Capítulo 10

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Letícia: "Você e sua médica que parece mais uma modelo vem, não vem?"

Ana recebeu a mensagem de Letícia assim que a porta do elevador se abriu e o som da sua risada ecoou lá dentro, sua sorte era estar completamente sozinha na própria empresa em pleno sábado a tarde. Passara o dia colocando em prática o design que estava só no papel. Havia ficado dias para ajustar perfeitamente como queria, para ficar exatamente do jeito que imaginava no corpo de Vitória. Aproveitou que tudo aquilo que era seu, era literalmente só seu; preferia fazer isso enquanto pudesse dar cem por cento de atenção ao que estava fazendo, sem pessoas conversando, sem qualquer barulho de máquinas de costura, sem saltos ecoando sobre o piso ou qualquer outra coisa que lhe roubasse atenção e pudesse lhe atrapalhar.

Vitória: "Se eu não for, você me busca e me arrasta pelo cabelo, não é?"

A porta do elevador abriu de novo e Ana pisou no térreo, foi o tempo de chegar outra mensagem.

Vitória: "Eu certamente irei, Caetano"

****

Ana ajustou a saia preta de pregas que ia até o meio das coxas e fazia a combinação perfeita com suas botas também pretas de salto baixo que cobria suas pernas até o joelho, e a blusa da mesma cor, coberta por uma jaqueta de couro vermelha já que o tempo em São Paulo pedia por algo que não a deixasse sentir o vento gélido. Seu cabelo caia ondulado sobre os ombros, e a maquiagem que estava acostumada a usar só reforçava o quanto não era necessário muito para realçar sua beleza natural.

Com uma última olhada no espelho, pegou o celular sobre a cama e viu que passava um pouco já do horário marcado, a fazendo sair do quarto imediatamente. Se quisesse chegar não tão atrasada, não poderia mais perder tempo considerando que Letícia não mora perto e o trânsito de São Paulo em um sábado a noite é caótico. Levou quase quarenta minutos para chegar até a casa da amiga e desejou que um dos vários carros parados por ali fosse de Vitória, tal que mal falara com ela durante o dia. Checou as notificações do celular antes de descer e confirmou que não havia nada dela. Estaria um tanto quanto preocupada se não soubesse que a veria em minutos. Ou, pelo menos, assim esperava. Guardou o celular no bolso da jaqueta e pegou o presente, deixando o carro em seguida. Caminhou até o jardim dos fundos que estava preenchido por uma música eletrônica e foi recebida imediatamente.

— Cadê sua médica gata? — Perguntou enquanto se aproximava.

— Ainda não chegou? Bom, eu não sei. — Deu um sorriso torto e lhe estendeu a caixa de presente.

— Feliz aniversário, amiga.

— Obrigada! — Abriu um sorriso e os braços ao mesmo tempo que Ana, se permitindo dar um abraço caloroso. — Minha casa é sua também, você sabe disso. Fique à vontade até sua doutora sexy chegar. — Piscou com o olho direito.

— Pare de dar apelidos assim a ela. — Proferiu em meio a um riso.

— Tudo bem, me desculpe, não sabia que você tinha ciúmes. — Deu as costas a Ana antes que a mesma a respondesse.

Ana analisou todo o jardim procurando por um rosto conhecido e falhou, realmente Vitória era sua salvação da noite. Andou entre as pessoas que estavam extremamente animadas enquanto moviam seus corpos ao som da música, bebendo e comendo. Uma das mesas de picnic estava vazia, o que a levou a sentar-se lá, como sempre fazia com Letícia quando mais novas, era o lugar das duas. Retirou o celular do bolso e mais uma vez, nada de Vitória.

Letícia havia marcado nove horas e já se passavam das dez e meia. Vitória com sua postura demonstrava ser alguém pontual. Ana mandara várias mensagens perguntando por ela, a cada cinco minutos olhava para a tela, e não obteve qualquer resposta. Tamborilou as unhas sobre a mesa, observando cada canto daquele lugar e nem sinal de Vitória Falcão. Levantou-se para pegar pegar alguma bebida, mas assim que se pôs de pé, Letícia lhe entregou um copo cheio.

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