Crumble to Ashes | Phoenix Lo...

By mclaranogueira

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[LIVRO 2 DA TRILOGIA PHOENIX LOVE] Após terem embarcado em um romance que fez explodir as chamas que existiam... More

Notas da Autora e Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45

Capítulo 18

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By mclaranogueira

DAVID

Hoje é o último dia de outubro, o que significa que – não, não apenas que é Halloween – faltam menos de dez dias para o aniversário de Crystal, e ela se recusa de todas as formas a me contar sobre qual será o tema da festa. Ao contrário da minha, que foi íntima e simples, é óbvio que ela vai fazer uma festa de arromba para comemorar os seus dezoito anos, principalmente por ela estar tão animada para completar essa idade – como se fosse fazer alguma diferença.

A aula de música, também conhecida como meu momento de paz e relaxamento, acabou de terminar e escuto a voz da professora Reed me chamar enquanto caminho para a saída.

- David! David, espera um minuto.

- Pois não, sra. Reed? – indago, me virando na sua direção. Minha cabeça já começa a imaginar mil coisas que eu possa ter feito de errado e que ela está vindo chamar a minha atenção. – Fiz algo de errado?

- Não, de jeito nenhum, pelo contrário. – ela responde com um sorriso gentil. – Na verdade, eu queria te fazer um convite.

- Convite? – fico surpreso.

- Sim. Lembra de quando eu te convidei para fazer parte do nosso musical de primavera? – ela pergunta, e eu assinto com a cabeça. – Eu até falei com a senhorita Crystal para tentar lhe convencer a aceitar, mas, pelo visto, nem ela conseguiu essa proeza.

Não escuto mais nada que ela disse a partir daí porque minha mente está focada em suas últimas palavras. Minha professora de música conversou com Crystal há alguns meses e pediu para que ela me convencesse a aceitar a proposta, porém minha namorada nunca sequer comentou isso comigo. Por quê? Isso é estranho.

- Enfim, – volto a focar minha atenção novamente na professora e pareço não ter perdido muita coisa – de qualquer forma, eu vim ser chata e insistente de novo em lhe fazer o convite mais uma vez. Porém para o musical de inverno, é óbvio.

Fico impressionado com o convite, assim como quando fiquei da primeira vez, e, pelo visto, não consigo disfarçar a minha expressão de espanto.

- Eu sei que é um tempo apertado, mas não falei nada antes porque você estava debilitado e em processo de recuperação. – ela tenta se explicar ao notar meu leve desespero. – Mas você é um aluno extraordinário, David, e um musicista melhor ainda, tenho absoluta certeza de que você dá conta de se preparar até lá. – o cabelo louro claro da franja da sra. Reed cai sobre o rosto dela, e ela ajeita seus óculos enquanto me observa com um olhar de expectativa. Como ainda estou em choque para lhe dar qualquer resposta, ela pergunta para me forçar a responder: – Então, o que me diz?

Tento sair do meu estado paralítico de surpresa com pico de ansiedade e procuro por uma resposta para dar sem parecer chato.

- Hã... É uma honra, sra. Reed, de verdade, mas... – faço uma careta de desapontamento. – eu vou pensar na proposta, está bem? E lhe dou uma resposta. – digo e realmente vou considerar seu convite, não falei apenas para enrolá-la.

- Tudo bem, David, estarei no aguardo. – ela suspira, parecendo frustrada. – Apenas se lembre que você tem um talento muito grande para ficar escondido entre quatro paredes. – ela dá um tapinha no meu braço, ajeita seus livros no colo e sai andando para ir embora.

- Só peguei o final da conversa, mas já concordo com ela. – ouço a voz da minha baixinha colorida atrás de mim, me causando um leve susto. – Desculpe. – ela acrescenta encolhendo os ombros enquanto me viro para ela.

- Tudo bem, sou eu que estou me assustando demais hoje. Deve ser o clima de Halloween. – explico.

- É, Halloween... – ela parece meio irritada. – Já perdi as contas de quantas vezes me zoaram hoje falando que é o meu dia. Crystal foi a primeira. – ela revira os olhos. – Me pergunto quando as pessoas vão cansar dessa "brincadeira".

- Ignora elas, Rave. – passo o braço ao redor de seus ombros para irmos andando juntos. – Infelizmente as pessoas ainda têm dificuldade em aceitar o que é diferente. Ou autêntico. – sorrio para tentar animá-la.

- Gostaria que todo mundo fosse como você. – recebo um sorriso de volta.

Faço uma careta de pavor. – Deus me livre! Imagine um mundo cheio de pessoas chatas e entediantes como eu? Que pesadelo. – resmungo, fazendo Ravena rir. A risada dela é um dos meus sons preferidos do mundo, principalmente por ser tão rara.

- Você entendeu o que eu quis dizer. – ela replica, e realmente entendi, só quis fazer graça, embora não estivesse mentindo.

Andamos por alguns metros em um silêncio tanto quanto constrangedor, sem motivo aparente, até que Ravena decide quebra-lo fazendo uma pergunta.

- Você vai na festa da Emma Walker?

- Não, de jeito nenhum. – respondo, deixando clara a minha objeção. – Prefiro ficar em casa assistindo ao "Estranho Mundo de Jack". É mais o meu tipo de Halloween.

- Ah, mas não vai mesmo. – ouço vindo de algum lugar a voz da minha morena me contrariando. – Você vai na festa da Emma Walker. Aliás, nós dois vamos. – ela entra no meu campo de visão. – Não quero ser vista sem acompanhante, ainda mais na festa dela.

- Você sempre gostou dos holofotes só para você. – rebato, tentando me livrar dessa.

- De fato. – ela concorda. – Mas não agora se tratando da Walker. Ainda não esqueci que ela te convidou para o Baile de Primavera. – rolo os olhos com a última frase. – Não revire os olhos para mim, David James Allen. Isso é sério. – ela bate o pé.

- Isso foi meses atrás. – contesto.

- Pode até ser, mas ela te convidou para esta festa também. – Crystal debocha, cruzando os braços.

- Ela convidou a escola inteira. – retruco.

- Ela mandou convite personalizado para você. – a morena insiste.

- Ela mandou para todos da nossa sala. – revido.

- Eu vi ela entregando pessoalmente na sua mão. – minha namorada ironiza com um sorrisinho.

- Então teria visto que eu agradeci, mas recusei. – ironizo de volta.

- Não é esse o ponto aqui. – ela rebate, e eu me seguro para não revirar os olhos de novo. – O ponto é que ela ainda está interessada em você, e eu quero esfregar nós dois juntos na cara dela.

Suspiro pois é necessário quando Crystal resolve ter os ataques de chilique dela.

- Isso realmente importa quando todo mundo sabe que meu interesse é só você? – indago, mexendo em seus cabelos.

- Importa. – ela responde com um beicinho, como uma criança mimada quando percebe que perdeu. – Quero que a Walker se coloque no lugar dela. E é por isso que você vai comigo. – ela firma seu tom de voz novamente. – Me pegue às oito. Ah, e vá de Gatsby. – ela pega no meu queixo e dá um beijo rápido nos meus lábios. – Tchau, bruxa. – ela finalmente nota a presença da irmã, mesmo que em seu tom pejorativo, e nos dá as costas para ir embora.

Ravena solta uma bufa curta de indignação. – Quando ela vai se dar conta de que não manda nas pessoas?

- Tecnicamente, ela manda em mim. – respondo, contrariando o pensamento dela.

A baixinha revira os olhos. – De qualquer forma, vamos embora. – ela sai andando, me deixando para trás.

- Ei, espera! – caminho rápido para alcança-la. – Você não me disse se vai na festa.

- Claro! – ela responde, dando de ombros, o que me deixa impressionado. – É o meu dia afinal de contas. – ela ri, e eu balanço a cabeça.

*

Estou revirando meu guarda-roupa procurando uma roupa chique e elegante que possa me servir como fantasia de Gatsby. A sorte é que eu não preciso de fato ir atrás de uma fantasia de última hora para ir a essa festa. Um bom terno italiano e uma gravata borboleta bastam, o que é até estranho, pois não parece ser uma fantasia de Halloween, mas não vou questionar a escolha de Crystal.

- Você vai à festa da Emma Walker? – ouço a voz da minha irmã questionar atrás de mim e me viro para vê-la.

- Não queria. – admito, torcendo os lábios. – Mas a Crystal praticamente me intimou a ir. Você vai?

- Definitivamente não. – ela responde como se já não fosse óbvio e se esparrama na minha cama. – Vou ficar em casa assistindo "O Estranho Mundo de Jack" e "A Noiva Cadáver". É mais o meu tipo de Halloween.

