Louise
Oliver estava sentado ao lado da maca, me observando. Eu não conseguia compreender o porquê dele estar ali, principalmente por ele achar que meu bebê era realmente de Nicolas. Ficamos nos olhando em silêncio, meu coração estava inquieto de preocupação com meu bebê.
Finalmente o médico entrou no quarto dispersando nossas atenções. Ele explicou que teríamos que fazer um novo ultrassom para ver como o bebê estava.
A enfermeira me ajudou a me trocar e então deitei novamente na maca. Oliver permaneceu observando tudo atento. Como já estava no quarto mês de gestação ele passou um gel gelado na minha barriga. Com o aparelho foi projetado a imagem escura na tela ao lado.
— Está tudo bem? — Questionei apreensiva.
— Escuta isso! — Ele disse e o som do coraçãozinho preencheu o quarto. Meus olhos ficaram úmidos e ele sorriu me tranquilizando. — Seu menino está bem. Foi apenas um susto.
— É um menino? — Oliver questionou e eu assenti. — Meus... Parabéns!
Eu olhei para ele e comprimi meus lábios. Ele estava ouvindo o coração do próprio filho e nem fazia ideia. Me senti mal com a situação. O médico terminou o procedimento e eu me sentei cautelosa.
— Você precisa continuar fazendo repouso e precisa aumentar a ingestão de água. Houve uma diminuição do líquido amniótico. — Avisou chamando a minha atenção.
— O que isso significa?
— O líquido protege e nutre o bebê. Sem esse líquido ele fica muito exposto e pode ser perigoso.
— Perigoso quanto? — Questionei preocupada.
— Dependendo da situação pode ser necessário induzir o parto. — Respondeu e eu toquei a minha barriga.
— Por que tem sido tão difícil, doutor? Tantas mulheres tem filhos no mundo numa gravidez normal. Por que tudo tem que acontecer com meu bebê?
— Louise, não há uma explicação do porquê algumas gestações são tão conturbadas quanto outras. Nem porque algumas pessoas sofrem mais que outras. A vida é assim, infelizmente. Cada um tem o seu destino para trilhar. O importante é se manter forte.
— Eu espero que seu filho fique bem. — Oliver desejou e eu o olhei aflita.
— Eu preciso te contar uma coisa... — Falei olhando para ele que franziu a testa, atento. Doutor Scott percebeu que o assunto era importante e saiu do quarto nos dando privacidade. Respirei fundo tomando coragem, eu precisava contar a verdade para ele. — Oliver, esse filho é...
— Horário de visita! — Nicolas falou entrando subitamente no quarto.
— Eu não acredito nisso. Como você soube que eu estava aqui? — Perguntei furiosa e ele trocou olhares afiados com Oliver.
— Eu sempre sei onde a mãe do meu filho está. — Respondeu insano indo até a janela. — Pode dar licença, Oliver? Obrigado por pegar meu turno da manhã. — Zombou e Oliver estranhamente sorriu.
— Tudo bem. Então eu já vou. — Oliver avisou me deixando incrédula ao não ceder às provocações. Ele colocou as mãos no bolso e de repente se aproximou de mim, beijou meus lábios me assustando ao puxar meu travesseiro ao mesmo tempo.
— Está louco? — Nicolas ralhou o empurrando e Oliver sorriu piscando para mim. Eu não consegui entender absolutamente nada da sua atitude. — Você sabe muito bem o que está em jogo se insistir em me contrariar. — Ameaçou e eu franzi a testa.
Oliver olhou no fundo dos olhos de Nicolas e por um segundo eu achei que fosse bater nele. Entretanto saiu do quarto sem dizer mais nada.
— Foge mesmo! Quem deve, teme sempre. — Nicolas ironizou batendo a porta e me olhando com um sorriso estranho.
— O que você está fazendo aqui? Já disse para você sumir da minha vida! — Falei irritada e ele entrelaçou os dedos das mãos, estralando todos eles calmamente.
