The 2 Of Us - Livro 1. Duolog...

By FlaviaLobato

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Heather Colbert aprendeu a andar com suas próprias pernas e amadureceu da forma mais dura possível, perdendo... More

Inspirações
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Extra - Por Dan
Capítulo 18
Capítulo 2 - Por Stephan
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Extra - Por Dan
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Coluna: Voce ouviu?
Capítulo 40
Extra - Por Dan
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 44
Capítulo 45
Extra - Por Dan
Extra - Por Adam
Capítulo 46
Capítulo 47 (FINAL)
Epílogo

Capítulo 43

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By FlaviaLobato

Wanda me abraçou uma última vez, lançando-me um olhar carinhoso.
— Qualquer coisa me ligue, hein! – Acenei positivamente, sabendo que não poderia deixá-la de fora de nada. Ela aproximou-se, sussurrando. – Se ele for bem do jeitinho que se mostrou, eu o aprovo, mesmo que seu olhar mostre que já não faz diferença...

Sorri, balançando a cabeça.
— Eu sabia que você iria gostar e isso faz toda a diferença do mundo para mim. Para nós, mas Daniel não vai saber desse detalhe, é bom deixá-lo em alerta. – Wanda riu, acenando para Dan.

— Até a próxima, Daniel. – Ela semicerrou os olhos em sua direção. – Espero que se lembre de nossa conversinha. – Wanda voltou-se para mim, pouco se importando com minha curiosidade sobre tal conversinha. – Tchau, querida. E pare de me deixar sem notícias, ligue, por favor!

Ela saiu do carro, acenando novamente e se afastou, adentrando os portões de sua casa em passos leves. Tornei a olhar para Daniel, que me observava com um sorriso tranquilo. Como esse descarado podia ser tão lindo?.

— Quer conversinha, Daniel? Em que momento isso aconteceu? – Ri ao observar seu semblante tensionar.

— Wanda​ me deu algumas orientações. Não que eu não pretendesse dar o melhor de mim, mas depois de seus "alertas", farei de tudo para preservar minha integridade... – ela o ameaçou, era isso. Não contive a risada e isso foi um motivo para deixá-lo bobo por alguns segundos, antes de inclinar-se para mim, quebrando o espaço que Wanda impusera entre nós dois. Dan acariciou meus lábios enquanto eu os umidecia com a ponta da língua, ansiando por mais. – O que aconteceu mais cedo, Heather? Você me assustou, achei que... Achei que algo sério estava acontecendo!

Crispei os lábios, trazendo tudo à mente rapidamente, e para garantir que não iria falhar, afastei-me de seu toque. Dan comprimiu o maxilar, confuso, e parecendo irritado.
— Foi apenas um mal-estar, de verdade, Daniel. – Falei séria, deixando-o ainda mais tenso. Respirei fundo, encarando seu olhar de volta, um pouco nervosa. – Pouco antes, enquanto você e Wanda conversavam, eu recebi uma mensagem e ela me preocupou. Demais. – mantive um tom calmo. Eu não estava irritada, mesmo que tivesse ficado um certo tempo, mas no momento só queria que ele me dissesse algo. – Daniel, é a última vez que peço que me diga o que está acontecendo. Não adiante dizer que está tudo bem ou tentar me contornar, eu estou deixando você fazer isso desde aquela noite em meu apartamento. Só me diga o que está acontecendo, por favor!

Daniel endureceu a expressão, analisando-me por longos segundos e enquanto ele parecia hesitar, minhas certezas sobre um perigo desconhecido só se confirmavam. Eu não poderia aceitar que ele acobertasse qualquer problema por se achar capaz, eu tinha o direito por lógica de saber.

— O que está escrito nessa mensagem?
Respirei fundo, deixando os ombros relaxarem.
— Me diz o que está acontecendo, Daniel! – Dessa vez exigi, não dando espaço para qualquer outra tentativa de negociação.

Daniel encostou no banco, fechando os olhos com força e crispando os lábios. Eu nem me importava mais com o que ele queria, o medo de um problema sério era grande demais para dar brechas.

— Está ocorrendo uma situação bastante complicada entre um antigo sócio e eu, e pelo o que me foi repassado pela equipe que cuida da sua segurança, estão tentando usar você para me atingir. – Franzi o cenho, totalmente sem linha de raciocínio.

— Me conte tudo, eu quero saber o porquê dessa "situação", afinal, eu estou sendo ameaçada! – Falei ríspida, sem tentar evitar qualquer comportamento hostil. A irritação voltava pelo simples fato de que Daniel tinha problemas que envolviam a mim e sequer considerou a hipótese de me conter sem que eu o pressionasse.

— Heather... – Ele usou o tom de súplica, erguendo suas mãos para alcançarem as minhas, porém fui bem mais rápida em me afastar.

