Capítulo 18

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Não estava conseguindo nem manter os olhos abertos mas o sorriso abriu sozinho. Pontas de dedos passavam devagar pelo rosto de Vitória a despertando da melhor forma possível. Ana estava com metade do corpo sobre o seu e o rosto tão junto que estava sentindo a respiração dela em sua própria pele.

— O seu despertador tocou faz uns cinco minutos. — Ana sussurrou.

— Me desculpe por acordar você com isso. — Sussurrou também.

— Não me acordou. — Três palavras que fizeram Vitória abrir os olhos de uma vez só e se afastar um pouco para olhá-la, ou ao menos tentar, já que a claridade que entrava pela fresta da janela não lhes permitiam enxergar muita coisa.

— Você está acordada faz tempo?

— Não.

— Uma pena você não saber mentir para mim. Você precisa dormir, Ninha.

— Eu tentei. — Falou enquanto afastava seu corpo de Vitória e se sentava. — Você vai se atrasar.

— Não importa. — Se sentou também e puxou Ana para mais perto. — Posso ligar e dizer que não vou ou trocar meu horário.

— Eu estou bem, juro.

— Uhum. — Murmurou. — Você mente muito mal.

— Vou ficar bem. Posso esperar por você até quando sair, tem pessoas precisando de você por lá também.

— É difícil ter que escolher entre duas prioridades.

— Vitória, seu trabalho... Eu vou ficar bem, ok?

— Quanto mais você tenta, menos me convence.

— Você é difícil. — Deitou sua cabeça sobre o ombro de Vitória e bocejou. — Vou tentar ocupar minha cabeça o máximo que eu puder para tentar ao menos esquecer um pouco, realmente ficarei bem.

— Você precisa dormir.

— Tentarei, ok? Acredite em mim. — Vitória não lhe respondeu, apenas encostou acabeça na sua. — Você vai se atrasar, Vi.

— Não tenho certeza se...

— Você vai. — Ana a interrompeu. — Enquanto você se troca, eu vou fazer café para você.

— Não precisa fazer isso.

— Mas eu quero. — Ana se levantou da cama antes que Vitória dissesse algo empro testo e entrou no banheiro. A morena ficou por quase um minuto olhando a porta fechada há pouco, até se levantar e entrar no closet de Ana. Trocou sua roupa e voltou ao banheiro que já estava vazio. Assim que foi para a cozinha, antes de entrar, a observou de longe encostada na bancada da cozinha enquanto aguardava o café que saía da cafeteira preencher a canecao seu lado. A aproximação de Vitória não chamou sua atenção a ponto de fazê-la levantar o olhar.

— Ninha. — Vitória emitiu baixo enquanto descruzava seus braços, finalmente afazendo olhá-la. Seu semblante cansado só confirmava que havia passado a noite em  claro. Sem delongas, Vitória a trouxe para mais perto e a envolveu em um abraço. Haviam passado a noite toda juntas, mas ainda assim, aquele abraço foi mais que necessário. Quanto mais perto Vitória estivesse, mais acolhida Ana se sentiria e essa era a intenção de uma e a necessidade da outra.

— Você viu que horas são? — Ana perguntou enquanto afastava seu rosto de Vitória, sem quebrar o contato que seus corpos faziam.

— Sim, eu estou totalmente atrasada e não me importo. Eu vou ficar e tomar café com você.— Você não precisa fazer isso.

— Mas eu quero. — Vitória repetiu a frase de Ana, a fazendo dar um sorriso. Não era seu sorriso mais aberto, mas de qualquer modo era um sorriso e isso já satisfazia um pouco a vontade de Vitória de vê-la um pouquinho melhor, por mais que aquilo não significasse tanto, pouco para quem não tinha nada, era muito. Fez de acordo com o que falou, se atrasou como nunca fizera antes e nem se importou em avisar alguém, estava ciente de suas responsabilidades mas todas elas estavam sendo deixadas de lado. Não levantou da cadeira enquanto Ana não terminou seu café. — Tente dormir, Em. — Vitória disse ao parar na soleira de entrada do apartamento e se virar para ela. — Até mais tarde.

Folhas De OutonoWhere stories live. Discover now