Folhas De Outono

Por joycexsous

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Numa noite de outono, após sofrer um acidente, Ana Clara Caetano, que carrega o nome um tanto quanto conhecid... Más

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capitulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Bônus
Esclarecimento

Capítulo 5

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Por joycexsous

— Você está me machucando. Me solta, por favor. — Falou olhando em seus olhos, ele afrouxou os dedos aos poucos e deu um passo para trás.

— Me desculpa. Eu não queria fazer isso. — Passou a mão no rosto. — Eu só não entendo. Não aceito.

— Vamos sentar e conversar. — Pediu passando a mão sobre um dos braços onde ele havia depositado sua força.

— Conversar para que? Você já deixou claro.

— Você tem inúmeras chances de achar alguém que te ame, Luís. Alguém que você possa dar seu amor. Esse alguém não sou eu, só isso.

— Eu não quero outra pessoa. Você nunca vai achar alguém que te faça feliz como eu fiz e como poderia fazer! — Abriu a porta ao seu lado e saiu batendo a mesma, deixando Vitória sem saber o que fazer. Ficou ali paralisada por minutos. Estava com os braços doloridos e perplexa com como ele passou dos limites e fez tal ato. Estava assustada com isso, jamais esperou que a reação fosse boa, mas também jamais esperou que fosse essa. Luís saiu sem ao menos chegarem a um término, a deixando com medo de fazer qualquer besteira, mas se acalmou tentando pensar que ele só estava de cabeça quente e logo voltaria. Por mais que não o amasse, também não o odiava, por isso não desejava que algo ruim acontecesse a ele. Havia sido ruim, mas foi o primeiro passo para acabar com essa farsa.

*****

Depois de ter passado quase toda a noite em claro, sem a volta de Luís para casa, Vitória, nas poucas horas que dormiu, excedeu seu horário. Levantou às pressas para tomar um banho e vestir-se, sem tempo de passar qualquer maquiagem para cobrir as olheiras, mal se olhou no espelho e nem se deu conta de que estavam roxos os lugares onde Luís havia apertado com certa força causada pelo descontentamento em saber que seus sentimentos não eram recíprocos. Falcão passou horas pensando se levaria esse caso à polícia ou não, tinha dado conta que foi sim uma agressão e isso deveria causar consequências para Luís, mas considerou o fato de ele jamais ter feito isso antes e pelo estado em que estava nem ter se dado conta do que estava fazendo. Ainda estava intrigada com o ocorrido, mas ponderou ser só dessa vez, e esperava que algo do tipo jamais ocorresse novamente.

Chegou no hospital, fez todos os procedimentos com os pacientes já internados e precisou atender mais alguns com casos não tão graves. Deixou Ana por último pelo fato de lhe sobrar mais tempo. Pegou a pasta com os resultados dos exames e caminhou a passos largos até o quarto da morena. Imaginou que seus pais ou Bárbara estariam ali para vê-la, então deu as três batidas leves na porta, como sempre fazia, e abriu devagar, encontrando Ana sozinha, concentrada no caderno apoiado sobre sua perna sem gesso que estava dobrada. Ana desviou o olhar de onde estava focado e encontrou os olhos de Vitória.

— Achei que tinha abandonado sua paciente.

— Deixei você por último de propósito. — Vitória sorriu. — Aqui estão os resultados dos seus exames. — Ergueu a pasta que estava em suas mãos e caminhou até a mesinha ao lado da cama.

— E então?

— Vou olhar agora. — Disse abrindo a pasta. Analisou cada folha que estava ali dentro e olhou para Ana que mantinha um olhar ansioso sobre a médica. — Promete seguir tudo que eu lhe pedir?

— Isso significa que posso ir para casa? — Abriu um sorriso carregado de uma mistura de esperança com ansiedade.

— Só se prometer. — Vitória sorriu junto.

— Eu juro!

— Então amanhã você pode ir para casa, desesperada.

— Não consigo acreditar nas palavras que acabei de ouvir. — Ana pronunciou com os olhos fechados, causando um sorriso despercebido em Vitória por ver o jeito tão amável da mulher à sua frente.

— Vou prescrever suas obrigações depois. E eu saberei caso não esteja fazendo como mandei. Ana assentiu e seus olhos pararam nos braços da morena que tinham manchas roxas não existentes na noite de ontem antes de Vitória deixar seu quarto.

— Está tudo bem com você? — Perguntou voltando a focar em seu rosto. Vitória assentiu ainda tirando os remédios de Ana dos frascos.

