Memória

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"— Jungkook! Não tem graça nenhuma, me deixa entrar — O lugar foi ganhando foco, vendo a sala pequena com o papel de parede azul já desbotado, olhei para janela, e para o deus do mar irritado do lado de fora. Podia ver o mar agitado mais adiante e o dia cinzento, como se estivesse próximo de nevar.

— Vai embora, baiacu! — ao contrário da minha última lembrança de quando o chamei assim, ele riu.

— Está frio, você já viu um peixe gripado? Não é legal — ri junto, destravei a janela e abri com um pouco da ajuda do vento — Obrigado — olhou fundo em meus olhos, e recuei um passo quando vi seu cabelo tornar-se muito vermelho, e seu olhar parecer quase homicida. — Obrigado. Assassino dos Deuses. "

Meus olhos se abriram no susto. Eu estava de pé, segurando as bordas da janela do quarto, que estava aberta. Eu nunca tive nenhum ato de sonambulismo antes, mas isso, combinado ao sonho me fez fechar a janela com mais violência do que necessário e cambaleei para trás.

— Acorda pra cuspir, garoto — ouvi batidas na porta antes que Moros entrasse — Aconteceu alguma coisa? Você está pálido — apenas neguei, com um aceno.

— Eu só me lembrei do sonho de ontem. Não é nada.

— Ok. Vamos, você precisa comer. Vão ser bem mais exaustivas as memórias dessa vez, deuses muito fortes... enfim — assenti, o seguindo para fora. Caminhamos em silêncio por alguns corredores, eu facilmente me perderia naquele lugar. Moros suspirou alto uma vez. Duas. Três — Vamos correr.

— O que?

— Vamos apostar. Se chegar na sala de refeições primeiro eu te dou um livro especial. Se eu ganhar você passa mais um dia aqui.

— Mas não sei o caminho.

— Vai saber. A casa vai te indicar — olhei-o desconfiado de sua proposta.

— Eu aceito. Mas... se eu ganhar, eu quero ver sua forma original — ele ponderou um pouco e me estendeu a mão.

— Feito — paramos um ao lado do outro — Em suas marcas... Agora!

Moros não mentiu que a casa indicaria, antes de alcançar o fim do corredor uma luz azul brilhou para a direita, depois para a esquerda, a direita de novo, Moros era veloz, mas eu corria bem mais rápido. E eu era competitivo demais para aceitar perder ainda mais com a possibilidade ver seu rosto original. Com mais dois corredores eu deixei-o para trás até ver a última luz azul diante de um par de portas duplas e correr para elas como se minha vida dependesse disso.

— Ganhei! — ri alto em comemoração e talvez fosse o estômago vazio em conjunto com o esforço, mas minha visão escureceu por um momento antes de voltar ao normal. — Eu ganhei! Eu ganhei! — comecei a cantarolar, de modo infantil.

— Garoto... — Ele ainda estava no fim do corredor — Por Gaia, você corre muito, muito. Muito. Muito mesmo — ri um pouco mais — Rápido — concluiu — E como acordos têm de ser cumpridos...

Quando deu seu passo seguinte em minha direção ele já não era mais como Namjoon. Parecia mais novo que eu, lhe daria 20 anos no máximo, rosto fino, magro, olhos pequenos, cabelos cinza, quase brancos e uma palidez fora do comum, até mesmo para os deuses naturalmente pálidos que conheci. O modo velho como falava não se encaixava nem um pouco naquela imagem.

— Não sou o que esperava? — acenei que não — O processo de transformação divina nos envelhece alguns anos, mas eu tinha 14 quando aconteceu a minha. Fiquei jovem demais — deu de ombros, chegando mais perto.

— Que bizarro.

— O que?

— Você é bonito. Você devia ser feio — ele parou um momento antes de começar a rir, muito alto dessa vez. "Eu disse isso alto? "

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora