Playing With Pleasure

By FlamesOnIce

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Fanfic de Cinquenta Tons de Cinza. Personagens de minha autoria, de E. L. James e Sylvia Day. PLÁGIO É CRIME! More

Playing With Pleasure
Welcome to Chicago
Poison
Burn
Thoughts
Begin
Trouble
Lust
Red
Sweaty
Regret
Delight
Expectancy - POV NOAH PARKER
Misfortune
Uncover
Surrender
Angel
TKO
Unconsciously
Consternation
Rehab
Disturbia
Passion
Love and Pain
True Love - POV NOAH PARKER
Complicity
Past is Past - POV NOAH PARKER
Hope - POV PHOEBE GREY
NOVIDADE!
Recovery
Don't be afraid
What 'll happen?
¡Bienvenido! - POV NOAH PARKER
Let me in
I'm here
Welcome Home
Start again
AVISO!
War is War
Doubts and choices
You love who you love
Your love is my turning page...
The beginning of the end
Agradecimentos

Stranger

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By FlamesOnIce

Fiquei encarando a porta do escritório de Noah até não ouvir mais ruído algum dentro do escritório.

Ele quer se desculpar?

Respirei fundo algumas vezes e tentei voltar a trabalhar, mas o manuscrito new adult recheado de sexo, drogas e romance não me fez voar muito longe.

Que situação esquisita. Ele não me olha durante uma semana. Durante a porra de uma semana que tenho ficado triste, sozinha e me sentindo mal por ter entrado e falado um monte de asneira para ele e justamente quando eu resolvo me desligar um pouco indo viajar com Ivy ele me aparece assim, me chama para sair e depois me beija como se precisasse de mim. Realmente, os homens são loucos.

Ivy me ligou dez minutos antes de eu sair, falou que já estava me esperando do lado de fora no táxi e que íamos sair daqui direto para o aeroporto, onde o jato do pai dela estaria nos esperando. Desliguei meu computador, organizei minha mesa e dei uma boa olhada para a porta de Noah esperando que se abrisse, porém isso não aconteceu. Depois do horário de almoço mais cedo, ele passou pela minha mesa, olhou-me e sorriu dando uma piscadela, entrou na sua caverna e não saiu mais.

Ponderei bater na porta para me despedir, mas acho que ia forçar muito a barra e deixá-lo constrangido também, inspirei profundamente e fui para o elevador.

Entrei no táxi e Ivy estava no celular aos berros com alguém, ela levantou um dedo pedindo para eu aguardar um segundo e voltou a esbravejar.

– NÃO! Por quê? Fala sério, tio Cary! Você tem que ir com a gente. Marie também vai! E daí você sair para beber com sua filha? TIO CARY, VOCÊ É DES-CO-LA-DO. Eu não vou implorar mais, quando eu e Phoebe chegarmos ai, quero você e Marie prontos para sair com a gente. Tio, por favor... – Ela fez uma voz fraquinha e cheia de drama, depois deu um grito de alegria, o taxista levantou o olho e a fitou pelo retrovisor impaciente, sibilei “aeroporto” para ela e ela fez positivo com o polegar. Avisei o motorista e ele começou a tentar entrar no engarrafamento que já se formava por ali. Ivy continuou a persuasão com seu tio e eu os deixei a vontade prendendo minha atenção aos carros que passavam por nós. Levei dois dedos aos lábios, a sensação da boca de Noah ainda estava presente ali, me fazendo lembrar que nada daquilo era mentira, que ele tinha sim me procurado para tentar se desculpar, não consegui conter um sorrisinho e Ivy me encarou enquanto jogava o celular dentro da bolsa.

– Que sorriso é esse? – Ela também sorria, só que descaradamente e os olhos brilhando em expectativa.

– É o sorriso de quem está animado para conhecer sua família e as melhores boates de Manhattan. – Pisquei e sorri abertamente também, como de costume Ivy bateu uma mão na outra e começou a falar desenfreadamente sobre sua prima, seu tio e as boates que eles costumavam ir. Achei interessante quando ela me contou que seu tio Cary era gay e casado, já que ele tinha uma filha, mas hoje em dia é tão comum isso que nem questionei nada. Ivy falou que seus pais eram aqueles típicos casais que sofriam da síndrome de “alma gêmea”, eu tive que gargalhar com a expressão que ela usou, porque meus pais também tinham essa “síndrome”.

