The 2 Of Us - Livro 1. Duolog...

De FlaviaLobato

218K 16.6K 6.8K

Heather Colbert aprendeu a andar com suas próprias pernas e amadureceu da forma mais dura possível, perdendo... Mai multe

Inspirações
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Extra - Por Dan
Capítulo 18
Capítulo 2 - Por Stephan
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Extra - Por Dan
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Coluna: Voce ouviu?
Capítulo 40
Extra - Por Dan
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Extra - Por Dan
Extra - Por Adam
Capítulo 46
Epílogo

Capítulo 47 (FINAL)

1.8K 156 105
De FlaviaLobato

Daniel entrou no quarto com o olhar focado em mim, cumprimentando Bruce com um aceno discreto, respondido na mesma medida por meu irmão. Não consegui encará-lo, estava machucada de todas as formas que poderia vir a mente e mais perdida do que nunca, vê-lo naquele momento só aumentava a intensidade do que havia acontecido. Sentia como se todo esse tempo fosse envolto por algum tipo de farsa. Não tinha a ver com seu passado, se fora tão ruim quanto Zachary disse, só cabia a Daniel me contar e se quisesse, mas o nosso presente já era outra história. Uma história quase arruinada.

- Preciso avisar o médico que você já acordou. Volto depois. - Bruce sorriu para mim e saiu, deixando-me sozinha com Daniel.

Eu não tinha o que falar, na verdade não tinha nada de bom para falar, apenas os fatos amargos. Ele sentou cuidadosamente numa das poltronas, a mais distante, e só nesse momento percebi a tala gessada que pegava do cotovelo e chegava a contornar os dedos de sua mão direita. Ele baixou a cabeça enquanto o observava de soslaio. Eu não sentia como se precisássemos dizer alguma coisa.

- Me perdoa. - Daniel disse baixo, mas num tom firme, ainda sem olhar diretamente para mim. - Eu... Eu sinto muito por tudo, Heather. Pelas coisas que disse para você e pelas coisas que aconteceram naquela madrugada.

Naquela madrugada?

Cerrei os punhos, tendo a impressão de que ainda não estava bem o suficiente para qualquer esforço. Um incômodo afetava o final das minhas costelas, na lateral esquerda e ainda me sentia sonolenta.

- Você sente muito mesmo depois de todas as chances, Daniel? - Franzi o cenho enquanto escrutinava suas feições que só me lembravam meus sentimentos pisoteados. - Você não sente nem a metade do que eu sinto pelas palavras vazias e pelas coisas que nem sei se foram verdadeiras!

Ele respirou fundo, apoiando a mão boa próxima ao joelho enquanto mantinha a outra suspensa.
- Eu sei que não, e é por isso me sinto pior ainda, Heather. Porque metade de tudo isso eu deixei acontecer e sequer passei pelo o que você passou, não posso nem absorver a sua dor. - Ele meneou a cabeça lentamente, virando o rosto para o outro lado, voltando a encarar o chão. - E ainda tem essa... Essa dor que me corrói porque eu sei que, independente da decisão que tomar, estará certa. O que eu sinto, o quanto o amor por você me consome, já não faz diferença.

Meu lábio inferior tremeu, enquanto franzia o cenho. Como ele poderia ter coragem de me falar sobre amor quando quebrou uma das bases?
- Decisão? Sobre o que? Agora eu tenho direito a alguma escolha, Daniel?

- Sobre nós dois... - ele murmurou, me encarando por um milésimo de segundo no qual evitei absorver o impacto seguro de seu olhar.

- Mal sei o que aconteceu. Eu passei por momentos horríveis, onde a cada segundo eu implorava para que pelo menos uma parte minha saísse ilesa. - Ofeguei, apertando o pano entre meus dedos como se o alívio de cada palavra impulsiva tornasse a sensação menos ruim. - Tudo dói. E eu sinto que não restou nada, Daniel.

Ele fixou o olhar sobre mim, cerrando a mandíbula com força enquanto dor e cansaço dominavam seu semblante, de modo que pareciam fazer parte de alguém que por um instante se tornou desconhecido. Daniel entreabriu os lábios, mas som nenhum saiu, fazendo-me desistir precocemente de ouvi-lo enquanto, por um favor do universo, a porta se abria. Um homem alto e de cabelos grisalhos, feição calma e usando jaleco entrou com uma prancheta em mãos. Permanecemos calados enquanto ele vinha em minha direção, checando a agulha presa em meu braço que levava a bolsa de soro.

- Boa noite, Heather, sou Phill Gunter, o médico responsável pelo seu tratamento. Como está se sentindo?

Limpei a garganta devagar, observando seus procedimentos rápidos, como se fizesse um check-up clínico.
- Sonolenta, fraca e... Dolorida.
Ele abriu um pequeno sorriso, anotando algo na prancheta e me encarando em seguida.
- O efeito dos sedativos ainda se faz presente, por isso a sonolência e você precisa de repouso, passou por situações muito estressantes então não há nada de mais em querer manter-se quieta. E deve.

Senti o incômodo no final das costelas novamente e indiquei, passando a mão direita suavemente pela região, tocando um nó que não tinha antes, estremecendo com a dor e sensibilidade no local.
- O que aconteceu?

O médico tomou uma postura mais séria.
- Você chegou pela emergência há duas noites, Heather, num estado de hipotermia moderada. Foi submetida a lavagem pleural, onde, numa linguagem mais chula, um cateter é introduzido nessa área para que o líquido salinizado e aquecido possa adiantar o processo de aquecimento do corpo. Você estava praticamente inconsciente, respondendo a poucos estímulos, então achamos melhor sedá-la, ainda pela pela curetagem que viria a ser feita.

Pisquei devagar, soltando o fôlego num sussurro baixo.
- Curetagem?

Ele olhou rapidamente para Daniel, que permanecia imóvel na poltrona, mantendo uma postura catatônica enquanto aquela maldita dor crescia em mim e o sentimento de vazio se fazia cada vez mais real e abusivo.

- Infelizmente, o aborto espontâneo é comum em vinte por cento das primeiras gravidezes, antes da vigésima semana. A curetagem uterina é feita para realizar a limpeza dos restos fetais quando o aborto é incompleto. Não havia nada além disso a ser feito quando você chegou e é uma situação praticamente inevitável. Sinto muito por isso.- Minha voz sumiu, enquanto desviava o olhar procurando um refúgio ou qualquer indício de paz no quarto. - Vou mantê-la em observação por mais um tempo para que nada dê errado no tratamento e pela estrutura oferecida no hospital, onde seu repouso ocorrerá de acordo com minhas recomendações. O que mais precisarmos fazer, veremos depois, agora só precisa descansar.

Ele sorriu mais uma vez antes de sair do quarto e deixar o silêncio reinar esmagador. Eu me sentia totalmente perdida, sem foco algum em qualquer análise de visão da minha vida. Ele seria meu tudo e, agora, já nem mais existia.

- Eu sinto, não como você, mas sei que dói. - Daniel murmurou.

Respirei fundo. Não ligava para a minha situação, nem para de qualquer outro, só conseguia pensar na história que já se reescrevia pela perda, injusta e maçante. Dois dias sabendo dele foram o suficiente para me fazer desejá-lo e ser o melhor de mim, mas por um motivo aleatório eu teria dê-me acostumar às coisas que queria quando suspeitei de sua existência, sem querer aceitar. Mordi o lábio com força, sentindo as lágrimas se acumularem, cheias em meus olhos, sentindo raiva por ter esperado que meu bebê fosse um engano ou um falso positivo, porque quando realmente já não o tinha mais, doía como nunca, em momento algum, doeu saber que ele estava lá.

- Você não sabe. - Levei as mãos ao rosto e num soluço dolorido as lágrimas romperam incessantes, numa torrente que acumulava tudo, mas principalmente a perda dele. E eu nem tinha a quem culpar.

Ele nunca ouviu minha voz, mal conheceu meus gostos, não viveria nunca sequer uma ideia que passou pela minha cabeça pensando em seu futuro e eu não saberia como ele seria. Tudo isso, meus anseios e dúvidas, as angústias e agitação, simplesmente acabou. Não havia o que ser feito, talvez não houvesse antes, e era por isso que doía. Eu não estava preparada para sua chegada, porém, muito menos para sua partida tão precoce.

Senti Daniel me tocar, seu toque característico, aquele me fazia estremecer e aquecia, agitando meu coração de um forma racionalmente impossível, mas somente trouxe mais sofrimento ainda porque tudo girava em torno dele. Afastei-me de seus braços, empurrando-o e me encolhendo próxima a beira oposta da cama, repudiando seu gesto. Eu não queria sentir nada disso de novo, não queria sentir o amor que me sufocava e fazia meu peito doer, não queria sentir que poderia haver uma saída e que tudo ficaria bem, um dia. Eu queria ficar longe de tudo. Eu queria ficar longe dele.

- Heather, me deixa fazer algo por você. - Sua voz soava tão fraca, irreconhecível, enquanto a distância entre nós dois só aumentava.

- Não me toque, você já fez demais! - Tornei a olhá-lo, mal enxergando por entre as lágrimas incessantes, mas sentindo na pele a dor que ele demonstrava. Quem mais tinha esse direito? - Eu já nem sei quem você é.

Solucei ao observar sua postura. Os ombros praticamente despencaram, relatando resignação, enquanto Daniel me encarava boquiaberto, aparentemente torturado. E pensar que eu o amava com todo o meu ser enquanto ele me enganava, parecendo mais preocupado consigo mesmo do que realmente comigo. Daniel passou uma das mãos nos fios loiros, fazendo menção de me tocar com a outra, logo desistindo quando neguei com veemência. Meu peito doía e o nó sufocava minha garganta, fazendo com que o choro parecesse uma forma de alívio num caminho longo e torturante.

- Eu ainda sou o mesmo, Heather. Ainda sou o Daniel, o seu Dan! - Ele pensou um pouco, dando espaço para que dúvidas surgissem em meus pensamentos sobre tudo o que aconteceu, desde o nosso início.

