Capítulo 3

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Ana já tinha tomado café da manhã e feito sua higiene matinal com a ajuda de uma das enfermeiras quando Vitória entrou no quarto. Ambas sorriram quando seus olhares se encontraram.

— Bom dia, Ana Clara. — Vitória disse se aproximando da cama.

— Bom dia, doutora Falcão.

— Me chame de Vitória. — Ana assentiu.

— Bom dia então, Vitória.

— Melhorou. — A médica sorriu. — Como passou a noite?

— Não consegui dormir direito, mas espero que isso seja normal. Minhas costas estão doendo muito também, acho que por isso não dormi.

— Na verdade, o normal seria que você dormisse por conta dos remédios. Teremos que troca-los então. — Vitória colocou sua prancheta em cima da mesinha ao lado da cama e anotou algo. — E seu corpo vai ficar dolorido, é inevitável. Os remédios não farão efeito absoluto sobre isso. — Ana assentiu de novo.

— Quando isso vai sair da minha perna? — A morena apontou para o gesso.

— Em uma semana. Tenha paciência.

— Não me diga que terei que ficar nesse quarto por mais uma semana. — Ana franziu a testa, levando Vitória a rir.

— Verei o que posso fazer por você.

— Eu tenho uma coleção para terminar e outra para começar. — Ana colocou as mãos no rosto. — Isso é um martírio. — Murmurou.

— Dá próxima vez, deixe para terminar com seu namorado enquanto está em um lugar seguro.

— Por favor, não me lembre da causa o tempo todo. Meu arrependimento está me corroendo por inteiro.

— Desculpa. — Vitória sorriu e deu as costas para Ana, indo em direção à janela e abrindo a persiana. Ana passou os olhos pelo corpo de Vitória e pode notar o quão bem desenhado ele era. Ontem à noite concordara com Letícia de que a doutora era linda mesmo tendo reparado só em seu rosto, e agora vendo também seu corpo, mesmo que sob o uniforme, poderia concordar mil vezes novamente.

— Pode abrir o vidro também? — Ana pediu.

— Claro. — Vitória respondeu ainda de costas, abrindo o vidro em seguida, tendo seus cabelos jogados para trás pelo vento que entrara. Ana sorriu satisfeita ao sentir a brisa gélida, apreciava o frio de todas as maneiras possíveis. Quando essa época do ano chegava, o outono trazia consigo o começo do frio que São Paulo aguardava, era sempre essa a época em que Ana mais se inspirava e desenhava seus melhores modelos. — Vamos aos remédios, Ana Clara. — A médica se voltou à estilista que sentiu um arrepio bom ao ouvir seu nome sendo pronunciado por aquela voz. Vitória fazia seu nome soar tão sexy. — Já volto com a água. — Avisou antes de sair do quarto. Voltou em menos de dois minutos, com um copo de água na mão. O colocou na mesinha ao lado da cama e tirou todos os comprimidos dos frascos. Entregou a água para Ana, e um remédio de cada vez.

— Seus pais estão esperando para ver você. — Vitória disse enquanto Ana levava o último comprimido à boca, tomando a água em seguida. — Eu volto mais tarde quando o horário de visitas acabar. — Ana assentiu como fazia para tudo que Vitória falasse, porém, por ela, a médica poderia ficar no seu quarto o dia todo. Sentia que a médica estava sendo mais que uma profissional ao cuidar tão bem dela. Levou em consideração as palavras da amiga na noite anterior: "Ela tem dado atenção dobrada para você. Ana Clara é certamente a paciente favorita da doutora Falcão."

— Esperarei por você. — As palavras que Ana proferiu fizeram Vitória dar um sorriso contido. A morena reparou mais uma vez na cicatriz em seu lábio superior, e o quanto a deixava ainda mais sexy.

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