— Esqueci de pegar a água, como sempre. — Saiu do quarto sem olhar para Ana direito. Depois de ter contado sobre sua vida para a paciente, sabia que não conseguiria guardar por muito tempo as coisas que aconteceram na noite passada, e por enquanto preferia deixar só para si. Ana havia a ouvido mas não precisava saber de mais problemas seus. Foi inevitável para Ana reparar nas olheiras no rosto da médica quando voltou ao seu quarto com o copo de água em mãos.

— Aconteceu algo entre você e seu marido? — Perguntou logo de cara sem conseguir guardar sua curiosidade e sua nítida preocupação.

— Não, está tudo bem. — Respondeu depois de segundos pensando na resposta.

— Te conheço há dias mas sei reconhecer quando alguém está mentindo. — Vitória virou para ela, lhe entregando os remédios, e ao pegar o copo de água com uma mão, a outra, Ana levou até o hematoma no braço dela, o tocando com certa força.

— Isso dói? — Perguntou arqueando as sobrancelhas ao ver a expressão dela mudar ao tocar seu braço. Vitória apenas assentiu e levou seu olhar ao chão. — Foi ele, não foi? — Deduziu e mais uma vez Vitória assentiu. — Olha para mim. — Levou seu último remédio à boca e tomou o resto de água que estava no copo, o colocando sobre a mesinha.

— Eu disse que ele não aceitaria fácil. — Proferiu com a voz mais baixa.

— Vocês brigaram?

— Não foi uma briga. Ele só... se alterou.

— E deixou marcas no seu corpo por isso? Vitória, isso é crime!

— Eu sei, eu sei. — Soltou o ar com pesar.

— Sabe e não vai fazer nada?

— Ele saiu de casa depois de eu ter falado sobre como me sinto. Não o odeio, Ana, não quero que nada de ruim aconteça com ele por culpa minha. — Seus olhos continuavam baixos.

— Hey. — Ana chamou e levou seu dedo indicador até o queixo de Vitória, levantando seu rosto e se dando por satisfeita somente quando seus olhares se encontraram. — Você fez certo em falar para ele. Se acontecer algo ruim, não é culpa sua, — suspirou — mas você deveria fazer algo em relação a isso. — Olhou para os seus braços.

— Não sei se devo. Foi só dessa vez, e acredito não ter sido intencional.

— Pode voltar a acontecer e pior se você não fizer nada. É crime e ele não deve sair impune.

— Está tudo bem. Não vai acontecer de novo. — Disse as palavras tentando acreditar que isso realmente não voltaria a acontecer.

— Estou debilitada fisicamente, mas pode contar comigo para o que precisar. Me sinto no dever de retribuir seus cuidados comigo — Vitória ia interrompê-la, porém continuou — mesmo que esteja apenas fazendo seu trabalho. — Concluiu a frase que sabia que seria dita pela outra.

— Nem minhas amigas ou até mesmo minha irmã sabe desses problemas, Ana, obrigada por ter se colocado à disposição para ouvir sem nem mesmo me conhecer.

— Já disse que sou boa ouvinte e realmente estou disposta a ajudar você. — Segurou a mão de Vitória acariciando a mesma com o polegar.

— Sabe, — sorriu — estou pensando em não te dar alta mais. — Ana riu e negou.

— Pode me procurar fora daqui, só me deixe sair. — Proferiu ainda entre o riso.

— Não quero interferir na sua rotina de forma alguma.

— Não estará fazendo isso, juro. Deixe seu número comigo e quando eu comprar um celular, que convenhamos, está me fazendo uma falta enorme, eu mando uma mensagem e você salva meu contato, pode ser?

— Pode. Obrigada, querida. — Deu seu sorriso mais sincero para ela fazendo Ana sorrir de volta.

— Sem essa de agradecer pela empatia.

****

A porta de entrada da casa estava destrancada, o que indicava que Luís havia voltado. Vitória abriu a porta já temendo o que encontraria em qualquer cômodo. A luz da cozinha estava acesa enquanto as outras não. Parou por segundos buscando coragem para dessa vez realmente colocar um ponto final antes do marido sair de novo. Caminhou a passos lentos até a cozinha e o encontrou de costas, sentado sobre a bancada, com sua garrafa de whisky preferida e o copo em mãos.

— Luís. — O chamou baixo.

— Querida, você chegou! — Abriu um sorriso e desceu da bancada com dificuldade e veio até ela cambaleando. Estava notoriamente bêbado. Sem dizer nada, ela tirou o copo de sua mão o colocando sobre a bancada. — Esperei por você o dia todo. — Acariciou seu rosto e tentou uma aproximação.

— Você não foi trabalhar? Está completamente alterado! — Disse ao se afastar.

