Neutro

Da -Tanchi

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Se meter com as pessoas erradas tem as suas consequências. Falyn Lake conheceu um rapaz. E tudo o que ela que... Altro

notas.
epígrafe.
um.
dois.
três.
quatro.
cinco.
seis.
sete.
nove.
dez.
onze.
doze.
treze.
catorze.
quinze.
dezasseis.
dezassete.
dezoito.
dezenove.
vinte.
vinte e um.
vinte e dois.
vinte e três.
vinte e quatro.
vinte e cinco.
vinte e seis.
vinte e sete.
vinte e oito.
vinte e nove.
trinta.
trinta e um.
trinta e dois.
trinta e três.
trinta e quatro.
trinta e cinco.
trinta e seis.
trinta e sete.
trinta e oito.
trinta e nove.
quarenta.
quarenta e um.
quarenta e dois.
quarenta e três.
quarenta e quatro.
quarenta e cinco.
quarenta e seis.
quarenta e sete.
quarenta e oito.
quarenta e nove.
cinquenta.
cinquenta e um.
cinquenta e dois.
cinquenta e três.
cinquenta e quatro.
Tem algum sobrevivente?
quarenta e cinco.

oito.

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Da -Tanchi

Encarei a Sra. Rebeca com o cenho franzido enquanto ela ignorava o meu olhar e fitava
a calçada de tijolo a medida que caminhávamos lado a lado em silêncio até a saída do orfanato.

Depois do que ela disse ontem a noite eu não consegui ficar calma e muito menos dormir. Estava sempre a roer as minhas unhas e andar de um lado para o outro pensando aonde ela queria levar-me.

Keanu, como o melhor amigo que é, disse que ela provavelmente quer me levar para um lugar isolado e matar-me. Eu sabia que ele estava a brincar, mas isso era uma possibilidade. Essa mulher não tem coração.

— Para onde estamos a ir tão cedo? — quebrei o silêncio. A minha curiosidade era maior que qualquer outra emoção neste momento.

— Já disse que é surpresa — respondeu impaciente e quando começamos a andar no relvado verde e bem cuidado do orfanato senti um frio intenso balançar os meus cabelos.

O céu estava nublado e as nuvens um pouco carregadas deixando claro que uma chuva estava a caminho. E eu odeio chuva. Porque tínhamos de sair hoje?

Abracei o meu próprio corpo e amaldiçoei-me mentalmente por ter desconsiderado o aviso de Maxine quando ela me disse para levar uma camisola. Eu ignorei a sua sugestão porque não sabia que iríamos sair desse lugar. Pensei que ela contaria-me a tal surpresa aqui.

Quando nos aproximamos dos portões de ferro já gastos tinha um táxi nos esperando do lado de fora. Eu sentei-me no banco de trás do automóvel e ela no de frente.

O caminho inteiro seria preenchido por um silêncio tenso se não fosse pelo taxista chamado Sr. Staples e as suas piadas sem graça. Ele aparentava estar na casa dos cinquenta por conta de alguns fios de cabelo grisalhos e perceptíveis rugas no seu rosto.

Sra. Rebeca tinha o rosto torcido em desgosto por ser obrigada a escutar as piadas e os meus risos abafados. Ela tinha o rosto sério e o olhar preso na estrada a sua frente.

As vezes pergunto-me se um dia ela já foi feliz porque a sua vida parece ser baseada apenas em sorrisos cínicos e intenções cobertas de maldade. Julgo que a sua vida pessoal não exista. Ela deve se dedicar ao máximo no seu suposto trabalho que se esquece da vida que deveria ter fora dele.

— Para o táxi — a voz da Sra. Rebeca reverbera áspera fazendo-me sair do transe.

O taxista encara-a com as sobrancelhas franzidas enquanto estaciona em frente a uma loja de livros.

— Mas ainda não chegamos…

— Quanto é? — pergunta, interrompendo-o.

— Pensei que quisesse ir até a igre… — ele tenta falar, mas é interrompido outra vez.

— Se não me disser o preço eu irei embora sem pagar — o corta, deixando claro que ela preferia andar até o seu destino do que continuar no táxi com ele.

Senti pena dele. Ele só queria criar um clima alegre até o nosso destino e tentar fazer-nos rir um pouco.

Depois dele dizer o preço e ela pagar por nós duas descemos do carro, mas não sem antes eu dizer ao Sr. Staples que amei escutar as suas piadas. Ele sorriu na minha direção antes de arrancar e Sra. Rebeca começar a andar. Para ela ter mandado ele embora o nosso destino não devia ser tão longe.

O frio estava cada vez mais intenso e eu abracei o meu próprio corpo enquanto andava ao lado da mulher com cara amuada e desviava de algumas pessoas que apareciam no meu caminho. Alguns esbarravam no meu ombro e continuavam com o seu caminho e outros sussurravam um pedido de desculpa. Nunca imaginei que as ruas de Ohio fossem tão movimentadas.

