Receptáculo

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Latona tinha cara de mãe.

Era difícil explicar, mesmo sendo tão bonita quando Calisto e Nix, e com seus traços ocidentais, porém ela me fazia lembrar minha mãe. Seus olhos eram doces e a expressão amável me lembrava Hoseok e Jongin também, mesmo que ambos não fossem seus filhos de nascimento nessa encarnação. Lembro que em minhas pesquisas ela tinha uma associação muito forte a maternidade, sempre retratada com os dois filhos, e achava que isso deveria ter alguma relação. Ninguém no consultório dizia coisa alguma, Taehyung logo depois que voltamos pediu para que eu esperasse enquanto ele via como Jeongyeon estava, então esperei no hall de entrada, encarando as linhas do mármore branco, que me faziam lembrar a casa do Destino, até Sun me encontrar e levar onde os outros estavam.

Jongin e Hoseok eram os que estavam mais próximos da deusa, eles conversavam entre si e consegui entender um total de nada, então julguei ser grego antigo, parecia que faziam uma poção pela quantidade de potes e béqueres em cima da mesa, a cada avanço novo na investigação do veneno, Latona dizia algo a Sun que anotava tudo, com Hoseok a alertando a cada cinco minutos para não ficar muito perto do veneno.

A porta do consultório foi aberta e acompanhei com o olhar Taehyung entrar e se juntar aos outros, Sun entregou seu bloco de anotações a ele e se juntou a mim no canto dos humanos, ou quase humanos.

— E então? O que descobriram? — perguntei a ela.

— Nada ainda, é algo novo para eles. Veneno não é muito comum e nunca foi um problema até eles começarem a encarnar — assenti — Mas esse em específico não parece muito perigoso. Tem bem piores.

— Podem matar um deus?

— Não. Mas pode matar a parte humana deles. Teriam de encarnar num corpo novo, mas a parte divina ficaria bem. Bom, deve ter algum que mata deuses, acho que isso que está preocupando eles.

— Mas a Jeongyeon...

— Não, não, ela está bem. Já está xingando o espírito e os enfermeiros que queriam dar uma sopa aguada para ela. Tudo normal. Eles vão demorar mais um pouco nisso, você quer vê-la? — Eu não conhecia Jeongyeon muito bem, mas já que estava ali e ela fora tão receptiva em ajudar, talvez não fosse uma má ideia fazer uma visita. Ninguém pareceu atento a nossa saída, estavam muito ocupados com o veneno, mas achei ter visto Taehyung nos seguir com os olhos até a porta. Ou talvez fosse meu desejo que ele olhasse para mim. Droga de sonhos, eles que estavam me deixando desse jeito. Eu precisava era consertar a droga da minha vida e a minha mente fodida. Esse assassino bem poderia aparecer de uma vez e eu não precisaria ver Kim Taehyung nunca mais.

— Está tudo bem? — Sun perguntou, me fazendo voltar a realidade, fora bom já que começamos a descer o primeiro lance de escadas.

— Sim, sim. Tudo bem.

— É que você estava fazendo umas caretas estranhas. Tem certeza que está tudo bem? Se for para passar mal aqui é o melhor lugar, nem precisa ir para o hospital, já está em um — ri um pouco.

— Você tem razão. Mas estou bem, de verdade.

— É estranho passar tanto tempo aqui — me indicou o corredor antes que seguíssemos — O Hobi gosta muito mais da parte da música e de dançar, já viu alguma das apresentações dele e do Jongin? É maravilhoso. Mas o hospital era bem menos, vínhamos uma vez na semana no máximo, agora estamos aqui quase todos os dias.

— As pessoas estão ficando mais doentes? Ou são... eles? Digo, são todos esses problemas com deuses e não sei se estou soando confuso ou...

— Eu entendi — ela riu dessa vez — Um pouco dos dois. Isso de espíritos por aí interfere na energia espiritual da cidade. As pessoas se sentem mais doentes.

God Killer - PRIMEIRA VERSÃOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora