A Luz e a Sombra

By juarezdobrasil

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Antes vocês ouviram falar dele, talvez tenham escutado histórias de terror e muitos contos sobre o diabo, mas... More

Capítulo 1 Escuridão total
Capítulo 2 - Fogo!
Capítulo 3 - Missa cancelada
Capítulo 4 - Dionísio
Capítulo 5 - Milagre!
Capítulo 6 - O melhor lugar do mundo: seu colo.
Capítulo 7 - A chácara
Capítulo 8 - Suicídios
Capítulo 10 - Cobras
Capítulo 11 - A festa
Capítulo 12 - Salvador
Capítulo 13 - Desconfiança
Capítulo 14 - Desaparecida
Capítulo 15 - Salvador
Capítulo 16 - Procurada
Capítulo 17 - Linchamento
Capítulo 18 - Festa de natal
Capítulo 19 - Culpados
Capítulo 20 - Salvador
Capítulo 21 - O dia do crime
Capítulo 22 - Natal
Capítulo 23 - Santo Salvador
Capítulo 24 - O novo padre
Capítulo 25 - Ímpetos fatais
Capítulo 26 - Tocar em suas vestes
Capítulo 27 - Debaixo do quiosque
Capítulo 28 - Existe alguém mais bela que eu?
Capítulo 29 - A aliança
Capítulo 30 - O mal trabalha dia e noite
Capítulo 31 - Fogo no céu e na terra

Capítulo 9 - A reunião

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By juarezdobrasil


– Eu vou com você – disse Calebe levantando-se da cadeira.

Juliano concordou com o olhar.

– Ligue para padre Afonso meu filho! – disse dona Elvira.

– Eu ligo – disse Calebe enfiando a mão no bolso à procura do celular. Revirou os bolsos mas não o encontrou. – Sai tão rápido quando fiquei sabendo que devo ter esquecido em casa.

Juliano abriu a porta do carro e entrou rapidamente. Entregou seu celular para Calebe e pediu que ele ligasse para padre Afonso.

Os dois foram até a funerária e depois ao cartório. Tomaram todas as providências necessárias para o sepultamento de Carmem. Juliano estava muito abalado com os últimos acontecimentos, mas mantinha-se firme e vez ou outra soltava um suspiro cheio de pesar.

– Vamos lá em casa. Preciso do meu celular – disse Calebe.

– Tudo bem. É bom que eu vejo a sua prima.

– Sai dessa meu amigo!

– Preciso sair mesmo, mas eu a amo demais.

Calebe deu um tapinha em seu joelho.

– Estou brincando. Eu sei como é que é...

Calebe desceu do carro e foi correndo buscar o celular. Gilda foi até ele assustada.

– Que correria é essa Calebe?

– Nada. Só vim pegar isso – disse mostrando-lhe o aparelho.

– Como estão as coisas por lá?

Calebe franziu a testa.

– Daquele jeito.

Saiu correndo de volta e entrou no carro.

– Estranho – disse olhando para o visor do celular.

– O que? – indagou Juliano girando a chave na ignição.

– Uma mensagem de Fred me pedindo desculpa... Espera... Tem outra...

Calebe leu a mensagem e ficou mudo por um instante. Juliano ficou esperando, mas ele apenas lhe passou o aparelho.

"Calebe eu sinto muito por ter te enganado o tempo todo. É o fim da linha pra mim."

Juliano ficou pensativo ao ler a mensagem. Devolveu o celular para o amigo e antes que dissesse alguma coisa Dionísio tocou em seu braço causando-lhe um susto.

– Puta Merda! – Exclamou. – Você surgiu do nada?

– Que cara é essa de vocês? – Indagou Dionísio com olhos atentos.

– Você sabe. Dona Carmem está morta. E agora Calebe recebeu uma mensagem estranha de Fred. – Calebe mostrou a mensagem para Dionísio.

– Não fiquem assim. Pra dona Carmem foi melhor. Ela não tinha ninguém por ela mesmo... Quanto a Fred... Eu posso imaginar o que ele quis dizer – disse Dionísio fazendo um muxoxo.

Calebe olhou curioso para ele.

– Entre aí que vamos descobrir – disse Juliano.

Quando chegaram à casa de Frederico perceberam que o portão da frente estava aberto e uma criança brincava com um triciclo velho do lado de fora. Juliano acariciou os cabelos do garoto e seguiu na frente. Bateu na porta e ela se abriu. Estava apenas encostada.

– Fred! Cadê você?

Foram até o quarto dele. Não o encontrando foram até o quarto da mãe dele.

– Que merda! – Exclamou Juliano levando a mão à testa.

– Ah! Meu Deus! – disse Calebe aproximando-se do corpo de Fred. – Por que ele fez isso?