— Que droga, Daniel! O que custa você me contar logo? Você mesmo sempre afirma que isso – indiquei a nós dois com um movimento rápido da mão – é uma via de mão dupla. Eu confiei em você desde o início e parece que isso faz você se afastar. – Suspirei, tentando evitar que lágrimas viessem a tona. Ele não estava sendo justo comigo. – Por que eu tenho a impressão de que nunca vou parecer suficientemente forte para você?

— Você é forte para mim, morena, e em nenhum momento eu pensei o contrário! – Seus olhos brilhavam de uma forma diferente, exibindo quase um desespero com minha reação. Desviei o olhar, verificando que Leopold se aproximava do Guilder Build. – Eu só estava tentando evitar que essa merda virasse uma bola de neve, tentando evitar que você se envolvesse. Não quero que você se importe, se incomode, por uma situação que eu sei que posso resolver sozinho. Heather, esse é um problema do qual eu quero você o mais longe possível, e a sua segurança para mim vem em primeiro lugar.

Desbloqueei meu celular abrindo a mensagem e jogando em suas mãos, já abrindo a porta, pronta para sair. Eu queria ficar sozinha, já era o suficiente e, talvez, com meu tratamento, Daniel reconsiderasse seu ponto de vista. Não deveria arrancar justificativas a força, o que ele me dissesse tinha que ser por vontade própria e, se essa não existia eu não fazia nem questão de estar perto. Era sua a escolha.

— Então veja bem, porque assim você está me afastando da verdade e de você. Espero que em algum momento possa perceber que confiança é a nossa base e, se você não tem em mim quando me coloco vulnerável, é quase certo de que em nenhum outro momento irá confiar.

Saí do veículo, deixando o celular propositalmente. Não iria falar com ninguém, nem com meus amigos que certamente iriam perceber algo errado, e meu senso de solidão gritava bem mais alto. Nem falaria com Daniel, não até ele estar pronto para aparecer em minha porta para falar a verdade, e esse realmente não era o momento.

— Heather, por favor, me deixe subir com você e nós poderemos falar sobre isso! – Virei-me para ele quando cheguei às portas​ do elevador, apertando os botões ansiosa para que se abrissem logo.

— Você não quer falar sobre isso, você não quer me dizer a verdade. Você também não vai subir, não agora. – Suas íris azuladas pareciam ainda mais claras diante a temperatura que despencava e, por mais que seu calor exigisse minha presença, eu precisava me afastar. Só queria ficar sozinha, ter meu tempo e tentar tirar conclusões sobre o rumo que tomaríamos se Daniel preferisse não me contar. Ou simplesmente esquecer. – Agora eu quero ficar sozinha, Daniel, mas depois só quero que apareça se for para me dizer a verdade.

Ouvi o som do elevador e as portas se abriram, não hesitei em entrar e quando me virei, senti seu olhar rasgar meu coração. Por mais que nenhum de nós dois quisesse, era necessário. Esse seria um grande teste de até onde a confiança nos acompanhava, até onde pensávamos mais no outro, e eu queria – eu implorava – para que Daniel me desse as respostas certas, senão todo o nosso futuro estaria extremamente arriscado.

— Heather, estou tentando protegê-la do que quer que possa acontecer, eu só preciso de tempo. Você saberá tudo, mas me deixe fazer isso por nós, por favor! – Sua voz soou cortante, atingindo-me em cheio.

— Eu passei metade da minha vida cuidando de mim mesma e ainda dos outros, Daniel. Não é agora que eu vou deixar que outro alguém me tome o controle da minha vida, nem mesmo você.

Apertei o botão do meu andar, evitando olhá-lo uma última vez para não aumentar a hesitação. Quando razão e emoção não entram em consenso, o mundo parece cada vez mais duro e, por mais que nossos instintos gritem palavras de ordem, nem sempre estão certos. Optar pela razão era a coisa mais racional e definitiva que eu poderia fazer, porque voltar para seus braços e esperar que um problema que nem mesmo eu sabia do que se tratava, era o mesmo que aceitar sua falta de confiança e falta de fé no quanto eu poderia ajudá-lo a somar e transpassar qualquer barreira. Daniel me submetia às suas vontades apenas na cama, onde ambos desfrutavámos, suas surpresas eram bem-vindas para a nossa diversão e aproximação, mas a minha vida, as minhas decisões, o meu futuro, que dependia de algumas palavras ameaçadoras, isso estava sob o meu domínio.

Quando entrei no apartamento, resfoleguei, sentindo um cansaço emocional me abater. Olhei em volta me perguntando se era muito que ele demonstrasse que tudo que sentia por mim era real num simples gesto de confiança e verdade. Concluí que não, obviamente não era, sem "mas". Me dirigi em passos lentos ao meu quarto, encontrando sua camisa ainda sobre o colchão. Tirei as botas e me enfiei embaixo das cobertas, definindo que resumiria meu final de semana em comidas, longos sonos e qualquer distração que não me permitisse sofrer e me corroer por algo que não dependia de mim.

