Destino

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JEON JUNGKOOK

[HUMANO?]

Moros me deu roupas muito parecidas com as deles, tecidos brancos e folgados que cabiam facilmente três de mim na peça. Ao menos as calças estavam num tamanho adequado. Quando voltei para o cômodo ele apenas me mandou sentar, mas como não havia nenhuma cadeira ou poltrona além da que ele já estava, me sentei no chão, ao lado de sua pilha de livros. Eu estava esperando que Moros me mostrasse de uma vez as memórias, mas ele não parecia ter pressa alguma, e minhas tentativas de chamar sua atenção não surtiram qualquer efeito. Toda vez que insistia ele voltava em sua conversa sobre ter tempo para tudo e que eu deveria ser paciente.

Meus pensamentos durante o ócio obviamente me levaram a Taehyung, só o tempo que o Destino me fazia esperar já foi parte do tempo que passei fora da última vez, o que do lado de lá - no mundo real, ou qual seja o nome da minha realidade - significava que no mínimo desapareci por mais de um dia e meio. Levando em conta como Moros não tinha pressa alguma, eu retornaria com no mínimo cinco dias. Alguém me procuraria? Avisariam a minha família se passasse muito tempo? Taehyung iria agir ainda pior que dá última vez, disso eu tinha certeza. Eu não deveria me importar com isso. Não estávamos juntos nem nada, apenas quase... Ele ter tirado minhas roupas não quer dizer que iriamos transar. Claro que não. Mas talvez.... Eu não podia mesmo estar gostando de um homem, poderia?

"Talvez Jaebum-hyung estivesse certo e eu era bissexual. E se fosse apenas gay? Como poderia ter certeza? "

— Arg! — resmunguei, a falta do que fazer estava me fazendo pensar besteira — Você me trouxe aqui só para me fazer esperar?

— Mais uma reclamação e eu jogo um livro na sua cara e acredite, vai doer bastante. Não são memórias apenas de Kim Namjoon, são de outros deuses também, sabe como é trabalhoso resgatar fragmentos do tempo? Você devia ser um pouco mais grato — suspirei.

— Obrigado. Eu deveria dar mais valor ao seu esforço em me ajudar — falei sem muita vontade, apenas para não parecer mal-agradecido.

— Muito melhor, ainda soa falso, mas não vou cobrar muito de você. Leia alguma coisa enquanto espera — peguei um dos livros empilhados e quase gritei quando um livro tão grande - que mal cabia direito em meus braços - encolheu ao tamanho de uma versão de bolso. É, livros encolherem já não deveriam mais me surpreender. Abri. Estava com todas as páginas em branco.

— Uau. Vai ser uma leitura realmente inter... — calei quando palavras começaram a se formar em várias das folhas, parei em uma — Lee Ji-Woo — era o que dizia no topo, continuei a leitura em silêncio.

"Ji-Woo encontrou o amor da sua vida as 9 da manhã durante um treino de basquete, numa terça-feira. Finalmente fora falar com ele, três meses depois, após muita relutância e superando sua covardia. Isso foi numa quarta-feira. Eles finalmente se beijaram um mês depois e Ji-Woo pensou ser a pessoa mais feliz de todo o mundo, numa quinta-feira. Ji-Woo morreu pelas mãos de um homem que nunca viu ou sequer conheceu, mas essa pessoa o odiava somente para o Ji-Woo ser ele mesmo. Ji-Woo apenas voltava para casa, e morreu num beco vazio e escuro, onde ninguém o viu sangrar.

Era uma sexta-feira. "

Por um longo momento eu não soube o que dizer ou perguntar.

— O que foi isso?

— O que você leu? — assenti — Bom, em algum lugar do mundo, ou muito provavelmente da Coréia, havia um rapaz chamado Ji-Woo. Esse garoto encontrou seu grande amor e morreu oito meses depois. A vida dele foi muito mais do que isso, mas você como humano, ou quase, só conseguiu ler uma versão resumida da história. Mais especificamente, o trecho que faria seu pobre coração humano doer.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora