Folhas De Outono

Par joycexsous

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Numa noite de outono, após sofrer um acidente, Ana Clara Caetano, que carrega o nome um tanto quanto conhecid... Plus

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capitulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Bônus
Esclarecimento

Capítulo 15

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Par joycexsous

— O seu terraço? Você tem certeza? — Bárbara perguntou enquanto olhava incrédula para Ana que mantinha um olhar tranquilo enquanto tomava seu café e contava a amiga sobre o que havia acontecido na noite anterior e sobre sua ideia de usar seu lugar favorito. Estavam no mesmo café em que contara a Bárbara sobre seus sentimentos por Vitória. Suas dúvidas lá expostas uma vez, agora eram certezas absolutas.

— Eu não sei o porquê de tanto espanto, você quem mandou ela subir lá.

— Vocês precisavam conversar.

— Precisamos agora de uma boa memória naquele lugar.

— Você está certa. Mas, vem cá, a primeira vez de vocês no terraço seria épico. — Seus lábios formaram um sorriso lascivo. — Não sei como conseguiram dormir juntas duas vezes e se controlarem.

— Você consegue entender que duas pessoas podem ficar no mesmo ambiente sem tentar qualquer insinuação de sexo?

— Não. Eu acho que vocês duas se controlam demais.

— Existe uma coisa chamada tempo certo e... — respirou fundo — Vitória respeita meus limites.

— Em relação a nunca ter ido para a cama com uma mulher? — Ana assentiu. — Você não se sente segura sendo com ela?

— A questão não é ela, e sim o que vai acontecer entre a gente. É inevitável a insegurança, mesmo que seja mínima.

— Pelo o que sei, ela parece ser incrível com você, não vai ser diferente dessa vez.

— Eu sei. — Sorriu.

A tarde estava se findando enquanto as duas permaneciam na mesa do café que estava parcialmente cheio. O dia de Ana havia começado da melhor maneira possível, como se tivesse apagado tudo o que acontecera durante o resto da semana. Acabou dormindo com Vitória depois de a mesma insistir que era tarde para que fosse embora; seus desejos eram quase sempre uma ordem. Vitória estava mais que ciente da insegurança de Ana, se conheciam o suficiente para ela poder perceber, as vezes, o que se passava com a outra. Não poderia negar que certos beijos a faziam querer ir além, porém, sua consciência gritava que ainda não era a hora, e que deveria ser quando Ana estivesse tão preparada quanto. Respeitaria todos os limites e esperaria o tempo que fosse necessário. Até porque não haviam nem motivos para ter pressa, tinham todo o tempo do mundo.

Dormiram juntas como da outra vez após a festa de Letícia, provando de novo que seus corpos tinham o encaixe perfeito e que não era necessário muito mais que aquilo para se sentirem em casa, ao lugar que pertencem. O ápice do dia de ambas foi já da forma como ele começou. Vitória a acordou com seu despertador tocando e o desligou o mais rápido que pôde, Ana mal se moveu, mesmo com o barulho alto. Vitória achava impossível poder achar alguém tão linda enquanto dormia, até dormir com Ana. Não queria acordá-la, mas precisava ir trabalhar.

Acordar com beijos em seu ombro, fazendo uma trilha até seu pescoço, fez Ana acordar com arrepios e causou um sorriso bobo em seus lábios ao notar de quem se tratava. Se pudessem, a cama teria aqueles dois corpos juntos presentes o dia todo, entretanto, o ditado: "tudo que é bom dura pouco" é verídico. Bárbara apareceu na grife no meio da tarde depois de outra viagem. Ana era sempre uma das primeiras pessoas que ela procurava quando chegava em São Paulo e vice-versa. Nem precisou pedir para saber como tudo tinha sido resolvido, com apenas um olhar inquisitivo e as unhas batendo contra a mesa do escritório, Ana já sabia o que a outra queria.

***

Ana pedira ao porteiro do prédio para que os outros modos de subirem até o terraço fossem impedidos. Explicou o motivo e sua vontade foi feita. Assim sendo, seu terraço, nessa noite, era literalmente só seu. Seu e de Vitória. O clima ameno do outono colaborou para que Ana conseguisse concretizar seu plano. Se sentia no dever de criar boas memórias no topo daquele prédio que tanto prezava. Não subia lá desde quando Vitória aparecera nele. Não era digno ter seu espaço com más lembranças, entretanto, era capaz de fazer as boas. Nunca passara pela sua cabeça algo como o que estava prestes a fazer. Iria fazer um jantar em um terraço. Jamais pensara em levar alguém ali. Jamais pensara em planejar um jantar para e com alguém. Muito menos nos dois ao mesmo tempo. Quantas vezes já tinha se perguntado o que seria capaz de fazer por Vitória. Bárbara a ajudara em algumas coisas por livre e espontânea vontade, alegando que queria fazer parte de qualquer forma.