Segunda-feira de manhã, levantei sem disposição alguma, irreconhecível em comparação aos meus últimos dias. Não havia humor, não havia vontade, apenas um vazio estranho. Como estava sem meu celular, anotei num post-it que deveria pegar meus exames antes do horário de almoço, já que deveria fornecê-los para a empresa. Vesti uma saia lápis cinza e uma blusa de viscose verde, com saltos bege, parecendo bem até demais para alguém num estado tão confuso.

Depois de tomar um café básico, praticamente a força, enquanto escovava meus dentes, observei meu rosto ao notar uma diferença sutil que não sabia explicar. Poderia ser impressão, mas meu rosto parecia mais rechonchundo, não o suficiente para qualquer um comentar, e, olhando bem conseguia ver algo semelhante em meu corpo. Antes e sair de casa, escrevi outro lembrete de pegar meus exames. De repente, nada mais parecia estar certo.

Cheguei a empresa, andando com certa esperança disfarçada de desconfiança, pensando em Daniel. Enfim, não o encontrei nem no saguão, nem na cozinha, ou no banheiro feminino, muito menos no andar em que trabalhava. Encontrei a secretária de Carlton já a postos em sua mesa, que me recebeu com um caloroso "bom dia" e depois me explicou que ele ainda não havia chegado, mas ela mesma, Sophie, iria me enviar um e-mail com os compromissos do dia para que me organizasse com nossas tarefas.

Adentrei meu anexo, me acomodando em minha cadeira ultra confortável e ligando o notebook. A primeira notificação era do e-mail de Sophie, com os compromissos enumerados e com seus horários. Teríamos vistorias, recontagem de dados e inspeções pela manhã em horários bem espaçados, que me dariam tempo para rever documentos e anotações relacionadas. Respirei fundo antes de começar o primeiro serviço.

Ao longo da manhã, Carlton e eu desenvolvemos uma dinâmica extremamente satisfatória que me afundou nos serviços. Era prazeroso fazer algo que eu gostava, onde investi tempo e custos para alcançar uma formação de qualidade, e a cada minuto meus esforços se mostravam válidos. Não tínhamos dificuldades em encontrar pequenas falhas e pelo o que podia tirar daquelas poucas horas trabalhando em conjunto, tive uma ideia de quão bons seríamos. Carlton o tempo todo me pedia opinião e ouvia atentamente, complementando e aplicando do seu modo.

— Heather, se puder, esteja aqui um pouco antes do final do horário de almoço. Quero trocar algumas ideias com você.
Ele sorriu enquanto eu deixava um relatório sobre sua mesa.

— Uma bronca no primeiro dia? – Brinquei encarando-o e reparando em pequenas semelhanças físicas que ele tinha com Daniel.

Minha nossa, eu nem deveria pensar nessas coisas no ambiente de trabalho, principalmente porque ele era meu patrão. Os dois eram, de certo modo.

Carlton ampliou o sorriso, fazendo jus ao conjunto que era sua aparência. Ele era muito bem alinhado, com o terno impecável e os fios loiros bem penteados. Seus olhos eram mais escuros, ainda que brilhantes, e suas feições eram menos intimidadoras que as de Dan. Caminho proibido novamente...

— Muito pelo contrário. – Ele pensou por alguns instantes. – Eu tinha a sensação que você iria se sair bem nessa função, desde a nossa primeira conversa, mas você me surpreendeu, Heather. Tem um jeito detalhista com a papelada e é maravilhosamente eficiente na execução dos serviços. Fico feliz que esteja trabalhando aqui comigo!

Sorri, orgulhosa, verificando o horário num relógio de vidro sobre sua mesa. Já passavam alguns minutos das onze e eu queria chegar o mais rápido possível na clínica.

— Me sinto muito bem trabalhando com você. Estamos formando uma forte parceria e esse ponto está se tornando crucial. – Sorri, abrindo a porta. – Tentarei voltar o mais rápido possível.

Peguei um táxi rumo a clínica e, por mais que estivesse chateada, meu coração esperava ansiosamente para ver Daniel e, melhor ainda, com uma resposta definitiva às minhas expectativas. Dessa vez, o que machucava não era o tempo que passamos separados, mas o motivo e eu desejava imensamente deixar toda essa situação para trás, sendo recompensada pelo meu loiro. Eu o queria mais que tudo, mas queria por inteiro e, enquanto chegava a recepção, até agradecia mentalmente ao meu controle exarcebado. Não queria nem imaginar como estaria me sentido se já tivesse dito o quanto eu o amava. Vulnerabilidade era uma companhia muito próxima e, constantemente, me tocava quando eu estava com Daniel.

— Bom dia! Em que posso ajudá-la? – A recepcionista me sorriu gentilmente, com seus traços delicados ressaltados por uma leve maquiagem.

Sorri de volta, tamborilando no balcão.
— Bom dia! Eu vim pegar o resultado dos exames que fiz pelo plano da Union Valley. – Coloquei minha documentação sobre o balcão.

Ela arqueou as sobrancelhas, como se lembrasse, e levantou-se rumo ao arquivo, abrindo a segunda gaveta e passando os dedos com agilidade pelos documentos, para em seguida voltar com um envelope branco em mãos. Ela sentou-se na cadeira enquanto lia um recado escrito em vermelho no verso. Esperei pacientemente até que ela voltasse a mim.

— Espere só um instante, senhorita Colbert. A médica deixou uma anotação, avisando que você deve procurá-la quando receber os exames. Posso avisá-la que está aqui agora ou devo marcar um outro horário?

Franzi o cenho, sentindo meu coração mais pesado. As batidas pareciam mais intensas e algo me dizia que viria mais uma notícia para completar minha situação já não tão boa.
— Hum, claro! Pode avisar.

Ela discou um número no telefone e esperou.
— Bom dia, Dra. Turner. Liguei para avisar que  a senhorita Colbert está aqui, conforme a anotação. – Olhei ao redor, ficando cada vez mais tensa. Como as clínicas podem ser tão sufocantes e aterradoras? – Tudo bem. – A moça desligou o telefone e me deu uma senha, em seguida apontou para um painel ao lado do curto lance de escadas que levava aos consultórios. – Quando chegar a sua vez, suba e vá até a sala da doutora Cecil Turner.

Confirmei devagar e fui até um dos assentos disponíveis mais isolado, reparando nos quadros coloridos que enfeitavam o ambiente, em busca de uma distração. Minhas pernas moviam-se para cima e para baixo, de maneira nervosa, enquanto meus dedos suavam. Eu odiava esse tipo de situação, ficava extremamente nervosa por não saber o que esperar, chegava a ser tortura. Um apito leve ecoou, anunciando mudança nos números do painel de led. 0006-T. A minha senha.

Levantei e mantive passos calmos enquanto subia a escadaria, sabendo que seria ridículo tropeçar em pouco degraus de salto. Andei pelo corredor bem iluminado, branco, tomei fôlego antes de adentrar a sala com as inscrições "Dra. Cecil Turner. Ginecologista/Obstetra."

— Olá, bom dia, senhorita Colbert! – Uma mulher elegante com feições joviais e longos cabelos loiros presos num rabo de cavalo levantou atrás de sua mesa, andando em minha direção e cumprimentando-me.

— Só Heather, por favor. – já achava estranho me chamarem "senhorita Colbert" no trabalho, era mais ainda fora.

– Está com seus exames em mãos​?

Sorri e acenei afirmativamente, sentando em uma das poltronas em frente a sua mesa. Ela deu a volta e sentou também, abrindo o envelope com meus exames e analisando as informações. Eu deveria tê-lo aberto antes. Observei seu rosto, notando a leve repuxada em seus lábios. Ela colocou os papéis sobre a mesa e sorriu para mim.

— Está vendo esses números? – Confirmei, analisando a tabela com duas colunas. – Pois bem, eles representam a quantidade de hormônios, cada um indicado na primeira coluna. Heather, foram registradas mudanças consideráveis nos números do seu Beta HCG, uma representação para o hormônio gonadotrofina coriônica.

— O que isso quer dizer? – engoli em seco, tentando não seguir pelo caminho que minha mente vagueava. Agora não, aulas de biologia...

— Esse hormônio é produzido por um grupo de células que dá origem à placenta e conforme ela e o embrião vão se desenvolvendo, mais hCG vai sendo produzido e lançado na circulação materna. – Prendi o ar e arregalei os olhos, sentido a palpitação descontrolada no meu peito ecoar em meus ouvidos. – O seus números estão por volta de 50.000 e 55.000, Heather. Você provavelmente está grávida...

Ela avaliou minha reação, deixando a fala no ar, parecendo preocupada. Puta que pariu. Minha mente virou um embolado de xingamentos a mim e a Daniel. Dois idiotas inconsequentes levados por algo que poderia esperar alguns segundos. Alguns míseros segundos para colocar a droga da camisinha. Mas não, o desespero de que um saísse correndo falava maior e os dois coelhos não paravam. Levei a mão a testa.

— Sua menstruação está atrasada? – Acenei positivamente. – Quanto tempo?

— Meu ciclo sempre adia dois ou três dias, mas já faz uma semana.

— Como eu disse, você provavelmente está grávida, por isso, recomendo que solicitamos um exame específico de Beta HCG para a confirmação ou correção de qualquer equívoco.

Engoli em seco. O mundo parecia girar cada vez mais intensamente, porém a única coisa que eu conseguia fazer era não pensar em nada, entrar num estado quase catatônico, ao passo em que minha mente tentava reformular toda a situação. Era a droga do falso positivo, deveria ser.

— Heather! – Olhei para a médica que, em segundos, relaxou a postura e sorriu ternamente, deixando-me ainda mais confusa. Grávida? – Eu sei como pode parecer assustador em primeiro plano – e como sei!–, mas se os resultados estiverem certos, eu quero e você vai deixar essa expressão boba de lado. É algo totalmente novo para você, como consta na ficha: nenhum filho, e isso pode mudar agora. – Respirei fundo. Eu ainda não me permitia acreditar, não parecia ser possível. Não digo pelos meios ou pela intensidade, sei como se fazem os bebês, eu não acreditava que poderíamos ter deixado acontecer. – Acredite em mim, uma das maiores dádivas do ser humano é a vida, na de uma mulher é ser mãe.

Ela me encarou, como se esperasse fogos de artifício ou uma tragédia. Arqueei as sobrancelhas.
— Eu nem sei o que pensar. Não sei nem por onde começar. – confessei, demonstrando um pouco da angústia crescente. Se eu realmente estivesse grávida, o que aconteceria entre Daniel e eu, ainda mais agora que estávamos afastados? Merda... Ri baixo, desviando o olhar e murmurando. – Até pílula do dia seguinte eu tomei...

— É, mas como mulheres bem informadas, mas nem sempre precavidas, sabemos que no anticoncepcional há uma porcentagem de falha, mesmo miníma, e um homem que se preze produz espermatozóides fortes. – Ela riu, deixando-me a beira de um desmaio. Grávida... – Vamos começar pelo seu Beta HCG. Você sentiu algum tipo de desconforto ou qualquer sintoma negativo ao seu organismo?

Pensei, tomando notas mentais de tudo que vinha acontecendo. O atraso na menstruação, os enjôos, as tonturas, o amargor, o apetite... Como eu não percebi? Não poderia estar cega por Daniel, não dessa forma.

— Bem, eu tive um pequeno sangramento semana passada, mas apenas isso.
— Provavelmente era a nidação, ocorre quando o óvulo é implantado na cavidade uterina. – Ela dizia enquanto preenchia um questionário, finalizando rapidamente. – Vamos até o laboratório de coleta de sangue, para adiantar o exame. – ela se levantou e eu a acompanhei, porta a fora do consultório. – Amanhã teremos o resultado, mas você não precisa vir aqui, vou passar o endereço eletrônico e por lá mesmo você verifica.

Fiz o exame de coleta de sangue, com a doutora Cecil ao meu lado o tempo todo e suas tentativas de me acalmar eram óbvias. Qualquer um poderia sentir meu nervosismo e eu precisava controlar isso antes que qualquer outra pessoa me perguntasse se havia algo errado, já que eu não sabia se poderia me conter. Almocei com certo receio, de que? De não estar comendo o suficiente e, pela primeira vez em muito tempo, meu prato era colorido, com legumes e um frango grelhado. Voltei à empresa, funcionando num modo automático e metade do dia seguiu estranhamente.

Saí da sala de Carlton, tentando me concentrar totalmente na documentação que entregaria para a secretária. Não tinha porque me apavorar antes de saber o resultado, nem encher minha mente de questionamentos, não ainda. Sophie sorria alegremente enquanto falava sobre algum cosmético aléatorio, claramente tentando puxar conversa, até que o apito do elevador chamou nossa atenção. Olhei para as portas no momento em que se abriram, encontrando uma visão que me fez tremer por inteira. Daniel olhava atentamente para seu celular, com uma expressão séria, até levantar o rosto e me encarar. Parecia que meu​ coração martelava os ouvidos com vontade de me enlouquecer, ao passo em que minhas mãos suavam frio.

Desviei o olhar e murmurei para Sophie que tinha uma situação para resolver, andando em passos rápidos até minha sala. Estávamos agindo como dois idiotas, mas era necessário, ainda mais quando eu não sabia se o pai do meu provável bebê confiava em mim ou, pelo menos, me contaria a verdade quando minha vida poderia estar sob ameaça. Fechei a porta do meu anexo, tentando controlar a respiração e não perturbar meu provável bebê com qualquer coisa desnecessária. Não custava garantir, caso tivesse alguém dentro de mim.

Sentei em minha cadeira, encarando meu reflexo na tela do notebook. Era tão óbvio que chegava a ser ridículo eu me recusar a aceitar os fatos. Tentei redigir um e-mail para a solicitação de um serviço, por ordem de Carlton, mas minha cabeça estava a mil. Até que desisti e fiquei apenas encarando as palavras já escritas. "Caro Diretor". Bufei e me recostei na cadeira. Cruzei as mãos na frente do corpo, apoiando os cotovelos nos braços da cadeira e, observando meus dedos meu olhar começou a deslizar, de modo inevitável e cheio de curiosidade, para meus seios. Até Daniel deveria perceber que eles pareciam maiores. Levei meus dedos ao ventre, tocando a região com muito cuidado, como se fosse proibido por sensibilidade ou pelo medo.

O que eu faria se meu provável bebê realmente estivesse aqui?

O que Daniel faria?

Ouvi duas batidas na porta que conectava minha sala a de Carlton, sobressaltando e ajustando a postura, esperando que ele entrasse. Ouvi a maçaneta da porta girar e voltei meu olhar ao e-mail, então vieram os passos. Pela visão periférica, foquei na silhueta e reconheci sem esforço algum, fechando os olhos e mentalizando a calma.

