A princesa desacertada (e seu...

By LadysDePemberley

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Essa é uma história com princípios e analogias cristãs. NÃO CONTÉM HOT! Tudo que a princesa Flora queria era... More

Personagens Principais
Prólogo
Um
Dois
Três
Quatro
Cinco
Seis
Sete
Nove
Dez
Onze
Doze
Treze
Quatorze
Quinze
Dezesseis
Dezessete
Dezoito
Dezenove
Vinte
Vinte e um
Vinte e dois
Vinte e três
Vinte e quatro
Vinte e cinco
Vinte e seis
Vinte e sete
Vinte e oito
Vinte e nove
Trinta
Trinta e um
Trinta e dois
Trinta e três
Trinta e quatro
Trinta e cinco
Trinta e seis
Trinta e sete
Trinta e oito
Trinta e nove
Quarenta
Quarenta e um
Quarenta e dois
Epílogo
Agradecimentos
Pedido Especial

Oito

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By LadysDePemberley

Philip se arrependeu de acordar quando a dor dilacerante rompeu em sua pele, fazendo seus músculos se retraírem de imediato. Sua nuca ardia e o cansaço o dominava. Parecia estar finalmente em plena consciência, muito embora sua cabeça doesse ao tentar se recordar dos acontecimentos passados. Contudo, o timbre de uma doce, reconfortante e angelical voz que o fez pensar várias vezes em meio a suas alucinações que havia morrido e chegado ao céu ainda era bem vívido em suas lembranças.

Com dificuldades, apoiando-se nos braços, ergueu o tronco disposto a ignorar a terrível e penosa sensação que o atingira, partindo da nuca até alcançar todo o seu corpo.

— Por favor, senhor Philip, tenha cuidado. O senhor ainda está muito debilitado. — Ele ouviu aquela voz novamente e, instintivamente, virou-se para descobrir a identidade de quem cuidara dele com tanto afinco. Flora estava de pé, com as mãos cruzada em frente ao corpo, observando-o com zelo.

— O que aconteceu? — ele indagou ainda aturdido.

— Fomos surpreendidos por uma tempestade do norte e o senhor foi atingido — ela explicou e se aproximou colocando a mão atrás das costas do homem, ajudando-o a se sentar. — O senhor foi acometido por uma febre muito alta e padeceu muitas dores.

— Você teve sorte, Phil — a voz de Jasper rompeu do lado contrário do recinto e denotava certa preocupação —, de a princesa ter muitos conhecimentos sobre ervas medicinais.

Philip aceitou a cuia oferecida por Flora que, com um sorriso, elucidou a cerca de seus conhecimentos.

— Eu passei muito tempo, desde minha infância, trancada na biblioteca, sendo incentivada a me aplicar com afinco à leitura. Amava passear pelos livros proibidos — ela explicou e deu uma risadinha, recordando-se de suas artimanhas para ler sobre assuntos que sua governanta julgava inapropriado para uma dama. — Dediquei-me com muito empenho, debruçada sobre alguns livros específicos sobre esse assunto e, embora desenhasse com precisão as folhas, raízes e flores que possuíam caráter curativo, poucas vezes tive real contato com essas plantas.

Philip observou os olhos de Flora e mesmo estando dentro de uma caverna com pouca luminosidade, pôde ver um brilho de satisfação iluminando seu rosto. Só então percebeu o quanto ela estava perto e, desviando o olhar, apreciou o liquido quente que lhe foi oferecido.

— Tome tudo, esse chá auxiliará em sua recuperação.

Philip obedeceu e suspirou cansado, entregando a cuia vazia nas mãos da mulher que se levantou, pronta para voltar às tarefas a ela designada diante da imprevisível situação a qual haviam sido colocados. Ouviu o relincho do cavalo ao lado de fora e, imediatamente, alertou-se sobre a saúde de seu animal.

— Onde está Ezer? — indagou aflito, ponderando o quanto ele tinha sido afetado.

— Não se preocupe, Phil — Jasper respondeu prontamente, disposto a aliviar as preocupações do mestre. — O seu corpo protegeu grande parte do lombo dele, que sofreu apenas uma leve queimadura em uma das patas traseiras. Flora também cuidou da ferida de Ezer e eu posso garantir que ele sofreu muito pouco se comparado a você.

Flora aproximou-se e delicadamente pousou uma das mãos no ombro de Philip.

— Deixe-me ver como está sua ferida, senhor Philip.

Ao ouvir o pedido de Flora, Philip recordou-se do quanto se sentia irritado quando se encontrava debilitado e fraco. Raramente aceitava auxílio e odiava ser um atraso na vida das pessoas. Contudo, a maneira gentil como a princesa parecia cuidar dele desarmou todas suas defesas e ele, obediente, abaixou a cabeça, deixando a área da nuca exposta para ela poder agir.

Flora sorriu satisfeita ao notar a rápida cicatrização da pele afetada. Comemorou silenciosamente por suas peraltices roubando livros medicinais e pelo desejo de aprender mais do mundo misterioso além dos muros do castelo. Imaginou como Henry ficaria orgulhoso diante de sua inteligência colocada em prática e mal poderia esperar a hora de reencontrá-lo para contar como havia ajudado uma pessoa, mesmo ouvindo de todos que uma princesa não deveria gastar seu precioso tempo se preocupando com questões como essa.

— Vai arder um pouco — ela informou perto de acrescentar mais uma camada de uma pasta especial que neutralizaria o efeito da água ácida —, mas é para o seu bem.

Philip sentiu a implicação do alerta da princesa e contorceu os lábios, segurando-se para se manter firme diante da excruciante dor.