É mais o meu tipo de Halloween também, penso.

- Não vai sair com o Liam? – indago, estranhando. Por mais que ela vá ficar em casa, imagino que teria a companhia dele.

- Não. Nós meio que estamos brigados. – Anne responde sem emoção olhando para o teto, me fazendo estranhar ainda mais. Esses dois quase nunca brigam, além de que ela sempre me conta quando isso acontece.

- Por quê? – pergunto, me sentando ao seu lado na cama.

- Nós dois estamos tendo divergências quanto ao futuro. – ela responde ainda sem olhar para mim.

- Como assim? Achei que vocês não tivessem divergências quanto a isso. – Anne e Liam sempre foram muito bem resolvidos em relação ao futuro, não é como eu e Crystal que temos planos e ambições completamente diferentes.

- O Liam não consegue aceitar que eu não quero abrir mão do meu sonho de ir para Princeton. – ela parece um tanto magoada ao dizer. – Sim, eu sei que é muito longe daqui de Chicago, mas Princeton é meu sonho desde criança, você sabe disso. – concordo com a cabeça. – E ele também não quer abrir mão da Universidade de Chicago pelo mesmo motivo. Estamos num impasse. – ela solta um suspiro de frustração.

- Entendo, eu e a Crystal temos esse mesmo dilema. – confesso. – É uma situação complicada e delicada, mas aproveitem o tempo que vocês têm agora. Talvez quando chegar a hora de decidir vocês estarão mais maduros para escolher. Vivam o agora. – tento aconselhá-la, mas não tenho certeza se é o mais sábio, ao menos é o que está funcionando para mim e a minha namorada no momento.

- É, talvez você esteja certo. – minha irmã responde, finalmente olhando para mim. – Obrigada pelo conselho. – ela acaricia a minha mão como um gesto de carinho, e eu sorrio para ela.

- De nada. – trago a sua mão até os meus lábios e dou um beijo nela. – Agora tenho que me arrumar para essa bendita festa da Emma Walker. – digo desanimado, me levantando da cama.

- Já descobriu o que a Crystal está escondendo de você sobre a festa dela?

- Não, mas irei. – respondo determinado. – E se ela está me escondendo, é porque boa coisa não é, então preciso descobrir do que se trata.

- Boa sorte nisso. – Anne se levanta da cama. – Agora vou te dar privacidade para você se arrumar. Aposto que vai ficar ainda mais bonito do que o DiCaprio no filme. – ela dá uma risadinha enquanto sai, me deixando constrangido com o seu comentário.

Assim que a minha irmã deixa o cômodo, eu defino de uma vez qual roupa irei usar e então vou para o banheiro tomar banho, o que não leva muito tempo. Quando volto para o quarto, visto uma calça social preta, uma camisa branca de botões invisíveis, um smoking com uma gravata borboleta pretos e sapatos de couro fake envernizados também pretos. Coloco um relógio prata para combinar e passo um perfume do Yves Saint Laurent com nome francês que eu não usava há algum tempo. Capricho o gel no meu cabelo, algo que eu não costumo fazer muito, mas quero aparentar que estou nos anos 20 para realmente parecer que é uma fantasia, ou o mais próximo possível disso.

Terminado de me arrumar, vejo que são quase oito horas, portanto ainda estou em tempo de ir buscar Crystal. Passo rapidamente pela sala, onde vejo que minha irmã realmente está assistindo ao filme "A Noiva Cadáver", ao que ela me elogia dizendo que estou elegante e cheiroso, e agradeço. Pego meu carro e faço o caminho para a casa da minha namorada, confesso que estou ansioso para vê-la com um visual inspirado em "O Grande Gatsby".

Estaciono o carro em frente à sua casa e toco a campainha. Não demora muito para que aa minha morena abra a porta e apareça deslumbrante em um vestido preto de franjas, cheio de brilhos e bordados, enfeitada de joias douradas, com o cabelo em um coque e acessório de pena típicos dos anos 20, e ela consegue fazer com que toda essa combinação fique harmônica e nada extravagante. Até perdi o ar por alguns segundos.

- Uau, você está magnífica. – digo, tentando recuperar o fôlego.

- Obrigada. – Crystal abre seu sorriso esplêndido, nos lábios pintados de vermelho, que faz meu coração palpitar. – Digo o mesmo sobre você. – ela se aproxima mais de mim e deposita um beijo rápido, mas quente nos meus lábios. Neste momento, eu largaria tudo para ficarmos só eu e ela em um lugar mais íntimo, mas eu a conheço o suficiente para saber que ela não vai abrir mão de se aparecer na festa da sua rival.

- Vamos? – indago, sorrindo para ela, e lhe ofereço o meu braço.

- Vamos. – ela responde fechando a porta atrás de si e entrelaça o seu braço no meu.

Caminhamos até o meu carro e eu abro a porta para ela, um costume antiquado que eu faço questão de não perder, e entro do outro lado. Aviso que eu não sei muito bem onde fica a casa da Walker, então Crystal me instrui sobre o trajeto.

Admito que não queria estar indo para essa festa, porém estou tentando ao máximo fazer de tudo para não causar intrigas com a minha namorada, por isso acabei aceitando sem questionar muito. Por outro lado, quero ver se finalmente consigo arrancar dela o que está escondendo de mim sobre a sua festa de aniversário.

Chegamos na casa dos Walker, uma mansão bem luxuosa por sinal, e percebo que já está cheia, pois há vários carros estacionados na rua. Crystal imediatamente entrelaça o seu braço no meu e vamos juntos até a entrada da festa, onde a própria Emma Walker está recepcionando seus convidados.

- David! Fico feliz que você tenha mudado de ideia e vindo até a minha festa. – a loira me cumprimenta animada e sorri, deixando nítida a indiferença com a minha namorada. – Sinta-se à vontade.

Antes que eu possa abrir a boca para defende-la, Crystal já se adianta, é claro.

- Emma, querida, não adianta tentar me esnobar. – ela ironiza. – Todo mundo sabe que você só está dando essa festa porque indiretamente eu deixei, já que estou concentrada demais na minha festa de dezoito anos que vai ser épica, e por isso não dei uma das icônicas festas de Halloween como de costume todos os anos. – alfineta, exibindo o seu melhor sorriso sarcástico.

- Quem disse que eu estava te esnobando, Crystal? Apenas cumprimentei o David primeiro porque fiquei realmente surpresa com a sua presença. – fico indignado, mas nem tanto, com a capacidade da Emma de ser fingida. – Estou ansiosa pela sua festa, tenho certeza de que vai ser realmente épica. – a loira força um sorriso falso e nos dá passagem para que entremos.

Após darmos alguns passos e chegar quase no meio do salão, Crystal resmunga para mim:

- Eu não acredito! – e solta um grunhido baixo.

- O que foi?

- Ela está fantasiada de Marilyn Monroe. – ela responde entredentes.

- E daí?

- E daí que essa quase foi a minha fantasia, era a minha segunda opção. – ela diz irritada. – Inclusive a roupa que ela está usando era a que eu tinha escolhido, que eu tinha deixado separada e acabei não levando. – ela emburra e cruza os braços.

- Você não ficou com a fantasia, qual o problema dela estar usando? – pergunto sem entender o motivo de tanta irritação.

- O problema é que obviamente ela escolheu essa fantasia para me afrontar. – minha namorada bufa. – Aquela cara pálida e sonsa dela não me engana, ela sempre quis tomar o meu lugar, ela nunca aceitou que eu sempre fui a garota mais bonita, mais gostosa e mais popular da sala mesmo ela sendo a loira padrãozinho de olhos azuis. – ela se justifica e revira os olhos.

Crystal já amadureceu em muitas coisas, e eu tenho muito orgulho dela por isso, mas nesse quesito ela continua sendo a mesma garota infantil e mimada que quer sempre estar no topo e por cima de todo mundo que eu conheci nove meses atrás.

- Amor, – chamo a sua atenção segurando as suas mãos e fazendo-a olhar para mim – você nos fez vir para essa festa, certo? Então vamos parar de picuinha desnecessária e nos divertir, está bem? – ela concorda com a cabeça. – Ótimo. – sorrio e dou um beijo nela, porque, já que decidimos vir a essa festa, quero pelo menos poder passar um tempo de qualidade com a minha garota.

- Você vai dançar comigo? – ela pergunta com as mãos apoiadas na minha nuca e morde de leve o canto do lábio.

- Claro que vou. – respondo sorrindo e dou um breve beijo em seus lábios.

Minha morena me puxa pela mão para o centro da pista de dança e, por mais que isso me deixe um tanto envergonhado, me sinto mais confortável por estar com ela. Dançamos e nos beijamos por um bom tempo, sem nem nos importarmos que estamos em público, até que Crystal fica suada e pede para que vá buscar uma bebida para ela.

Ao chegar na mesa de comes e bebes, fico surpreso ao ver uma pessoa, mesmo ela tendo me dito que viria.

- Ravena?

- A própria. – ela dá uma voltinha para exibir sua fantasia, que é da personagem na qual o seu nome é baseado.

- Caramba, a sua fantasia está incrível. – elogio, analisando os detalhes do traje, a capa, as botas e até o cristalzinho vermelho em formato de losango na testa. – Se tivesse um concurso, você ganharia com certeza.

- Muito obrigada. – ela ri. – Achei que era a oportunidade perfeita para ser bem extra.

- E realmente é. – concordo. – Deve ter dado bastante trabalho, mas valeu muito a pena, parabéns. – elogio-a novamente com um sorriso.

- Valeu mesmo, é a primeira vez que as pessoas estão me elogiando e dizendo coisas legais para mim. – a baixinha menciona de forma tão singela que é impossível não se encantar.

- Você merece, só é uma pena que nunca tenham sido legais com você antes. – forço um sorriso triste. – A festa não é minha, mas espero que você aproveite. – me aproximo dela e dou um beijo no seu rosto, caminhando de volta até a minha namorada com a sua bebida em mãos.

- Que bom que você voltou, meus pés estão doendo, quer sentar um pouco? – Crystal sugere assim que me vê.

- Claro, vamos. – pego na sua mão e a conduzo até uma das diversas mesas vazias ali perto, pois a maioria do pessoal está na pista de dança e do lado de fora do salão.

Sentamo-nos na mesa, um ao lado do outro, e conversamos um pouco enquanto bebemos, quer dizer, apenas Crystal bebendo álcool, eu estou bebendo refrigerante e comendo alguns docinhos. Aproveito o momento para tentar arrancar alguma informação dela sobre a sua misteriosa festa de aniversário.

- Ainda estou curioso para saber o que você vai fazer na sua festa de aniversário. – comento como quem não quer nada.

- Não vai ter nada muito surpreendente, apenas vai ser uma festa sexy e ousada para comemorar a minha maioridade. – ela responde.

- Sexy e ousada, hein? – tento investigar um pouco mais.

- É, vão ter brincadeiras estúpidas, ursinhos de goma batizados, gogo boys...

- Gogo boys? – pergunto, desacreditado. Não é possível que eu ouvi o que acabei de ouvir.

- Ai meu Deus, eu disse "gogo boys"? – ela percebe que deixou escapar.

- Sim, você disse. – confirmo, completamente irritado. – Eu não posso acreditar que você vai fazer esse tipo de coisa comigo. – me levanto da mesa dramaticamente e saio, mas logo ouço o barulho dos saltos de Crystal contra o piso vindo atrás de mim.

- David, espera! – ela me chama, porém não me viro para vê-la, o que faz com que ela me puxe pelo braço na sua direção. – Me deixe explicar.

- Explicar o quê, Crystal, hein? – indago nervoso. – Que você vai ter um bando de homens sarados de tanga fazendo strip-tease para você? Porque isso já ficou bem claro para mim.

- É só uma brincadeira, David, não é nada demais... – ela tenta se desculpar com a desculpa mais esfarrapada que é capaz de dar.

- Por acaso, em algum momento, você pensou em como essa sua "brincadeira" faria eu me sentir? – questiono, mesmo já tendo certeza absoluta da resposta.

- Não, porque não tem nada demais nisso... – eu a interrompo antes que ela continue.

- Como é? Não tem nada demais? – pergunto em indignação total. – Aposto que se fosse o contrário e eu estivesse dando uma festa cheia de strippers você ficaria tão brava quanto eu estou agora.

- Mas é claro! – ela responde, me fazendo balançar a cabeça.

- Parabéns pela hipocrisia, Crystal Müller. – ironizo. – Eu vou embora. – dou-lhe as costas para sair, mas Crystal me vira para ela novamente.