— Eu não deveria fazer isso, não aqui nem agora, e você poderia tentar me impedir, mas precisamos, Heather. – Levantei meu olhar, deparando-me com Daniel bem a minha frente, com aquele ar imponente emanando juntamente com seu calor. Seu cabelo estava perfeitamente ajustado e o terno que exibia elegância, fazia jus a todo seu corpo, deixando muito bem subentendido o homem que existia por trás daquele executivo extremamente gostoso. Ou, o pai do meu provável bebê.

— Posso ajudá-lo, Senhor Fountain? – Falei devagar, refreando minha ansiedade e qualquer palavra entalada que exigia passagem.

Ele arqueou as sobrancelhas e desabotoou o paletó, sentando-se elegantemente na poltrona em frente a mesa.
— Então vai ser​ dessa forma?
— Me desculpe, mas eu tenho uma solicitação importante para redigir, então seria de bom grado para o serviço se o senhor fosse mais direto.

Daniel respirou fundo, parecendo impaciente com minha postura.
— Você pode solicitar agora mesmo, senhorita Colbert, já que estou aqui. Também tenho assuntos urgentes para tratar.

Observei seu semblante tranquilizar, concluindo que ele não iria desistir e me resignei, fechando o notebook e recostando na cadeira.

— O que foi?
— Eu não quero ficar longe de você, Heather, muito menos ser tratado com tamanha indiferença. Você está fugindo de mim – ele colocou meu celular sobre a mesa. – e ainda por cima me priva de ao menos saber se está bem. Não temos motivos para ficar assim, eu contei a você, fiz o que você queria.

— Aqui não é o lugar mais apropriado para resolvermos nossas questões pessoais, chefe.

Daniel tensionou a mandíbula, me encarando de modo duro, do jeito que me deixava excitada e, proporcionalmente, irritada com seu ar autoritário.
— Muito bem, eu sou o chefe e nós vamos falar do que eu quiser falar, e no momento quero discutir o que está acontecendo! – Mordi o lábio inferior. Agora minha mente girava não apenas em torno de uma ameaça, mas de um bebê. Daniel relaxou, mudando o semblante e inclinando-se em minha direção, como se uma força sobrenatural sempre visse um caminho para nos aproximar. – Heather, morena...

— Eu só quero que me diga a verdade, apenas.
Dessa vez, a hesitação deu lugar a certa confusão em seu semblante, como se pensasse no que dizer.
— Tudo bem. – Senti meu coração acelerar conforme sua voz me embalava. – O pai de Thomas se meteu em um problema com apostas e eu tentei ajudá-lo, mas não foi a primeira vez, e agora esse problema está tentando me alcançar. Estou negociando uma forma de pagar a dívida dele e isso está irritando algumas pessoas que tentam me atingir por você. É isso, Heather.

Franzi o cenho, lembrando-me do almoço com os Fountain, onde perguntei sobre seu tio e ele desconversou.
— Então, se isso é tudo, para quê contratar uma equipe de segurança, Daniel?

— Eu já disse, sua segurança é o que me importa. Estou garantindo que nada, além desse problema, vá afetá-la, tentando fazê-la sentir-se segura novamente.

— No que você se meteu, Daniel? – O encarei e pude visualizar claramente apreensão em seu semblante. – Você não deveria ter escondido isso de mim, não apenas porque agora posso estar envolvida, mas por saber que me importo com você o suficiente para me machucar caso algo acontecesse. Eu não sei se posso evitar, mas minha vontade era a de que você contasse comigo.

Daniel cerrou a mandíbula com firmeza, semicerrando os olhos.
— Eu tentei livrá-la dessa parte não tão bonita da minha vida, Heather, não estava escondendo por falta de confiança ou para enganá-la. Parece que quanto menos sabe, mais segura está. Essas pessoas... – Dan fechou a mão em punho, tentando conter sua irritação. – Eles não deviam saber de você e, de qualquer forma, você não tem nada a ver com os problemas dos outros. Eu estava tentando ajudar meu tio, Heather, não queria que nada chegasse a esse ponto.

Suspirei.
— Seria tão mais simples se você simplesmente me dissesse que isso estava acontecendo, em vez de me fazer acreditar que não confiava em mim.

Daniel ficou tenso, levantando-se da cadeira e contornando a mesa. Me agitei, com o nervosismo característico que a ansiedade por seu toque, por sua presença, trazia. Ele segurou uma das minhas mãos, puxando-me e, como previsto, não interferi no calor que nos levava um ao outro. Eu estava contando que aquilo era tudo e que ele não nos arriscaria por outros. Não via mentira em suas palavras, eu sentia o que ele queria me fazer sentir. Daniel me empurrou até a beirada da mesa e continuou, até que me sentasse sobre ela e o acolhesse entre minhas pernas.

— A porra de um final de semana infernal, longe de você... – Daniel passeou seu nariz em meu pescoço, sugando minha pele entre beijos, me provocando arrepios enquanto segurava em seus ombros. – Não faça isso comigo, nunca mais, não vejo mais sentido na minha vida sem ter você, Heather! Você é a única mulher feita para mim, procure me entender quando digo que só quero o melhor para você.

Ele levantou o olhar, me encarando com uma intensidade que me desmontou. Eu deveria contar, mas não o faria até ter plena certeza, ou melhor, o exame de confirmação em mãos. Não poderia colocar mais inseguranças a frente quando uma vida que dependia de nós dois poderia estar nos aguardando pacientemente. Se o Beta HCG atestasse minha gravidez, Daniel iria saber e, mesmo se ele não reagisse como eu esperava, como o homem que era, meu foco iria mudar.

— Então não me deixe de fora dos nossos problemas, Daniel. Tudo que afete a você, nem que seja um estresse passageiro, eu quero saber. Você deve ter a plena convicção de que também posso ser o seu porto seguro, não importa quão forte seja a tempestade. – Uma das mãos de Daniel foi até minha nuca, empurrando meu rosto para o seu e fazendo nossos lábios se chocarem, trocando carícias comedidas. Sua língua tentou abrir espaço e como um alarme o empurrei, tendo em mente que meu chefe direto poderia entrar na sala quando bem entendesse. – E pare de me assediar dessa forma porque eu trabalho para você, se por acaso esqueceu!

Ele sorriu, levantando devagar os cantos de sua boca maravilhosa. Suspirei ao sentir suas mãos deslizarem por minhas coxas enquanto eu tentava ajeitar a maldita saia. Seus dedos aqueceram cada centímetro que tocaram, deixando-me apenas na vontade já que não queria que Carlton por acaso visse coisas que não precisava e nem deveria. Virei-me, ajeitando os papéis que baguncei, sentindo seu peitoral me emparelhar e, mesmo com o terno a me atrapalhar, sentia o calor e a rigidez de seus músculos em me sentir. Dan empurrou sua ereção, claramente crescente, entre meus glúteos, fazendo-me pular com memórias enquanto suas mãos seguravam meus pulsos na mesa.

— Eu tentei enfiar isso na cabeça no momento em que pus meus olhos em você, morena, mas é difícil quando não a tenho ao meu lado por dois malditos dias. Carlton é um filho da puta que pensa ser o maior sortudo por tê-la trabalhando aqui, mas, se ele não me convencer de que esse é o seu lugar, vou levá-la comigo. Quero desfrutar de todos privilégios a que tenho direito!

O empurrei novamente, dessa vez investindo uma força descomunal para movê-lo, sentindo sua voz me fazer vibrar. Bebê, se você estiver aí, me desculpe por essa agitação...

— Daniel! – tentei censurá-lo, mas seu sorriso convencido só me deixava mais segura de que ele adorava minhas reações. Se ele soubesse o quanto eu queria que me jogasse sobre a mesa e me fizesse esquecer porque o afastei, iria mais agir do que me provocar. – Isso é exatamente o que não quero! Me deixe fazer meu trabalho em paz e pare de fazer comentários tão desnecessários. Aqui não!

Seus sorriso sumiu aos poucos, dando lugar a olhares cheios de ideias​ enquanto me escrutinava de modo intimidador. Senti minhas bochechas queimarem, porque eu estava levando a sério a situação de não misturar as coisas, para evitar qualquer problema com terceiros.

Aqui, não... – Tomei todo ar possível ao vê-lo ajeitar a gravata e o paletó, tomando uma postura diferente. Daniel me sondou, arqueando uma das sobrancelhas e olhou para a minha mesa, direcionando-se a porta de saída do anexo, sem olhar para trás. – Por favor, senhorita Colbert, prezo pela organização na minha empresa. Seu nome me foi muito bem falado, portanto faça jus a sua fama!

Meu queixo caiu ao passo em que Daniel caminhava tranquilamente para fora e fechava a porta atrás de si, num baque surdo, deixando-me aturdida e excitada. Perguntei-me se poderíamos lidar com isso, ainda mais com toda a sua capacidade​de me persuadir, e me prometi que tentaria me manter firme mesmo que me levasse ao extremo. Antes de começar a digitar o e-mail com a bendita solicitação, um último questionamento me rondou. Seríamos capazes de lidar com meu provável bebê?

Assim que terminei, enviei o e-mail e recebi uma resposta que me deixou indignada, onde Daniel, ou melhor, Senhor Fountain dizia que a solicitação era ousada e que eu deveria avaliar melhor os dados para ter a certeza de que tal investimento valia a pena, mas ele faria o possível para permitir a entrada de capital para a ideia. Informei Carlton, tentando mascarar minha irritação. Ele não fazia ideia do trabalho que tivemos para chegar a conclusão de que precisávamos aumentar a oferta de determinados produtos de uma subsidiária na área de construção civil, para que acompanhasse a demanda.

