God Killer - PRIMEIRA VERSÃO

By taemeetevil

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[CONCLUÍDO] O mundo é diferente. Os deuses agora vivem entre nós, expandindo seu poder e influência. São mu... More

Prólogo
Zeus
Hera
Hades
Apollo
Eclipse
Humano
Hermes
Ártemis
Moros
Iliada
Ares
Receptáculo
Destino
Memória
Tempo
Maldição
Assassino
Eternidade
Arcádia
Baco
Alma
Pothos
Epifania
Dia B
Universo
Hyun
Deus Ex Machina
Deus
Poseidon
Epilogo
Human Among Gods

Eros

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By taemeetevil


JEON JUNGKOOK

[SEMIDEUS OVERPOWER]

Era muita coisa para absorver, Kairós e Hansol me assistiram o tempo todo, enquanto uma enxurrada de memórias invadia minha mente, apesar das lembranças do "outro universo" virem em menor número. Mesmo sendo um tipo de semideus, ainda era energia demais e minha parte humana não conseguia lidar sem que minha mente sobrecarregasse. Nem mesmo eu estava isento da loucura divina, infelizmente.

— Vocês são meus pais também... — foi a primeira coisa que disse, logo que minha mente já estava menos confusa. Os dois se entreolharam e assentiram. Era estranho quando parava para pensar no assunto, Hansol não parecia comigo, nem um pouco. Seu rosto era até mais jovem do que o meu, ele era cínico e implicava com tudo que eu dizia. Kairós parecia mais velha que ele, lembrava minha mãe, em partes. Agora com as lembranças da minha infância, eu me sentia até um pouco mal de não os ter reconhecido antes.

Eles sentaram na ponta da cama, perto, mas ainda longe para que pudesse alcançá-los.

— É tão estranho...

— É estranho para nós também, mesmo depois de tantos anos — Kairós apoiou o rosto no ombro de Hansol, buscando a mão dele e sorri, lembrando de minhas memórias de infância, em que eu insistia que eles deviam ficar juntos. Parecia que estavam agora.

— Naquele dia... na arena no dia B, quando eu me movi mais rápido.... Eu sabia exatamente quando Jongin ia atirar as flechas — ela sorriu.

— Você herdou isso de mim. Eu queria que tivesse ganhado, mas foi melhor que não. Não era o momento certo para você se mostrar ao mundo. E para eles — disse, se referindo aos espíritos, obviamente — Agora é o momento certo.

— Por que não na cerimônia? Eu poderia ter salvo todos se tivesse agido antes — eles não pareciam confortáveis com a pergunta e em parte eu sabia porquê. Se sentiam culpados pelo que houve.

— Não era o momento certo... havia um branco nas páginas do destino, sua existência ali tornou tudo imprevisível, os cenários mudavam o tempo todo. Era o que tinha de acontecer — Hansol completou, mas dizia em voz baixa, parecendo incomodado sobre isso — Podemos fazer diferente agora. Já se passou um mês para eles — olhei-o chocado até lembrar que o tempo passava diferente na casa — Eles precisam de você — Kairós lhe lançou um olhar indignado — De nós! Foi maneira de dizer!

— Aham...

— Vamos para a guerra... — respirei fundo — Eu não acredito que estou dizendo isso — ri nervoso — Estou indo para morrer.

— Você não vai morrer. Eu não vou deixar — Hansol foi o primeiro a se levantar da cama, chamando nossa atenção, ele mexia os dedos como se tentasse aquietar os próprios pensamentos — É hora de ir, se prepare, ok? — disse, seguindo para a porta e acenando para que Kairós saísse também, ela levantou, ainda estranhando o comportamento, mas sem questioná-lo por isso.

— Ah, lembrei de algo — ele disse, puxando o cordão por dentro das roupas, mostrando o dente de tubarão. Coloquei a mão sobre o peito, sentindo o objeto contra a pele antes de retirá-lo também. Hansol chegou perto novamente, os aproximando devagar, até eles se atraírem como imãs e fundindo-se num só — O último resquício daquele universo se foi. Agora devemos seguir em frente — sorri, o dente de tubarão parecia ter um significado totalmente diferente agora. Maior. Mais importante e solene.

— E nós temos de fazer uma última parada, antes de realmente ir para guerra — Kairós lembrou, fazendo nós dois a encararmos.

— Onde?

— Na casa de sua família humana.

(...)

Foi estranho abrir a porta do quarto de volta para o corredor da casa de meus pais. Para eles eu tinha sumido há um mês, então foi justificável a expressão de choque quando saí de meu quarto, carregando uma espada e com a dupla de deuses logo atrás. O sorriso em seus rostos se desfez numa expressão de surpresa passando para completo choque, especialmente pela porta aberta atrás de nós, não mostrar meu quarto, sim o corredor da casa da ilha.

— É... Mãe, pai... esses são Moros e Kairós. Destino e Tempo... eles são meus pais. Divinos — a ideia de falar de uma vez foi para encurtar caminho para o que realmente importava: mantê-los a salvo. Meu pai já tinha sido usado por um espírito antes e podia acontecer de novo, na casa poderíamos chegar até eles mais fácil e mesmo em plano espiritual, lá era mais seguro do que mantê-los em Busan.

— Pais... divinos? — minha mãe avançou alguns passos em direção a Hansol — Ele parece mais novo que você, Jungkook.

