God Killer - PRIMEIRA VERSÃO

taemeetevil tarafından

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[CONCLUÍDO] O mundo é diferente. Os deuses agora vivem entre nós, expandindo seu poder e influência. São mu... Daha Fazla

Prólogo
Zeus
Hera
Hades
Apollo
Eclipse
Humano
Hermes
Ártemis
Moros
Iliada
Ares
Receptáculo
Destino
Memória
Tempo
Maldição
Assassino
Eternidade
Arcádia
Baco
Alma
Pothos
Epifania
Dia B
Hyun
Deus Ex Machina
Deus
Eros
Poseidon
Epilogo
Human Among Gods

Universo

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taemeetevil tarafından


JEON JUNGKOOK

[HUMANO]

18 de abril

O celular tocou pela décima vez uma música irritante de um grupo pop americano que eu odiava, treinador Choi sempre dizia que colocar músicas ruins como despertador era ótimo, "Te dá mais um motivo para acordar, você levanta para desligar a música", dizia. E estava dando certo na maioria dos dias, porém hoje não foi o caso e logo após a música irritante findar veio o toque do meu celular, olhei a tela vendo o número de Jaebum-hyung.

— Hyung? — perguntei ainda sonolento, tentando fazer minha mente prestar atenção em suas palavras.

— A ronda começa em 20 minutos, cadê você? — ele gritando no telefone foi o bastante para me fazer acordar, pulei para fora da cama, prendendo o celular entre a orelha e o ombro e tropecei em direção ao banheiro — Tá ficando frequente, Jeon. Você sabe que não é nenhum favorito aqui, não pode ficar dando brecha para o chefe te chutar para fora — Deixei o celular no viva-voz enquanto eu tirava as roupas e corria para o banho — Você ainda estava dormindo?

— Sim — gritei, o som da água abafava demais minha voz e a dele também, mas ainda assim era compreensível — Eu não paro de ter pesadelos, hyung. Fica difícil ter uma noite de sono decente.

— Você precisa é de férias, garoto. Você não sai de férias desde que entrou para a corporação. A não ser aquelas viagens curtas que faz a Busan.

— Eu sempre volto pior de lá, meus pais são complicados — ele ficou um tempo em silêncio enquanto eu terminava de lavar o cabelo, até achei ter desligado, porém voltou a falar.

— Por que não vai ver aquele cara do mar? Você falava dele e sempre voltava ótimo depois dessas visitas.

Cara do mar? Por que eu sentia saber do que ele falava ao mesmo tempo que não? Eu não conseguia me lembrar de nenhum "cara do mar".

— Ele é da marinha? — continuou — Acho difícil você estar fodendo com Poseidon. — riu do outro lado da linha.

— Eu não estou fodendo com ninguém! — bem que queria, talvez eu estivesse tão tenso por falta de sexo. Eu precisava sair de casa, talvez aceitar sair com a oficial Kang, apesar de que a ideia não me empolgava muito, mesmo que ela fosse muito bonita.

— Já bateu uma para o deus do mar? — ele estava gargalhando do outro lado.

— Eu vou contar para o YoungJae-hyung o que você fica me perguntando! — isso fez ele ficar quieto, geralmente não éramos tão receptivos um com o outro, mas eu gostava do fato de Jaebum-hyung ser como um amigo. Ou quase. Quase era a palavra-chave aqui — Vou pôr o uniforme e chego aí em dez minutos.

— Melhor correr.

(...)

— Qual a desculpa dessa vez, Jeon? Mais um pesadelo com o mar? Por que se recusa a procurar Poseidon? Ele com certeza consertaria essa sua cabeça cheia de água — chefe Im me olhou de cima a baixo depois que me apresentei diante dele, no fim da ronda - que nunca tinha nada demais aquele horário - era só um padrão obrigatório — Você tem ido ao psicólogo? — perguntou em voz baixa, para que mais ninguém ouvisse além de mim.

— Sim, senhor. Não tem avançado muito, infelizmente. Senhor — completei, suspirou alto, apoiando uma mão em meu ombro.

— Garoto você sabe porque faz parte da corporação, não é? Nós respeitamos legados de família aqui, trabalhei com seu pai e conheci seu irmão e é só por isso que está na minha frente hoje. Mas você sabe que seu lugar não é aqui — ele acenou para que eu o acompanhasse até sua sala, segui-o já imaginando que enfim eu seria chutado para fora da corporação. Isso já estava para acontecer desde que meus sonhos ficaram piores — O tal deus sol, Hoseok, ele vai abrir vagas para novos artistas, eu vi ontem na tv. Se inscreva e deixe a polícia. Você é um artista, Jeon. E já é velho demais para tentar agradar sua família, nenhum artista hoje em dia passa fome, deuses pagam muito bem por arte, e você é dos bons, já vi seus quadros. Hoseok vai pagar fortunas para ter você na equipe de artistas dele.

— Não posso deixar a polícia, senhor.

— Se quer um álibi para seus pais, eu digo que ainda é da corporação, você quase nunca visita Busan de todo modo. Mas você não é um policial, Jeon, não tem porque fingir para si mesmo.

— Eu sei disso, senhor. Mas preciso ficar.

— Por quê?

— É onde devo estar. Não sei explicar o porquê, mas eu preciso estar exatamente onde estou — ele tinha razão em me dizer para pular fora, aquele não era mesmo meu lugar e sabia disso desde de entrei para a equipe, eu vivia pelo meu trabalho, mas conseguia ser terrível nele mesmo assim. Minha mente tinha um universo próprio, indo sempre longe demais de onde deveria estar.

— Você que sabe, garoto. Está dispensado — lhe fiz uma reverência antes de sair da sala, e dar de cara com chefe Oh, que ficava na recepção, ele quase nunca saia de lá.

— Tem alguém te esperando lá fora. Uma mulher — ele chegou mais perto — Eu não consegui notar aquela aura esquisita, mas se não é uma deusa, está no caminho certo, nunca vi uma garota tão bonita na vida.

— Qual o nome?

— Ela não disse. Está namorando? — neguei — Então, se ela for só uma amiga, será se não podia nos apresentar? Ela com certeza faz o meu tipo — olhei bem para a cara velha do chefe Oh. Se ele estava contando comigo para arrumar alguém era melhor desistir da ideia. E eu não conhecia muitas garotas, então provavelmente ela procurava por outro Jungkook, de outro distrito — Ela está bem ali — apontou discretamente para a moça e lhe fiz uma reverência em agradecimento antes de ir até a garota. Mesmo de costas, dava para notar as roupas caras e a aura superior. Claro que era uma deusa, dava para perceber mesmo à distância, ela virou-se para mim, e tive uma estranha sensação de reconhecimento.

— É... — fiz uma reverência desajeitada — No que posso ajudar?

— Jeon Jungkook — disse meu nome e sorriu como se estivesse radiante em me ver. — Meu nome é Kairós — Era um nome bem diferente, porém a garota também o era. Era estranho ela ser tão bonita e intimidadora, e eu não gaguejar feito um idiota como sempre fazia. Eu me sentia até confortável perto dela — Eu queria te ver a algum tempo.

— É... eu não conheço você — ela riu.

— Você conhece muita coisa, criança. Só não se lembra.

+++

21 de agosto

Eu não lembrava de ter ido para o quarto, mas sentia meu corpo deitado no meio de lençóis, a cabeça de Taehyung sobre meu peito, sua respiração baixa, enquanto me apertava com força. Eu tinha uma sensação estranha, como se eu devesse lembrar de algo, mas faltava um pedaço importante ali. Eu lembrava do surto de Seokjin, lembrava de ir até Baekhyun e pedir sua ajuda. E... mais nada. Teria sido o vinho? Algo mais que eu tenha bebido durante a festa de comemoração?

— Tae...

— Vai dormir... — deu um longo bocejo e me puxou para me encaixar melhor em seus braços — Nem os peixes estão acordados agora.

— E a cerimônia? É hoje, não é? — ele assentiu, ainda com os olhos bem fechados, seu rosto sempre parecia adorável de manhã, os lábios formando um bico e o cabelo parecendo um ninho de passarinhos. Eu devia estar ridículo, mas ele conseguia ficar bonito de qualquer forma.

— Fim da tarde. Quase noite, durma Jeon — assenti, com o peso estranho de algo faltando. A sensação era a mesma de uma ressaca, mas sem a parte incômoda fisicamente. Estava só na minha cabeça. Uma ressaca mental.

— O que aconteceu comigo ontem? — perguntei, recebendo uns resmungos inteligíveis como resposta — Eu não me lembro de nada depois de ter visto Baek.

— Não? — era óbvio que tinha algo de errado — Talvez seja bom.

— Taehyung... — demorou alguns segundos até que ele desse um suspiro exausto, e sentasse para conversar, fiz o mesmo — O que aconteceu?

— Você viu alguma coisa. Algo sobre Namjoon, que te fez entrar em surto. Você... você delirou sobre algo, ou teve uma visão, como preferir, de que Namjoon estava vivo — "Vivo? " — Baekhyun estava certo, tem poder demais na sua mente, as travas estão lá por uma razão.

— Isso poderia? Ele pode estar vivo? — questionei, Taehyung negou.

— É impossível, Jeon. Todos nós sentimos o poder dele se dissipar no universo. Baek tem certeza que é isso que tornou os espíritos mais fortes, não existe nenhuma forma dele ter sobrevivido. Talvez os espíritos estejam confundindo a sua mente.

Quando disse isso, lembrei do meu sonho na casa de Hansol, o sonho que me fez deixar o espírito entrar pela janela. Seria o mesmo? Algo para confundir minha mente e permitir a entrada deles no hotel? Ou mesmo na cerimônia?

— Não existe mesmo, nenhuma possibilidade? — negou, afagando meus cabelos, assenti alguma vezes, afastando seu toque logo em seguida — Eu tenho medo. Muito medo, Taehyung. E se esses espíritos...

— Eles não farão nada. Todos que não precisam participar diretamente da cerimônia, irão ajudar a proteger o templo. Tudo que pode ser feito para manter todos em segurança, será feito — me levantei quando ele tentou chegar mais perto — Jungkook...

— Eu preciso pensar — puxei a garrafa com a bebida verde, bebendo todo o restante de uma única vez. Ardeu em minha garganta bem mais que as vezes anteriores — Não deviam ter tirado a lembrança de mim.

— Era um delírio, Jeon.

— E se não for? E se de alguma forma ele conseguiu voltar? — fui até minha mala, revirando peças de roupa, eu tinha um sentimento estranho no peito, precisava sair daquela caixa submersa, ir para algum lugar onde pudesse colocar meus pensamentos em ordem — Vou tomar banho e caminhar.

— Jungkook...

— O que, Poseidon? — rosnei as palavras de volta, meu tom soando mais grave do que o usual — Me deixe com a minha loucura — entrei no banheiro em seguida, batendo a porta com mais força do que gostaria. Havia um grande espelho ali dentro, eu nunca liguei muito para olhar meu próprio rosto, mas encarando meu reflexo agora, eu parecia diferente. Pela primeira vez em tempos eu me sentia bem olhando para mim mesmo. O que tinha mudado sobre isso? O que mais tinha mudado em mim?

(...)

Havia algo de libertador em não estar no quarto de Taehyung. A água de uma forma estranha me sufocava, mesmo que não estivesse em contato direto comigo, e tudo parecia piorar agora que a cerimônia estava a algumas horas de distância. O Arcádia estava vazio, era terrível e estranho ver um lugar tão grande, limitado a um grupo de pouco mais de 40 pessoas. Caminhei pelos corredores do hotel, todos idênticos e vazios. Eu não tinha visto ninguém desde o momento que sai do quarto. O restaurante do hotel estava completamente vazio, a não ser pelas máquinas estranhas de Seulgi e...

— Hansol? — chamei, vendo o deus numa mesa mais afastada, na cadeira central, o móvel era comprido, com vários assentos disponíveis, talvez trinta ou mais. Caminhei até ele, sentando-me na cadeira ao seu lado.

— Olá, criança — sorriu um pouco — Parabéns pela vitória na competição.

— Obrigado — começou a mexer nos talheres, parecendo ansioso para dizer algo, eu sentia algo parecido, mas não sabia o que tinha a falar.

— Aquele deus estranho, Chanyeol, ele disse que eu devia jantar com vocês depois da cerimônia. Eu sempre achei ele e Baekhyun estranhos, mas eles eram um dos poucos que eu podia visitar. Eu... eu sempre quis isso quando era mais jovem. Uma família grande. A casa também, ela não foi feita para abrigar um deus solitário, então sempre há muitos lugares na mesa. Muita comida. Mas nunca tem ninguém.

— A... — eu realmente não sabia o que dizer — É... minha família sempre foi pequena. Só eu, Hyun e nossos pais. Não precisa de muita gente. Eu... — respirei fundo — Eu posso te ver. Se você quiser. E tem Kairós também, vocês parecem próximos.

— Kairós — resmungou, virando um garfo entre os dedos — Ela é muito difícil. Se fecha na própria mente e nos segredos idiotas, nunca me conta sobre nada — ri baixo de como ele emitia muxoxos irritados.

— Você gosta dela, não é?

— O que? Claro que não — largou o garfo — Você não entende. Ela sabe muito mais que todos os deuses juntos, mas retém tudo, até o último segundo. Mesmo eu sou limitado ao que ela quer, é... frustrante — assenti alguma vezes, a sensação de ter informações omitidas era algo que eu entendia muito bem. Ele mesmo não me dizia muita coisa.

