A Luz e a Sombra

By juarezdobrasil

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Antes vocês ouviram falar dele, talvez tenham escutado histórias de terror e muitos contos sobre o diabo, mas... More

Capítulo 1 Escuridão total
Capítulo 2 - Fogo!
Capítulo 3 - Missa cancelada
Capítulo 5 - Milagre!
Capítulo 6 - O melhor lugar do mundo: seu colo.
Capítulo 7 - A chácara
Capítulo 8 - Suicídios
Capítulo 9 - A reunião
Capítulo 10 - Cobras
Capítulo 11 - A festa
Capítulo 12 - Salvador
Capítulo 13 - Desconfiança
Capítulo 14 - Desaparecida
Capítulo 15 - Salvador
Capítulo 16 - Procurada
Capítulo 17 - Linchamento
Capítulo 18 - Festa de natal
Capítulo 19 - Culpados
Capítulo 20 - Salvador
Capítulo 21 - O dia do crime
Capítulo 22 - Natal
Capítulo 23 - Santo Salvador
Capítulo 24 - O novo padre
Capítulo 25 - Ímpetos fatais
Capítulo 26 - Tocar em suas vestes
Capítulo 27 - Debaixo do quiosque
Capítulo 28 - Existe alguém mais bela que eu?
Capítulo 29 - A aliança
Capítulo 30 - O mal trabalha dia e noite
Capítulo 31 - Fogo no céu e na terra

Capítulo 4 - Dionísio

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By juarezdobrasil

– Boa tarde! Padre Afonso está tomando banho.

– Eu vim falar com você mesmo Salvador, disse dona Elvira olhando–o de cima a baixo. – Encontrei uma casa pra você. Pode me acompanhar agora? – Indagou dando meia volta.

– Claro que sim. É muita gentileza sua. Só um minuto. Vou vestir uma roupa mais adequada. – Ele estava usando uma bermuda jeans e camiseta regata.

– Eu espero – respondeu sem olhar pra trás.

Enquanto se trocava disse para Samuel:

– Vou olhar uma casa com dona Elvira. Volto logo.

– Tudo bem. Eu direi ao padre.

Dona Elvira estava conversando com uma senhora de uns sessenta e poucos anos quando Salvador retornou.

– Pode passar no supermercado segunda–feira que eu vou ajudar a senhora.

– Obrigada.

– Vejo que é muito generosa...

– Vamos – interrompeu–o sem cerimônia. – Preciso voltar logo para casa.

Após olhar cada cômodo da casa, Salvador foi para a varanda dos fundos, contemplou um pequeno jardim malcuidado.

– Não dá pra mim. É ótima, bem localizada, mas só tem dois quartos.

– Achei que fosse ideal. Um para você, outro para o garoto.

Ele sentou–se na mureta da varanda, jogou uma perna sobre a outra e olhou para dona Elvira que estava confusa.

– Há uma coisa que ainda não falei pra senhora. Não somos só eu e Sam. Ainda vão chegar Dionísio e Nátila.

Ela franziu a testa e não conseguiu processar seus pensamentos imediatamente.

– Pois é, continuou ele – Dionísio e Nátila são irmãos. Ele tem 19 anos e ela 14. Ele chegará hoje, ela talvez no meio da semana. Eles estão na casa de um grande amigo meu lá em São Paulo.

– São seus sobrinhos? – Foi a única coisa que dona Elvira conseguiu perguntar no momento, tamanha a sua frustração. Seu plano de tirá–lo da casa do padre Afonso havia falhado.

– Não. A mãe deles morreu ao dar a luz Nátila. Então eu os adotei. Os parentes não teriam condições financeiras para cuidar deles.

Dona Elvira ficou impressionada, mas tentou não demonstrar.

– Bem, então vamos embora, não temos nada a fazer aqui – disse aproximando–se da porta.

– Espere! – Pediu segurando levemente o braço dela. Dona Elvira se virou e apenas com o olhar pediu que a soltasse. – Desculpe–me! Eu quero lhe agradecer por sua ajuda, por sua preocupação comigo. Sei o quanto é ocupada, mas mesmo assim ainda encontra tempo para ajudar as pessoas. Sinto muito que a casa não nos serve, mas não se preocupe, estamos bem na casa de padre Afonso.

– Não precisa me agradecer por nada. Eu só estou tentando ajudar.

– Eu sei, mas também sei que não me quer na casa do padre. Só não entendo o motivo.

Dona Elvira fitou–o com a expressão carrancuda, coisa incomum de se ver. Afastou–se dele e disse olhando por cima do ombro:

– Pra dizer a verdade não quero mesmo.

Quando ela abriu o portão da frente da casa, Salvador segurou seu braço mais uma vez:

– Você é uma mulher muito atraente, sabia?

Ela olhou–o desconcertada, soltou–se de sua mão e saiu rumo ao carro. Abriu a porta e entrou.

– Pode continuar me chamando de senhora – disse colocando a chave na ignição, sem olhar para ele.

Ela o levou de volta à casa do padre e não lhe dirigiu uma palavra sequer. Salvador vez ou outra lançava um olhar furtivo, mas ela permanecia concentrada na direção do veículo.

* * *

Salvador foi direto para o quarto de Samuel. O garoto estava mexendo no computador.

– Dona Elvira é impenetrável!

– Quero ver quando mexermos com suas crias – respondeu com um sorriso sarcástico.

Ouviram uma leve batida na porta.

– Entre! – disse Samuel.

Padre Afonso já estava pronto para celebrar a missa das 18h. Faltava ainda meia hora.

– Que horas o rapaz vai chegar?

– Não sei. Ele vai me ligar para buscá–lo assim que chegar na rodoviária. Não se preocupe padre Afonso – respondeu Salvador.

– Tudo bem. E a casa?

– É excelente, mas só tem dois quartos. Mas dona Elvira com certeza vai encontrar outra. Até porque ela não está satisfeita com nossa estadia na sua casa.

Padre Afonso juntou uma mão na outra.

– Ela é muito cautelosa. E se preocupa muito comigo. Não é nada contra vocês, posso garantir.

– Eu sei padre – respondeu Salvador colocando uma mão sobre seu ombro. – Já percebi que ela é uma mulher formidável. Tem muitas virtudes e é muito querida nesta cidade. Não há razão para eu pensar que ela está contra mim.

Padre Afonso olhou para Samuel e disse:

– Tem bolo de cenoura fresquinho na cozinha.

Ele sorriu e saiu correndo do quarto.

Padre Afonso sentou–se na cama.

– Estou preocupado com Samuel. Ele está falando muito sozinho. Quando eu cheguei da rua enquanto você estava olhando a casa eu ouvi ele conversando no quarto. Ele fala e ele mesmo responde. Muda o timbre da voz.

– Sério? Será que preciso procurar um psicólogo?

– Talvez ainda não. Talvez ele precise mesmo é interagir mais com uma criança. Ele gostou muito de brincar com Dan. Vou falar com o pastor Ruben sobre isso.

– Obrigado. Nem sei como lhe agradecer – disse Salvador.

– Bem, agora preciso ir. Fique à vontade. Daqui a pouco estarei de volta.

Salvador olhou–o saindo e disse para si mesmo: – Estará de volta bem mais rápido do que imagina.

* * *

Sandro estava esperando Gilda em frente a casa dela. Estava impaciente. Olhava o relógio à toda hora. Já estava em cima da hora do culto começar e nada dela aparecer. Antes de sair de casa ele havia ligado e ela dissera que já estava pronta, mas ele tinha certeza que não.

Ela apareceu com uma blusa vermelha e uma calça jeans desbotada. Os cabelos estavam soltos e volumosos.

– Desculpe–me!

– Vamos porque já estamos atrasados.

Ele abriu a porta do carro pra ela e disse:

– Você está muito bonita.

Ao virarem a primeira esquina um rapaz fez sinal para Sandro parar. Sandro não o conhecia, ficou em dúvida, porém parou o carro.

– Estou precisando de uma informação – disse o rapaz. – Sabe onde fica a casa do padre...

– Afonso – completou Sandro apressado. Ele fez que sim com a cabeça. – É logo ali na praça. Entra aí que estou indo lá perto.

O rapaz tirou a mochila das costas e sem cerimônia entrou no carro. Gilda notou que ele era muito bonito. Tinha os olhos verdes, cabelos loiros curtos e encaracolados. Usava uma camiseta sem manga bem justa deixando seu tórax saliente e músculos perfeitos à mostra.

– Meu nome é Dionísio. Sou sobrinho de Salvador, não sei se conhecem, pois acabou de chegar à cidade.

– É um prazer conhecê–lo – disse Gilda virando–se para trás enquanto Sandro dava a partida no carro.

– Qual prazer lhe causo em me conhecer? – Indagou Dionísio com um sorriso nos lábios.

Sandro olhou–o irritado pelo retrovisor.

– É uma questão de educação – respondeu Gilda sentindo o sangue ferver.

– Ouvi dizer que o povo desta cidade é muito educado mesmo. Mas eu penso que tudo tem um limite. E pra ser educado não precisamos mentir. Gosto mais da sinceridade das pessoas do que da educação delas.

Sandro teve vontade de parar o carro e mandá–lo sair, porém permaneceu firme e deu o assunto por encerrado. Gilda ficou acuada e ao mesmo tempo assustada com a naturalidade com que Dionísio dissera aquelas palavras.

Sandro parou diante da igreja pentecostal e saiu do carro. Abriu a porta para Dionísio e disse:

– É só atravessar a praça.

Ele saiu do carro e colocou a mochila nas costas. Esticou os braços pra cima, sua camiseta subiu exibindo uma barriga sarada aos olhos atentos de Gilda.

– Que lugar patético! – Exclamou olhando a praça onde havia um gigantesco girassol esculpido em um tronco de madeira. – A gente se vê por aí – disse afastando–se deles.

– Obrigado! – Disse Sandro olhando–o pelas costas.

Ele se virou e respondeu sorrindo:

– Eu não pedi carona, você me ofereceu. Aliás eu preferia ter vindo a pé, o seu carro está com um cheiro de velho.

Sandro segurou na mão de Gilda e saiu rumo a igreja. A vontade dele era agarrar aquele rapaz pela gola da camisa e lhe dar umas boas bofetadas.

– Que sujeito arrogante e mal educado!

– Não se parece com o tio.

– Você fala desse Salvador como se fosse um deus.

– Não exagera! Ele é extremamente fino, educado.

Os dois sentaram–se num dos últimos bancos. O pastor já havia começado o culto. Dan ao ver Gilda correu até ela, deu-lhe um abraço e ficou ao seu lado. Ester também se levantou e estava indo em direção a Gilda quando uma mulher descabelada e ensaguentada entrou gritando na igreja. A garota ficou assustada, correu e se agarrou em Sandro. Todos ficaram em pânico.

– Calma Ester! – Disse Sandro confortando–a em seus braços. – Fique aqui com Gilda que eu já volto.

Quando Sandro tocou no ombro da mulher ela já estava com um pé no degrau para subir no presbitério. Ela deu um grito assustada e olhou para trás. Segurou forte em seus braços o que parecia ser um bebê envolto em uma manta.

– Ele está vindo me pegar! Socorro!

– Calma! – Disse o pastor Ruben aproximando–se.

A mulher se debateu quando eles tentaram segurá–la e o suposto bebê caiu no chão aos pés de Sofia. A mulher levou as mãos à cabeça e se abaixou rapidamente. Seu choro ecoava por toda a igreja deixando os fiéis atônitos.

– Meu bebê! Meu bebê! – Exclamava. Sofia abaixou junto com ela e se assustou caindo para trás quando um gato saiu de dentro da manta e seguiu correndo pelo corredor rumo à porta de saída.

A mulher prostrou–se no chão e uma multidão se ajuntou ao redor dela, tentando acalmá–la. Pastor Ruben pediu para se afastarem um pouco. Começou a conversar com ela, que aos poucos foi se acalmando.

– Meu marido quer me matar. Ele está vindo atrás de mim. Eu consegui fugir com meu bebê. Por favor, não deixe ele me matar! Por favor, me ajude!

Sandro voltou para junto de Gilda.

– Coisa esquisita.

– Estou assustada. Vamos sair daqui com as crianças.

Quando chegaram na porta da igreja viram um tumulto na igreja católica, do outro lado da praça. As pessoas estavam saindo correndo de dentro da igreja.

– Fique aqui! Eu vou até lá – disse Sandro e saiu sem ouvir a resposta de Gilda.

* * *

– O que está acontecendo? – Indagou Sandro ao aproximar–se das pessoas na porta da igreja católica.

Séfora estava ao lado de Juliano. Os braços arranhados e minando sangue.

– Um gato louco entrou aqui. Parece que estava correndo de algum cachorro e então arranhou várias pessoas. Ficou pulando de banco em banco até chegar aos pés do padre – respondeu Juliano.

– Que horror! – Exclamou Sandro. – Eu quero ver este gato.

Ele entrou na igreja e foi até padre Afonso. Ele estava pálido, os olhos arregalados e em suas mãos o gato estava totalmente calmo. Sandro então reconheceu que era o mesmo gato que aquela mulher trazia em seu colo. Um gato preto com manchas brancas. Contou ao padre o que estava acontecendo na igreja pentecostal.

– O senhor está bem padre Afonso? – Indagou dona Elvira aproximando–se dele.

– Estou bem. Vamos socorrer os feridos. Você nos ajuda Sandro? – Ele fez que sim com a cabeça. – Elvira ajude–o a cuidar dos nossos irmãos.

– Claro padre. O que vai fazer com este gato?

Padre Afonso soltou–o, ele saiu correndo pelo corredor e desapareceu porta afora.

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