— Eu parei de envelhecer jovem demais — minha mãe parecia querer muito tocar no rosto dele, fazendo meu pai a segurar pelos ombros, mantendo-a por perto, olhando feio para Hansol.

— Você parece mais divino que o deus do mar — comentou, e era verdade. A imagem divina de Hansol e Kairós era muito mais forte do que de outros deuses, talvez por passar tanto tempo longe de humanos normais, ou por viverem em meio espiritual, assim como Baekhyun e Chanyeol tinham uma aura embriagante quando estavam no Arcádia — Então... todo deus tem pais divinos?

— Sim! — Kairós apressou em dizer — Todo deus tem os pais humanos e divinos. É completamente comum — meus pais assentiram uma porção de vezes, parecendo perdidos para absolutamente tudo que tínhamos dito e nem era a pior parte — É ótimo conhecer vocês, finalmente. Não é mesmo, Hansol?

— Ah, sim. Claro, claro — ele não parecia nada animado em conhecer quem quer que fosse. Eu não sabia como começar a conversa para o assunto principal, sem que isso eventualmente os assustasse. Dizer que iriam se esconder numa "casa mágica" que podia protegê-los, era o tipo de coisa que era bem difícil de lidar.

— Precisamos conversar — pedi, acenando para que sentassem, eles o fizeram parecendo mais nervosos.

— Aconteceu alguma coisa? Algo com você? — meu pai perguntou — Por que está com essa coisa? — apontou para God Killer que emitiu um brilho forte, fazendo minha mão se mover de leve.

— Não a chame de coisa, pai. Ela se ofende.

— A espada... — respirou fundo, apertando os cabelos — Eu disse que ia tentar entender isso de deuses e poderes mágicos, mas é bem mais complexo do que eu esperava — Eu realmente não podia culpá-lo por isso — Então... por que seus pais celestiais estão aqui?

Foi uma longa história num tempo bem curto, desde explicar o risco que os espíritos representavam até dizer que existia uma casa que não ficava na nossa realidade foi uma tarefa árdua. Era difícil aceitar uma quantidade tão grande de informações daquela forma, mas não podíamos nos dar ao luxo de esperar que compreendessem tudo. Minha mãe parecia assustada, mesmo que Kairós fosse muito boa em explicar e sua voz permanecesse calma e pacífica o tempo todo, era impossível ignorar o risco quando estávamos literalmente pedindo que se escondessem de monstros e eu carregava uma espada comigo.

Meu pai encarava Hansol, meio que num misto de medo e desafio. Talvez orgulho ferido por eu ter "outro pai".

— Você vai ter de matar esses espíritos? — meu pai perguntou, depois que a história foi explicada.

— Sim. É a minha função no universo — minha mãe começou a chorar quase imediatamente, soltei God Killer para poder me aproximar dela, me ajoelhando a sua frente e a abraçando.

— Eles vão matar você, filho. Não vá — senti suas lagrimas contra minha camisa — Você não tem que fazer nada disso, se a casa é segura, podemos ficar todos lá. Eles são deuses, não é? Podemos ficar todos bem — ela soluçou alto, chorando mais e me apertando o quanto podia — Não vá.

— Eu tenho de ir. Foi por isso que nasci, mãe.

— Não... — afastou, segurando meu rosto — Você não nasceu para morrer por ninguém.

— Vocês dizem ser os pais dele também, impeçam essa insanidade — meu pai esbravejou, ele não era do tipo de chorar, descontava sua angústia em qualquer outra coisa, geralmente raiva.

— Ele não vai morrer — Hansol disse, no mesmo tom, porém muito mais firme — Vocês têm a promessa de um deus, ele não vai morrer — olhei em sua direção apenas para ver a marca ainda vermelha em seu rosto desaparecer. Uma promessa divina. Uma promessa que não podia cumprir, mas a estava fazendo mesmo assim — Porém Jungkook precisa ir. É o destino dele. Não se foge do destino.

— E as escolhas dele? O livre-arbítrio? Ele não tem de ir.

— Não tenho — concordei, afastando um pouco, tentando olhar para os quatro ao mesmo tempo — Eu poderia me esconder em um lugar seguro e ficar bem, com vocês. Com Taehyung. Mas como eu poderia sabendo que isso custaria a vida de tantas pessoas?

— Você não é um herói!

— Não sou. Mas eu preciso ser. Não parece justo me sacrificar, mas o universo não é justo, eu sei disso, eu tenho um pedaço dele dentro da minha cabeça — eu quase podia rir de seus olhares confusos quando disse isso — Essas coisas são uma força destrutiva. Matar é tudo que sabem fazer. Não haverá outra chance para o universo, só eu. Preciso ir, e preciso que me apoiem nisso. Ou no mínimo aceitem que preciso fazer isso.

— N-Nós só temos você, filho... — meu pai disse, enquanto minha mãe continuava a chorar, baixinho, tentando sufocar os próprios soluços. Nem mesmo Hansol ou Kairós pareciam muito melhores, os olhos de Kairós estavam úmidos, num esforço tremendo para não chorar. Eu gostaria de saber o efeito que suas lágrimas produziam, ao mesmo tempo que não queria vê-la chorando de jeito nenhum.

— Eu vou voltar. Confiem em mim.

Eu mesmo não tinha toda essa confiança, mas precisava dar alguma fé a eles.

— Amo vocês. Lembrem disso, por favor.

