Capítulo 25

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— E então? O que tem para me falar? — Vitória perguntou ao fechar a porta atrás de si.

— Mas eu mal cheguei...

— Você não vai enrolar mais, Ninha. Eu passei o dia inteiro morrendo de curiosidade.— Desde que Ana saíra do seu apartamento, logo após o café da manhã, só conseguia pensar em duas coisas: na paciente que perdeu e no que Ana tinha para falar. Passaram tantas coisas pela sua cabeça, a minoria eram coisas boas, já que Ana não deixaria para falar quando tivesse tempo se fosse algo bom e se poderia ser ruim do seu ponto de vista. Cogitou tantos assuntos e esperava que não fosse nenhum deles. Ana a olhou procurando como falar, não sabia se falava tudo de uma vez ou se ia aos poucos.

— Eu recebi uma proposta, ou melhor, o melhor convite que já fizeram a mim. — Disse sentando-se no sofá, acompanhada por Vi que sentou-se ao seu lado, virando-se para ela.

— Certo... E que proposta é essa?

— É para dar aulas em um curso de moda que tem duração de seis meses.

— E por que isso seria ruim ao meu ver? — Franziu o cenho.

— Porque é em Milão.

Vitória a olhou por segundos em silêncio.

Seis meses.

Milão.

— Isso é ótimo, amor! — Sorriu abertamente, fazendo o coração de Ana acelerar ainda mais.— Ana recebendo algo assim era por puro mérito seu, não havia a possibilidade de não ficar feliz ao saber de mais uma prova de que sua dedicação valia a pena. Seu sucesso profissional era só mais uma das coisas que apreciava quando se tratava dela. — Independente do tempo, Em, você tem que ir.

— Eu não poderia dar a resposta antes de falar com você...

— Você disse que tem orgulho de mim, não sabe o tamanho do orgulho que eu tenho de você. — Sorriu e se aproximou mais lhe dando uma sequência de selinhos e espalhando beijos por todo seu rosto, parando só para admirar o sorriso formado por seus lábios. Ana tinha um peso tirado de sua consciência. Era essa a reação que tanto queria, Vitória estar feliz por ela fazia a sua própria felicidade dobrar, triplicar.

— Obrigada por me apoiar mais uma vez.

— Espero que não tenha pensado que eu iria me opor a isso.

— Foi inevitável pensar, afinal, são sete meses em outro continente.— O momento que estava propício a uma garrafa de champanhe, havia mudado de uma hora para outra. Vitória desviou seu olhar para outro ponto da sala e respirou fundo. Seriam sete meses longe. Sua ficha estava caindo aos poucos. Não poderia ser egoísta ao ponto de pensar em se opor por esse motivo. Ver Ana feliz era o que, de fato, importava.

— Eu confio em você, Em. — Voltou seu olhar para a morena. — Espero não estar errada em achar que confia em mim o suficiente para me deixar aqui por sete meses.

— Não está errada, nunca nem passou pela minha cabeça não confiar em você. É que sete meses é muito tempo. Olha onde chegamos em menos que isso.

— Você está dizendo que...

— Não! — Ana a interrompeu. — Eu só quero saber como é que vamos lidar com isso. — Suspirou com pesar. Entrelaçou seus dedos aos de Vitória, era o ato que mais lhe acalmava, como se lhe desse a certeza que no final tudo ficaria bem. Olhou suas mãos juntas em segundos que pareceu ser uma eternidade, o silêncio de Vitória estava incômodo. Levantou seu olhar e Vitória estava com os olhos fechados e a cabeça sobre o encosto do sofá.

— Não dependemos só de presença física, não é? — Perguntou esperando que Ana confirmasse.

— Claro que não, eu vou estar o tempo todo com você mesmo a milhas de distância. Lembra quando me disse que já havia muito de mim com e em você? O mesmo acontece comigo.

Folhas De OutonoWhere stories live. Discover now