Já no jatinho mais tarde, depois de vários gritos do taxista e uma leve dor de cabeça que começava se aproximar, sentei-me confortavelmente na poltrona de couro enquanto pegava meu celular para desligar, havia uma mensagem de Teddy e uma de um número desconhecido. Resolvi ligar para Teddy e quando ele me perguntou o que eu ia fazer hoje, levou um susto quando informei que estava indo para Manhattan.

– Manhattan, Pheobe? – Pude ouvir o barulho das engrenagens trabalhando na sua cabeça. – Você conhece alguém em Nova York? Nós já fomos lá algumas vezes, mas sempre ficamos em hotel. – Ele hesitou um segundo e complementou sua frase, ou melhor, pergunta. – Você não está naqueles surtos de “preciso ficar sozinha”, está?

– Ai, Teddy! – Revirei os olhos. – Não, eu estou indo com uma amiga minha, a Ivy. Nós vamos ficar o final de semana na casa dos pais dela.

– Ah sim. Bom, aproveita então... Quando você vai vir nos visitar?

– Hmmm, - olhei o relógio de pulso e vi que estava na hora do jato decolar. – Ainda não sei, irmão. Vou tentar ir assim que tiver um feriado bem comprido, ai você me leva para jantar, combinado? – Pisquei para Ivy e ela sorriu da minha demonstração de afeto.

– Combinado... Não vemos a hora de você aparecer por aqui. Boa viagem, irmã. Beijos.

Desliguei e dei atenção ao número desconhecido. Abri a mensagem enquanto atacava uma almofada pequena em Ivy por estar rindo da minha cara.

O que vi me deixou meio desconcertada, mas não apagou o sorriso dos meus lábios, só o fez crescer.

Phoebe, espero que faça uma excelente viagem. Contarei os minutos até segunda-feira. Bjs. Noah

Li e reli a mensagem vinte vezes antes que gravar seu número na memória e responder a mensagem.

Noah, obrigada. Espero que tenha um bom fim de semana. Bjs

Desliguei o celular e o guardei dentro da bolsa, Ivy encheu nossas taças de champanhe e depois batemos uma taça na outra falando “tim-tim” ao mesmo tempo.

– Quando chegarmos lá, vamos direto para a casa dos meus pais e depois vamos sair para jantar com tio Cary e Marie. Ainda estou tentando o convencer a sair conosco, mas ele não gosta muito de sair para dançar quando Marie está junto e Trey está no escritório trabalhando hoje.

– Compreensível da parte dele, Ivy. Que tal sairmos hoje com Marie e amanhã com Cary e Trey?

Ela ficou me olhando enquanto pensava no assunto. Parece que Ivy não esta acostumada a ser contrariada e não sabe aceitar isso muito bem. Sorri a incentivando.

– Tudo bem... Mas acho que tio Cary poderia sim sair conosco hoje, mas não vou ficar forçando a barra. – Ela deu de ombros enquanto dava outro gole no champanhe.

Mais tarde, quando saímos do aeroporto fomos recebidos por um casal tão bonito que até algumas pessoas ao nosso redor paravam para olhar eles. A mãe de Ivy estava com um vestido preto até o joelho e seus cabelos eram curtos, roçando as pontas no pescoço e seu sorriso era tão grande que até nós duas sorrimos também. Ivy estava com lágrimas nos olhos e abanou o rosto devagar para tentar contê-las. O Sr Cross tinha uma postura ereta, mas não era menos sorridente que a Sra Cross, ele era tão bonito, tinha o cabelo preto com alguns fios brancos, os olhos azuis de Ivy eram iguais os dele. Eles abriram os braços para recebê-la e nesse instante de alegria familiar, a saudade da minha família ardeu no meu peito, tive que conter as lágrimas também. A Sra Cross a soltou e me puxou para um abraço delicado, a abracei de volta.