- David, eu te amo e eu te desejo, mas você não é o único homem do mundo para mim. – ela fala isso como se fosse uma coisa fácil de ouvir. – É bom a gente dar umas suspiradas por pessoas diferentes de vez em quando, e achei que essa era uma ótima oportunidade.

Eu estou ficando mais indignado e mais irritado a cada palavra que eu escuto sair de sua boca.

- Você pode até me amar ou me desejar – o que eu duvido, no momento – mas você não me respeita. – acuso sem um pingo de remorso. – Você parou para pensar em como eu posaria de ridículo para todo mundo que você vai estar exibindo um monte de homem malhado mesmo sendo comprometida? Ou então em como eu me sentiria por ter uma autoestima péssima e saber que você precisa desejar outros homens para satisfazer o seu fogo porque eu não sou o suficiente para você? – pergunto, sentindo minhas veias queimarem de raiva.

- Sabe, esse é o nosso problema, David. – ela começa, e agora eu sei que a briga vai ficar realmente feia. – Você não aceita a minha liberdade. – ela acusa, só me deixando ainda mais indignado. – Só porque nós estamos namorando não significa que eu estou amarrada a você, já cansei de te falar isso. Eu sou um espírito livre, eu quero fazer, falar, decidir, desejar o que eu bem entender, sem a intromissão de ninguém, e é justamente isso que eu quero celebrar na minha festa: a minha independência, a minha liberdade. Eu namoro você, mas isso não me impede de desejar outras pessoas e nem de querer me sentir desejada por outras pessoas também. – ela afirma, e suas palavras me feriram tanto, que eu não tenho forças para reagir.

- Quer saber? – viro meu rosto para olhar para ela uma última vez antes de ir embora. – Pegue a sua liberdade e faça o que bem entender com ela. – declaro, tentando pagar de durão e indiferente. – Não temos mais qualquer vínculo, vá, seja livre. – afirmo, gesticulando com os braços. – Ah, e não conte comigo para aparecer na sua festa. – dou as costas para ela e saio andando em direção à saída.

- Espera! David... – ouço-a me chamar, e eu quase não me viro, mas decido olhar para ela para lhe dar um último recado.

- Só mais uma coisa. – digo, mesmo já estando a alguns metros de distância. – Eu espere que um deles te chupe bem a noite toda, assim você não vai sentir a minha falta.

- Pode ter certeza que isso vai ser o mais fácil de conseguir. – ela responde com toda a sua petulância e fecha a cara. Ótimo, agora que estou pouco me lixando para ela mesmo.

Termino de sair da casa dos Walker, sem nem me despedir de ninguém, e vou para o meu carro. Saio o mais depressa que consigo em direção à minha casa sem olhar para trás. Eu realmente achei que Crystal estava começando a mudar para certas coisas, mas, pelo visto, ela continua exatamente a mesma. Como sempre, eu, muito idiota, achando que seria capaz de ajudar a transformar alguém para melhor. Babaca.

Chego em casa tão rápido que nem percebo, quando me dou conta, já estou subindo a escadas da entrada e atravessando a casa correndo, quero esquecer as barbaridades que ouvi da boca de Crystal o mais rápido possível e me afogar nos meus fones de ouvido.

- Dave? Já chegou em casa tão cedo? – ouço a voz da minha irmã questionar da sala quando estou passando pelo corredor. – Ainda não são nem onze horas.

- Pois é, eu não estava me sentindo bem naquela festa. Estava certo em não querer ir. – respondo entrando no cômodo e me surpreendo ao ver que Liam está sentado no sofá ao lado da minha irmã. Ela seguiu meu conselho mais rápido do que eu imaginava, caramba.

- Pela sua cara tem a ver com a Crystal. – Liam deduz, conhecendo muito bem a mim e, principalmente, à própria irmã.

- Na mosca. – respondo, me jogando no sofá do outro lado. – Eu estou cansado de como ela não demonstra um pingo de respeito para comigo. – resmungo.

- Pelo visto você ficou sabendo dos gogo boys... – ele comenta meio receoso.

- Você sabia disso e não me falou nada? – indago, indignado. Sinto-me um pouco traído por ele também.

- Oops. – meu cunhado faz uma expressão de quem foi pego no pulo. – Mas achei que isso não era algo meu para eu contar.

- Tem razão, a culpa é da Crystal por ter sido tão sacana comigo. – bufo para aliviar um pouco da minha raiva. – E, sabe, pela primeira vez eu gostaria de poder revidar, fazer algo que a faça se sentir como eu estou me sentindo.