Morar em um prédio um tanto quanto luxuoso rendeu vantagens na hora de improvisar uma mesa de jantar no terraço. Tal que estava devidamente posta de acordo com o gosto de Bárbara e a aprovação de Ana. O jantar havia sido feito pela empregada de Ana que cozinhava para a mesma duas vezes por semana, os dois dias em que Ana tinha suas melhores refeições já que seus dotes culinários eram uma lista demasiadamente curta. Enquanto Ana acabava de se vestir, Bárbara terminou de colocar o jantar sobre a mesa, ambas esperavam que Vitória não se atrasasse, caso acontecesse, a comida ficaria fria.

— Uau, parece até que está indo para um restaurante de luxo. — Bárbara disse ao parar na porta do closet.

— Era a intenção. — Sorriu ainda virada para o espelho, olhando seus reflexos.

— Cinco minutinhos para o horário marcado. — Deu alguns passos até se aproximar mais. — Não tem nem graça elogiar sua roupa, mas, você está linda. Se ela já é apaixonada por você, hoje ficará ainda mais. — A abraçou por trás, lhe dando um beijo no rosto. — Bom jantar, patinha!

— Obrigada, não só pelo "bom jantar", mas por tudo.

— Foi um prazer te ajudar. — Sorriu. — Vou ir antes que ela chegue. Quero detalhes depois, ok?

— Como quiser...

Bárbara a soltou e lhe mandou outro beijo antes de sair do closet. Após uma última olhada no espelho, estava saindo do closet quando a campainha tocou. Bárbara e Vitória claramente haviam se encontrado no corredor. Para Vitória, iriam jantar em algum restaurante que Ana escolhera, Ana pedira para que ela passasse de lá para que fossem juntas, não queria dizer logo de cara o que tinha planejado.

— Hey. — Disseram em uníssono e em meio a sorrisos. — Vamos? — Vitória perguntou sem tirar o sorriso do rosto.

— Vamos sim. — Ana segurou a mão de Vitória e a trouxe para dentro do apartamento, trancando a porta em seguida.

— Ninha? — Vitória franziu o cenho enquanto era guiada por ela até a porta de vidro que levava às escadas. — Por que... — Não concluiu sua pergunta, a resposta já estava bem ali na sua frente. Ana parou quando percebeu que Vitória havia parado também, se virou para ela com os olhos transbordando expectativas e assistiu seu olhar alternando entre ela e a mesa. — Você... — Ana a interrompeu.

— Eu queria ao menos uma lembrança boa com você aqui.

— Ana Clara! — Exclamou seu nome como costumava fazer sempre que não sabia o que falar, Ana achava que soava com graciosidade. — Por que você não me disse antes?

— Queria ver sua reação. — Sorriu.

— Não sei o que demonstrei ao ver, mas quero que saiba que além de muito surpresa, me deixou extremamente feliz. — Sua voz saía em um tom que transparecia o que havia dito.

— A intenção sempre é essa.

Se aproximaram mais da mesa e tomaram seus lugares, uma de frente para a outra.

— Você fez tudo isso sozinha? — Arqueou uma sobrancelha.

— Você está duvidando da minha capacidade? — Perguntou enquanto pegava a taça de Vitória e lhe servia o vinho.

— Absolutamente não, apenas uma pergunta.

— Tive ajuda da Bárbara. — Colocou a taça à frente dela.

— Viu só?! — Sorriu orgulhosa.

— Me dê um crédito pelo menos pela ideia ter sido inteiramente minha. — Agora colocava vinho em sua taça.

— Nunca duvidei da sua criatividade, meu bem.

Sob um céu estrelado, o jantar seguiu regado do que sempre era quando estavam juntas: toques singelos, sorrisos bobos o tempo inteiro, gargalhadas arrancadas com facilidade, e, principalmente, sensações indescritíveis pela presença da outra. Horas se passaram enquanto estavam sentadas ainda nos mesmos lugares. Os ponteiros de um relógio pareciam não girar quando respiravam o mesmo ar. A vontade de parar no tempo era realizada de forma imperceptível. Por mais que se conhecessem e soubessem de incontáveis coisas sobre a vida outra, as descobertas a cada assunto trocado eram incessantes. Cada canto de cada uma era desvendado sem nem precisar de um contato físico.