Dionísio se colocou no meio dos dois e os enlaçou com seus braços por sobre seus ombros.

– Vamos sair daqui. Vocês já viram bastante por hoje.

– Por que ele fez isso? Eu não consigo entender...

– Você não quis enxergar meu amigo – interrompeu Dionísio. – Era evidente o que Fred sentia por você.

Juliano se soltou de Dionísio e se jogou no sofá da sala. Enfiou a cabeça entre os joelhos e chorou.

Dionísio encurralou Calebe na parede e olhou em seus olhos rasos d'água.

– Você é muito bonito meu amigo e despertou sentimentos fortes em Fred. Ele era carente e criou muitas fantasias com você. De certa forma você as alimentou com seu jeito carinhoso e compreensivo. Ele acreditou que um dia teria você nos braços – Calebe sentiu o hálito de Dionísio em sua face de tão perto que ele se aproximou. Por um momento pensou que ele iria beijá-lo e até fechou os punhos preparando para dar-lhe um soco.

Tirou as mãos de Dionísio da parede e se afastou dele.

– Eu não acredito nesta história. Fred não era gay. Como você sabe disso?

– Que papo bizarro é esse cara? – Indagou Juliano se levantando.

– Não tem nada de bizarro – respondeu Dionísio tranquilamente. – Eu percebi que ele era apaixonado por você lá na chácara...

Calebe fez vômito e saiu da casa. Encostou-se na cerca e vomitou. Passou a mão na boca e saiu rumo ao carro.

Juliano ligou para a polícia e depois foi até Calebe. Abraçou-o afetuoso e beijou-lhe a testa.

– Não fique assim! Você não tem culpa de nada. Isso tudo é bobagem desse cara.

Calebe soluçou em seus braços.

– Eu quero ir pra casa. Não vou esperar a polícia.

– Pode ir com ele Juliano. Eu espero – disse Dionísio. – E... Calebe! Eu sei como se sente, mas um dia essa culpa vai passar.

Calebe lançou um olhar irritado e ao mesmo tempo perplexo para Dionísio e depois entrou no carro.

– Estou arrasado Juliano. Não por essa história do Dionísio, mas por não ter percebido que ele queria se matar. Nós éramos amigos. Passamos o último final de semana juntos. Como não vimos nada estanho? Por que ele não desabafou com a gente? E se essa história do Dionísio for verdade, por que ele nunca te falou nada? Por que iria contar justo para uma pessoa que mal acabou de conhecer?

* * *

A cidade entrou em choque com notícia dos dois suicídios. Várias especulações surgiram a respeito. Um clima de terror se apoderou entre os moradores.

Taiana entrou no quarto do pastor e o flagrou de cuecas. Ele ficou desconcertado. Ela olhou maliciosa para seu corpo e antes de sair disse:

– Sofia é uma mulher de sorte!

Ele correu até a porta e a trancou depois de olhar o traseiro de Taiana rebolando pelo corredor.

– Meu Deus! Meu Deus!

Ele correu para o banheiro e entrou debaixo do chuveiro. Tomou um banho de água fria, mas os pensamentos não lhe deram sossego. Via-se envolvido com Taiana. Tirou as roupas dela e a tomou nos braços. Parecia enfeitiçado por aquela beleza estonteante.

Passou as mãos no rosto e afastou por uns segundos aqueles pensamentos traiçoeiros. Quando terminou de tomar o banho saiu do box e viu Taiana se aproximando enrolada num roupão. Ele ficou tenso. Não conseguiu dar nem um passo. Nem para a frente nem para trás.

– Eu não posso fazer isso! – disse com a voz baixa e então percebeu que não havia ninguém à sua frente.

Enxugou rapidamente, se vestiu e foi até Sofia que preparava um café para levar para o velório de Carmem e de Frederico.

– Você está tenso meu amor!

– E não é pra estar? Dois suicídios... O que eu podia ter feito que não fiz? Eu me sinto um péssimo pastor...

Ela enxugou as mãos num pano de prato e o envolveu em seus braços.

– As coisas acontecem. Não tem que se culpar. Você é um ótimo pastor. Cuida muito bem das suas ovelhas.

– Cuida mesmo – disse Taiana aproximando-se com um embrulho de pão.

Sofia olhou para ela.

– Pode colocar aí na mesa. Obrigada por ter ido à padaria pra mim. Agora pode se arrumar se quiser ir ao velório.

– Eu fico com as crianças se precisar.

– Não será preciso. Gilda ficará com eles. Ela foi ao velório e depois voltará para aqui.

– Calebe ainda está no quarto? – Sofia fez que sim com a cabeça. Então Pastor Ruben saiu da cozinha para falar com ele.

– Eu vou tomar um banho – disse Taiana saindo logo em seguida.

Pastor Ruben sentou-se na cama do filho e ficou alisando seus cabelos.

– Como você está?

– Péssimo. Estou me sentindo impotente. Eu não fiz nada para impedir Fred.

Seu pai suspirou fundo e passou a mão no rosto liso de Calebe.

– Eu também me sinto assim filho. Um pastor que não cuidou bem das suas ovelhas e elas se machucaram até a morte. Preciso ficar mais atento.

Calebe se sentou na cama e o abraçou.

– Eu te amo pai!

Pastor Ruben beijou-lhe o alto da cabeça.

– Eu também meu filho. Estamos juntos. Vamos superar.

Calebe raspou a garganta, segurou as mãos de seu pai e disse:

– Eu preciso te contar uma coisa...

As batidas na porta interromperam a conversa. O pastor se levantou e a abriu. Taiana sorriu maliciosa e olhou nos olhos dele. Ela vestia um roupão branco e felpudo.

– Eu não consegui mudar o chuveiro para o quente... Então vim pedir ao Calebe para...

– Eu mudo para você – prontificou-se o pastor Ruben.

Taiana entrou no banheiro atrás dele e fechou a porta. Ele olhou preocupado para a porta fechada e rapidamente mudou a chave do chuveiro para a posição inverno.

– Pronto!

Taiana se colocou em sua frente e inesperadamente o abraçou.

– Obrigada. Você é muito gentil – Apertou-lhe as nádegas.

– Você precisa ir embora desta casa! – disse afastando-se dela.

– Se você me manda embora é porque me deseja.

Ele a olhou de cima a baixo. Balançou a cabeça em sentido negativo e saiu bufando porta afora.

Encostou-se na parede do corredor e passou as mãos nos cabelos. Olhou para a porta do banheiro e se viu tentado a voltar lá e tomar Taiana nos braços, mas ouviu uma voz que gritava em seus ouvidos para ele correr dali o mais depressa possível. E assim ele fez. Voltou para junto de sua esposa e a tomou nos braços. Abraçou-a e a beijou deixando-a perplexa.

– Você é a mulher da minha vida! Sempre foi.

– Nossa! O que deu em você?

Ele sorriu.

– Eu te amo. Quis te fazer se sentir melhor em meio a este caos.

* * *

À noite daquele mesmo dia, enquanto muitos velavam os dois suicidas, Taiana saiu sorrateira pelas ruas levando seu gato a tiracolo. Passou pela Praça da Matriz e viu um casal de namorados se agarrando em um banco.

Olhava para os lados para ver se não estava sendo seguida.

Aproximou-se de uma casa antiga cercada por um grande muro. De fora via-se apenas parte da fachada.

Abriu o portão e viu o Land Rover branco na garagem.

– Chegaram! – disse Salvador olhando para Taiana e o gato em seu colo.

Ela se sentou ao lado de Nátila e colocou o gato no chão.

– Bem, eu quero dizer que as coisas estão indo muito bem. Dionísio fez um excelente trabalho hoje com a ajuda de Nátila e Sam.

Salvador coçou o queixo e continuou:

– Precisamos desmoronar os pilares desta cidade: Padre Afonso, Pastor Ruben e dona Elvira. Destruindo a credibilidade deles a cidade cairá.

– Eles são muito fortes – disse Taiana.

– Até mesmo os fortes tem seus pontos fracos. E é por eles que vamos entrar – disse Salvador. – Precisamos ficar atentos ao que eles dizem, ao que eles fazem, com quem andam... Observem a rotina deles e o dia que algo estiver errado a rotina vai mudar.

Nátila se levantou e disse:

– Eu cuido do padre. Um escândalo abala bem a fé dos pobres cristãos.

– A esposa do pastor já viu o video que fiz com o padre – disse Sam. – Ela está remoendo aquelas imagens. Depois as vomitará.

– Bem, agora precisamos ir ao velório e sondar os movimentos.

– Eu vou cuidar do pobrezinho do Calebe. Vai se sentir tão culpado pela morte do amigo que não vai se aguentar. Que tal uma droga para fazê-lo esquecer da dor? Que tal uma vida pervertida? Vou fazer uma série de sugestões para ele e com certeza vai se agarrar a uma delas.

Terminada a reunião, seguiram para o velório. Taiana desceu do carro um pouco antes para não ser vista com eles.

Salvador aproximou-se do pastor Ruben e o cumprimentou. Depois sentou-se ao lado do padre Afonso. Dona Elvira estava sentada ao lado da mãe de Frederico e fez de conta que não viu a chegada deles, mas Juliano não deixou de notar a presença da bela e formosa Nátila.

Mais tarde Dionísio a apresentou a ele e os dois conversaram um bom tempo madrugada adentro.

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