— Vamos consertar as coisas, querida.

— Nós não vamos consertar nada, muito menos com você bêbado. — Ele estava parado a encarando, seus olhos estavam vermelhos e estava lutando para se manter de pé. Vitória parada a uma certa distância dele, com as mãos na cintura, tentava procurar alguma solução para a situação. Não conseguiria conversar com ele nesse estado, e muito menos o deixaria a vontade para fazer qualquer coisa que traria consequências ruins. — Você vai fazer tudo que eu mandar e não ouse me contrariar! — Usou seu tom de voz mais firme e o puxou pelo antebraço, o levando até o banheiro do andar em que estavam. Sentia medo por qualquer coisa que ele poderia tentar fazer com ela daquele jeito, mas manteve a calma e só queria fazer o que era certo. Ligou o chuveiro ajustando para deixar a água fria e o colocou debaixo mesmo vestido.

— Eu não estou bêbado. — Balbuciou. Vitória o ignorou e continuou o segurando debaixo da água fria que já estava a deixando com frio por estar quase molhada por inteira. O tirou do chuveiro depois de minutos, fez com que ele permanecesse sentado sobre a tampa do vaso enquanto buscava outra roupa. Luís já estava chegando no estágio em que o sono o consumia. Vitória o ajudou no que seria necessário e estava aliviada por ele ter obedecido. Quase o arrastando com dificuldade devido à diferença de tamanho e peso, o deitou sobre o sofá e o cobriu.

— Vitória?

— Sim?

— Quem é ele?

— Durma, Luís.

— Me fale.

— Não existe ele.

Luís não a respondeu novamente. Ela esperou que ele dormisse para subir para seu quarto. Trancou a porta para garantir que estaria segura ali dentro e foi tomar seu banho quente. Assim que tirou sua roupa, olhou no espelho os braços que estavam levemente marcados. Pensava que jamais estaria assim por causa dele e isso a fazia ver que talvez não conhecesse totalmente quem passou anos sob o mesmo teto. Com o corpo já submerso na água quente da banheira, teve a vista embaçada pelas lágrimas. Só queria por um fim no relacionamento que não a fazia feliz, e gostaria que esse fim fosse de forma amigável, mesmo que fosse difícil. Praguejou mentalmente por Ana não ter um celular no hospital. Ana era a única pessoa com quem conseguiu se abrir. Tinha amigas e tinha sua irmã mas nunca colocava seus sentimentos para fora diante delas, preferia guardar para si; até se ver falando com uma paciente sua.

****

Vitória Chegou no hospital com mais uma noite mal dormida, mais uma vez deixou para ir ao quarto de Ana quando tivesse feito tudo o que tinha que fazer. Era hora de se despedir de quem ouvia sobre sua relação conturbada e a fazia esquecer disso durante poucas horas do dia. Sentiria falta de entrar naquele quarto e encontrar a paciente que julgava ser a mais linda que já vira, a mais doce e amável também. Estava amando ter para onde e para quem correr no final do plantão; definitivamente sentiria falta de Ana e seu sorriso que a fazia sorrir inevitavelmente. Abriu a porta do quarto após as três batidas habituais, Ana já estava vestida com suas roupas em vez das do hospital, com Edimilson e Mônica ao seu lado.

— Pronta para sair desse cárcere? — Vitória perguntou fazendo Ana rir e assentir. — Bom dia. — Disse se direcionando ao pais da morena.

— Bom dia! — Disseram em uníssono sorrindo.

— Então vamos lá. — Se aproximou mais de Ana. — Você não precisa mais dos remédios, a única coisa que precisa é de repouso por conta da perna. Não ouse fazer qualquer movimento que vá prejudicar a área da cirurgia. — Colocou a prancheta sobre a mesa, anotou numa folha a puxando em seguida e entregando para Ana. — Volte na sexta e nesse horário para tirar os pontos e o gesso. — Sorriu. Ana abaixou o olhar para o canto da folha onde tinha um número de telefone embaixo do horário e do dia em que deveria voltar.

— Obrigada. — Proferiu a palavra que carregava muito mais do que parecia.

— Imagina... — Sorriram juntas. — E — virou-se para Edimilson e Mônica — cuidem para que ela não desobedeça minhas ordens.

— Vamos cuidar, doutora Falcão.

— Nos vemos na semana que vem.

****

Capítulo que eu falei que ia tentar postar pra vocês. Desculpa as demora para as atualização. Agora próximo capitulo só na quinta :) Me diga o que estão achando e não deixe de dar os votos nas estrelinhas. Um cheiro!

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