- Até que ponto você foi meu, Daniel? Vejo que enquanto me entregava você mantia um pé atrás por si mesmo, levando o que quer que fosse para outros e cobrindo meus olhos para a verdade! - Inspirei com dificuldade, tonta e totalmente abalada. Machucada. Toquei o lado esquerdo do peito, sentindo que bem naquela região meu coração estava em pedaços. - Até eu onde eu entrei?

Daniel apertou os lábios, mostrando-me um lado que nunca imaginaria ver nem mesmo quando se tratava de sua relação com Reuben. Via sua fraqueza, a verdadeira, mas a minha dor me empurrava para um ponto onde queria que ele pudesse sentir o que eu sentia e eu ignorei. Ignorei a força que seu punho demonstrava ao fechar na lateral do corpo, o tremor que o transpassou e, com todas as minhas forças, ignorei como seus olhos pareciam ainda mais brilhantes. Marejados.

- Você me tomou. Levou tudo o que eu ainda tinha, jogou-me num abismo e se fez minha luz, Heather. Se cheguei até aqui foi porque minhas escolhas queriam me trazer ao meu lugar. Achei ao qual pertenço e é ao seu lado, mas eu não tinha um manual de instruções para saber como resguardar, então simplesmente fiz o que sabia fazer. Como eu poderia lidar com algo que não conhecia antes de você?

Daniel engoliu em seco, fazendo-me desviar os olhos dos seus. Além da dor, a única coisa que ainda poderia distinguir era que estava perdida.
- Como eu poderia acreditar? - murmurei, cansada.

Eu só queria distanciá-lo e sentir menos por ele.

- Olhando para mim e afirmando que nem uma palavra do que eu disse, que nada do que fiz e como demonstro meu amor por você, é verdade. - Sentia-me covarde, mesmo depois de tudo, por ser incapaz de encará-lo, amendontrada pelos sentimentos, pelas sensações. Pelas perdas. - Não importa aonde você for, sempre vai levar meu lugar com você!

- O que você está fazendo? - Apertei os lábios, sentindo uma queimação. - Deve saber o quanto amo você, mas não faz ideia do quanto o quero longe. Eu não posso lidar com isso. Não consigo olhar para você sem pensar nas mentiras, nas situações ou no meu bebê, Daniel. Eu não consigo.

- Eu não poderia adivinhar que você carregava um filho meu. - Daniel soltou devagar cada palavra. - Eu fiz o melhor que podia por você, como eu pensava que deveria!

Eu não tinha nada a ver com o que acontecera, chegava a ser irônico o tanto que descobri quando envolvida.
- Não foi por mim. Você não queria que eu descobrisse a sua história!

- Eu não queria que você se machusse ao saber o que já fiz! - Um silêncio se estendeu, então voltei a olhar diretamente para Daniel sentindo meu peito se contrair com a visão de seu rosto. O que aconteceu com a gente? - Eu não sei o que Zachary disse e, na verdade, nem me importo. Você precisava saber, um dia, mas não até que eu pudesse mostrar tudo que realmente sou e quão bom eu posso ser. Quão bem eu posso fazer a você.

- E então acabamos dessa forma. - Daniel entreabriu os lábios e arqueou as sobrancelhas. Inspirei devagar, e as lágrimas voltaram com mais força ainda. Os atos contradisseram as palavras e esse foi o grande erro. Antes o mundo parecia estar em suas mãos, bem como o meu coração, mas no momento sentia como se Daniel tivesse tropeçado, e feio, quebrando tudo em pedaços grandes e cortantes. - Eu estou cansada, sinto dor e não acho que você pode me ajudar agora, Daniel. Vai embora, por favor.

Ele continuou sentado, me encarando, em seguida desviou o olhar para o chão deixando que algumas lágrimas desgraçadas escapassem por mais que a contenção fosse árdua. Aquela foi a ponta do meu iceberg. Daniel levantou devagar, talvez por dor física ou por não querer fazê-lo, lançando-me um último olhar rápido de tão perto.

- Você é meu tudo, Heather, e mesmo que essa dor tente me destruir a cada segundo, eu vou resistir. Por você.

Meneei a cabeça devagar, mordendo o lábio inferior.
- Não estou preparada, Daniel. Não quero falar sobre isso... - minha voz saiu num sussurro, abafada pelo nó na garganta.

Ele abriu um sorriso minúsculo, forçado.
- Eu sei, morena, e respeito isso. Não posso exigir mais nada de você, já fiz merdas demais para pedir mais uma chance. Agora vem a porra da consequência.

Ele caminhou até a porta, deixando um peso em minhas costas, como se a dor que ele demonstrasse fosse mais uma prova de que nada daria certo de verdade para mim. Nada seria fácil. Nem o amor, porque sozinho ele não passava de um sentimento passivo, submisso a qualquer tipo de sofrimento e que só possuía voz no momento de ressaltar quão terrível poderia ser. Palavras espontâneas me vieram a boca, sem filtro ou receio.

- Eu iria contar a você sobre o bebê. - Minha voz saia embargada, fraca, meus olhos já estavam inchados, mas eu não me importava. Tantas vezes Daniel me vira totalmente vulnerável, e ele precisava saber. - Eu queria que você fosse o primeiro a saber.

Depois de mim, mas o único que ainda pode ouvir sobre foi Adam. Mais irônico ainda. Daniel pescou no bolso da calça jeans o bottom que eu iria dar para ele, e o apertou entre os dedos para depois guardar novamente no mesmo lugar. De alguma forma, eu sabia que ele poderia ter sido o melhor pelo bebê.
- Eu não pude abraçar o mundo, então o soltei para poder tê-la de volta para mim. Você não vai escorrer por entre meus dedos, Heather. Eu não vou desistir de nós.

Ele abriu a porta e saiu. Lá estava eu, novamente sozinha e com um buraco duas vezes maior no peito, vendo minha vida desmoronar e todas as certezas e felicidades a tornarem-se fumaça. Eu não sabia mais como era a vida sem Daniel, não lembrava do que era existir sem amor. Os caminhos pareciam mais escuros e, estranhamente, mais difíceis. Eu não havia perdido mais ninguém além do meu bebê, no pior dos sentidos, o que não atenuava nenhuma dor. Era um homem, apenas. Daniel, o dono de toda a merda de sentimento verdadeiro conquistado em mim.

Desabei, dessa vez sem conter coisa alguma, nem os soluços ou os suspiros, mesmo os gemidos de uma dor que parecia se materializar. Não me importava de chorar por alguém além de mim, por dois ainda por cima. Que me julgassem por sofrer por um homem, ele era o amor da minha vida e disso eu não tinha dúvidas, só sabe o que uma aparente perda causa quem passa por algo assim. Parece insuportável.

A porta abriu novamente e Bruce entrou, alargando os passos ao notar quão destruída eu estava e trazendo algum conforto em meio ao nada. Seus braços me acolheram com tanta firmeza, que me senti novamente impotente. Eu não poderia mais ser desse jeito, queria ser autossuficiente e toda a situação, por mais dolorosa que fosse, me mostrava o quanto eu ainda precisava crescer. Eu achava que o tinha feito quando Daniel chegou, mas sua saída me mostrou quão errada eu estava, porque continuava sendo a mesma pessoa frágil e desesperada, por mais que conseguisse mascarar com a segurança que ele me dava. Infelizmente, eu ainda preferia a falsa sensação de ser forte.

- Por que dói tanto, Bruce? - Murmurei entre soluços, sentindo seus braços me apertarem ainda mais.

- Porque você viveu o que foi oferecido da forma mais digna que alguém poderia, maninha. - Bruce nem sabia do que eu estava falando. Provavelmente pensava que era apenas sobre meu bebê. - Às vezes, a vida nos maltrata para nos fortalecer e, mesmo quando é só por maldade, devemos usar a nosso favor. O que dói, Heather, uma hora vai cicatrizar e você vai perceber que tudo fica bem, inevitavelmente.

Permiti que meu irmão me consolasse, enxugando lágrimas e afagando minhas costas a cada soluço, mesmo que não conseguisse fazer o sentimento torturante passar. Eu pedi para Daniel ir embora, e parecia um erro, mas me sentia traída. Minha confiança fora colocada em jogo e, ao que parece, jogada ao vento sem remorso algum. Sem falar nos momentos horríveis e desgastantes que passei graças às escolhas dele, e o bebê. Não me sentia capaz de suportar tamanha dor, lidar era praticamente impensável. Não sabia se me faltava maturidade ou força e, no momento, pouco me importava, eu queria poder esquecer e fingir que tudo isso nunca aconteceu.

Cecil Turner, a médica, apareceu depois para me visitar e conversar comigo sobre o aborto, mas percebeu que eu ainda não pretendia tocar no assunto. O tempo que eu queria se referia a tudo, só almejava um pouco de paz e deixar as dores de lado. Cecil, como disse que deveria chamá-la, me distraiu por uns vinte minutos com amenidades e seus sorrisos sinceros. Isso até Adam aparecer. Ele era outro que me deixava confusa, a beira de um ataque de nervos, mas no momento em questão eu precisava agradecê-lo de alguma forma, mesmo que não fizesse ideia do que acontecera enquanto estava presa na sala.

- Como você está? - ele perguntou baixo, aproximando-se com cautela ao passo em que eu analisava seu estado. Por mais bonito que fosse, não era capaz de me distrair do corte no supercílio, do hematoma no queixo ou do inchaço nos lábios.

- Como você acha? - eu não precisava ser gentil e já saía ganhando por isso.

Ele abriu um sorriso mostrando que também não fazia questão de um tratamento mais decente.
- Você não quer ouvir a minha análise. - Adam sentou na poltrona bem ao meu lado, não se importando com meu silêncio. - Eu não sinto muito pelo que aconteceu, até porque não tinha nada a ver com a situação, mas eu me importo com você o suficiente para acabar dessa forma, então... Desejo que fique bem, já que não dá para voltar e impedir ou ignorar.

Respirei fundo. Era a minha hora de ceder.
- Obrigada, por tudo. Desde a boate até... Até o que você fez por mim durante aquela noite. - mordi o lábio inferior enquanto apertava os dedos de forma nervosa sob seu olhar, o mesmo de sempre. Intimidador. Felino. - Quero que saiba que mesmo com os desentendimentos que tivemos, nunca guardei nada de ruim sobre você, nem teria como citar motivos já que as divergências se deram por diferentes interesses.

- O que eu conheço de você é o suficiente para me dar essa certeza. Você ainda deixou eu me aproximar mais vezes do que deveria. - Seu sorriso se ampliou, demonstrando que suas intenções não eram as melhores naqueles momentos. Apenas devolvi o olhar, sem a intenção de jogar, querendo mostrar sinceridade. Adam tornou-se sério em questão de segundos, parecendo pensativo. - Por que ele? Por que você preferiu Daniel a mim?

Voltei a perder força. Eu poderia dar milhares de respostas e continuaria sendo complexo de explicar, mais ainda porque não queria falar sobre ele. Não queria ouvir o nome dele, doía demais.
- Isso se resumiu a uma disputa o tempo todo? Adam, eu não preciso explicar isso e nem quero, só aconteceu. - Suspirei, vendo que ele não recuava ao sustentar a mesma postura inquisitiva. - Você me excitou no primeiro momento, me deixou vulnerável, mas eu não senti nada demais depois daquele beijo. No primeiro olhar, Daniel me deu o dobro das sensações e quando ele apareceu, você começou a mudar e a me afastar. Foi aí que Dan... - parei ao sentir que a voz começava a embargar. Ele me conquistou tão fácil, nocauteou em poucos movimentos e a luta já estava garantida.

Daniel foi o perfeito cavaleiro dourado, aparecendo no exato momento em que mais precisava de um apoio. Minha vulnerabilidade e a proteção que ele oferecia, seu fogo, foram a combinação perfeita para chegarmos aonde paramos. Talvez, no começo a paixão fosse uma máscara para as minhas necessidades e ele as supriu tão bem que o resto foi consequência. O engraçado é que eu tinha certeza de que o amor fora construído, mesmo que embaixo de tudo e rápido, porém, não era autossuficiente.

Eu sentia tanto por ele durante todo o tempo que fui praticamente incapaz de enxergar suas falhas até as consequências aparecerem e a perfeição dar lugar à humanidade e, consequentemente, ao erro. Não que eu fosse perfeita, ele foi quem mais viu os defeitos - minha ansiedade, o temperamento forte e tantos exageros-, mas eu fui sincera. Como eu poderia saber se ele fora? Se bem que não acreditava que alguém poderia manter tantas coisas boas por falsidade durante tanto tempo e, mesmo que me questionasse, meu consciente gritava "Não seja idiota, você sabe que ele era tudo isso. Só não quis enxergar o resto."

- Eu ficava me perguntando o que poderia ter acontecido se Daniel não tivesse aparecido naquela noite. E se ele não fosse tão insistente.

Fechei a cara. Adam já estava abusando da minha paciência.
- Então pare. Já aconteceu e, mesmo que não tivesse acontecido, tenho certeza de que não terminaríamos juntos. Você só queria me usar, Adam, e eu não estava nem um pouco a fim.

- Ele conseguiu o que eu não fui capaz... - Adam murmurou devagar, claramente me provocando.

- Daniel foi um evento inesperado. - Declarei a verdade pela qual não tive oportunidade de defesa. - Qual é o seu objetivo com isso, afinal? Por que você sempre, sempre chega como quem não quer nada, me agrada e depois estraga tudo?

- Nenhum. - Meu queixo caiu. Adam estava trocando minha dor por irritação e eu até admirava isso, mas não era como se estivesse melhorando. - Queria apenas conversar com você e ter a certeza de que está bem, mas, por algum motivo, acabo a irritando toda vez que tento.

- Adam, pelo universo, você realmente acha que eu quero conversar sobre Daniel depois de tudo? Eu... - hesitei, então percebi que não ligava realmente para o que ele pensaria. - eu estou sofrendo, sinto dor por tudo, e não seria muito pedir alguma empatia. Estou cansada de jogos e provocação, cheia. Que tipo de pessoa você acha que eu sou? Não fui feita de ferro...

Ele crispou os lábios antes de desenrolar outro de seus sorrisos.
- Eu acho que você é forte. – Desisti de debater, descansando o corpo sobre a cama e me acomodando da melhor forma possível. Ele sempre me surpreenderia e tentar entender suas mudanças não me levaria a lugar algum. – De qualquer forma, eu preciso ir. Tenho de resolver minha parte nos negócios de Zachary e tentar me livrar do que me atrele a tudo que aconteceu. Infelizmente, acho melhor você recapitular tudo que conseguir daquela noite, porque há uns detetives investigando o caso e, provavelmente, a situação se complicará já que estavam atrás do falecido sem saber. Você, como vítima, pode fornecer muitas informações, mesmo que eles pensem que o sequestro teve a ver com extorsão.

Meu queixo caiu. Óbvio que a polícia seria envolvida, mas que negócios seriam esses que tornariam a situação pior para o lado de Zachary? Na real, eu nem queria saber mais nada dele, somente sobre uma preocupação que me veio a mente, mesmo que fosse apenas a justiça fazendo sua parte.

- Quanto você e Daniel estão relacionados a esses negócios?

- Zachary era um imbecil egoísta e o único laço visível de Daniel com ele se dava pela tentativa de defesa a Mark, o tio, e você. Ele já estava fora há muito tempo, e eu tenho os meus métodos. – Ele se levantou da poltrona parecendo realizar um grande esforço no movimento, aproximando-se ainda mais e tocando minha mão, segurando-a. Seu calor era bom, diferente de todas as outras vezes. – Não se preocupe com nenhum de nós dois, somos dois imbecis resistentes que não merecem esse luxo.

- Você tem razão! – afirmei, engolindo em seco.

Adam puxou minha mão devagar e pousou um beijo cortês na costa dela, sorrindo novamente.
- Deveria tê-la tratado dessa forma desde o início. – Suspirei demonstrando impaciência, ato que o fez rir antes de me soltar. – Cuide-se, Heather! Espero que nos encontremos em algum momento bom do futuro.

Afirmei devagar com um movimento da cabeça, vendo Adam sair do quarto em passos lentos, com aquela arrogância natural que o deixava ainda mais imponente, mesmo que machucado. Ele não mudaria, talvez nem devesse, apenas precisasse encontrar alguém que o aceitasse daquela forma e ajudasse a trilhar outro caminho. Suspirei uma milésima vez, perdendo o olhar nos vasos de flores em cima do móvel ao lado da porta.

Quando ficava sozinha, a brecha para a dor se transformava numa porta escancarada, e eu sabia que não adiantava abrir passagem e desabar, só pioraria a minha situação. Como eu poderia lidar com esses sentimentos sem sofrer? Simplesmente fiz o que minha mente pedia, ignorei cada segundo onde poderia pensar no que acontecera ou em Daniel. Ouvi batidas na porta, em seguida Bruce entrou devagar, ainda mantendo-a aberta.

- Heather, os policiais estão aqui para falar com você sobre o que aconteceu... – Suspirei, consentindo enquanto seu olhar afetuoso me escrutinava preocupado. Teria de passar por cima disso logo. Ele olhou para fora. – Entrem, por favor.

Primeiro entrou um homem carruncudo, trajando uma camisa social clara e jeans, com o peito estufado e olhar atento, seguido por uma loira intimidante, vestida de maneira tão despojada quanto ele e com feições ainda mais fortes.

- Senhorita Colbert, sou o Detetive William Barnes e essa é a Tenente Kaya Thomas, nós viemos recolher seu depoimento. – Assenti, tentando ignorar o cansaço e repetindo mentalmente que eles só estavam fazendo seu trabalho. – Sabemos dos traumas que passou e a necessidade de repouso, por isso tentaremos fazer isso da maneira mais objetiva e clara possível para não tomar muito tempo. – Os dois ocuparam as poltronas ao meu lado de forma cautelosa. O Detetive respirou fundo antes de puxar um bloco de notas e uma caneta no bolso traseiro da calça, e começar. – Quando foi a primeira vez que a senhorita viu Zachary King?

...

Assim que pus meus pés no hall de entrada da Union Valley recebi olhares curiosos, e não procurei distinguir outros tipos já que preferi continuar meu caminho de queixo erguido, agindo como se nada tivesse acontecido. Por fora, Heather Colbert era a mansidão em pessoa enquanto por dentro, a agitação continuava intensa e dolorida. Infelizmente, eu não podia parar o tempo e me trancar no quarto como queria, isso preocuparia as pessoas a quem eu menos desejava perturbar justamente por amá-las demais, evitando que se envolvessem em meu sofrimento.

Respirei fundo quando as portas do elevador se fecharam, deduzindo que não fora tão ruim quanto eu achava que seria. Era suportável ter aqueles olhares questionadores sobre mim, mas ainda havia a luta diária da superação e todas as outras pessoas mais próximas de mim e de Daniel na empresa. "A namorada do jovem empresário e herdeiro de grandes negócios, Daniel Fountain, passa bem". Era isso o que sites de fofoca e alguns noticiários diziam enquanto eu me recuperava no hospital.

Recebi vários cartões, mesmo de pessoas com quem mal havia conversado e sabia que todos iriam querer de volta se soubessem o tamanho da distância que impus entre mim e o chefe deles. É, a maioria era de pessoas dos negócios da empresa. Wanda passou grande parte do tempo comigo, quando Bruce não podia e quando Stephan precisava resolver alguma emergência relacionada a seus estudos. Sem falar nas recorrentes visitas de Rick, e algumas de Louis, que estava ocupada demais com seus avós. Bruce já havia se instalado no apartamento, fez uma série de ajustes e trocas na estrutura, tomou medidas contra a má segurança do prédio e conseguiu benefícios que atingiam a todos os moradores, principalmente do nosso andar. Era terrível vê-lo a se culpar por um erro que não fora dele, mas preferi não interferir nos seus atos e sentimentos protetores, já que talvez essa fosse sua forma de redenção pelo passado.

Quando voltei ao apartamento entendi o que eles quis dizer sobre os arranjos exagerados que Daniel mandara, notando o óbvio motivo de tudo aquilo não estar no meu quarto. A mesinha de centro estava abarrotada de arranjos, como o balcão da cozinha e o móvel da televisão. Os perfumes delicados se misturavam, todos os arranjos pomposos tinham vasos elegantes e fartos. Também havia cartões. O primeiro que vi foi o dos cravos, onde dizia "Amor e entrega são liberdade. Não achei que fosse possível até você entrar em minha vida." Haviam as rosas, na mesma cor do nome, pintando minha sala de forma triste para mim, lembrando-me a rosa de minha mãe. "Sempre haverão os espinhos, e eles machucam mais do que demonstram." Por fim, havia também as tulipas, muitas delas, e todas vermelhas demonstrando uma força que eu não tinha para ler as poucas palavras de cada cartão. "A esperança está na ferida que se cura. O "para sempre", está em mim."

Em qualquer outro momento anterior eu iria rir da sua forma piegas de fazer poesia e tentar me conquistar com romantismo, mas a única coisa que fui capaz de fazer foi olhar uma última vez e me direcionar ao meu quarto, pedindo para Bruce guardar todas aquelas flores num lugar onde eu não pudesse ver. Meu irmão começou a entender o que se passava a partir daí, fechando a cara a cada menção que remetesse Daniel. Os dias passaram dessa forma, eu me acovardando a enfrentar o problema e meu irmão fazendo questão de me proteger. A cada visita eu estampava um sorriso quase amarelo no rosto, graças a minha grande habilidade de fingir que estava bem, e nem foi tão difícil.

Adentrei a recepção de Carlton, vendo Sophie pular de sua cadeira e correr até mim com um lindo sorriso, claramente animada por me ver.

- Pode ser a milésima vez que você ouve isso, mas eu preciso perguntar, Heather. Como você está?

- Desde que não seja uma pergunta por educação, já nem me importo. – Ela abriu ainda mais o sorriso. – Eu estou bem na medida do possível, tive uma boa recuperação.

Era uma resposta relacionada ao meu estado físico, obviamente.

- A gente se conhece há pouco tempo, eu sei, mas eu gosto de você o suficiente para me preocupar. Sabe que mesmo eu sendo secretária de Carlton, sempre estou disponível pra você.

Sophie acabou me arrancando uma risada. Ela era maravilhosa.

- Eu preciso falar com ele, por mencionar. Nem imagino o quanto perdi durante esse pouco tempo fora.

- Fique à vontade, ele já chegou e parece bastante atarefado ultimamente. Ele vem trabalhando arduamente naquele projeto de vocês relacionado à filial em Soulburn.

Assenti, me afastando devagar, em direção a porta da sala com o sobrenome do meu patrão direto. Bati na porta levemente, esperando minha entrada ser permitida enquanto recapitulava em minha mente informações sobre o projeto. Lembrei-me que Carlton estava investindo seus recursos numa possível transferência, porque se a filial em Soulburn, que era uma das maiores representações no mercado, não funcionasse bem, nenhum esforço nosso adiantaria. Adentrei o ambiente, sentindo o perfume leve de Carlton, num aroma leve e ainda assim marcante, trazer-me certa tranquilidade.

- Heather! – Ele abriu um sorriso e levantou da cadeira moderna, ampliando os passos em minha direção. Sorri minimamente, deixando que ele pegasse minhas mãos entre as suas e beijasse, galante. – É ótimo tê-la de volta por aqui, você fez uma falta que eu nem imaginei que pudesse.

Senti minhas bochechas esquentarem, sinal de que eu estava sem graça.
- Quanta gentileza, senhor Mayer! – Brinquei, tentando aliviar a leve tensão. Eu não esperava tal tratamento e, na verdade, nem estava me importando com cordialidade e simpatia. – Vou fingir que acredito que fiz tanta falta quando se tem uma secretaria como Sophie. O que eu perdi?

Ele me ofereceu o assento em frente a sua mesa, que aceitei de bom grado, deu a volta no móvel e acomodou-se na cadeira enquanto o observava. Eu estava aliviada, por um lado, pelo fato de ele não ter me olhado de um forma diferente, quase piedosa, enquanto perguntava se estava tudo bem, confirmando que eu estava certa em confiar de que o serviço me faria o maior bem. Eu só precisava não pensar que poderia encontrar Daniel e, se por acaso surgisse oportunidade, eu faria de tudo para driblá-la.

Se eu estava fugindo? Óbvio. O mandei embora do hospital, pedi para Bruce evitar que ele aparecesse e isso foi quando comecei a sentir raiva. Quando o vazio voltou novamente, vieram as ligações que eu recusava, sem saber o que poderíamos dizer um para o outro. Eu já o havia perdoado por suas mentiras, não adiantaria nada guardar mágoa de alguém que, no geral, me trouxe tanta felicidade e o amor que ainda tinha a oportunidade de experimentar, mas não queria falar sobre o que acontecera. E assim continuava levando, só que os motivos tornaram-se simplesmente covardia. Meu coração acelerava no peito só de imaginar um provável encontro, mas no meio da confusão eu só sabia que não queria isso.

Era o meu tempo.

- Sophie tentou me ajudar, ocupando um pouco da sua função e acumulando uns extras valiosos para si, e isso realmente funcionou mesmo que tenha sido um tanto estressante. – Ele suspirou, com um semblante pesaroso, coçando o queixo. – Eu... Eu passei por cima da autoridade de Daniel para convocar uma reunião sobra a questão da filial, mas foi extremamente necessário porque ele não me parecia apto após o incidente para se preocupar com algo que eu, como gerente do departamento, poderia resolver. A única coisa que ele precisaria dizer, na verdade, era "vá, em frente" e eu duvido que, como o bom administrador que é, dissesse o contrário...

Comecei a ficar nervosa com seus rodeios, percebendo a ansiedade em suas palavras. Ele me parecia bastante afoito até, coisa que nunca presenciara em sua personalidade calma e calculista. Trabalhávamos há pouquíssimo tempo juntos, mas eu sabia que aquele agir não era comum nele.

- Por favor, resuma e vá direto ao ponto antes que eu fique agitada como você!

Ele soltou uma risada fraca, observando-me com cautela.
- Os outros acionistas autorizaram a abertura do projeto, ou seja, apoiam a transferência para investimento na filial. – Meu queixo quase caiu, então entendi o porquê da ansiedade da Carlton. O que eu faria? – Falta Daniel dar o aval final e você me dizer que está nessa comigo.

Suspirei recostando na cadeira enquanto devolvia o olhar a Carlton, não com profundidade, mas imersa em meus pensamentos. Eu precisava preencher o vazio e não queria que fosse algo que pudesse me levar de volta à posição vulnerável na qual uma relação me colocou. Eu já tinha um amor, o que era indiscutível, mas força, quase nenhuma da forma que queria. Estava cansada de levar pela cara e sempre correr para quem estava próximo, eu precisava me reconstruir e aumentar a mulher que eu queria ser.

Durante meu tempo de recuperação tomei nota de que Daniel não fora nada mais que um bote salva-vidas no início e um kamikaze ao mesmo tempo, entrando nas minhas loucuras e se colocando à frente de minhas necessidades e fragilidades. Isso fora um erro. Ele me ajudou a curar um pouco mais meu coração de uma perda, mas não me fez ser mais forte. Daniel me fez ser amada, adorada e admirada, dividiu comigo o que ele era – eu queria pensar dessa forma. Mas eu queria e precisava de mais; precisava somar. Talvez Carlton seja outro que apareceu no momento certo com a proposta certa e, dessa vez, eu precisa a fazer as coisas direito.

Respirei fundo e entreabri os lábios, hesitando na resposta. Em algumas situações precisamos fazer coisas que não queremos de verdade, mas sabemos que de alguma forma vai nos fazer melhores. Essa era a minha situação. Estava fugindo e talvez todo o discurso fosse uma máscara para essa verdade, mas esse era meu modo de lidar com tudo que estava acontecendo. Por isso, eu já sabia o que iria fazer.

.
...
.

Bem, isso aqui se tornou muito mais do que a necessidade de algo verdadeiro, pois junto não veio apenas o amor que sinto por esses personagens, a minha evolução na escrita ou vocês, que tanto contribuem nessa construção; foi tudo isso junto.

Agradeço a todos que acompanharam até aqui – calma, ainda temos o epílogo! Estou apenas resumindo minha gratidão pela atenção de vocês. ❤

O que acharam das atitudes da Heather? Sinceramente, achei que ela foi bastante precipitada, mas ela que sabe, né...

Até mais!
Vejo vocês nos comentários ;**

Continuă lectura

O să-ți placă și

21K 2.1K 41
Capa feita por: @falaserionati Abham Smirnov um jovem engenheiro e cobiçado solteiro de Moscou vive uma vida de festas, trabalhos e tudo que envolva...
325K 29.1K 42
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PLÁGIO É CRIME! Em Setembro na Amazon✅ Capa feita pela @CennaNunes Livro escrito pela autora MAD, e Autora Ladynigth13 ...
1.4M 154K 50
AGORA TAMBÉM NA HINOVEL Quando Tamara conhece Dominic, ela não imagina que sua vida estaria pra sempre ligada aos seus segredos mais obscuros. E, mai...
8.5K 503 32
🔞 Clarificação +18 🔞 Depois que a mãe de Marcella Sinclair morre, ela não consegue deixar de se sentir um fardo para o irmão de dezoito anos. Algo...