– Você deve ser a Phoebe. – Ela sorria enquanto olhava meu rosto. – Ivy falou muito de você. Como foi a viagem? – A Sra Cross manteve o braço ao redor do meu ombro enquanto se virava para encarar Ivy. O Sr Cross esticou a mão para apertar a minha, suspirei e imaginei como ele devia ser quando mais novo, cortei a imagem quando minha imaginação ousou descer para seu bíceps. Que horror, pensei.

– Phoebe Grey. – Ele apertou minha mão e depois sorriu mais ainda. – Sou Gideon Cross. Conheço sua família há anos.

– Bom, então não me enganei quando vi vários contratos com seu nome. É um prazer conhecê-los. – Sorri e fitei Ivy que olhava com tamanho orgulho para seus pais.

Saímos do terminal e fomos andando em direção ao carro. O Sr e Sra Cross foram na frente enquanto eu e Ivy tagarelávamos atrás, ela tinha um brilho diferente nos olhos. Ela realmente adorava tudo aquilo. A Sra Cross se virou e encarou Ivy.

– Querida, seu tio me disse que você ligou para ele e o intimou a sair com vocês. Você sabe muito bem que ele não gosta de sair quando o Trey está trabalhando, ou quando Marie vai junto. – Ela se virou para mim e cochichou como se falasse em segredo. – Ele não se sente confortável em ver outros caras dançando com a filha dele enquanto ele não faz nada.

Sorri – Ele está totalmente certo, Sra Cross.

– Pode me chamar de Eva, querida.

O Sr Cross levantou uma mão do volante e falou ainda olhando para frente – Eu sou Gideon, por favor.

– Mas mãe, eu só queria sair com ele, já que vocês dois vão jantar juntos hoje. – Ela cruzou os braços no peito eu torci a boca para ela, fazendo ela me olhar. – A Phoebe já me convenceu que é melhor deixar que ele fique hoje com Trey e amanhã todos saímos juntos. Por mim tudo bem, contando que vocês também venham com a gente.

Gideon falou enquanto virava a direção do carro para entrar em uma rua.

– Não quero ter que presenciar vocês duas virando doses de tequila e bebendo cranberry com vodka, Ivy.

– Mas pai, isso é normal...

– Pode até ser normal. Eu aceito você fazer isso, mas não sou obrigado a ver minha filha se embriagar.

– Então todos saímos para jantar amanhã e depois Eu, Phoebe, tio Cary e tio Trey saímos para nos embrigar. – Ela disse rindo.

Gideon assentiu uma vez enquanto parava o carro na garagem do prédio deles. Ivy tirou o cinto e encostou o corpo no banco da frente enquanto falava perto do ombro de Gideon

– Pai, você esta... Diferente. Desde quando você “aceita” eu fazer isso?

Gideon parou o carro e relaxou o corpo encarando Eva.

– Desde que você decidiu ir embora daqui para poder fazer esse tipo de coisa em Chicago. – Ele quis parecer brincalhão, mas se fosse meu pai falando isso, a dor ia ser intensa no meu peito. Ivy deu de ombros e sorriu para os dois.

– Loucura, né? Que família, meu Deus! – Ela levantou as mãos para cima e os pais dela riram em apreciação. – Vem, Phoebe. Nós temos que fazer muitas coisas ainda hoje. – Saímos do carro. Ivy trouxe uma bagagem tão grande para um final de semana que fiquei até constrangida de estar com uma mala pequena de rodinhas. Gideon pegou a mala pesada da filha enquanto eu carregava a minha. Eva se colocou entre eu e Ivy e falou baixinho só para a gente ouvir.

– Não liguem para ele. Gideon está feliz por vocês estarem aqui, mas não fica nada feliz em Ivy se negar a ir nas boates dele. Coisa de pai. – Ela apertou nossos ombros e lançou um olhar de “repense seus atos” para Ivy, que não deixou se intimidar por isso.

– É mãe, mas você sabe o que acontece todas às vezes. Você já passou por isso, é uma merda ter um batalhão de seguranças de seguindo para cima e para baixo. – Ivy fazia gestos com a mão e revirou os olhos na última parte. Puta merda, parece que eu e Ivy vivemos o mesmo conflito desde... Sempre.

– Não gosto desse tom, Ivy. Eu sei que é uma “merda” como você fala, mas você deveria entender que seu pai só quer o seu bem, filha. – Quando todos entramos no elevador, um silêncio mortal caiu sobre nós, Ivy torcia uma mecha do cabelo com força entre os dedos e Gideon pousou gentilmente a mão nas costas de Eva na hora que as portas se abriram revelando um saguão com paredes cinzas e vários quadros, uma mesa pequena com um arranjo de flor. Eva abriu a porta e colocou os dedos nos lábios pedindo silêncio. Franzi a sobrancelha. Será que tinha alguém dormindo?

– Vem – Sussurrou Ivy – Vou te levar para o seu quarto, só deixa eu dar uma palavrinha com minha mãe. Ela virou a cabeça um pouco e fez um sinal para Eva, que veio andando praticamente na ponta dos pés. – Os gêmeos estão aonde? – Gêmeos? Porra!

– Estão dormindo, Ivy. Hoje foi um custo, eles sabiam que você estava vindo para cá, Dorothy teve um trabalho e tanto fazendo eles dormirem. – Eva sorria, achando graça naquilo.

– Ah sim, então amanhã eu falo com eles. Marie está aonde?

– No apartamento do pai dela. Ela se cansou de brincar com eles dez minutos depois que tinha começado, ai saiu correndo para lá. – Eva colocou uma mão na boca contendo uma risada.

– Quantos anos eles tem? – Olhei para Eva e não consegui esconder minha curiosidade.

– Fizeram dois anos mês passado, querida.

– Amor, você vai querer ir jantar fora ou está muito tarde para isso? – Gideon se aproximou e a abraçou por trás. Realmente, eles lembravam meus pais.

– Vamos sim, querido. Você tem que pegar alguma coisa? – Ela se virou para encará-lo, Ivy olhava tudo aquilo com o maior sorriso do mundo nos lábios.

– Não. Vamos então, antes que os gêmeos acordem. – Eles se despediram brevemente e saíram em silêncio. Ivy se virou para mim, ainda sorrindo.

– Beleza, Phoebe. Você tem uma hora e meia para ficar pronta, consegue nesse tempo?

Eu não tinha que fazer muita coisa. Banho, cabelo, roupa e maquiagem. Nada demais.

– Consigo, Ivy.

– Ok. Seu quarto é a terceira porta do corredor. Eu vou no apartamento do tio Cary ver aonde Marie está e depois vamos para uma boate que ela indicou. – Ivy franziu o cenho – Eu nunca ouvi falar, essa boate deve ser nova aqui em Manhattan. – Ela deu de ombros. – Até daqui a pouco. – E me deixando sozinha na sala, ela saiu pela porta da frente sem fazer barulho também. Olhei meus sapatos e depois reparei o piso, o “toc-toc” ia ser inevitável. Tire os sapatos e ergui a mala numa mão para não fazer barulho nenhum. Se eles não se atreveram a fazer algum ruído, quem sou eu para agitar alguma coisa. Fui em direção a porta indicada, estava aberta.

O quarto era grande, acendi o interruptor e reparei um closet e um banheiro, assenti satisfeita. Deixei minha mala no chão e fui para o banheiro. Meu banho não demorou muito, enrolei a toalha no corpo e sai para o quarto, peguei minha mala no chão e a joguei na cama. Em Manhattan estava calor, então optei por um vestido tomara que caia azul petróleo e uns saltos preto. Seguei o cabelo e quando eu estava na metade da maquiagem, ouvi alguém bater na porta. Fiquei receosa em falar para entrar, ouvi a foz abafada de Ivy do outro lado, fui correndo e abri para ela entrar. Tinha uma mulher baixinha, com os cabelos tão pretos quanto a noite e a pele tão branca que parecia que ela estava doente, porém essa mistura fez com que ela ficasse linda, do seu jeito. Ela estava toda de preto, usava uma saia de cintura alta preta e uma blusa preta transparente. Ivy carregava uma nécessaire junto com ela.

– Espero não estar te atrapalhando. – Ela puxou Marie para dentro do quarto. – Phoebe, essa aqui é a Marie.

– Oi, Phoebe – Ela esticou a mão e Ivy sorriu debochadamente. Encarei Ivy e estiquei minha mão também.

– Aperto de mão? Que merda, hein. Vamos gente, tem lugar para todo mundo no banheiro, vamos nos maquiar e ir que nem meu pai diz “virar umas tequilas e beber cranberry com vodka” ela juntou os dedos e fez sinal de aspas e engrossou a voz, rimos na sua encenação.

– Então, Marie. Onde nós vamos essa noite? – Continuei fitando o espelho enquanto terminava de passar o blush.

– Ela não quer falar, Phoebe! Acredita nisso? – Ivy parou de passar batom para olhar indignada para a prima.

– Não é que eu não queira, Ivy. – Marie revirou os olhos. – É que é surpresa para vocês duas. Acho que vocês vão gostar, mas vão precisar disso aqui para entrar. – Ela abriu a bolsa e nos entregou dois cartões, o meu continha o meu nome e mais algumas informações. Merda! Se aquilo tivesse sido feito online, essa hora meu pai já saberia onde eu estou e o pior, saberia do que se trata o lugar e eu espero do fundo do meu coração que não seja nada esquisito.

– Que é isso? – Ivy balançou o cartão na mão.

– É a nossa entrada. Um amigo meu me descolou ontem mesmo. – Ela piscou e continuou sua maquiagem cantarolando baixinho.

– Eu só espero que não seja nada daquelas doideiras de sexo a três que você curti, Marie. Por que se for isso eu juro por Deus que faço você engolir isso aqui. – Ela levantou o pincel de pó enquanto ameaçava Marie.

– Não critique meus hábitos sexuais, Ivy. – Marie passou a mão nos cabelos e sorriu – Terminei e vocês?

Sexo a três? Como assim? Fiquei olhando para o reflexo de Marie e Ivy no espelho e por um minuto eu temi sair de dentro daquela casa. Não que eu julgasse o que os outros fazem, mas sinceramente? Sexo a três não era algo que eu queria experimentar. Pensar em sexo me trouxe a imagem de Noah na cabeça e meu inconsciente trouxe a de Charlie junto com a dele, pisquei para afastar a imagem dos dois trancados num quarto comigo. Respirei fundo e sorri também, torcendo para não demonstrar minha aflição.

– Estou pronta. – Minha voz não saiu tremida, um ponto para mim.

– Então vamos! – Ivy largou suas coisas na pia mesmo e nós três fomos bem quietas para a porta. O elevador desceu muito rápido para o meu gosto, ou era eu que não queria sair dali com tanta pressa? Fiquei brincando com a barra do meu vestido. Um pressentimento ruim fez meu corpo todo tremer. Marie esticou a mão e chamou um táxi, entramos e ela entregou o endereço num pedaço de papel para o motorista, ele leu e depois fitou nossos olhos pelo retrovisor.

– Tem certeza que é esse o lugar, moças?

– Tenho sim. – Marie o olhou friamente e Ivy me olhou de soslaio.

– Que merda que você está aprontando, Marie? – Ivy agora sussurrava e só nós três conseguíamos ouvir sua voz.

– Não é merda nenhuma, vocês vão gostar. – Ela sorriu e piscou para nós.

– Já não basta a vez que você me arrastou para um clube de stripp. Você não vai fazer uma merda dessas de novo, vai?

– Não gente, calma. Se vocês não gostarem, estamos livres para ir a qualquer outro lugar.

Comecei a bater o salto do sapato no chão, meu relógio de pulso indicava que eram quase onze horas da noite, um nervosismo desconhecido começou a tomar conta de mim. O táxi foi rápido, não tinha muito trafego aquele horário, Ivy pagou o taxi e nós três saímos. Era um rua sem saída, todas as paredes eram de tijolos bem antigos e só tinha uma porta na parede direita. Marie deu uma risadinha e se virou para falar com a gente.

– Olha só, meninas... Vocês não são obrigadas a fazer nada que não quiserem, ok? Podem vir aqui só para observar.

– Merda, merda, merda... VOYEURISMO MARIE? SÉRIO? – Ivy começou a gritar e enganchou o braço no meu, apertei seu braço com um pouco de força. Nunca se passou minha cabeça ser Voyeur e devo admitir que aquilo me causava uma certa repulsa.

– Não é bem Voyeurismo, Ivy. – Marie se virou para mim. – É muito normal tudo isso gente. Porra, vocês vão querer sempre essa vida de merda de transar com um cara e depois serem abandonadas como um zero a esquerda?

Agora eu entendi tudo. Marie tinha algum trauma que conseguiu “curar” vindo a esses tipos de lugares.

– Vamos gente, vocês vão gostar. – Ela puxou o braço de Ivy delicadamente. Ivy me encarou e eu assenti, então nós três fomos até a pequena porta de metal que tinha ali, Marie bateu duas vezes e um par de olhos apareceu pela pequena fresta.

– Cartão, por favor. – Nós três entregamos os cartões e depois de uma rápida conferida, ele abriu a porta liberando nossa passagem.

O lugar era escuro, apenas iluminado por uma luz negra, as paredes eram pretas e o cheiro era de lavanda tomava conta do local, meu estomago embrulhou no ato. Marie foi nos guiando pelo corredor, depois de virar uma vez a direita e mais duas a esquerda, nós chegamos a algum tipo de bar.

Meu corpo congelou no lugar.

Ali haviam várias mulheres dançando em um tipo de palco improvisado, algumas dançavam em cima de mesas fazendo show particular. O local continha homens e mulheres de todas as idades, todos conversavam e riam como se aquilo fosse um bar comum. Ivy teve a mesma reação que eu. No canto mais afastado do bar, eu notei que tinham duas mulheres ajoelhadas e um homem conversava bem perto de seus rostos, elas estavam com a cabeça abaixada e só usando uma calcinha fio dental. Engoli seco. Que porra era aquela? Olhando melhor, percebi que tinham três homens ao redor, cada um segurando um copo com liquido âmbar que eu presumi ser uísque. No “palco” principal, uma mulher se roçava num homem, os dois completamente nus. Tapei a boca com uma mão para evitar um grito histérico.

Ele apertava a cintura dela, enquanto ela agarrava os próprios tornozelos e tentava rebolar. Cerrei os olhos por um segundo. Aquilo era tão feio que chegava ser deprimente. Um homem veio em nossa direção segurando uma taça de champanhe, sorriu quando viu Marie e depois virou-se para falar comigo e com Ivy.

– Vocês devem ser Phoebe e Ivy. – Ele sorriu educadamente, nenhuma de nós duas conseguiu responder.

– Primeira vez de vocês, né? – Ele disse rindo. Consegui reparar em sua roupa, ele usava um terno elegante e uma calça social, seus sapatos brilhavam mesmo naquela escuridão que estava ali.

– Primeira e única, eu acredito. – Ivy nem se deu o trabalho de olhar para ele, seus olhos ainda vagavam ao redor e quando parou e fixou um local, eu também olhei.

Tinham duas mulheres se beijando enquanto uma acariciava o sexo da outra, elas davam gritinhos de prazer e riam entre o beijo.

– Gente, parem de ser careta. Vem, vamos nos sentar. – Marie nos puxou pelo braço de novo e infelizmente nos fez sentar perto do casal que se agarrava em cima do palco, meus olhos ficaram grudados ali. Agora a mulher estava de joelhos no chão enquanto enfiava o pau do cara na boca. Fechei os olhos e tentei afastar aquela cosquinha indevida que se formou entre minhas pernas. Aquilo era nojento demais.

– Vamos beber o que? – Marie esfregou uma mão na outra e eu olhei para Ivy que estava com os ombros caídos e observava atentamente o casal a nossa frente, ela ainda estava agarrada em meu braço.

– Pra mim, uísque também. Preciso de algo forte para aguentar isso aqui. – Minha voz saiu trêmula.

– Beleza, vou pegar três doses. – Marie se arrastou da sua cadeira e foi em direção ao pequeno bar que tinha no canto esquerdo.

– Porra, Ivy! Eu não acredito que estamos num clube... Disso. – Eu não conseguia nem dar nome aquilo tudo.