— Como sabe quais cuidados deveriam ser tomados? — ele perguntou com a intenção de levar sua mente a trabalhar, afastando assim a sensação desconfortável.

— Eu li uma vez sobre os danos causados pela água ácida da tempestade do norte, porém, nunca tinha me deparado nem com uma tempestade, nem com uma ferida provocada por ela. Graças a Deus eu me recordava quais folhas deveria utilizar para preparar a pasta e a raiz para o chá que ajudaria a aliviar a dor. Jasper colheu todas quando o tempo se estabilizou — ela dizia enquanto fazia seu trabalho, buscando ser rápida e evitar mais sofrimento ao debilitado homem. — Aliás, a experiência de seu escudeiro também foi de grande utilidade. Ele quem me informou da febre que acomete quem é atingido pelas águas ácidas e me tranquilizou diante de suas alucinações.

Flora terminou e olhou dentro dos olhos de Phil nesse momento. Recordou-se das palavras soltas durante os momentos de delírio do cavaleiro. Apesar da aguçada curiosidade feminina ansiar por ouvir as histórias referentes àquele nome muitas vezes proferido, hora com muita amargura, hora com uma intensidade apaixonada, ela conteve-se. Não seria apropriado apoderar-se de informações ditas por um homem inconsciente, muito menos pressioná-lo a falar sobre determinado assunto.

— Quanto tempo eu dormi? — Philip desviou o olhar e encarou o escudeiro do outro lado da caverna.

— Mais de doze horas, senhor.

— Precisamos partir imediatamente ou todos os nossos planos serão frustrados — Philip ordenou e fez menção de se levantar.

— De maneira nenhuma! — Flora pousou a mão no ombro do rapaz e com a voz rígida demonstrou todo seu descontentamento com a menção dos planos dele. — O senhor precisa repousar ao menos até amanhã ou poderá ter uma forte crise de enxaqueca.

Phil não gostou nada daquela mulher lhe dando ordens. Imediatamente, toda sua pequena admiração causada pela amabilidade do cuidado da princesa foi substituída por seu orgulho ferido. Não aceitaria aquele comportamento novamente. Não! Não ousaria permitir uma mulher interferindo em sua vida.

Desviou-se das mãos dela e mesmo sentindo muita dor, levantou-se e ergueu as costas.

— Organize nossas coisas, Jasper. Quanto antes sairmos, melhor será.

Jasper sabia que aquela não era a hora de contestar seu mestre, por isso, obedeceu prontamente. Flora, indignada por ser a única com um pouco de senso entre os três, colocou-se a frente de Philip, levou as mãos até a cintura e encarando-o com rigidez, advertiu:

— O senhor não pode partir! — exclamou com bastante ênfase.

— Não posso? — Philip indagou com ironia, sentindo-se tomado cada vez mais pelo orgulho independente ferido.

— Não, não pode.

— E quem me impedirá, senhorita? — Ele ergueu o corpo, tornando-se ainda mais ameaçador diante da jovem.

— A pessoa que cuidou do senhor e viu tamanha aflição diante da dor e do sofrimento provocado por essa ferida. — Ela apontou em direção à nuca dele, não se rendendo frente à postura rigorosa do cavaleiro.

— Pois não deveria ter se dado ao trabalho — ele respondeu e, sentindo um pouco de culpa depois de ter dito as palavras, virou-se a fim de não precisar encarar a mulher e aliviar sua consciência.

— Não deveria mesmo, uma vez que o senhor quer desperdiçar todo o meu tempo perdido dedicado ao seu tratamento, partindo quando deveria descansar para se recuperar totalmente — ela exclamou colocando-se novamente a frente do homem que claramente se irritou com o comportamento exigente dela.

Philip contemplou os braços cruzados da petulante princesa, irredutível diante de sua sugestão de partir. Ainda que a razão tentasse alertá-lo o quanto deveria ser grato e cortês para com ela, as emoções o impulsionavam a ganhar aquela discussão a qualquer custo.

— Pois então, a senhorita quer dar as ordens? Faça isso! Deixarei em suas mãos o poder da decisão, já que julga saber o melhor para nós. Partiremos quando quiser, contudo, se o início da nossa viagem não estiver enquadrado para a próxima hora, saiba que serei obrigado a descumprir com minha palavra e não mais a levarei diretamente ao seu castelo, atrasando assim o seu tão sonhado retorno, colocando em risco o seu precioso Tsalach. — Phil sentiu-se vitorioso ao contemplar o semblante estarrecido dominando a jovem. — Se adiarmos nossa partida, a senhorita precisará seguir conosco para a Torre do Refúgio, onde temos compromissos importantes e só após executarmos nossa missão, poderemos levá-la de volta em segurança para seu lar.

O jovem cavaleiro teve certeza que havia tocado no ponto fraco da princesa. Desde o encontro naquela estrada, o maior anseio demonstrado por parte dela era retornar para o castelo quanto mais rápido fosse possível. Contudo, a última atitude que ele conjecturava testemunhar, era a jovem balançando os ombros e voltando-se ao fogo para mexer a panela de sopa.

— Tudo bem, eu aceito suas condições.

Phil foi pego de surpresa. Não esperava que ela cedesse tão facilmente e, embora tivesse de alguma maneira vencido o comportamento obstinado da princesa, obrigando-a a abrir mão de sua vontade decisiva, sentiu que era ela quem havia saído vitoriosa.

Jasper, ignorado até então no meio daquela discussão, atreveu-se a falar.

— Nós vamos ou não partir agora?

— Não! — os dois responderam juntos, embora a mulher demonstrasse determinação e o homem irritação.

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