— Chegamos — ela parou de andar e eu prestei atenção onde havíamos parado. Do outro lado da rua tinha uma igreja com o estilo de missão espanhola pintada de branco. Apesar de alguns anos já terem passado ela continuava intacta.

Senti o ar faltar nos meus pulmões e o meu olhos começarem a ficar marejados. O frio parecia ter desaparecido porque desfiz o abraço que tinha feito em volta do meu corpo para apertar os punhos com força ao lado do corpo.

A imagem de uma garota de sete anos, sentada nas escadas da entrada da igreja com um ursinho na mão e chorando enquanto esperava por alguém que nunca mais iria voltar, começaram a invadir a minha mente.

Virei-me para a ela e a encarei de perfil com raiva enquanto as palavras que eu tanto queria cuspir na sua cara estavam presas na minha garganta.

— Louise viu você e o seu amigo fugindo sábado a noite — começou, com as íris castanhas presas no meu rosto. — E o que mais a incomodou foi a roupa que a senhorita tinha vestida — abriu um sorriso cínico. — Um vestido curto demais para uma garota de sua idade. Um vestido que só mulheres corrompidas usam. E o melhor lugar para se arrepender e pedir perdão a Deus pelo seu erro é na igreja.

Não consegui conter o riso sarcástico que escapou da minha garganta.

— Isso só pode ser brincadeira — falei, ainda com a feição dominada pela raiva. — E você julga que irei acreditar nisso?

— Do que está a falar? — o seu fingimento fez-me sentir vontade de arrancar os seus cabelos.

— Isso foi baixo — balancei a cabeça em negação. — Trazer-me para aqui foi a coisa mais horrível que já me fez. Se a sua intenção era deixar-me destruída a senhora conseguiu. Parabéns.

Pude perceber um pequeno e quase impercetível sorriso no seu rosto.

Quando eu dizia que os castigos dela não eram fáceis de suportar eu não estava a brincar.

Ela provavelmente pensou, que me manter naquela sala trancada não seria o suficiente. Na sua cabeça sádica, o que me faria ficar na linha era voltar para o lugar onde todo o meu pesadelo começou. A igreja. Onde para alguns, era o lugar onde se fortaleciam, oravam juntos para ter resultados mais positivos e buscavam paz.

Coisa que nunca senti.

Eu não culpava a igreja pelo meu futuro ter sido arruinado. Eu sei que ela não tem culpa, mas não consigo olhar para a mesma e sentir alguma empatia. Talvez algum dia o ressentimento que sinto desapareça, até lá, continuarei com o mesmo pensamento.

— Eu não me vesti como uma prostituta — redargui, quase raspando os dentes uns nos outros. — Louise é uma maníaca que não sabe o que fala.

A expressão no seu rosto foi tomada por raiva e surpresa súbita quando elevei o meu tom de voz.

— Louise Smith é uma mulher educada e honesta. Ela não seria capaz de mentir sobre isso. Não tente, difama-lá.

Rolei os olhos, descrente.

Era claro que ela pensava isso. Louise se comportava como uma verdadeira santa na frente dela e sempre tinha um sorriso doce — e falso — no rosto.  Estranho seria se elas não se dessem bem sendo que as duas são desiquilibradas emocionalmente.

— Vocês duas são doentes. Que pensam que fazendo sofrer a pessoa irão corrigir-lá.  — gritei, com todo o ar nos meus pulmões. — Mas não é assim, que a educação funciona.

— Não fale assim comigo — a sua ameaça saiu forte e fria. — Isso não chega nem aos pés do que eu posso fazer com você — ela aponta para igreja do outro lado da rua. —Portanto, poupe-me das suas lições e ande logo. Vamos acabar com isso.

Ignorei todos os avisos que estavam me dizendo para obedece-lá e fazer o que ela queria. Hoje eu não seria a sua marioneta. Ela não me usaria para satisfazer os seus desejos inclementes. Eu não me rebaixaria como sempre fazia quando ela levantava a voz e ameaçava-me. Hoje eu não seria o seu brinquedo.

— Não — a minha voz saiu como um sopro. Baixa e quase inaudível. Eu estava com medo do que viria a seguir. Era covarde demais para colocar os meus pensamentos em práticas.

Sra. Rebeca ignorou as pessoas que passavam por nós — desinteressadas no que quer que estivéssemos a discutir — e se aproximou de mim.

— Não escutei — redarguiu. — Repita — falou pausadamente, a testar a minha coragem.

Apertei ainda mais os meus punhos e dei um passo para trás.

A minha garganta estava seca e as palavras aglomeradas na minha garganta. Os meus olhos ardiam e a única coisa que eu queria fazer era chorar.

Mas o olhar de poder que ela estava me direcionando irritava-me. O facto de ela agir como se soubesse que eu não seria capaz fez-me criar a coragem que eu não sabia que tinha e enfrenta-lá.

— Não deixarei você fazer isso comigo.

Antes que ela pudesse responder a dei as costas ignorando todos os insultos que ela me direcionava até que eles ficassem cada vez mais distantes.

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