– Nem me fale. – Ela me encarou. – Sabe, toda vez que eu venho para Manhattan Marie inventa uma coisa diferente, na última vez, ela quase me forçou a fazer sexo com dois caras. Tipo, tudo bem outras pessoas curtirem isso, mas eu não gosto e a julgar pela sua cara, nem você. Ela é traumatizada. O ex namorado dela tratava ela igual a uma princesa, ai depois que ele conseguiu tirar a virgindade dela, espalhou para a escola inteira na época e disse que ela era horrível de cama e nunca ia conseguir fazer nada, ai ela faz esse tipo de coisa para provar para si mesma que ela consegue ser diferente. – Olhei para baixo e assenti. Devia ser horrível passar por isso todos os dias, mas arrastar os outros já é demais, Ivy prosseguiu. – Meu tio Cary sabe de tudo isso, por isso ele não gosta de sair com ela. – Ivy se aproximou e sussurrou no meu ouvido. – Ele já a presenciou transando com um cara e uma mulher no sofá da casa deles. Por isso evita. – Ela se afastou quando viu que Marie estava voltando com as bebidas, agarrei meu copo de uísque, jogando a cabeça para trás, fiz todo aquele liquido âmbar deslizar pela minha garganta a amortecendo de imediato.

– Só fica um pouco, ta? Vamos evitar que ela faça algo, depois podemos ir embora e esse clube não é tão ruim, ela já nos arrastou para coisas bem piores, pode ter certeza. – Ivy também virou sua dose de uísque, com um sorriso de orelha a orelha, Marie foi pegar mais uma dose.

Funguei e abaixei os ombros.

– Tudo bem, Ivy... Só não quero ser agarrada por alguém. Morro de medo e minha praia não é esse tipo de co.. – Ouvi um barulho alto e virei a cabeça para trás instintivamente. O homem que estava sussurrando perto do rosto daquelas duas mulheres, tinha acabado de bater em uma delas com um chicote. Meu corpo se arrepiou e eu tremi da cabeça aos pés. Não sei como alguém pode se sujeitar a dor daquele jeito. Me virei para Ivy e ela também encarava perplexa o “casal” que estava ali.

– Nossa! – Ela levantou as mãos. – Eu só vou ficar aqui mais um pouco, depois nós vamos procurar um lugar para dançar e encher a cara.

– Eu concordo

Marie voltou com nossas doses de uísque e com um garçom atrás dela carregando uma bandeja com bebidas azul-turquesa. Ela colocou a dose na nossa frente e eu e Ivy viramos ao mesmo tempo.

– Vocês estão com tudo hoje. – Marie deu uma risadinha e o garçom colocou a bebida na nossa frente. Peguei meu copo e dei um longo gole na bebida azul-turquesa, era doce e estava gelada, isso bastava.

Marie se levantou de novo e falou para nós duas

– Eu avistei um amigo meu ali, vou lá falar com ele. O bar fica ali – ela apontou para o lugar que eu tinha visto mais cedo. – É só vocês irem lá pegar o que quiserem. – Ela piscou e saiu, tinha um gingado a mais no seu quadril, quando chegou perto do seu amigo, ele abriu um sorriso e ela colocou a mão em seu ombro, ele riu de algo que ela falou e depois ele olhou para nós duas. Eu e Ivy olhamos paramos de encarar ele e olhamos para qualquer direção, menos na dele.

Depois de mais quatro doses e uísque e mais umas bebidas doces, eu e Ivy nos permitimos ficar encarando um novo casal que tinha a nossa frente, eles eram mais ousados do que o anterior. Nós duas rimos igual duas adolescentes quando ele a deitou no chão com uma dança sensual e mergulhou o rosto do meio de suas pernas.

– Eu não sei você, Phoebe, mas eu já estou me sentindo até confortável aqui. – Ivy tinha que gritar para eu poder ouvir

Eu ri, aquilo tudo até que não era tão ruim

– Até que não é tão mal assim.

Nós duas rimos e continuamos observando a mulher gemer e se acariciar, enquanto o homem tentava penetrá-la com a língua.

Uma mão desconhecida parou em minhas costas e quando me virei, tinha um homem sorrindo para mim. Ah não, olhar era uma coisa, receber convites era outra. Antes que ele pudesse falar algo, eu ergui o olhar para ele e falei entre os dentes.

– Tira a mão. – Ele continuou com a mão no lugar. – Porra, você é surdo? Eu não estou aqui para fazer esse tipo de coisa. – Balancei o dedo para frente, apontando o casal que estava ali.

– Eu também não. Por isso vim falar com vocês. – Ele sorriu e sua voz era rouca e excitante, o que me fez recuar um pouquinho. Virei o resto de bebida que tinha no meu copo e uma leve náusea me fez sentir cosquinha no nariz. Respirei fundo

– E porque acha que vamos falar com você? – Minha voz saiu embargada por causa do álcool.

– Não acho, vim aqui tentar. – Ele deu um sorriso de lado e se sentou no banco livre que estava ali, olhei para Ivy e vi que tinha um homem conversando com ela também. Ele já estava sentado e os dois riam abertamente. Merda.

– Se você não está aqui para esse tipo de coisa, está aqui para que então? – O olhei dos pés e cabeça e o cara era gato.

– Acompanhando um amigo que gosta de uma aventura. – Ele deu um gole no seu uísque e continuou me encarando. – Você é daqui mesmo?

– Chicago.

– Ah... – Ele apoiou os dois cotovelos no “palco” a nossa frente e virou o rosto para me encarar. Ele era tão gato que não pude deixar de sorrir. – Uma pena, achei que veria você mais vezes.

Eu ri e agarrei as bordas do meu banco para me ajeitar.

– Que cantada de merda.

Ele ignorou minha grosseria e continuou sorrindo.

– Eu já disse porque estou aqui, mas e você?

– Acompanhando uma amiga também. – Virei para encarar Marie, que agora estava sentada no colo do homem e beijando ou tentando o engolir, não sei bem. – Aquela ali. – Fiz sinal com a cabeça.

Ele jogou a cabeça para trás e riu da cena. Depois se virou para o casal a nossa frente, a mulher agora estava em pé com a maior cara de satisfeita.

– Lugar privilegiado esse aqui.

– Só para os VIPS. – Sorri e dei de ombro, um garçom passou por nós e ele pegou mais uma dose de uísque, tanto para mim quanto para ele.

– Eu conheço um lugar mais agitado e... Normal. Se você quiser ir para lá depois.

Fiz que não com a cabeça e agradeci, nessa hora Ivy se virou para mim e riu igual a uma colegial.

– Phoebe, ele disse que tem um lugar mais interessante para a gente ir. Vou avisar Marie e depois vamos para lá?

O que? Eles estavam juntos?

– Não acho que seja uma boa ideia, Ivy.

– Larga de ser careta. Levanta essa bunda daí e vamos dançar a noite toda. – Ela se levantou e foi meio correndo, meio cambaleando até Marie e disse aonde íamos, ela assentiu e voltou para seu pré-sexo.

– Eu acho que não lhe restou muitas oportunidades, mas se te serve de consolo, nós dois não somos loucos, nem psicopatas. Apenas queremos aproveitar a noite.

– Obrigada, me acalmou bastante. – Virei a dose de uísque e me levantei. Eu não tinha muitas opções, era isso ou voltar para casa que não era nem minha e eu nem me lembrava como voltava para lá.

Ivy voltou, agarrou meu braço e deu um grito de bêbada quando passamos pela porta, os dois caras mantinham as mãos na base das nossas costas, nos guiando.

O cara que estava com Ivy abriu a porta de uma limousine preta e ela entrou, rindo e satisfeita, ele fez sinal para mim e hesitei um segundo, ponderando minhas opções. Ivy já estava lá dentro e eu não podia deixar ela ali. Percebendo meu devaneio momentâneo, o meu desconhecido sussurrou no meu ouvido.

– Entra, por favor. – A voz dele era tão sexy que me causou arrepios. A imagem de Noah surgiu em meu cérebro, tentando evitar aquele pensamento indesejado, eu entrei na limousine, torcendo para não acontecer nada de errado.

Fechei meus olhos e respirei fundo algumas vezes. Um pressentimento ruim tomou conta do meu corpo e todos os meus sentidos estavam me avisando que algo de ruim ia acontecer.

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Segunda eu volto para contar o que aconteceu com as meninas! Espero que tenham gostado e obrigada de verdade por lerem o capítulo! Não deixe de comentar deixando sua opinião ou supondo o que irá acontecer! hahahahahaa

Beijão!

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