— Entendo... então você gosta mesmo dela — ri alto dos seus protestos e tentativas de me espetar com o garfo — Não tem problema, ela é bem bonita. E como homem também.

— Ela gosta de ter todos os corpos possíveis — ele tinha o olhar meio perdido, falando distraidamente — Eu gostava disso, mas com o tempo isso acaba afetando sobre o que eu sou. Kairós tem poder demais, sem Cronos ela manda no tempo, quer dizer, isso é muita coisa. Mesmo fazendo sacrifícios, ela ainda é mais poderosa que qualquer um. A minha mente é fraca demais.

— Por isso esqueceu seu nome?

— Eu nunca esqueci meu n-... Sim! Isso, afetou minha memória — estreitei os olhos em sua direção e o vi engolir em seco.

— Hansol... Taehyung já sabia seu nome, antes que eu lhe desse um. Você já era Hansol antes. Como pude te dar exatamente o mesmo nome?

— Coincidência? — deu um sorriso afetado que não convenceu — Ok, eu precisava testar sua mente. Sobre o que você guarda aí dentro.

— Minhas visões? — Ele não respondeu de imediato, deixando um longo silêncio pairar entre nós, o único som ao redor era das engrenagens das máquinas ao nosso redor.

— Eu achei que Zeus era seu propósito. Que punir o assassino do líder dos deuses era a razão da sua existência. Talvez seja algo muito maior — se levantou e fiz o mesmo — Hoje é um dia muito importante. Espero que o universo tenha um pouco de bondade dessa vez. Ele quase nunca tem.

— Q-Qual a razão da minha existência? — tentei impedi-lo de ir, segurando-o pelo pulso, mas ele se livrou sem grande dificuldade — Eu preciso saber.

— Já tem tudo o que precisa, criança — ele parou, e me surpreendi quando me puxou para um abraço. Inevitavelmente retribui, o apertando com força — Deuses são estúpidos, poder demais os torna tolos... ignore todos eles. Faça o que tem de fazer.

— Quando isso acabar teremos um jantar bem grande, com todos os deuses. A casa vai ficar feliz de finalmente ter gente o bastante pra alimentar — ele riu, ainda me segurando em seu abraço.

— Sim, ela vai — me soltou, seguindo para o hall principal, as portas do restaurante do hotel de fecharam. Mesmo antes de abri-las de novo eu sabia que não estava mais lá. Ele era bom em fugir, melhor do que eu jamais seria.

— Eu tenho tudo que preciso.

+++

Jimin e Yoongi não conseguiam largar um ao outro nenhuma vez durante a última hora até o alinhamento, mesmo ainda preocupados com todo o necessário para a cerimônia, eles estavam sempre se tocando, como se tivessem medo de um futuro afastados um do outro para sempre. O "não" do universo era pior que qualquer maldição, talvez sequer se veriam de novo. Mas havia muita esperança entre os deuses, Hoseok e Baek falavam como tudo acabaria bem no fim e todos acreditávamos sem hesitação em cada palavra deles. Chanyeol disse que era o efeito do álcool, de Baekhyun, combinado com a euforia do amanhã, que vinha de Hoseok, mas ainda assim era reconfortante.

O caminho para a praia me fez voltar a sentir aquela mesma sensação incômoda que os sonhos me trouxeram por tanto tempo. Mas ao contrário dos sonhos, dessa vez eu faria alguma coisa, não seria somente um espectador de toda a tragédia que se anunciava. Eu só não sabia como faria isso, já que Taehyung e Hobi concordaram em manter a mim e Sun, numa das salas de isolamento, para impedir que qualquer coisa nos alcançasse.

— Tio Kook! — Jeongy me chamou, Taehyung a levava nas costas com a alegação da própria que estava muito cansada para caminhar — Quer ver um truque legal?

— É... sim? — respondi já imaginando o que ela iria explodir nos próximos minutos. Taehyung a desceu quando chegamos a praia, ele caminhou vários passos à frente, estendendo uma mão para o mar. Involuntariamente ri, maravilhado. Ele estava dividindo o mar, deixando um caminho de pedras que seguiam vários metros à frente até a ilha, que já era possível ser vista.

— Legal, né? — ela disse, assenti.

Os deuses foram seguindo pelo caminho recém-aberto, até restar a mim, Jeongy, Taehyung, Jimin e Yoongi. Me aproximei da água, vendo a parede de água. Era estranho como se parecia com a visão que eu tinha todos os dias na caixa submersa, mas dessa vez eu podia tocar na água de verdade.

— Tio Tae... os créditos, por favor — Jeongy chamou e olhei para Taehyung, que parecia se controlar para não rir.

— Eu gostaria de agradecer a moisés-sunbaenim — os três deuses a volta dele riram alto, enquanto eu cobria a boca, tentando ignorar a vontade de rir da cara de desgosto que Taehyung fazia — Eu te criei muito mal — resmungou com Jeongy antes de passar pelo caminho.

"Eu vou para o inferno se rir disso?"

— Não — Yoongi respondeu à pergunta que fiz em meus pensamentos, ainda rindo alto do irmão, que já estava vários metros adiante.

— Vamos tio Kook, isso daqui vai voltar ao normal rapidinho — "O que?" — Brincadeira. Você e o tio Tae me levam muito a sério.

— É difícil prever quando você está brincando ou não — mesmo que fosse uma piada, apressei os passos. Só para garantir.

— Você vai adorar o templo, é o mais bonito de todos. Ele devia ser meu. Quando eu explodo as coisas ele constrói igualzinho de volta. Sozinho! Porque ninguém faz templo para a deusa da guerra? Isso é bem injusto.

— Se essa assembléia der certo eu mesmo te construo um templo, pirralha — Jimin disse, virando-se para nós — Você ajuda bastante no meu trabalho, flechas de harmonia seriam impossíveis sem você.

— Harmonia é a combinação perfeita. Nós somos a melhor dupla — Yoongi lançou um olhar mortal para a garota — Figurativamente falando, sem qualquer interesse, tio Yoongi.

— Eu lembro de você e Afrodite — o olhar de ciúmes de Yoongi podia matar alguém, talvez literalmente. Imaginava correr dali bem rápido somente para fugir de seu campo de visão.

— Águas passadas... — a garota se escondeu atrás de mim — Tio Tae!

— Deixe minha criança, Yoongi — Taehyung gritou de muitos metros à frente, usando sua "voz de líder", mas não era como se o deus estivesse mesmo com raiva da garota. Parecia que ciúmes era uma característica compartilhada entre os deuses principais. Jimin resmungava uma reclamação, mas como antes não parecia incomodado com isso, havia um "quê" de satisfação por Yoongi ter ciúmes dele. Talvez pelo deus demonstrar tão pouco o que sentia — Vamos logo! Vocês não têm o dia todo.

Taehyung alertou, fazendo nós quatro nos apressarmos em direção à ilha.

(...)

— Muito bem. Sun e Jungkook — Hoseok deu um sorriso animado, talvez para disfarçar a tensão do momento — Vocês vão ficar aqui — indicou a sala vazia — Estão com os vidrinhos que entreguei? — eu e Sun assentimos ao mesmo tempo, eu tinha guardado o meu no bolso da calça — Isso vai ajudar a não sentirem o tempo passar, a espera dentro dessas "caixas" não é exatamente agradável. Não tentem sair, o mundo espiritual vai estar instável e pode ser perigoso, nem Gaia saberia onde iriam parar se tentassem.

Assenti, fingindo compreender.

— E porque o Mark pode ficar do lado de fora e nós não? — A garota resmungou, realmente nada feliz em ficar presa.

— Por que você sabe como é difícil separar alguém como ele. O garoto teria uma crise histérica.

— Nós precisamos mesmo salvar o Mark.

— Minha ideia de acertar uma flecha de amor no Jackson também foi descartada — ele resmungou baixo, fazendo a garota rir, esquecendo seus protestos. Taehyung, que até então não tinha dito nada me puxou para mais perto.

— Você vai ficar bem, ok?

— Porque não posso participar? Eu sou o assassino dos deuses, posso proteger vocês se...

— Eu não quero correr o risco de te colocar diante do universo depois de todas as coisas terríveis que aconteceram. Temos proteção o bastante e nenhuma não-nascida apareceu aqui. Ficaremos bem.

— Mas s- — Claro que não me deixou continuar, me calando com um beijo, assim como nas vezes anteriores eu retribui afoito demais, numa necessidade estranha de tê-lo como se fosse perdê-lo a qualquer instante. Talvez fosse o medo, eu não tinha mais certeza alguma.

— Não faça nada estúpido.

— Não farei — pressionou mais um beijo em meus lábios.

— Você é meu destino.

"Você é meu destino, Jeon Jungkook. Lembre-se que eu amo você, não importa o que aconteça. Faça o necessário e volte para mim." Não foi uma visão, fora apenas sua voz em minha mente. Talvez fosse um delírio, a magia do lugar me dando um falso aval para agir e impedir o que podia acontecer aquela noite, assim como a voz de Sun pedindo que eu a matasse. Talvez fossem os espíritos brincando com minha mente, mas eu tinha de arriscar. Se o futuro podia ser mudado, eu o faria.

— Você tem de ir — disse e assenti, entrando na sala, Sun e Hoseok ainda se abraçavam.

— Te vejo quando amanhecer — Hobi disse a garota antes de lhe dar um beijo na testa e deixá-la vir até mim, as portas se fecharam sozinhas lentamente até não podermos mais ver os dois deuses do outro lado.

— Então... — Sun foi até a porta, verificando se podia ouvir algo do outro lado — Sabia que receptáculos são como radares de mau agouro?

— Também acha que algo ruim vai acontecer? — assentiu — Nós temos que sair daqui.

— Algum deus tem que nos tirar. É o jeito mais fácil de abrir a porta — A garota deu um sorriso animado.

— Já pediu a alguém, certo? — assentiu e o nome mais óbvio me ocorreu — Jeongy...

— Ela não tem noção de risco, só precisei dizer que ia ser divertido e explosivo. Mas não tem como saber quando ela virá. Ela vai passar um longo tempo em transe pela cerimônia, mas ao menos estão todos seguros. O universo pode garantir que eles fiquem a salvo, mas quando parte do torpor passar...

— O que fazemos se espíritos entrarem? Talvez só usar God Killer não seja o suficiente — Sun tinha noção do que aquilo significava, espíritos só podiam ser mortos por receptáculos e ela era o único que conhecia — Existe outra forma? Que não envolva você nisso?

— Não. Mas eu somente não sou o bastante. Dois espíritos soltos precisam de dois receptáculos. Eu só posso conter um deles — a garota apoiou as costas na porta, escorregando até o chão, sentando-se — Yoongi tem a teoria de que deuses também são receptáculos. Faz sentido. A parte divina deles é meio como um espírito, mas precisaria de algo para fazê-los aceitar o espírito e a própria parte divina no mesmo corpo. E sinceramente... você pediria a algum deles para morrer?

Sentei ao seu lado, esperava que a deusa da guerra não demorasse demais.

— Isso me assusta. Não queria que ninguém tivesse de morrer. Tem de ter outro caminho — resmunguei, apoiando a cabeça contra a porta.

— Eu achei que você fosse. Sabe, naquele dia do eclipse, achei que você fosse como eu, mas não tinha nenhum receptáculo de nascimento na Coreia, então achei que fosse um dos criados.

— Como se cria um receptáculo?

— Com sangue. Precisam de dois portadores, um oferece o próprio sangue, e morre no processo, para formar o... invólucro? Não sei um termo melhor. E depois isso se une ao outro humano. Achei que você fosse um, mas você tem algo divino muito forte. Você luta com deuses, é forte como um! Receptáculos são só caixas vazias, nada demais.

— Você não é só uma caixa vazia — rebati, fazendo-a sorrir um pouco.

— Faça o que tem de fazer, ok? Mas... pode me prometer algo? — assenti — Se algo acontecer, mantenha o Hobi a salvo. Ele precisa sobreviver. Eu posso morrer em paz se ele puder viver.

— Não fale assim.

— Eu sei porque existo, Jungkook. É o meu destino. Eu o acho bem nobre, com certeza existem formas piores de morrer. Só quero que o Hobi fique bem. Eu tive tanto medo, sabe? Quando Namjoon morreu, sei que é egoísta, mas só conseguia pensar que agora havia uma arma que podia machucá-lo.

— Eu... eu prometo que ele vai viver — nos meus sonhos ele não sobrevivia, ela muito menos, mas se o futuro podia ser mudado, eu o faria — Mas só se... se prometer voltar. Se morrer, reencarne novamente. E bem rápido, eu quero ver você antes de ficar velho.

— Promessa divina? — disse, eu ri baixo.

— Promessa divina — Fizemos o mesmo gesto dos deuses, como se estivéssemos marcando nossos rostos, mas não teve efeito algum, é claro — Será que Jeong- — calei quando senti o chão tremer, não havia onde se segurar, mas não foi necessário já que as portas se abriram de uma vez e gritei caindo do outro lado, diante de dois pares de pernas, ergui o olhar para Jongin e Jeongy.

— Como você me convence a fazer essas idiotices? — Jongin perguntou a deusa, olhando para mim e Sun, ainda caídos no chão — Hobi vai me matar.

— Você é muito exagerado — nos ajudaram a levantar.

— Aconteceu algo? Por que a terra tremeu? — Perguntei, os dois se entreolharam, com os olhos arregalados — Aconteceu algo sério?

— Ah... melhor começar a olhar os corredores. Jongin você vai com a Sun, eu com o tio Kook. Vamos manter o perímetr-

— Não estamos em guerra, não precisa de táticas para fazer patrulha — Jongin resmungou, mas puxou uma flecha da aljava que carregava consigo, fazendo o arco surgir na mão livre logo depois — Nem sei porque estamos fazendo isso.

— Sun teve um mau pressentimento — Jeongy resumiu o problema.

— Eu tive um mau pressentimento — Sun confirmou.

— E tio Tae disse que o tio Kook acha que vamos todos morrer.

— É... eu acho que vamos todos morrer...? — Era melhor endossar o discurso dela.

— Viu?

— Onde estão os outros? — perguntei, agora que minha mente parecia se ajustar ao local, comecei a notar o quão semelhante ele era com o sonho, algo que não pude reparar antes. O céu estrelado que substituía o teto emitia um brilho um tanto azulado, que deixava nossas peles estranhas. Nas paredes, entalhados no mármore haviam cenas de batalhas, que se mexiam, reencenando as guerras. Diante de nós havia uma, barcos gregos se quebrando com navios persas, afundando-os — A batalha de Salamina...

— Melhorou nas aulas de história, tio Kook? — Senti ser puxado pela garota, tropecei em meus próprios pés antes de lançar um olhar para trás e ver Jongin e Sun seguindo na direção oposta — Os outros ainda estão no transe da cerimônia — respondeu minha questão anterior — Eu não tomei o troço azul que o Baekhyun deu a nós e joguei o do Jongin fora sem ninguém ver.

— Obrigado por ajudar — girei o pulso, sentindo o punho da espada sob meus dedos, segurei God Killer com força, a lâmina emitindo um brilho forte — Apesar de que eu não sei contra o que estamos lutando, exatamente.

— Acha mesmo que Namjoon está vivo? — olhei-a, surpreso. Taehyung tinha lhe contado tanto assim? — Chanyeol. Ele não participa da cerimônia, me fez levar Jongin. Ele acha que você é um oráculo, que o que viu era o futuro — Jeongy não era do tipo de soar preocupada, mas sua voz estava assim naquele momento — Você viu alguma morte? — continuamos seguindo em frente, passando pelos corredores largos e vazios do templo. O lugar me lembrava a casa de Hansol, como se crescesse infinitamente.

— Sim.

— O tio Tae vai ficar bem, não é? Ele não se machuca. Certo? — algo na sua pergunta me fez querer chorar, talvez pelo fato de sua maior preocupação ser sobre Taehyung.

— Ele fica bem nas visões — ela sorriu.

— Ótimo. Isso é realmente bom — um longo silêncio se deu, até um uivo alto cortar a noite, como se fossem três animais juntos — É o Holly.

+++

MIN YOONGI

[HADES]

Cerimônias divinas eram estranhas em todos os aspectos possíveis. Mas talvez o fosse porque o próprio universo era estranho. A sala tinha 12 pilares, mas eles não precisavam ser todos ocupados para que funcionasse. Na verdade, apenas Taehyung, Hoseok e Seokjin eram o bastante, mas Jin fora tirado da equação, o que deixou Jimin em pânico rapidamente. Baekhyun assumiu o lugar, porém isso não o tranquilizou de nenhuma forma.

Lá dentro o tempo passava de forma diferente, avançando horas em poucos minutos, o que nos dava pouca noção do período de confinamento Os deuses menores ficariam nas ante salas - cômodos menores nas laterais da sala principal -, ou mesmo do lado de fora, garantindo o máximo de segurança possível, porque como se não bastasse toda a merda que acontecia, agora tinha um espírito vagando pelo hotel. Um forte o bastante para ser um ameaça. E ainda havia a maldita espada roubada e as não-nascidas.

— Você está tão quieto — Jimin murmurou, enquanto esperávamos que todos se posicionassem, em cima de cada pequeno pilar, havia uma taça de líquido azul e no centro da sala, dois tronos, onde Kairós e Hansol meditavam. Aquilo me lembrava os velhos tempos, quando nosso poder não era limitado a causas humanas — Está com medo? Ou... quer desistir? Ainda dá tempo — ri baixo de seu nervosismo.

— Eu quero mesmo fazer isso — disse, e deixei que me abraçasse, deitando a cabeça em meu ombro — Posso te contar um segredo? — assentiu — Lembra quando eu quis ser patrono de Daegu, e você se candidatou também só para me provocar e depois... enfim, as pessoas e o próprio Namjoon não quiseram me dar o patronato.

— Eu lembro sim — começou a mexer distraído no tecido fino da minha camisa — Eu lembro como seu coração sofria por não poder ter o patronato da cidade. Você achava que odiavam você, então fiz seu coração sentir melhor. Eu me senti culpado por te fazer passar por uma campanha, se eu não tivesse me metido, ninguém teria te tratado mal.

— Você não teve culpa, Jiminnie — ele assentiu mais uma vez, mas eu sabia que ele ainda se culpava mesmo assim — Mas não é esse o segredo, você não vai se lembrar por causa da água do Lete, ela apagou o restante das memórias daquele dia. É que... depois disso — Jimin afastou para me encarar, seu sorriso era tão radiante que me desnorteou por um segundo — O que? — voltou a deitar a cabeça em meu ombro, mas dessa vez chegou mais perto, para sussurrar junto a minha orelha.

— Eu passei a noite ao seu lado e te beijei pela primeira vez. Nós decidimos que seria melhor esquecer e tomar a água do Lete. Mas eu nunca tomei. E você também não, pelo visto — riu baixo — Eu sempre achei que essa lembrança fosse só minha — minha felicidade foi arruinada por uma sequência de tapas em todas as partes que suas mãos gordinhas alcançassem, ele era mais forte do que parecia — Seu burro! Ridículo! Idiota! Demorou 30 anos para me falar isso?

— Você também nunca disse nada! — paramos quando Hansol e Kairós olharam em nossa direção — Tá tudo bem — ri, nervoso. Jimin fez o mesmo, me arrastando para o canto da sala — Não acredito que vai brigar comigo agor- — talvez eu não esperasse que ele fosse me beijar, mas não iria reclamar agora que o fazia. Ele afastou em seguida e parecia num conflito de felicidade e pura raiva.

— Eu amo você. Mesmo sendo um otário!

— Você também não disse nada esse temp- — Mais beijos? Ok. Estava sendo melhor que os tapas. Afastamos o mínimo, pressionando sua testa contra a minha.

— Eu amo tanto você — assim como todas as vezes havia uma ansiedade em seu tom, um pedido silencioso de que eu dissesse o mesmo. Seria tudo mais simples se eu não fosse um deus do submundo, a morte era como um manto, que enterrava os sentimentos bem fundo e nem mesmo 30 anos foram o suficiente para trazer para fora. Jimin tentava entender, é claro. Ele conhecia Kyungsoo e Jinyoung, sabia que era o mesmo para eles, mas não era como se eu não tivesse dito "eu te amo" a ninguém. O problema eram as circunstâncias em que disse.

Não queria ter de passar pelo menos para dizer a Jimin.

— Eros. Hades. Vocês podem vir — Hansol pediu e segurei a mão de Jimin com força antes de caminharmos juntos ao meio da sala. Lancei um olhar a todos os 8 deuses principais a volta de nós, o clima estaria bem tenso se não tivesse reparado em Jeongy jogando fora o líquido azul da taça de Jongin e jogando a própria taça para longe. Dei um longo suspiro. O que ela iria aprontar dessa vez?

— O que a gente faz agora? — Jimin sussurrou e ri baixinho.

— Espera? — Os deuses ao redor beberam do líquido azul. Acompanhei com o olhar Jongin e Jeongy se esgueirarem para fora, a presença deles não era realmente obrigatória, mas não conseguia imaginar o que fariam, levando em conta que a deusa da guerra estava envolvida, eu nunca esperava por algo bom. As portas selaram definitivamente após a saída dos dois. Eu não conseguia entender o porquê da saída deles, já havia deuses o bastante servindo como segurança, porém eu ainda podia ouvir as mentes ao meu redor e um breve pensamento da pequena deusa da guerra foi o bastante para me dar a resposta. Jungkook.

— É claro...

— O que? — neguei, era melhor não dar a Jimin mais uma preocupação desnecessária — Deve começar a qualquer momento...

— Tá tudo bem.

— Eu sei — tentou sorrir, confiante, mas sabia que não era assim que realmente se sentia.

Os deuses se ligaram uns aos outros. Hansol e Kairós, pelos fios de ouro, reunindo energia o bastante para trazer o universo até nós. Era um processo rápido já que havia um bom número de deuses presentes. Estranho pensar que minha vida seria decidida num intervalo tão curto, mas eu tentava tranquilizar Jimin, vendo-o olhar em volta várias vezes.

Minha falsa tranquilidade se foi quando o chão tremeu sob nossos pés, eu nunca estive diante do universo naquela vida, então não me lembrava se isso era um sinal de sua chegada ou algo pior. A lua projetada no teto estava bem acima de nós, emitindo muito mais luz do que o satélite natural. Eu sabia que Kairós e Hansol, naquele momento, não eram mais os dois deuses e sim o próprio universo. Podia sentir o poder emanar dos dois e mantive Jimin mais perto, tentando me sentir seguro.

O universo era como um pai ruim que pouco ajudava seus filhos, mas sempre estava lá, punindo e vigiando. Era uma das poucas coisas que me fazia realmente ter medo.

— Você sabe o que dizer? — Jimin perguntou, assenti, sentindo meus dedos tremerem — Deveríamos fechar os olhos.

As mãos de Jimin seguravam as minhas com mais força, eu sentia seus dedos pequenos mexendo nervosamente enquanto éramos obrigados a permanecer de olhos fechados, completamente alheios aos outros a nossa volta.

— Não abra os olhos, ok? — sussurrou, a testa tocando a minha. Não respondi, tinha medo de falar algo e soar estranho ou errado. Medo... Eu realmente não costumava sentir medo. Porém era uma cerimônia crucial, o universo teria de ver que nossa permanência junto não era um problema, contudo ainda seríamos uma falha. Ao contrário de Namjoon e Seokjin, ou Baekhyun e Chanyeol, não fomos designados a ficar juntos desde o princípio, o fato de sermos almas gêmeas era como um acidente de percurso. Um erro que o universo não deveria ter cometido, mas cometeu, e estávamos ali para que nos aceitasse.

Nossos sentimentos causaram uma cicatriz no universo e agora pediremos a ele para que aceitasse essa "marca" e nos deixasse viver. Jimin respirou fundo e sorri quando senti seu nariz tocar o meu.

— Eu sou Park Jimin. Eu sou Eros. Sou Ágape e Vênus. O amor romântico. O amor que sofre. O amor que espera. Meu pedido ao universo é que me deixe viver, o único amor de minha existência — após suas palavras, se é que isso era possível, fiquei ainda mais nervoso. O que diria? Como diria? — Sua vez... — sussurrou, seus lábios grossos e macios tocaram os meus, levemente.

Eu só tinha de dizer. Tenho que dizer. Porque tinha de ser tão difícil?

— E-Eu sou Min Yoongi... — respirei fundo, e ao contrário da recomendação anterior, abri os olhos. Jimin também tinha os olhos abertos, sorri um pouco — Sou Hades e Plutão. Senhor dos mortos. Das almas perdidas. Dos espíritos em paz e dos sonhos nunca realizados — Jimin apertou minha mão com mais força. Faltava pouco agora, eu podia fazer isso — Eu peço ao universo que...

Meu fôlego se foi. Os dedos de Jimin me escaparam e senti ser jogado para longe, sequer senti a dor de ter o corpo arremessado contra a parede e despencar para o chão. O silêncio era tão tenso quando o próprio vazio do universo, ergui o rosto, e no extremo oposto da sala estava Jimin, caído no chão, seu olhar encontrou o meu, buscando uma resposta. Meus olhos seguiram para Kairós e Hansol que estavam em pé juntos onde Jimin e eu estávamos poucos segundos antes, porém Kairós que estava mais perto de mim e me olhou em seu mais profundo desgosto.

— Você o ama? — perguntou, em voz alta, o som se propagava pelo cômodo e dentro da minha mente.

Tentei dizer. Mas não consegui. Eu apenas o olhava de volta, em absoluto silêncio. Quando olhei para Jimin novamente, eu nunca havia enxergado tanta dor em suas feições. A dor de seu coração se quebrando.

— Você tem medo, Hades. Tem dúvidas. Como pode vir diante de mim e pedir por um amor que não sabe se sente? Você conhece suas condições, sabe o preço que precisar pagar para ter confirmações. Sabe que existe só um caminho, mas escolheu vir até aqui, mesmo assim. É somente pela coragem que não lhe darei um não. Eu não vou separá-los, mas reduzirei seu tempo até que tenha certeza de seus sentimentos, para que assim voltem. Um dia, se desejarem. 3 horas é tudo o que tem agora.

Foi a vez de Hansol continuar, mas eu não tinha os olhos nele, eu via Jimin, as lágrimas escorriam pelo seu rosto, mas quando se transformavam em pétalas, estas já estavam secas. Mortas.

— O universo tem uma marca aberta — disse, para todos, que agora pareciam despertos de seu transe, ao menos por um momento — Vocês sabem o que fazer para reparar o mal que pode consumir todos vocês — não tinha certeza se a fala fora para mim, mas imaginei que fosse — O garoto sabe. Ele é sua única chance.

E então, todo o poder se foi. Porém mantendo todos os deuses no torpor. Eles provavelmente ficariam daquela forma por mais alguns minutos até o efeito deixar seus corpos. Me levantei, sentindo meu corpo realmente pesar e doer, chegar até Jimin fora um percalço doloroso, mesmo para um trajeto tão curto.

— Jiminnie... — tentei ajudá-lo a levantar, mas ele me repeliu, com asco.

— Não me chame assim.... Nunca mais me chame assim! — gritou de volta, os outros ainda estavam imersos no transe, então só estávamos nós conscientes ali, mesmo o universo tinha calado, assistindo a desgraça que eu mesmo causei — Eu achei que poderia..., mas não consegue, não é? Não consegue me amar. Eu achei que podia amar por nós dois. Não posso. Namjoon estava certo no fim das contas.

— Não, ele não estava — tentei me aproximar, mas ele afastou novamente — Jiminnie, por favor... sabe que é diferente para mim. Que o amor está ligado a uma parte de mim que não consigo acessar. Como um cerne. Fundo demais para ser acessível, eu disse a você várias vezes!

— Eu sei! Sei de tudo isso, mas só uma vez, uma única vez.... Você nem consegue dizer, Yoongi — chorou mais, as pétalas mortas se acumulando aos seus pés e a presença do universo fazendo seu corpo emanar mais poder — Diga que me ama.

Ele chorou mais em meu silêncio.

— Acho que sempre soube que acabaria assim.

— Não! — o desespero me fez chegar mais perto, mesmo com suas tentativas de me repelir. Eu não podia perdê-lo dessa forma. Por que eu tinha de ser tão limitado? — Você é tudo para mim, tudo de bom na minha vida existe por você, nós ainda estamos aqui, juntos. O universo não disse que não. Basta aguardar um próximo alinhamento e...

— Não vai ter próximo. Estou cansado de esperar que sinta o mesmo, Yoongi. Eu, Eros e Park Jimin amo você, Min Yoongi, com todo meu coração, mas eu não posso mais fazer isso sozinho.

— Você não está sozinho. Eu estou bem aqui. Lembra, nós contra o universo. Juntos. Eu só preciso de mais algum tempo para achar outra maneira de... — negou, empurrando minhas mãos para longe de si. Olhei em volta, vendo a aura de energia se quebrando enquanto os deuses lentamente despertavam — Jiminnie... por favor, não me deixa.

— Quantas vezes antes você já me disse isso, Yoongi? Foram 30 anos só nessa encarnação, esperando você me amar, mas isso não é mesmo possível. Perséfone não encarnou e você precisava de alguém para passar a eternidade com você, mas eu não serei essa pessoa, eu não posso ser sua muleta.

— Você não é! Nunca foi, acredita em mim, depois de tudo, eu preciso de um último momento de fé. Por favor.

Os outros foram despertando definitivamente, olhando para nós, tentando entender o que acontecia.

— Adeus, Hades — moveu a mão para trás e tirou uma de suas flechas, atirando em minha direção — Faça esse favor a si mesmo. Escolha alguém, atravesse o peito de vocês dois com ela. O amor é garantido — deixei que a flecha caísse no chão. Eu não a queria.

Jimin caminhou até o meio da sala, fazendo uma reverência teatral a Hansol e Kairós, que retribuíram. O universo claramente estava satisfeito com minha desgraça. As portas se abriram com um estrondo. Havia um longo rastro de sangue no chão e a voz de Jungkook, gritando por socorro.

+++

JEON JUNGKOOK

[GOD KILLER]

Havia algo de errado. God Killer brilhava forte a cada passo adiante e mesmo com o uivo agourento de Holly, eu e Jeongy caminhávamos devagar, temendo o que poderíamos encontrar pelo caminho. A deusa não tinha armas e comecei a me preocupar de não poder defendê-la se precisasse.

— Tem armas no templo — disse, notando meus receios — Não que sejam tão úteis quanto a sua. Mais adiante, o grandão deve estar lá — apontou para uma porta no fim do corredor, mas era tão comprido que se algo nos interceptasse, não haveria muito a se fazer — Eu... só talvez, talvez mesmo, esteja com um pouco de medo.

— Holly está bem? — ela assentiu.

— Aquilo era um uivo de aviso, os nórdicos viram alguma coisa e ele avisou aos outros. As portas da ante sala e da sala de cerimônias serão seladas até tudo ficar bem, quem está lá dentro ficará a salvo, mas se alguém estiver do lado de fora...

— Talvez eu esteja com medo também — murmurei mais para mim mesmo que para a garota.

Quando alcançamos a porta, senti o frio antes mesmo que tivéssemos chegado perto o bastante, tentei empurrá-la, mas havia tanto gelo que Jeongy me substituiu no trabalho, quebrando o gelo e arranhando o mármore, produzindo um som estridente. Haviam três corpos no chão, o rastro de sangue se misturando com a neve. Jeongyeon seguiu na frente, arrastando-se no meio de pelo menos dez centímetros de neve que se acumulava demais até os dois corpos mais próximos.

— Minseok... Minhyuk — os dois deuses eram ligados a neve, justificava o estado da sala. Estavam os dois mortos, Minseok golpeado pelas costas, Minhyuk um ferimento enorme, rasgando seu peito — Grandão... Grandão! — A garota se arrastou pela neve, tentei fazer o mesmo, mas minhas pernas não obedeciam na velocidade que eu gostaria, Jeongy chegou ao corpo antes, assim como os outros dois havia um único grande ferimento, atravessando o peito. Shownu estava morto.

— Grandão, acorda — a garota o sacudia, como se ele fosse mesmo despertar. Os olhos do rapaz estavam bem abertos, como se olhasse o céu estrelado acima de nós. Mas ele já não via nada, havia ferimentos menores em suas mãos e pulsos, sua arma era só um punhado de bronze derretido — Por favor, acorda... eu te deixo ganhar o dia B do ano que vem, amigão. Vai, acorda — a garota sufocou o próprio choro, o sangue começou a manchar suas roupas enquanto ela o segurava — Acorda...

— Não... não, não era assim... não era assim na visão — eu tinha feito algo diferente, mas não tinha sido o bastante, as circunstâncias mudaram, mas a morte permaneceu — Jeongy, nós temos de ir em frente.

— Ele não pode ficar aqui — ela ainda tentava conter as lágrimas, sendo uma deusa da guerra, o poder destrutivo de seu choro podia ser perigoso demais.

— Jongin. Sun.... Eles vão morrer, nós temos de ir — demorou alguns segundos até que a deusa concordasse em deixar o amigo, ela o puxou sem dificuldades para que ficasse junto de Minhyuk e Minseok, colocamos os três corpos juntos, unindo suas mãos no peito, mas sem dizer nada além, dizer adeus a eles faria seus corpos desaparecer em poeira de diamante e Jeongy não estava pronta para dizer adeus — Nós vamos voltar, eu prometo — a garota assentiu mais uma vez, relutante em me seguir.

Eu tinha sido tão estúpido. Porque não conseguia simplesmente dizer a todos o que vi? O que me prendia? Ainda segurava Jeongy, correndo pelos corredores na direção que Jongin e Sun tinham seguido, mas não avancei mais que alguns metros antes de ouvir outro uivo.

— Holly? — a deusa negou.

— Ji. E-Ela e-está com Chanyeol, Mark e Jackson — a garota parecia desnorteada, mas me puxou de volta pelo caminho que já seguíamos, num corredor paralelo — Eu morro nas suas visões, não é?

Demorei a confirmar.

— Alguém mais? — Eu podia citar todos, mas no sonho mais antigo, havia nomes mais óbvios.

— Kyungsoo. Jimin. Provavelmente Sun e Hoseok.

— Jongin vai ficar bem?

— Nas visões sim. Era um dos poucos a sobreviver — ela assentiu, me puxando para outro corredor, achava que conseguiria odiar aquele templo mais que a casa de Hansol, ele não parava de crescer.

— Cuide dele e do tio Tae para mim, se tudo der errado.

A sensação de dejavu voltou quando, de alguma forma, eu reconheci aquele corredor. Eu sabia que havia uma grande sala ali, onde as grandes histórias eram contadas e cravadas nas paredes pela eternidade. Ouvi o rosnado de Ji e o grito de uma garota. Sun. Sangue escorria por baixo da porta e temi pela próxima morte que não pude impedir. A cena dentro do cômodo não era das melhores.

Era o sangue de Chanyeol que escorria por baixo da porta, mas ele ainda se mexia, o ferimento era apenas lateral, o que fez Jeongy abaixar-se para acudi-lo da melhor forma que podia. Ji estava no outro extremo do cômodo, as duas patas feridas, escorrendo tanto sangue que era um milagre ainda estar viva. Haviam três mulheres caídas no chão, claramente mortas, e não precisei olhar muito para identificar como Latona, Calisto e Nix. Não era surpresa para mim que os espíritos as tivessem matado. Elas já não lhe serviam para coisa alguma.

Os dois espíritos acompanharam nossa chegada com o olhar de divertimento, um deles - a duplicata de Taehyung - empunhando "Vingança de Zeus" e o outro prendendo Sun numa corrente estranha, que parecia com uma das peças fabricadas por Seulgi se não fosse pelo brilho dourado bizarro. A garota estava caída no chão, com o pé esquerdo do espírito pressionando seu tórax.

"Orion e Sarga... Nomes insignificantes para espíritos insignificantes. Orin se disfarça como Poseidon, ele é muito forte, matá-lo não será uma tarefa fácil. Os titãs se foram, apenas eles sobreviveram desde a Era de Ouro, muito antes de Zeus sequer existir. A condição humana limitou todos nós, eles são a pior ameaça que se pode encontrar"

— Orin e Sarga... — murmurei, tentando trazer minha mente de volta a realidade.

Jackson e Mark estavam aos pés da duplicata de Taehyung, Orin, o nome ainda me era completamente estranho, mas dava um senso de perigo maior. Como uma certeza de que aquele não era, e jamais seria, Taehyung. Mark e Jackson tinham mesmo ferimento abaixo do tórax, sangrando muito e o rapaz humano nem mesmo estava consciente. Eles queriam matá-los devagar, e conseguiriam.

Jongin tinha uma flecha apontada para o espírito que mantinha Sun, mas ele também não estava em seu melhor momento, os cortes nos braços sangravam muito e a mão que segurava o arco tremia.

— Finalmente — a duplicata de Yoongi, Sarga, riu esganiçado. Era assustador o quão parecido e ao mesmo tempo diferente ele era do deus original — O assassino dos deuses nos agraciou com a honra de sua presença. Acharam os outros três? — riu mais e se não estivesse tão ocupada tentando estancar o sangramento de Chanyeol, Jeongy teria avançado para cima dele — Eu sempre odiei o frio, então matei aqueles dois. E meu amigo aqui odiava Hefesto.

Me movi para perto de Jongin, segurando God Killer com mais firmeza.

— Esses idiotas tentaram nos parar, mas vocês sempre erram no mais simples, não é? — Orin chutou Mark, que mal tinha forças sequer para gemer de dor, Jackson tentou alcançá-lo, mas não tinha mais forças para sequer estender-lhe a mão — Humanos — aproximou-se de Sun e a garota gritou quando foi puxada pelos cabelos — Aqui está a única que pode me parar de verdade, mas ela ainda tem medo da morte. E vocês.... Vocês não vão matá-la — passou a espada para o companheiro antes de jogar Sun de volta no chão, na poça de sangue de Mark e Jackson. Nenhum dos dois se mexia e não conseguia esperar por nada bom. Mark já estava morto, Jackson devia estar bem perto disso — Mate o assassino dos deuses.

Jeongy agiu antes que eu ou Jongin pudéssemos fazer algo, pulando sobre o espírito e segurando sua cabeça, o poder emanando de suas mãos fazendo um chiado como de pólvora queimando, Jongin fez o mesmo, tentando derrubá-lo e tirar a espada, porém conseguiu mais um ferimento abaixo das costelas. Tentei golpeá-lo, mas interceptou o ataque, segurando-o com a espada ao mesmo tempo que empurrou a deusa para longe. Era ágil demais para nós.

— Eu vivo desde antes desses deuses tolos existirem, Assassino dos deuses, se quer mesmo me vencer, você sabe como.... Mate a garota. Mas nem isso será o bastante, ainda falta um — tentei golpeá-lo novamente, empregando mais força, avançando em sua direção sem medo.

— Você não vai matar mais ninguém — grunhi e foi a primeira vez que vi o olhar dele vacilar, ele segurou o ataque, usando sua espada para prender a minha.

— Eu sei o que você é... deuses estúpidos, não veem o óbvio, mas eu vejo. Tão simples, mas tão poderoso. Eu vejo você, Jeon Jungkook, eu conheço a sua verdade.

— Você não sabe nada sobre mim — grunhi, quase acertando-o, mas ele se esquivava dos golpes rápido demais, sua risada de escárnio sufocou quando Jongin surgiu atrás dele e atravessou uma flecha em sua garganta, porém o objeto se desfez e num único movimento da espada ele derrubou a mim e ao deus.

— Quer saber o que eu sei, Jungkook? — perguntou, puxando Jongin pelos cabelos e colocando a espada junto ao seu pescoço — Eu sei sobre medo. E poder — afundei a espada em seu peito, antes que usasse a espada contra Jongin, a espada desapareceu primeiro, para em seguida ele também sumir, como se nunca tivesse estado lá. Na garganta de Jongin havia apenas um pequeno corte, num fino filete de sangue.

— Nós veremos de novo, raio de sol — Orin disse a Sun, porém a garota nem mesmo estava consciente para ouvi-lo, com seu sorriso homicida e seus olhos tão vermelhos quanto seus cabelos — Se eu fosse um de vocês, daria adeus enquanto ainda é possível. O amanhã não é mais uma certeza.

Então se foi, deixando seu rastro de sangue e morte para trás.

Okumaya devam et

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