Mesmo não querendo, meu tom era uma óbvia despedida. Talvez eu nunca mais os visse de novo, talvez aquele fosse meu último momento tendo minha família, tanto humana quanto divina. Saber que talvez fosse a última vez não mudava muito na minha capacidade de me expressar. Eu queria dizer tanta coisa, ao mesmo tempo que não tinha as palavras certas, nem a coragem de falar. Eu não podia desabar agora.

— Nós temos de ir — falei, estendendo a mão para minha mãe, para que fossemos juntos. Ela aceitou, relutante, estendendo a mão livre para meu pai que tinha deixado as primeiras lágrimas escorrerem, os abracei, da melhor maneira que podia, querendo lhes dar mais que promessas vazias de retorno — Amo vocês, não tentem sair da casa, lá é seguro. Nem vão sentir o tempo passar.

Os acompanhei até o corredor, a porta continuava aberta, o corredor da casa da ilha parecia brilhante, receptivo e eu sabia que ficariam bem. Kairós e Hansol vieram também, parando logo atrás de mim, enquanto eu me despedia. Os abracei uma última vez, até ter de deixá-los ir. Entraram juntos para o corredor. A porta se fechou sozinha e não precisava abrir novamente para saber que não estavam mais do outro lado.

— Kookie-ah? — Kairós me chamou, e foi o bastante para que eu começasse a chorar como uma criança. Escondi o rosto em seu ombro e senti Hansol abraçar nós dois.

— Se eu morrer, podem cuidar deles? Só ver se estão bem? — pedi, minha voz abafada por ainda estar com o rosto escondido, odiava como minha voz soava patética quando chorava, mas também não conseguia parar.

— Você não vai morrer. Eu prometi que iria viver e vai — afastei apenas para olhar para Hansol, eu sentia a determinação em cada palavra — Não importa o que vou ter de fazer por isso, mas você não vai morrer, Jungkook.

— Eu não quero que morra no meu lugar — disse, ele não respondeu. Era exatamente isso que planejava. Não havia como salvar um sem sacrificar outro no lugar, alguém tinha de ser o segundo receptáculo.

Segundo... Sun.

— Eu não vou deixar minha criança morrer — minha tentativa de argumentar morreu antes de dizer o que quer que fosse. Os olhos de Kairós mudaram e mesmo que nada tenha essencialmente alterado a nossa volta, eu sabia que nada em Busan se movia. O tempo parou — K, o que você viu?

O próprio Hansol parou, os olhos perdendo o foco, algum destino estava mudando. O poder chegou para mim depois, era como se a informação viesse para eles antes, já que eram os detentores originais do poder, mas a combinação de ambos em minha mente tornava as coisas mais precisas. Jimin. Yoongi. Minutos no futuro, talvez cinco, talvez menos. O deus do amor não respondia, eu via o desespero de Min Yoongi, vi os outros tentando ajudar, mas o próprio Min precisava de ajuda agora.

— Estão morrendo. Os dois estão morrendo.

+++

MIN YOONGI

[HADES]

Esperar tanto tempo para ficar com Jimin parecia uma tortura.

Antes eu tinha de esperar 18 horas para vê-lo, agora eram 20. Era literalmente o inferno. Ele parecia melhor, já conseguia caminhar sem ajuda e já não dormia por horas a fio, mas havia algo de errado, que Baekhyun e Sehun ainda não tinham descoberto o que era. Jeongy chegou a cogitar que fosse um espírito disfarçado, mas bastou apenas tê-lo comigo para ter certeza que não era o caso. Eu nunca me enganaria a respeito dele.

— Você parece péssimo, Yoongi — ouvi a voz de Sun antes de vê-la entrar, a garota parecia o oposto de seu natural. Sem vida, olhos baixos, expressão exausta. Hobi apareceu logo depois, eu sentia ele desprender energia própria para ela e não precisei de muito para notar que ela só estava ali, parecendo até um pouco melhor do que nos dias anteriores, graças a ele. Hobi estava funcionando como uma bateria para a garota, um último fiapo de vida que sustentava seu corpo.

Era tão terrivelmente triste que era difícil encarar os dois.

— Eu só estou preocupado com o Jimin.

— Ele vai melhorar, Seokjin também. Apesar dos sintomas... não é estranho? — ela parou, sentando na poltrona, abraçando os joelhos e apoiando o rosto neles — Jimin já passou pela loucura, não é? — assenti — Então porque os sintomas são tão parecidos?

— Os dois estão passando pelo processo de morte do corpo, Sun — Hoseok disse, sentando no braço da poltrona — A deterioração é muito semelhante. Um veneno forte para fazer algo desse tipo é raro, basicamente irreversível, eu não sabia ser possível até dias atrás.

— Mas Jin não foi envenenado... Eles não vão melhorar?

— Não sei. O fato de nunca termos lidado com algo parecido torna tudo pior. Não tem um precedente — a garota assentiu, inclinando o corpo para o lado, para apoiar a cabeça na perna de Hoseok — Como se sente? — afagou os cabelos dela, mas afastou a mão quando muitos fios se desmancharam entre seus dedos. O processo de morte de um receptáculo era terrível, mesmo que não tivesse com um espírito dentro dele, o corpo se desfazia, aos poucos, até o processo cessar com a morte definitiva. Em alguns casos sequer existe um corpo para enterrar.

— Me desfazendo por dentro — ela virou o rosto para ele com um sorriso que ele não retribuiu — Qual é, foi uma piada, você costumava rir de qualquer coisa. O Jimin iria rir...

— O Jimin ri de qualquer coisa. Ele ri das piadas do Yoongi-hyung.

— Que? — fingi soar ofendido — Minhas piadas são ótimas, ok? — a garota voltou a encostar a cabeça na perna dele, os olhos pesando de sono, nós ficamos um tempo ali, apenas observando, até sentir a respiração estabilizar e ela dormir, realmente — Não tem nada que possamos fazer? — negou.

— É difícil vê-la assim — Hobi olhou para o alto, tentando não chorar — Sabia que ia acontecer, mas parece pior dessa vez. Eu não quero que ela passe pelo processo natural de um receptáculo. Quando estiver próximo, eu chamarei Kyungsoo e... — respirou fundo — Ele vai levá-la. Se ela não morrer cumprindo seu papel como receptáculo, ela pode voltar. Vou esperar o tempo que for necessário.

— Eu sinto muito, Hobi — ele assentiu, entendia que falar não iria ajudá-lo no momento. Hoseok a moveu com cuidado, pegando a garota nos braços e voltando para o quarto com ela. O segui, pois foi o momento exato que o celular vibrou em meu bolso, avisando do fim das vinte horas. Eu podia estar com Jimin novamente.

Ele estava me esperando, é claro. O sorriso mínimo me dava alguma esperança mesmo que seu rosto parecesse péssimo, Baekhyun já tinha considerado a possibilidade de uma "transferência", salvar o deus dentro de Jimin, mas isso significava perdê-lo para sempre. Park Jimin e Min Yoongi eram almas gêmeas, Hades e Eros, não. Não haveria nada dele, provavelmente nem sua alma humana reencarnaria.

— Oi...

— Oi — disse, acenando para que deitasse ao seu lado — Senti sua falta — deitei ao seu lado, puxando seu corpo para perto. Ele parecia mais frágil, mais magro, eu tinha medo de tocá-lo e machucar de alguma forma, então tentava ser o mais cuidadoso possível, me movendo para ele, não o contrário.

— Tudo bem? — assentiu, me fazendo virar, para olhá-lo — Seu cabelo está loiro, eu gosto dele assim — afastei uns fios que caiam em sua testa, o tom do loiro já beirava o branco e eu sabia que ele não tinha produzido isso intencionalmente. Talvez fosse mais um vestígio do veneno, mas não queria assustá-lo com o assunto — Fica lindo em você.

— Eu não estou bonito, Yoongi. Não precisa mentir — ele riu baixo, tocando meu rosto.

— Não estou mentindo. Nada, nunca vai te deixar feio — ele não contestou, apenas pressionou um beijo em meus lábios.

— Eu estava lembrando do Arcádia. De quando podia dormir e acordar do seu lado, sem machucar ninguém e sem explodir nada... foi tão bom — fechou os olhos, sorrindo com a lembrança. — Queria poder viver aquilo de novo, só mais um dia. Só um...

— Ainda podemos ter. Não desista agora, você vai melhorar — ele assentiu novamente — Eu estava pensando sobre a guerra. Lembra quando eu fui preso? — ouvi-lo rir fez algo em meu coração aquecer — Eles acharam mesmo que eu matei o presidente dos Estados Unidos. Não fazia nenhum sentido!

— Ah, fazia sim. Só um pouco. Depois acharam que foi a Jeongy... o Taehyung nunca mais quis ir na América de novo — riu um pouco mais, para depois suspirar alto — Foi divertido. Vou lembrar para sempre. De tudo — pressionou outro beijo, entreabri os lábios com os seus, devagar, sentindo aquele calor confortante se espalhar pelo meu peito enquanto a língua explorava lentamente, num beijo calmo, me recusando a separar, mas o fiz quando senti sua respiração pesar. Toquei seu rosto, desenhando sua boca, Jimin sorriu, com seus olhos apertados da maneira que sorria quando os dias costumavam ser melhores. Fiz o mesmo, sentindo algo estranho dessa vez, um tipo de alegria que não experimentava há muito tempo.

— Eu te amo — as palavras escaparam de meus lábios, me fazendo sorrir por um breve segundo, até a compreensão chegar — Jimin? — ele não respondeu, ele não estava sorrindo, os olhos fechados faziam parecer que tinha adormecido — Jimin... Jimin, acorda — Ainda ouvia seu coração, mas estava fraco. Cada vez mais. Me sentei, tentando fazê-lo acordar, sacudindo seus ombros, mas ele não se movia — J-Jimin, por favor... Baekhyun! Sehun! Jimin, por favor, eu te amo... por favor, por favor — senti braços me arrastando para longe dele.

Sehun, Baekhyun e Hoseok assumiram meu lugar ao seu lado, mas eu não queria ir.

— Ele precisa de mim, me solta — gritei, mas não conseguia ter força o bastante para fazê-lo afastar.

— Hyung, não. Você tem que ficar longe dele, me desculpa. Me desculpa, mas você é o deus da morte... — Jongin me puxava, com Jeongy se colocando no caminho, para me impedir de avançar caso tentasse. Eu sabia que me aproximar não ajudaria, meu próprio poder o mataria mais rápido, mas ainda queria estar lá. Ele precisava de mim.

— Jimin-ah! — chamei quando Chanyeol fechou a porta, Taehyung veio também, olhando para nós, tentando compreender o que acontecia — Jimin... eu te amo, eu sinto muito... — meu corpo pesou de repente, meu rosto queimava, gritei em agonia, a dor tão grande que me faria cair se Jongin ainda não me segurasse. Senti quando me fez deitar no chão do corredor, ele me segurava, olhando em completo desespero.

— O que está havendo? — Jeongy perguntou — Tio Tae, o que está acontecendo com ele?

— Ele está morrendo — Taehyung disse, eu nem conseguia visualizar seu rosto agora, era menos que um borrão indistinto, mas sabia que estava perto — No estava pensando quando fez isso? Por que prometeu morrer com ele? Por que, irmão?

— E-Eu não... podia deixá-lo ir... sozinho — falar foi mais difícil do que imaginava.

— Hyung, não, por favor. Eu não posso perder você também — mesmo minha visão apagando aos poucos, eu via o brilho das lágrimas que viravam estrelas. Tentei sorrir, imaginando-as presas no teto, assim como o céu estrelado no quarto dele — Tio Tae, por favor...

— É uma promessa, Jongin. Só Jimin pode salvá-lo, não podem- Jungkook... — o choque na voz de Taehyung foi a única coisa que consegui notar, senti uma mão pequena tocar a minha. Meus olhos voltaram ao foco por um breve segundo, vendo uma garota loira e estranha ajoelhada ao meu lado.

— Eu... eu lembro de você — falei, reconhecendo o rosto dela. Era a garota que vi, muitos anos atrás, no orfanato onde Jongin estava. Foi graças a ela que o encontrei — Kairós...

— Exato — senti ela enrolar algo em meu pulso, como um fio de ouro.

— O que está fazendo? — Jeongy questionou.

— Trapaceando — disse — Garoto, você é Ártemis, não é? — Jongin não respondeu em voz alta, mas provavelmente assentiu — Eu preciso de um eclipse. Um alinhamento planetário é muito complexo, mas um eclipse vai ser o suficiente.

— Para que? — Taehyung perguntou.

— Para convocar o universo, como numa cerimônia. Com o universo aqui aquelas coisas não vão atacar e ainda podemos salvar Jimin e Yoongi. Jongin, você é a única chance deles.

Não era o tipo de pedido fácil, eventos cósmicos não eram produzidos sem uma "autorização universal", o último não programado foi o eclipse para a escolha do novo líder, mas a ausência de Namjoon obrigava a acontecer, agora ela pedia para que Jongin o fizesse, mas sem o aval do universo. Eu não sabia o que isso poderia representar, realmente.

— Eu farei. Pelo hyung.

— Ele vai se... machucar? — meus dedos apertaram o pulso de Kairós, mas eu mal tinha forças para segurá-la — Minha criança... ele é minha criança... não pode morrer. Por favor... J-Jongin, não.

— Eu entendo você, sei que quer protegê-lo. Sua criança vai ficar a salvo — disse em voz baixa, o tom de voz divino soou mais firme, ela realmente entendia — Ele vai ficar bem, eu prometo, mas precisa confiar em mim — tentei dizer algo, mas não tinha mais forças para tal. Ao menos eu sabia que enquanto estivesse vivo, Jimin também estava. Se deixássemos esse mundo, deixaríamos juntos.

Senti Jongin afastar e outra pessoa tomou sua posição, eu sabia ser Taehyung e quis olhá-lo, dizer que foi um bom irmão, que estava feliz por ter tido uma existência pacífica com ele. Pelo menos por um breve momento, para me despedir, mas não conseguia ver nada além da escuridão.

Era estranho como de repente havia mais amor em mim do que achava capaz de sentir em toda minha vida. Minha própria morte estava me dando um último sopro de esperança, como um beijo antes de dormir. Imaginei por um momento, um futuro em que isso daria certo, onde ficaríamos todos bem e Jimin estaria orgulhoso pelos meus sentimentos. E ao meu lado, onde deveria estar.

Eu o via agora, pelos olhos de outras pessoas.

Via Hansol, que prendia fios de ouro em Jimin da mesma forma que a garota fez comigo, enquanto Sehun e Baekhyun misturavam seus líquidos coloridos, tentando achar algo que funcionasse, mas nada funcionária, disso eu tinha certeza. Esperava que Jimin ao menos tivesse ouvido quando disse que o amava. Queria que soubesse, que tivesse certeza que não foi um engano, que eu sentia da mesma forma.

— Se... se eu tivesse o amado antes...

— Esse sempre foi o momento certo, Min Yoongi. Não desista agora — Kairós pediu — Hansol!

— Não é tão fácil quanto parece! — Eu quase podia rir do tom do rapaz... Hansol.O Destino. Jungkook realmente trouxe a cavalaria para a guerra. Eu via a mente de Hansol agora. Seu medo. Os rumos mudando em sua mente conforme a trama do universo perdia seu curso — Devia estar funcionando! — sua resposta me deixou apreensivo.

"Vamos, Jimin..." ele pensou, até sua mente entrar num vazio. Ele sabia que eu estava olhando, sabia que ninguém os encarava agora, o que me deixava num ponto cego. Estava fazendo algo que não queria me deixar ver. Senti muito mais medo naquele momento do que em qualquer outro — Kairós!

Pelo que pareceu um breve segundo, minha mente era apenas o vazio da mente que eu tentava observar. Sentia o que ela tinha feito. Kairós tinha parado o tempo, mas por qual motivo?

"Funcionou"

Minha visão retornou no segundo que vi Jimin, pelo olhar de Chanyeol, acordado.

— Jimin-ah... — tentei chamá-lo, mas minha voz soava baixo, esperava que ele pudesse ouvir mesmo assim — Jimin...

— Y-Yoongi — sorri minimamente ao ouvi-lo responder, Taehyung e Kairós eram os mais próximos, ambos pareciam aliviados, mas não o bastante.

— Ainda não acabou — Kairós disse, tentei buscar onde Jongin estava, mas ele e Hobi estavam fora do meu campo de visão, Jeongy estava ao lado de Taehyung, dando espaço no corredor para Jungkook, que segurava agora as pontas dos dois fios, o que prendia meu pulso e o que prendia o pulso de Jimin.

Eles... Iriam usar o garoto para "receber" o universo?

— É suicídio... — murmurei. O tanto de energia que precisaria para contatar o universo iria fritar a mente dele, mesmo não sendo somente humano era um risco enorme para o garoto. Talvez até ofendesse o universo um pouco mais, já que estávamos, tecnicamente, o desafiando — Ele não vai sobreviver. Taehyung impeça isso...

— Não — Kairós disse, colocando uma mão sobre o ombro de Taehyung, antes que ele tentasse impedir — Jungkook é o que mais pode ajudar.

— Por quê?

— Ele e o universo tem muito em comum — Hansol respondeu e a garota sorriu, como uma piada interna que não fazia sentido algum para mim, pensei em contra argumentar quando algo soou pelo ambiente. O silêncio estranho que sempre acompanhava uma cerimônia. As linhas de ouro brilhavam.

Estava dando certo.

Meu corpo escorregou para o chão com uma pancada forte quando Taehyung apagou, junto com Jeongy. O som dos corpos caindo significava que os outros dentro do quarto também tinham adormecido. Kairós me ofereceu a mão e levantar foi mais difícil do que imaginava, mas já não me sentia tão mal quanto antes e imaginei que Jimin também estivesse melhor.

Jungkook no momento era a imagem mais sobrenatural que tive nessa existência. Seus olhos estavam abertos e vidrados, num tom dourado muito forte. A espada flutuava diante dele enquanto suas mãos ainda seguravam as linhas douradas. Talvez ele tivesse realmente muito em comum com o universo, nem mesmo Hansol ou Kairós assumiram uma forma parecida. Jongin e Hoseok, contudo, estavam num estado parecido com o de Jeon, emanava luz de suas mãos unidas, não aparentavam dor, mas sabia que estava sendo uma experiência em nada agradável.

— Yoongi?

Jimin ainda não estava bem o bastante para permanecer de pé sem o apoio de Hansol, mas vê-lo acordado era o suficiente para mim. Ligando seu pulso ao do Destino havia outra linha, de prata dessa vez, e me perguntei o que ela significava. Talvez fosse como Hoseok fazia com Sun? Usando a si próprio como "bateria"?

— A qualquer moment-... — Kairós pareceu notar o mesmo que eu — Hansol? O que está fazendo?

— Cumprindo o destino, é claro — ele riu, como se a situação não fosse nada demais — Confie em mim, K, vai dar tudo certo. O destino nunca mente.

— Isso já é uma mentira.

— Não é, o destino nunca mente. Mas o Hansol mente bastante — eu quase me permiti sorrir se não fosse o silêncio bizarro que veio. Foi mais forte dessa vez, mais solene e mais do que antes eu senti medo. Eu só queria caminhar até Jimin e abraçá-lo de novo. Dizer que o amava quantas vezes pudesse, até que nossa existência acabasse.

— O que acham que estão fazendo? — a voz de Jungkook sequer lembrava vagamente a sua original, era grave, antiga, como de um homem muito velho. Ele olhou em volta, para Hoseok e Jongin no transe que mantinha o eclipse no céu, olhou para Taehyung e Jeongyeon apagados no chão assim como olhou, pela porta aberta do quarto, para Chanyeol, Sehun e Baekhyun — Eu não achei que teria de lidar com nenhum de vocês até o momento do fim. Mas aqui estão... vocês não deviam interferir no curso natural.

— O curso natural não diz sobre eles morrerem agora — Hansol disse, o fio de prata ligando ele a Jimin emitiu um brilho avermelhado, que fez Jungkook encarar o objeto.

— Meu preço é sempre o mais alto, Moros. Você sabe disso.

— Estou disposto a pagar — Kairós ao meu lado olhava os dois. Havia medo nos olhos dela, parecia a beira das lágrimas — Eles se amam. Deixe que fiquem juntos, mesmo que seja para morrer depois — Hansol baixou a cabeça, como numa reverência — Um último ato de piedade para duas almas que desejam ficar juntas

— Desde quando o amor vale tanto para você?

— Sempre foi importante, sabe disso, você me fez guiar almas gêmeas desde que os titãs caíram. Mas amar nessa existência, me fez um pouco melhor — Jungkook riu, e naquela voz, soava assustador. Era excepcionalmente tenebroso encará-lo, enquanto ele parecia estar acima de um deus.

— Você pode ver? — Jungkook questionou a ele.

— Sim. Eu já vi como acaba. Ainda é bom — do que mil infernos eles estavam falando?

— Eu não acho certo vocês juntos — dessa vez falava comigo e Jimin, reparei como o tom do cabelo de Jimin escurecia e já conseguia ficar de pé ao lado de Hansol. Estava melhorando. Estava funcionando — Foi um erro. Meu, em parte. Mas eu não tenho mais nenhum motivo para separá-los. O destino de vocês não mudou em nada, entretanto. Eu não irei interferir novamente. Seus problemas, são somente seus.

O fio de prata que ligava Jimin e Hansol se soltou, desaparecendo antes de alcançar o chão. Jimin sorriu para mim, e quis tê-lo em meus braços imediatamente. Só algo me impediu, que nada tinha a ver com a presença do universo ainda ali. Sim a única lágrima que escorreu do olho de Hansol. Todas as lágrimas de um deus produzem algum efeito, algo grande ou pequeno, mas sempre visível.

A lágrima de Hansol era apenas uma lágrima.

— Não... — Kairós sussurrou ao meu lado, cobrindo a boca com as mãos, como se tentasse sufocar o choro. Olhei em choque para o deus que nunca conheci e que tinha tomado uma atitude tão drástica por nós.

— Vocês têm a minha permissão. Eros e Hades. Park Jimin e Min Yoongi. Sejam felizes, pelo tempo que lhes restar.

Jungkook soltou os fios, God Killer caiu com um estrondo no chão, Jeon fechou e abriu os olhos, e era só o mesmo garoto de sempre dessa vez. O universo se foi e não mais voltaria. Mesmo estando feliz e vivo, olhando para o homem que tinha certeza amar, nem eu ou mesmo ele conseguimos nos mover para perto um do outro, porque sabíamos que a conquista, seria paga com mais dor.

No fim a morte sempre iria nos rondar.

+++

JEON JUNGKOOK

[OVER]

Os dias que se seguiram foi de uma estranha calma.

Tentei explicar a Taehyung tudo o que houve, omitindo mais coisas do que gostaria, mas não podia assumir um risco. Ele ouviu atentamente, aceitando até as partes mais estranhas, que incluíam Hansol e Kairós, não quis mentir sobre isso, não depois de tudo que estavam fazendo por nós. A presença deles parecia um novo sopro de esperança.

Jimin nunca esteve tão bem, sua memória sobre o que tinha acontecido enquanto em posse dos espíritos ainda não tinha voltado, mas Sehun já tinha feito um progresso na "bebida verde" - que me lembrei nunca ter perguntado o nome - e logo saberíamos mais sobre o inimigo, apesar de que ele achava não ser necessário, o próprio Jimin se lembraria com o passar do tempo, nós só queríamos acelerar o processo. Seokjin parecia muito melhor também, apesar de manter-se longe de nós, especialmente dos recém-chegados e de Jimin.

Havia algo de muito estranho ali, nós só não tínhamos como saber. Mesmo sua mente parecia "fechada" para Yoongi e Chanyeol, seus pensamentos nunca diziam nada sobre seus reais problemas, o que acabava sendo uma lacuna em branco para nós. O que nos restava era aguardar o melhor.

— Então você realmente era um semideus esse tempo todo? — ele segurava meu rosto, apertando minhas bochechas, olhando desacreditado para mim — Mas... como que...? Não consigo entender como que..., mas Hansol... — ri de sua confusão.

— Não nasci um, isso dificultou para vocês — afastei suas mãos, pressionando um beijo em seus lábios. Senti falta disso — Só tem de se acostumar que tenho mais pais para você agradar.

— Hansol me detesta.

— Já começou mal — ele fez uma expressão de desgosto antes de me puxar para fora do quarto.

Entramos na sala juntos, sentei ao lado de Sun no sofá, enquanto Taehyung sentou-se no chão, no espaço que sobrou do assento, coloquei God Killer. A presença do universo retardou o ataque, mas os espíritos não iriam desistir. Deuses menores tentavam se esconder, ficar perto de nós só atrairia suas mortes mais cedo. Outros tentavam ajudar humanos, Hoseok não deixava a casa, temendo que algo acontecesse com Sun, e quanto mais infeliz ficava, mais doentes todos se sentiam.

Jimin era o único sopro de esperança.

Mesmo na cozinha eu ainda conseguia ouvir Yoongi repetindo o quanto o amava. Desde que conseguiu, ele repetia o tempo todo e Jimin não parecia nem um pouco incomodado com isso. Jeongy achava que ele estava tentando compensar pelos 30 anos sem dizer, o que fazia bastante sentido. A garota não estava ali, ela e Ji ficavam com Jongin quase o tempo todo, só afastando quando Yoongi assumia o lugar, porque produzir um eclipse fora mais sofrido para ele do que para Hoseok.

Contudo ninguém estava realmente bem ali. O mal tinha se espalhado por todos, como um veneno.

— Veneno... Sun? — ela virou-se para mim — Você tinha dito ontem, depois que vimos Jimin melhor, que deveríamos convocar o universo para ajudar Seokjin também, já que os sintomas do veneno foram parecidos.

— Sim, o Jimin só não disse nada bizarro, nem tentou matar ninguém. Mas fora isso era exatamente igual, o Jin não chora mais ouro, e os olhos dele mudam de cor as vezes — a garota pontuou.