— Será que se eu tiver a mesma visão que você tem sempre, vou conseguir entender o porquê de esse ser seu lugar favorito? — Disse ao voltar a taça vazia para a mesa.

— Você nunca vai saber se não tentar. — Ana indicou o parapeito do terraço com a mão. Vitória se pôs em pé, enquanto Ana, ainda sentada, a observou caminhar até o lugar onde havia indicado. Seus braços dobraram em frente ao seu corpo, apoiados no parapeito, exatamente como Ana ficava e estava no dia em que Vitória a encontrou no mesmo lugar. Sua visão para o tanto de edifícios que preenchiam toda a parte visível dali foi só mais um elemento da noite que até então poderia ser considerada perfeita. Era inegável que a noite nova-iorquina tinha sua beleza, sua perspectiva a permitia admirar cada componente do que Ana dizia ser sua calmaria.

— E então? — Sentiu seu corpo ser um pouco afastado da parede baixa de concreto por dois braços que a acomodava sempre.

— Você tem todos os motivos do mundo para ter esse lugar como favorito, mesmo que o meu ponto de vista não seja como o seu, consigo ao menos compreender um pouquinho.

— E agora eu só tenho mais um motivo para gostar tanto daqui. — Apoiou seu queixo sobre o ombro à sua frente.

— Poderia jurar que esse seria o último lugar no qual teríamos esse jantar e você não poderia terescolhido lugar melhor.

— Eu fico feliz que tenha gostado, consegui momentos bons nossos aqui e consegui também te agradar.

— Agradar é pouco. — Vitória virou seu corpo ainda colado ao de Ana. — Ainda não inventaram a palavra que define o que conseguiu fazer comigo. — Encostou seus lábios no dela de modo suave, separando-os segundos depois. — Espero que tenha noção do quão incrível você é.

— Você... — Vitória colocou seu dedo indicador sobre os lábios dela, igual a segundos antes do primeiro beijo, e o tirou apenas para deixá-los totalmente livre para os seus próprios. Caso alguém presente em algum outro prédio que permitisse a visão para aquele terraço visse o que acontecia ali, poderia ser testemunha de um sentimento que crescia a cada segundo e envolvia duas pessoas que nitidamente se entregavam sem recuo.

— Me apaixonei por quem beberia comigo para lamentar a falta desse sentimento. — Ana falou enquanto tentava – de forma falha – controlar sua respiração alterada pelo beijo.

— Faço minhas suas palavras. — Respondeu em meio a um riso contido. Passaram horas juntas mas sem qualquer beijo que qualquer minuto em que isso não fosse compensado, era perda de tempo. A cintura de Vitória estava presa nos braços de Ana mantendo-se tão juntas que quase provava o contrário de que dois corpos não ocupam o mesmo espaço ao mesmo tempo.

Ana sentiu um arrepio percorrendo sua espinha enquanto os dedos de Vitória acariciavam suas costas debaixo da barra da sua blusa. Sua insegurança estava sumindo com Vitória tão perto despertando ainda mais seu desejo até então controlado.

— Vamos descer. — Sussurrou com dificuldade a milímetros de distância da boca de Vitória. Em segundos a porta de vidro de entrada da sala estava com um corpo que foi encostado nela com desespero. Apesar da vontade incabível em cada uma de agir com rapidez, Vitória procurou um pouquinho de sanidade que lhe sobrara e voltou a ser mais cautelosa. Não era fácil, porém, valia a pena por ser com e por Ana.

O casaco fino que Ana usava estava aos seus pés, e as alças da sua blusa estavam caídas em seus braços, os quais recebiam atenção das mãos de Vitória que subiam e desciam por eles enquanto seus lábios percorriam a pele do ombro, subindo para o pescoço e indo até seu maxilar. A respiração de Ana pesava cada vez mais e já não mantinha mais seus olhos abertos. Empurrou Vitória para dentro do apartamento, voltando a colar suas bocas em um beijo ávido. O quarto numa hora dessa parecia estar muito mais longe do que realmente estava, portanto, Vitória encostou Ana no braço do sofá, ficando entre suas pernas. Ao mesmo tempo que sentiu duas mãos segurarem a barra de sua blusa, sentiu seu celular vibrando no bolso de trás da calça social que usava, segundos depois, o toque do mesmo ecoou pelo apartamento que estava sendo preenchido apenas pelo som de respirações ofegantes.

***

Será quem ligou pra Vitória?

Desculpa a demora para atualização dos capítulos e que ultimamente eu não estava tão bem. Mas, agora estou ótima. Obrigada cada um por ler e vocês são as coisinhas mais lindas desse mundo todinho. Até o próximo capitulo. :)

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