Bubble App

Od celo_zaniolo

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Futuro. Entre painéis de LED e arranha-céus, Daniel procura por si mesmo. Por encaixe. Não acredita ser único... Více

Informações Gerais
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Od celo_zaniolo

A SUV ficava maior a cada passo que eu dava em sua direção, do alto de suas grossas rodas de aro cromado. Ela era caracterizada principalmente por tons azulados e por texturas que lembravam vagamente o mar. Ou o céu noturno, talvez. Seu aerofólio traseiro e os parachoques — bem como o quebra-mato instalado na frente do veículo —, entretanto, eram pintados de preto fosco, conferindo certa agressividade à estética. Já os vidros possuíam películas escuras que eu jamais tinha visto: era simplesmente impossível enxergar através deles e eu desconfiei de imediato que eram de uso proibido no perímetro urbano.

O Bubble App não estava para brincadeiras.

E para onde eu ia, afinal?

Mesmo distante ao toque, intuí, ainda, que as portas e todas as partes do automóvel eram reforçadas. Possivelmente havia até uma estrutura à prova de balas ali.

Novamente respirei fundo, dessa vez com um menor grau de coragem e me perguntando se eu sabia de fato no que estava me metendo.

Não reconheci o modelo ou a marca, mas não me importei com o fato. Eu não era grande conhecedor carros. Além disso, tinha muito mais no que pensar. Parei junto de sua porta traseira e esperei, observando meu reflexo frágil no filme espelhado. Por ele pude perceber, também, vizinhos saindo de suas casas para ver o que se passava junto à calçada. Senti-me brevemente impaciente e estiquei os braços rumo à maçaneta.

A porta se abriu sozinha, antes que eu pudesse alcançá-la.

Era um convite para o meu acesso.

Entrei.

Do lado de dentro, tudo seguia novo e estranho.

O bagageiro da SUV tinha sido removido para dar espaço a uma larga e espaçosa poltrona. Quase uma cama, amparada por apoios de braços e por uma infinidade de botões — luz, abertura dos vidros, temperatura do ar-condicionado e alguns outros, como viria a descobrir depois. Mas não era só isso. Como em uma viatura policial ou em uma luxuosa Limousine — dentre as opções eu claramente preferia a segunda alternativa —, o espaço entre o motorista e os passageiros estava bloqueado. Ali, por uma armação sólida, também negra. Uma superfície opaca. Eu, de novo, não podia enxergar ninguém para além daquela parede e me peguei pensando se a regra valia para o outro lado; se o vidro bloqueava duplamente a visão ou se apenas a limitava para mim.

Nesse caso, eu podia muito bem estar sendo vítima de um voyeur.

Confesso que essa não era a melhor das dúvidas para se ter, ainda mais para alguém que detestava ser analisado, mas não me prendi a ela tampouco. Não havia muito que eu pudesse fazer depois de ter aceito os termos e concordado em ir para o Bubble Camp. Também, eu não era tão interessante assim para que alguém quisesse de fato ficar me observando por longos períodos de tempo. Seria literalmente jogar minutos e segundos na lata do lixo.

E eu não pretendia fazer nada de errado.

Naquele casulo protegido da luz do sol e envolto por uma temperatura amena, outra possibilidade crassa emergiu à superfície de mim: eu não tinha visto ninguém, ouvido nenhuma voz... Era bem possível que a SUV não tivesse um motorista ao volante; somente um piloto automático. Isso era plenamente possível frente a tudo que eu tinha visto até então.

Restava-me torcer para que, se fosse o caso, ele tivesse sido bem programado.

Cansado de confabular e perdendo grande parte de minha firmeza, bati a porta e me sentei na poltrona. Nessa ordem. Em seguida, o motor deu partida e o carro se pôs em movimento.

Não sem antes uma última surpresa.

Um pequeno compartimento se acendeu ao meu lado direito, o oposto de minha entrada na SUV, evidenciando um objeto escuro. Levei as mãos até o nicho aberto e tirei de lá o que parecia ser um par de óculos futurista. O trouxe rapidamente até a luz filtrada pelos vidros, na parte mais alta da cabine, sobre meu colo. E sim, era mesmo um óculos. Um óculos VR de cor azul.

Pelo design da peça, provavelmente de última geração.

Nunca tinha tido um. Muito menos segurado um nas mãos, mas resolvi prendê-lo ao rosto.

Depois de uma breve inicialização do sistema e de uma mensagem de "Seja Bem-Vindo, Daniel", um filme começou.

Justamente aquele blockbuster de ação que eu há tanto tempo queria assistir e ainda não tinha conseguido. Até aquele momento.

Como o Bubble sabia dessas coisas? Eu não fazia ideia.

Mas ele sabia; não era mera coincidência.

E isso era tudo o que importava.

[...]

A viagem até o acampamento da Bubble demorou várias horas, e as duas outras atrações reproduzidos em sequência no óculos VR de cor azul, ainda no interior da SUV, eram tão ou mais aguardadas por mim — a ansiosa audiência de um homem só.

Mais um filme e o piloto de uma série recém disponibilizada.

Ambos estavam presentes na minha lista de "favoritos" de um serviço de streaming para serem assistidos algum dia. Nunca, provavelmente. Então eu começava a fazer alguma ideia do lugar de onde o Bubble retirava parte de suas informações sobre mim.

O big-data realmente parecia funcionar.

Entretido e bem acomodado, portanto, o deslocamento foi tranquilo. Temperatura agradável — nem quente nem fria —, poltrona confortável... Descobri, sem muito esforço, água, refrigerantes e alguns snacks no interior do veículo. Então não passei fome. Nem sede.

