa possível — por fim, ela disse e fez menção e andar, porém, Phil segurou levemente seu braço.

— Espere! — pediu. — Tenho algo para te dizer.

O olhar de Flora foi atraído instintivamente para a mão quente em seu braço. Philip rapidamente desfez o contato e, dando um passo para trás, pigarreou.

— Embora eu não me lembre exatamente da sucessão dos fatos decorridos depois de minha incrível capacidade de baixar a guarda, mesmo em um ambiente tão hostil, tenho uma vaga ideia do meu comportamento — ele soltou de uma só vez, temendo perder a coragem, o que não era algo comum de acontecer com nosso herói. — Ademais, Jasper fez questão de me deixar ciente dos meus terríveis modos.

Flora estranhou a formalidade de Philip, algo que, pelo menos para ela, eles já tinham superado. Apertou o casaco sobre o corpo e evitou encarar o homem, aguardando que ele se desculpasse e pudessem retornar ao improvisado acampamento para dar continuidade à viagem.

— Sou um cavalheiro, senhorita, e estou ciente de minhas obrigações depois de um comportamento tão indecoroso e ultrajante de minha parte — Phil continuou e manteve-se firme, mesmo quando ela levantou os olhos arregalados e o encarou. — Nenhum homem tem o direito de dizer o que eu disse e deixar uma donzela desamparada depois...

— Philip! — ela protestou antes que ele fosse longe demais. — Oh, pela luz da alvorada! Nós dois sabemos que o senhor não estava em plenas condições de responder por seus atos!

— Mas isso não altera o fato de eu ter agido covardemente como um homem sem princípios, e é meu dever...

— Dever? — Flora indagou irônica e não parou para pensar porque ficou tão ofendida com o comentário. — O senhor pensa mesmo que eu me unirei a um homem porque ele pensa ser o dever dele o fazer?

— Sou um homem de honra e caráter, senhorita. Não mancharia sua honra!

— Honra? Por ter me dito palavras que até mesmo um homem sóbrio e bem intencionado poderia dizer? — A defesa se ergueu rapidamente no coração de Flora, principalmente quando ela associou o fato aos galanteios de Henry. Afinal, que mal havia nisso? Ele pretendia se casar com ela, não pretendia? Por que não poderia expor os sentimentos da paixão?

— Não sou como outros homens sóbrios e bem intencionados — ele disse entredentes, recordando-se dos homens da guarda com quem convivera por muito tempo, sem escrúpulos quando o assunto era uma barra de saia.

— Pois deixarei muito bem claro, senhor Philip: eu não me casarei com outro homem que não seja o amor da minha vida, minha alma gêmea, aquele por quem eu espero há tantos anos e, aliás, deveria ter me encontrado com ele e selado nossa união se o senhor não tivesse me prendido nessa jornada longa e tediosa!

Philip deveria se exaltar, e talvez ele o fizesse, se não tivesse ainda levemente sob efeito de vestígios do chá. Porém, era um homem e como tal, possuía limites para suportar a menção de certos assuntos, e o príncipe de Goi era um deles capaz de tirar sua paz.

— A senhorita foi bem clara, alteza — respondeu com uma calma forçada. — Não se preocupe, em breve estará livre para correr para os braços desse homem. Quero dizer — ele corrigiu e levou as duas mãos para trás das costas —, se me deixar livre do compromisso que assumi ao dizer certas coisas que nunca deveriam ter sido ditas.

Estranhamente a calma de Philip surtiu efeito na princesa. Ela logo se sentiu culpada e percebeu, tardiamente, que havia atacado o homem que apenas demonstrava a firmeza de seu caráter. Ela suspirou e o encarou, agora com a expressão amolecida.

— Me perdoe, Philip. Eu não deveria me comportar dessa maneira. Contudo, o senhor está liberado de qualquer compromisso comigo. Não levei a sério suas palavras e estava ciente de que tudo não passava de efeito do chá.

Flora sentiu novamente um estranho sentimento de aquietação. Temendo que isso pudesse transparecer em seu semblante, sorriu.

— Inclusive, o correto seria que tivesse me feito essa proposta quando disse que eu sou sua propriedade na Taberna.

Aliviado com o rumo da conversa, Philip também sorriu.

— Nesse caso, preciso mencionar que foi a senhorita quem me chamou de querido e reivindicou seus direitos sobre mim diante de tantas mulheres no Vilarejo das virgens.

Flora riu, mas Philip imediatamente se deu conta da seriedade do comportamento dos dois. De novo temeu colocar Flora em demasiado risco pela exposição e sua mente passou a trabalhar arduamente diante do que poderia ser feito para consertar o que não dava mais para evitar e como poupar novas ocorrências indesejadas.

— Bem, espero que estejamos resolvidos — Flora disse por fim ao observar Philip recolhido em seus pensamentos.

— Sim, e é melhor se trocar. Precisamos partir o mais depressa possível.

Flora assentiu e passou pelo cavaleiro, contudo, virou-se e o encarou.

— Recomendo um bom banho nas águas frias do rio. Vai aliviar a cabeça e o ajudará a despertar.

— Sim, já estava em meus planos fazer isso quando me conduzi até aqui.

Flora se retirou, deixando para trás o homem que aguardou que ela saísse de suas vistas para poder aproveitar a água fria para obrigar sua mente e seu corpo a funcionarem como deveriam.

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