— Eu me preocupo com você, querida. Você sabe que te amo.
— Você é louco? Porque só isso explica sua obsessão. Minha mãe me disse que desconfiava de um carro parado na frente da nossa casa algumas vezes. Era você, não era?
— Estou apenas zelando por sua segurança.
— Que segurança? Do que você está falando?
— Querida, Oliver é nocivo para as mulheres que se aproxima. Não sabia? A última que caiu nos encantos dele... — Parou de dizer fazendo suspense.
— Está falando da Emma?
— Emma morreu por culpa dele. — Respondeu entredentes e eu estranhei. — Se ele não tivesse...
— Tivesse o quê?
— Tomado o que é meu.
— Como assim?
— Oliver sempre tenta tomar o que é meu. Ele fez isso na Ferrari, fez isso com Emma e agora está fazendo isso com você. — Replicou sério me deixando intrigada.
— Espera, o que você está dizendo?
— Que eu cheguei primeiro, porra! Eu cheguei em você primeiro. Depois de anos eu finalmente me interessei por uma mulher novamente, e mais uma vez Oliver entrou no meu caminho. Como sempre faz.
— Está dizendo que você e Emma...
— Era para a Emma ser minha, mas aquele infeliz a roubou!
— Como assim roubou?
— Éramos amigos na época em que conhecemos a Emma em um concerto em Paris. Ela estava linda, cantou uma composição dela mesmo. Era magnífica no palco. No final do show seguimos para o camarim dela, então nossos olhares se encontraram, ela sorriu para mim de um jeito único. O clima foi inevitável! E Oliver sem que eu soubesse a convidou para sair.
— Talvez ele não tivesse percebido seu interesse...
— Ah, claro! — Me interrompeu inconformado. — Até parece! Oliver quer tudo que eu quero. Mas eu não vou deixar isso acontecer de novo. Se for preciso repetir o passado... Eu farei.
— Que passado?
— Emma. — Respondeu secamente e eu engoli em seco.
— O que você quer dizer com isso?
— Oliver matou a Emma. — Respondeu áspero roubando o ar dos meus pulmões.
— Está louco?
— Não, se ele não tivesse roubado ela de mim, agora ela estaria aqui. — Respondeu naturalmente me deixando chocada.
— O que você está dizendo? Ela sofreu um acidente de carro.
— Sim. Infelizmente ela passou mal e o carro caiu numa ribanceira. — Respondeu sorrindo friamente e eu arregalei os olhos.
— Vo-você... tem algo a ver com o acidente? — Gaguejei nervosa, a voz falhando.
— Estou dizendo apenas que se Oliver não tivesse entrado no meu caminho Emma ainda estaria aqui. Eu não teria que assustá-la ao ponto dela perder o controle do carro e cair.
— Meu Deus! — Senti meu estômago revirar o olhando próximo de mim. — Você é louco!
— Louco por você, meu amor!
— Não, você é louco para ter a vida do Oliver.
— Não diga isso! Eu não quero ter que machucar você. — Disse de forma estranha tocando no meu rosto, me deixando em pânico.
— Está me ameaçando?
— Ameaçando você? Não. — Respondeu deslizando o polegar pelo pelo meu queixo, desceu pelo centro dos meus seios e chegou até a minha barriga. Minha respiração ficou acelerada fazendo meu peito subir e descer, completamente aterrorizada. — Mas sua gravidez é tão frágil, não é mesmo?
— Não ouse ameaçar o meu filho! — Gritei tentando empurrá-lo e ele tapou a minha boca, me machucando.
— Não ouse escolher o Oliver também. — Murmurou beijando minha testa. — Eu realmente não quero ferir você e o nosso bebê. Então é melhor você parar de gritar.
Engoli o choro e fiquei em silêncio ao sentir a mão dele novamente acariciar a minha barriga. Tentei manter a calma o máximo que eu pude, embora fosse simplesmente impossível.
Precisava conseguir escapar dele o mais rápido possível.