— Jimin pediu para Yoongi morrer com ele — Taehyung acrescentou, em voz baixa. — Não tentou matar... mas induziu. Em parte. Mas não poderia ser, Jin está agindo pela loucura.

"A loucura é como um veneno"

Foi o que Baekhyun disse, eu tinha uma lembrança muito vaga da frase, mas sabia que tinha dito isso.

— A loucura é um veneno... — murmurei, ainda tentando assimilar a possibilidade.

E se Jin teve a loucura potencializada pelo veneno? Se isso que o fez agir da forma que agiu? E se fosse essa a razão para Jimin pedir para Yoongi morrer com ele? Jimin sempre disse que preferia morrer amando Yoongi, não fazia sentido para mim que ele chegasse ao ponto de pedir para que morressem juntos. Se no universo anterior ele não pediu por isso, porque pediria nesse?

— Baekhyun! Sehun! — chamei, God Killer desapareceu e retornou quando fechei a mão em volta do punho da arma, levantei de um salto, como se houvesse muita energia pelo meu corpo agora, segui em direção ao andar de cima.

— Jeon, o que foi? — Taehyung disse atrás de mim, subi as escadas correndo, vendo Sehun e Hansol parados no topo. Ele estava estranho, desde a "cerimônia" de Jimin e Yoongi, estava anormalmente quieto enquanto Kairós parecia estar pensando em algo, agindo nervosa. Quase gravitando à volta dele, uma atitude que não combinava com ela.

— Chame Seokjin — pedi a Sehun, Baekhyun saiu do quarto e caminhou até nós, confuso — É o veneno. Você disse que a loucura é como um veneno, lembra? E se for um? Literalmente falando. Se foi por isso que nada que fez por Seokjin deu certo até agora, porque estava tratando como um mal que veio dele, não de fora.

O deus calou um momento, tentando pensar.

— Não tinha como só o veneno o deixar naquele estado, Baek, sabemos disso. Sim, Baek, eu sei. Mas o veneno pode ter agravado os sintomas. Exatamente, Baek — ele assentiu para mim e olhamos os quatro para o fim do corredor, onde Jin nos encarava, parecendo completamente perdido — Baek? Sim, Baek. E se foi isso que deixou Namjoon pior?

Ah, não.

— O que está acontecendo? — Jin perguntou, God Killer emitiu um brilho forte, fazendo os deuses recuarem para longe de mim — Ele vai me matar?

— O que está havendo? — Jimin perguntou, um a um, todos foram saindo de onde estavam, seja para o corredor do andar de cima ou hall de entrada da casa, agora sem as peças de arte já que Taehyung retirou todas elas dali.

— Jimin, porque queria que Yoongi morresse com você? — Taehyung perguntou e a expressão de Jimin não podia ser mais confusa.

— Eu nunca pedir-... — calou, baixando os olhos, mas parecia enxergar o vazio. Encarou Yoongi em seguida, parecendo em choque — Tinha uma voz... uma voz na minha mente. Doía muito... Ele disse que Yoongi tinha de morrer. Que ele estragou tudo da última vez — ele segurou Yoongi pelo braço, desesperado para fazê-lo entender — Ele disse para falar aquilo, eu não queria dizer, não queria.... Você os destruiu da última vez, foi o que disseram. Eu não queria, juro que não queria.

— Tudo bem, tudo bem — Min tranquilizou, o abraçando com força — Acredito em você. Mas que última vez? Nunca o enfrentei diretamente antes para se ressentirem de qualquer derrota!

— Nem mesmo na Era de ouro? — Jongin perguntou, ele já parecia muito melhor, mas Ji e Holly estavam aos seus pés, vigiando-o, só para garantir que ele ficaria bem.

— Não. Ele dava trabalho no Tártaro, mas estava preso no submundo, não podia fazer nada. Era menos que um espectro. Não havia o que derrotar.

Eles podiam não entender, mas eu sim. Foi Yoongi que usou a espada de Zeus para matar os espíritos restantes no universo anterior. Eles também se lembravam. Por isso devolveram Jimin vivo, para garantir um modo de Yoongi morrer, sem precisar enfrentá-lo novamente.

— Nós podemos parar a loucura de Jin, assim como foi com Jimin, se convocarmos o universo mais uma vez — expliquei, acenando para Hansol e agora Kairós, que tinha se aproximado — Sem o veneno no corpo de Seokjin, eles não terão nenhum poder sobre ele, só preciso que façam isso de novo — Kairós lançou um olhar firme para Hansol, mas parecia à beira das lágrimas — O que foi?

— Não vai contar a verdade para sua criança? — ela questionou, numa acusação clara, mesmo com a voz embargada pelas lágrimas que queria conter.

— Do que ela está falando?

A resposta não veio, sim um grito de agonia, vindo de Seokjin. No andar abaixo, Sun apertou a mão contra o peito, como se sentisse uma dor tremenda. Hansol caiu de joelhos, desabando como uma pedra no chão. As portas de entrada se abriram de uma vez e um Jongdae, banhado em sangue foi empurrado para dentro, manchando o mármore. Ainda estava vivo, mas não por muito tempo. A risada alta e esganiçada foi a primeira coisa que ouvimos antes da duplicata de Yoongi surgir. Sarga. Uma cópia exata do Yoongi atual, a não ser pelas roupas e o acessório adicional em sua mão.

A espada de Zeus.

— A festa acabou, crianças.

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