- Quer saber? Na verdade, você pode. – Liam sorri um sorriso sacana para mim com o canto da boca e arqueia a sobrancelha.

- Pois diga. – me interesso pela sugestão mais do que eu deveria.

- A maneira perfeita de revidar isso, além de virar a situação a seu favor e fazer a Crystal se roer de ciúmes é... – espero com expectativa pela resposta – ser um dos gogo boys da festa dela. – ele diz com uma expressão convencida, como se tivesse acabado de dar a melhor ideia do mundo.

E assim, com a mesma rapidez que eu me interessei pela sugestão antes de saber do que se tratava, eu me desinteresso agora que sei o que é. Jamais me prestaria a esse papel ridículo. Mais do que isso, eu, tímido como sou, jamais exporia meu corpo, do qual eu também morro de vergonha, para um monte de gente numa festa. De jeito nenhum.

- Só se for em outra vida, porque nesta, nunca. – digo em tom de deboche. – Até parece que eu faria esse tipo de coisa, você me conhece o suficiente para saber que eu nunca toparia essa ideia maluca.

- Eu também não sei se gosto da ideia de ver meu irmão de sunguinha na frente de um monte de gente. – Anne demonstra um pouco do seu ciúmes.

- Allens, só imaginem por um minuto a cara de tacho que a Crystal que vai ficar quando vir o namorado dela no meio daqueles gogo boys, se exibindo para todo mundo, ainda mais com o ciúmes que ela tem. – Liam insiste com um sorriso malicioso, e eu admito que é uma boa perspectiva. – Ela vai ficar louquinha, e você ainda vai dar o troco na própria festa dela. E então, o que me diz?

- Seria uma ótima ideia se eu tivesse a sua autoestima. – satirizo. – Liam, minha cara iria torrar de vergonha em ficar seminu na frente de toda aquela gente.

- David, você é um cara bonito e atraente, eu não tenho vergonha de dizer isso. – ele afirma, olhando sério para mim. – Deixa essa timidez de lado, talvez faça até bem para sua autoestima.

- Vai realmente fazer muito bem para a minha autoestima ter um surto de ansiedade na frente de todo mundo. – ironizo novamente.

- Tudo bem, você é quem sabe. – Liam se rende com as mãos para cima. – Mas acho que você deveria pensar um pouco na minha sugestão.

- Aham, claro. – murmuro e solto uma risada curta de deboche. Imagine só, eu, David Allen, com esse corpo magricelo fazendo uma dança sensual e uma strip-tease na festa da namorada com quem eu estou atualmente brigado? Pff, até parece.

***

É segunda-feira à tarde e eu estou no último lugar em que eu imaginaria que iria botar os pés. Onde eu estava com a cabeça quando resolvi aceitar a ideia maluca do Liam e fazer essa revanche com a Crystal? É óbvio que vai ser ridículo e desastroso, o que eu estava pensando? Dá tempo de dar meia volta e abortar essa ideia patética, não dá?

Ou talvez não.

- Olá, em que posso ajudar? – uma moça morena abre a porta para mim e pergunta quando estou prestes a dar as costas para o local.

- Oi, moça. – cumprimento-a sem jeito. – Eu tinha pensado em fazer uma surpresa para a minha namorada no aniversário dela, mas acabei mudando de ideia, desculpa incomodar. – tenho a coragem de amarelar na frente dela, realmente vergonhoso, David Allen.

- Se a sua namorada for Crystal Müller, acho melhor continuar. – ela sugere, arqueando a sobrancelha.

- Como adivinhou? – pergunto curioso, franzindo a testa.

- Pelo porte físico dos rapazes que ela pediu, você parece ser bem o tipo dela. – a moça responde, me deixando interessado e intrigado. – Fora que a festa dela é o único aniversário que temos por esses dias.

- Agora você chamou a minha atenção. – admito. – Me conte mais sobre isso.

- Entre e lhe darei mais detalhes. Ela vai adorar ter você como um dos gogo boys dela. – a moça comenta entusiasmada e me convida para entrar. Mal sabe ela que espero provocar uma reação totalmente diferente na aniversariante.

Nem acredito que estou realmente fazendo isso, mas, quando me dou conta, já estou planejando todos os detalhes com a organizadora do show. Céus, só espero que isso dê certo.

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