Carlton fechou os olhos e massageou as têmporas.
— Ele só pode estar de brincadeira. Você mandou a tabela com as estatísticas do aumento da procura? – Acenei positivamente. – O mercado está seguro, não sei o que Daniel quer dizer com isso...

Ninguém precisava ser gênio para saber que todo investimento deve ter uma volta que cubra e supere os gastos, pois daí se tira o lucro.
— Ou isso é um teste de eficiência ou ele não vê segurança na aplicação de recursos nessa área, por mais que seja crescente.

Carlton piscou, como se uma ideia viesse a mente.
— Porra, claro! – Ele se inclinou, digitando com pressa em seu computador e virando o monitor para mim, com uma tabela datada de dois anos atrás. – Houve um crise no departamento quando Reuben liberou uma quantia maior que o teto, já que como​ a crise pegou a todos de surpresa, quase não tivemos retorno. Que droga, Heather, você é um gênio, mas precisaremos usar tudo isso para bater os números.

— Não vamos desistir da solicitação? – perguntei, animada pelo primeiro serviço complexo que teria em mãos.

Desafios são certos prazeres em determinados momentos, ainda mais quando se tratava em provar com números que um esforço e outro trariam grandes recompensas. Mais forte ainda se tornava minha vontade de lutar por uma causa com Carlton quando poderia provar a Daniel quão capaz eu era e quão sortudo ele poderia ser ao me ter tanto na empresa, quanto na cama. Mulheres fortes e eficientes, aqui vou eu!
Carlton sorriu para mim.
— Nem se precisarmos fazer das tripas coração!

...

Cheguei em casa, ansiosa pelo momento em que ficaria sozinha. Corri para meu banheiro, tirando a roupa com uma pressa que já não cabia em mim, acumulada desde que saí da clínica médica. Eu poderia dizer que estava feliz mesmo que milhares de dúvidas me rondassem, ou poderia dizer que me sentia desesperada porque isso não deveria ter acontecido, mas simplesmente não consiguia esboçar reações mais exatas sobre a possibilidade de estar grávida. Parecia surreal demais para ter minha total atenção.

Tirei o sutiã e observei meus seios, analisando todo e qualquer detalhe diferente que encontrava. Não conseguia especificar tais pontos, mas conhecia meu corpo e afirmava que não era o mesmo. Mesmo com todos os sintomas, ainda mais observando minha barriga não tão magra quanto antes, ainda tinha esperança de que fosse um falso positivo. Poderia parecer egoísmo, ainda mais para uma tapada que em certos momentos nem se preocupou em prevenir, mas eu não achava que estava preparada em nenhum sentido para algo que ia além de mim. Para ter alguém que chamaria com todas as certeza de "meu".

Era confuso demais, minhas ideias se misturavam e, por vezes, não tinham nexo, então elas se calaram aos poucos enquanto me observa no espelho. Desci as mãos até meu ventre e o segurei, apenas segurei, sentindo um calor diferente me tomar. Medo, ansiedade, angústia; mas também havia um indício de felicidade e uma vontade imensa de acabar com a dúvida. Não era o momento, não sabia o que fazer, não sabia como reagir, não sabia como Daniel iria reagir, mas e daí? Fechei os olhos e me concentrei naquele toque leve de minhas mãos, pensando em quanto tempo ele estava lá e em como já poderia parecer.

Se você está aí, bebê, então nada mais importa.

Funguei, sentindo um nó em minha garganta se desfazer aos poucos, em forma de poucas lágrimas que se acumulavam em meus olhos. Meneei a cabeça negativamente, saindo do banheiro sem olhar novamente meu reflexo em busca de um roupão e um tanto irritada com minhas próprias reações.

— Você deveria parar de me fazer agir como uma manteiga derretida, eu não sou assim, e, se você estiver mesmo aí, seu pai vai suspeitar de algo antes mesmo de estarmos preparados para contar... – Murmurei, não me importando em parecer louca. Eu só queria parar de chorar a cada respiração.

Fui até a cozinha e peguei todas as besteiras que achei, ainda tirei o estoque de salgadinhos da geladeira e me sentei no sofá da sala, ligando a televisão e agradecendo mentalmente por Daniel ser chamado para uma reunião de última hora. Tinha tempo suficiente para me recompor antes que ele chegasse e tentar esquecer um pouco do exame de gravidez que, em menos de vinte e quatro horas, iria definir meu futuro. Iria definir o nosso futuro.

.
...
.

Ah, oi oi, gente! Como estão? O que mais precisamos para saber que tem pãozinho no forno? Heather é teimosa e está em choque, nem sei se vai acreditar quando ver... Kkkk

O que acharam do capítulo? Estamos entrando bem no final de T2OU agora, preparem-se, porque as últimas emoções serão muito fortes. Só peço que não se zanguem comigo ❤

Semana de provas, me desculpem se tiver erros, ler sobre neuro, história da psicologia e revisar capítulo não é fácil :P

Vejo vocês nos comentários!
Até a próxima ;*

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