Capítulo 22

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"Me passeia que eu gosto de arrepiar

Sob sua digitais

É impossível calar

É feito sorte

Me abraça forte

E tateia todo meu caminho"

Vitória sorriu ao ver Ana se arrepiar sob as pontas dos seus dedos que acariciavam a pele exposta das suas costas. Não era só o corpo de uma que reagia ao toque da outra. Estavam em silêncio, deitadas lado a lado, com as respirações normalizadas há pouco. Ana tinha os olhos fechados e quase sorria com o carinho que recebia. A distância que mantinham era suficiente para que Vitória a observasse, a admirasse e a decorasse mais uma vez. Lhe fazia um bem inigualável se encontrar em cada traço da mulher que pintava seus dias com as cores mais bonitas.

— Eu tenho algo para você. — Ana disse ainda de olhos fechados, os abrindo em seguida e se deparando com dois olhos cor de marte despertos por curiosidade e sorriu com isso. Se virou para o outro lado, podendo alcançar a primeira gaveta do criado mudo, a abrindo e procurando pela caixa preta aveludada que estava lá há dias.

— Ninha? — Franziu o cenho quando a morena se sentou com a caixinha nas mãos. Sentou-se também, trazendo o lençol sobre seu corpo devido ao calor que se esvaía.

— A caixa é um pouquinho grande para ser o que você está pensando. — Ana riu e viu o semblante de Vitória mudar e ficar mais tranquilo. — Eu estava esperando algum momento especial para te dar isso, e não consigo pensar em um melhor que agora. — Estendeu a caixa preta para Vitória, que a pegou e alternou seu olhar entre ela e o que tinha em suas mãos. A abriu e abriu um sorriso junto.

— Isso representa... — Vitória a começou a falar mas foi interrompida por Ana.

— O Sol presenta tudo que você é faz em mim. Você me ilumina Vi. E a folha de plátano ai do ladinho representa o outono. Sempre foi minha estação favorita, e agora eu tenho um motivo ainda melhor para isso já que nos conhecemos no começo do outono.— Vitória tocou o pingente, sem parar de sorrir. O colar prata com duas correntes, sem sombra de dúvidas, se tornara sua joia favorita em prazo de segundos.

— Você gostou?

— Me diga que isso foi uma pergunta retórica, por favor.

— Não está mais aqui quem perguntou.

— Ele é lindo, Em. Obrigada! — Voltou seus olhos à Ana que sorriu.

— Que bom que gostou. É para ter um pouquinho de mim com você.

— Já tem muito de você comigo, em mim. — Colocou a caixa sobre o criado mudo que havia do seu lado da cama também. Ana não respondera o que disse de imediato, e ao virar-se para ela novamente, analisou seu semblante sereno, e seus olhos que olhavam diretamente nos seus. Aproveitavam o máximo que podiam sempre que acabavam se perdendo em cada imensidão da outra.

- Ninha.

- Oi amor

- Obrigada por ser meu Girassol.

— Eu te amo. — Proferiu em tom baixo, mas completamente harmonioso para os ouvidos de Vitória. Falar nunca fora mesmo necessário. Nunca houve dúvidas de que o sentimento existia e nunca faltara demonstrações, contudo, é inegável que as palavras causam efeito, e ainda maior quando ditas pela primeira vez. Vitória sabia que nunca, em sua existência, havia dado tantos sorrisos para alguém como sorria para Ana, essa que apreciava cada marquinha que sua pele fazia quando os olhos quase se fechavam simultaneamente aos lábios que enlargueciam.

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