Capítulo 5

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— Você está me machucando. Me solta, por favor. — Falou olhando em seus olhos, ele afrouxou os dedos aos poucos e deu um passo para trás.

— Me desculpa. Eu não queria fazer isso. — Passou a mão no rosto. — Eu só não entendo. Não aceito.

— Vamos sentar e conversar. — Pediu passando a mão sobre um dos braços onde ele havia depositado sua força.

— Conversar para que? Você já deixou claro.

— Você tem inúmeras chances de achar alguém que te ame, Luís. Alguém que você possa dar seu amor. Esse alguém não sou eu, só isso.

— Eu não quero outra pessoa. Você nunca vai achar alguém que te faça feliz como eu fiz e como poderia fazer! — Abriu a porta ao seu lado e saiu batendo a mesma, deixando Vitória sem saber o que fazer. Ficou ali paralisada por minutos. Estava com os braços doloridos e perplexa com como ele passou dos limites e fez tal ato. Estava assustada com isso, jamais esperou que a reação fosse boa, mas também jamais esperou que fosse essa. Luís saiu sem ao menos chegarem a um término, a deixando com medo de fazer qualquer besteira, mas se acalmou tentando pensar que ele só estava de cabeça quente e logo voltaria. Por mais que não o amasse, também não o odiava, por isso não desejava que algo ruim acontecesse a ele. Havia sido ruim, mas foi o primeiro passo para acabar com essa farsa.

*****

Depois de ter passado quase toda a noite em claro, sem a volta de Luís para casa, Vitória, nas poucas horas que dormiu, excedeu seu horário. Levantou às pressas para tomar um banho e vestir-se, sem tempo de passar qualquer maquiagem para cobrir as olheiras, mal se olhou no espelho e nem se deu conta de que estavam roxos os lugares onde Luís havia apertado com certa força causada pelo descontentamento em saber que seus sentimentos não eram recíprocos. Falcão passou horas pensando se levaria esse caso à polícia ou não, tinha dado conta que foi sim uma agressão e isso deveria causar consequências para Luís, mas considerou o fato de ele jamais ter feito isso antes e pelo estado em que estava nem ter se dado conta do que estava fazendo. Ainda estava intrigada com o ocorrido, mas ponderou ser só dessa vez, e esperava que algo do tipo jamais ocorresse novamente.

Chegou no hospital, fez todos os procedimentos com os pacientes já internados e precisou atender mais alguns com casos não tão graves. Deixou Ana por último pelo fato de lhe sobrar mais tempo. Pegou a pasta com os resultados dos exames e caminhou a passos largos até o quarto da morena. Imaginou que seus pais ou Bárbara estariam ali para vê-la, então deu as três batidas leves na porta, como sempre fazia, e abriu devagar, encontrando Ana sozinha, concentrada no caderno apoiado sobre sua perna sem gesso que estava dobrada. Ana desviou o olhar de onde estava focado e encontrou os olhos de Vitória.

— Achei que tinha abandonado sua paciente.

— Deixei você por último de propósito. — Vitória sorriu. — Aqui estão os resultados dos seus exames. — Ergueu a pasta que estava em suas mãos e caminhou até a mesinha ao lado da cama.

— E então?

— Vou olhar agora. — Disse abrindo a pasta. Analisou cada folha que estava ali dentro e olhou para Ana que mantinha um olhar ansioso sobre a médica. — Promete seguir tudo que eu lhe pedir?

— Isso significa que posso ir para casa? — Abriu um sorriso carregado de uma mistura de esperança com ansiedade.

— Só se prometer. — Vitória sorriu junto.

— Eu juro!

— Então amanhã você pode ir para casa, desesperada.

— Não consigo acreditar nas palavras que acabei de ouvir. — Ana pronunciou com os olhos fechados, causando um sorriso despercebido em Vitória por ver o jeito tão amável da mulher à sua frente.

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