Capítulo 19

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— E então que ela disse que precisa conversar com você.

— Não sou louca para ficar com ela sozinha em um lugar mantendo uma conversa sobre minha vida amorosa que ela não aprova.

— Talvez ela queira mudar, Vitória. Ontem quando falei com ela, consegui fazê-la entender certas coisas.

— Não sei se é uma boa ideia...

— Você não pode simplesmente esquecer que tem uma mãe. Apesar de todo esse jeito dela, ela se importa com você.

— Sabra, ela está com uma arma apontada para a sua cabeça enquanto te obriga a falar isso?

— Você reclama dela, mas você é tão cabeça dura quanto! Não é algo que ela esteja acostumada, não é algo comum para ela, mas talvez por você, ela queira começar a entender.

— Estamos falando da mesma mãe?

— Talvez agora no início, ela não aceite tão bem, mas queira respeitar. Eu fiquei praticamente duas horas falando sobre isso com ela, só saí de lá quando tive a plena certeza de que tinha amolecido um pouco.

— Te agradeço demais por isso, mas, por enquanto, não sei se é realmente uma boa ideia.

— Você é impossível quando quer, não me surpreende que nessas veias corra o mesmo sangue que o dela.

— Eu preciso desligar, agora, Tatinha.

— Tudo bem, nos falamos mais tarde então. Mas pensa, bem, Vi, é sua mãe.

— Vou pensar.

— Se cuida.— Sabra desligou antes que ela respondesse. Guardou o celular no bolso e saiu do quarto. Isabel amolecendo e querendo mudar seus pensamentos poderia ser comparado à paz mundial.

***

A maioria dos designs prontos no papel, Ana já havia passado para o computador. Seu trabalho era mais um hobby do que realmente um trabalho. A frase "Escolha um trabalho que você ame e você nunca terá que trabalhar um dia em sua vida." fazia todo sentido. Estava matando seu tempo e tentando ocupar sua cabeça enquanto salvava cada design em uma combinação de cor diferente para decidir depois quais seriam as escolhidas para subir à passarela. Só foi tirada da sua distração quando ouviu batidas na porta.

— Olhe, amor, nossa filha ainda está viva. — Mônica disse abrindo a porta e entrando acompanhada pelo marido.

— Vocês fazem eu ficar com peso na consciência quando falam assim. — Empurrou a cadeira para o lado, saindo de frente do computador e ficando de frente para seus pais.

— Estamos acostumados com essa sua falta de notícia quando não te vemos, mesmo que isso nos deixe preocupados, principalmente quando não atende nossas ligações.

— Foi só um dia. — Sorriu para a mãe.

— Está tudo bem?

— Tudo dentro dos conformes.— Nada ficaria dentro dos conformes após o ocorrido de dois dias atrás, mas seus pais não precisavam saber e ter a imagem da filha passando por algo tão repugnante.

— E como foi o desfile? — Edimilson perguntou.

— Foi... — procurou palavras para descrever o desfile e não o ocorrido que ainda estava presente em sua mente. — ótimo. Tudo lindo, mais uma vez. Todo ano é.

— Mas ano que vem será ainda mais. — Edimilson piscou para ela que abriu um sorriso ainda maior.

— Espero que seja ao menos no mesmo nível.

— Sempre modesta. — Mônica balançou a cabeça sorrindo. — Mas então, vi doutora Falcão e você nas fotos estavam um espetáculo, juro que quero colocar num porta-retrato na sala de casa.

Folhas De OutonoWhere stories live. Discover now