Do contrário, porém, precisei parar para ir ao banheiro em certa altura da viagem. Ainda mais sem saber quanto tempo ela ainda poderia levar.

Bati na superfície que me separava do motorista com os nós do dedos.

Nada.

Bati de novo, dessa vez com a mão espalmada.

Nada, novamente.

— Tem alguém aí? — optei por falar em voz alta. — Preciso ir no banheiro!

Aparentemente não. Ninguém. Pois não houve qualquer resposta.

Mais uma vez.

Subitamente nervoso, fiz o que não tinha feito até então. A coisa mais óbvia e corriqueira de todo o universo. Tirei o celular do bolso e abri o Bubble App. Para minha surpresa, ele estava de algum modo sincronizado com o carro, só agora eu reparava, mostrando a velocidade da SUV, o clima interno e externo e alguns outros indicadores — velocidade do vento, horário, previsão do tempo. Um ícone no canto inferior esquerdo da tela marcava "Chat com o Condutor".

E, aí, eu tive quase certeza.

De duas, uma. Ou tinham permitido, depois de várias décadas, o uso do telefone celular junto ao volante — o que eu duvidava com todas as minhas forças —, ou o carro possuía mesmo um piloto automático; instruindo-me a digitar ali qualquer necessidade que porventura eu tivesse, sem que ele pudesse se desconcentrar e causar acidentes.

A urgência física da situação me levou a ignorar as alternativas.

[Boa tarde]

[Boa tarde, senhor Daniel. Sou Carlos, o seu condutor. Em que posso ajudá-lo?]

A resposta foi rápida, quase instantânea. Só que não foi ela que me surpreendeu.

Carlos. O nome do meu pai. Uma grande coincidência, quis acreditar, mas não deixei de reparar que alguém estava indo longe demais ao conferir nomes humanos às máquinas.

"Se for mesmo uma máquina", pensei.

[Preciso utilizar um banheiro. Será que poderíamos parar?]

[Sim, senhor. Mas alerto que estamos distantes de qualquer cidade, então pode ser que não encontremos nenhum banheiro por perto. Consegue esperar? A nossa viagem irá demorar mais... 01 hora... e... 27 minutos.]

Droga! Por que é colocam tanto líquido junto à poltrona para o passageiro tomar, então?

[Eu preciso mesmo parar. Pode ser até na estrada, se for possível]

[Como o senhor desejar.]

Um solavanco se fez sentir imediatamente no veículo; e sua velocidade reduziu, acompanhei também pelo celular. Em seguida, a porta do meu lado direito abriu e eu me vi livre. Desci no carro e quase resvalei, assustado, ao pisar em um chão de terra batido. Nenhum asfalto. Olhei para trás, em direção a um sol ainda alto e forte, e vi dezenas de buracos pela estrada. Estávamos indo para o leste, então. Fitei as rodas da SUV e elas estavam sujas, repletas de pequenas pedras nos sulcos dos pneus.

Era inacreditável a tecnologia de amortecimento daquele veículo: eu sequer havia sentido qualquer oscilação até ali.

Busquei uma proteção fora da pista de escoamento — se é que ela podia ser chamada assim — para fazer o que eu tinha que fazer, também tentando de algum modo me localizar. Não vi nada reconhecível ao redor. Apenas mato. Uma vegetação baixa e densa. Quase um tapete verde, exceto por flores que despontavam a esmo em algumas partes e um trecho longo, mais afastado, de cores levemente amareladas, tudo isso emoldurado pelo silêncio típico dos ambientes mais bucólicos e inalcançáveis.

Em suma, diferente da capital. E de tudo que já tinha conhecido antes.

Ao virar o rosto para o lado esquerdo, entretanto, em direção ao carro, algo grande chamou a minha atenção. Não que eu soubesse exatamente onde eu estava, mas o que vi me serviu como norte.

E eu estava mesmo distante de qualquer centro urbano.

Campos e mais campos planos tomados por placas fotovoltaicas reluzentes, provavelmente produzidas de silício — eu tinha feito uma matéria sobre isso, certa vez —, ocupavam o horizonte, até onde os olhos podiam enxergar.

E até depois disso, acreditei.

Eram fazendas de energia solar, instaladas ali, afastadas de tudo e de todos, para produzir a eletricidade que seria consumida nos grandes centros e parques industriais.

Tremi.

Nunca tinha estado tão longe de casa.

Nunca tinha visto algo tão opressor quanto àquela imagem.

Fechei o zíper rapidamente e voltei-me em direção à minha carona, não sem antes dar uma última olhada para aquela imensidão silenciosa. Um braço desconexo da tecnologia de nosso tempo. Trabalhadores irracionais e incansáveis que sustentavam o alicerce — e os padrões de cada vida, de cada pessoa — de todo um mundo.

Entrei novamente no carro e bati a porta.

[Pode seguir, Carlos], autorizei o condutor, com o celular já nas mãos.

[Muito obrigado, senhor. Aproveite o resto da viagem.]

Apertei o cinto na poltrona e vesti os óculos VR azuis, tentando combater o vazio existencial que subitamente se instalou dentro de mim com um entretenimento bom e acessível.

Pensar em outra coisa...

Para minha sorte, funcionou.

A plot-twist no final do piloto da série tinha sido incrível. E — como eu tinha ainda quase uma hora e meia pela frente — provavelmente daria tempo de assistir mais um episódio.

Capítulo de transição apenas para dizer que eu voltei e que tentarei seguir postando com alguma periodicidade. Ainda não terminei a história, como havia me programado para fazer, mas tenho muito a publicar por aqui e tentarei honrar meus prazos.

Aproveito para agradecer toda a atenção, o apoio e o feedback.

Obrigado por ter lido até aqui e até breve! :)

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