LISA

By yayalane

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INTRO | LISA.
VIRGEM.
ESCONDE-ESCONDE.
TEMPESTADE.
LISA WENGROV.
IAN CASTELLI.
NINGUÉM.
DIFERENTE.
BEIJO.
HORINHAS.
MINDINHOS.
QUESTIONÁRIO.
LIVRE.
BAILE.
Capitulo 14.
Capitulo 15.
CAPITULO 16 - back in time.
CAPITULO 18 - w h o ' s s h e
CAPITULO 19- j e a l o u s
CAPITULO 20 - l i e t o m e
CAPITULO 21- b r e a k my h e a r t
CAPITULO 22- fantini.
CAPITULO 23- b r o k e
CAPITULO 24- w i t h o u t & w i t h
CAPITULO 25- a w a k e
CAPITULO 26- o v e r
CAPITULO 27- a filha do vento
CAPITULO 28- a s s h o l e
CAPITULO 29- d a i s y & m o r e n a
CAPITULO 30- surprise surprise
CAPITULO 31- take it back
CAPITULO 32- decisions to make
Capitulo 33.
CAPITULO 34- as the time goes by
Capitulo 35.
CAPITULO 36- l i s a b e l a
CAPITULO 37- diario de quando eu te deixei
capitulo 39
CAPITULO 39- w h e r e d i d y o u g o
CAPITULO 40- j o u r n a l
CAPITULO 41- d o n' t g o
CAPITULO 42 - t h e f i n a l l o o k | FIM
EXTRA 1 | bonus track
EXTRA 2 | to know us

CAPITULO 17 - back home.

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By yayalane

- Você não acha que está na hora de voltar? - Lisa perguntou, meia hora depois de ficarmos em completo silêncio, apenas observando a chuva, que agora era mais fraca.
- Estou confortável aqui. - Falei, fazendo menção a ela deitada no meu ombro enquanto o dia escurecia.
- Não... - Ela se sentou, se afastando de mim - Digo, daqui. - Franzi a testa.
- Você quer dizer...
- Sim, do Rio de Janeiro. Quer dizer, eu te adoro, e adoro sua companhia, mas talvez Amora esteja com saudades.
- Amora está dormindo, Lisa. E você disse que me adora?
- Ela ainda podia te ouvir. Você era um incentivo pra ela acordar...e se agora ela acha que você desistiu dela?
De repente, me sentei. Amora não pensaria aquilo. Ou pensaria?
- Mas Lisa...
- Eu quero ir com você. - Ela disparou, me fazendo arregalar os olhos. - Eu quero conhecer Amora.
- Lisa...
- Me deixe ir com você.
Eu precisei. Eu não aguentei. Eu a beijei. E eu não parei até que Lisa estivesse deitada em cima de mim, no chão frio daquele restaurante enquanto a garoa caía.
Mas Lisa não era garoa. Lisa era tempestade, Lisa era o tempo de uma cidade que nunca tem clima definido. E  naquele momento eu me apaixonei ainda mais. E eu nem sabia que isso era possível.
Foram as bolinhas em seu rosto e o jeito da gente respirar. Um beijo após o outro e aquela inspiração que é a alma pedindo por mais. Juntos. Não nos largamos nem para isso. É o jeito que meu dedo se enrolou nos cabelos dela e o fato de eu morrer de medo de aperta-la, mas as vezes fazer isso sem querer, na intenção de puxa-la pra perto. Cada. Vez. Mais. Perto. Eu quis que Lisa e eu fôssemos um só naquele dia. E então eu a levei pra casa.

                               ****
- Tem uma passagem para São Paulo amanhã de manhã. - Lisa disse, deitada na cama só de sutiã e calcinha. Que mulher, meus amigos...que mulher. Não fizemos nada, mas quando chegamos em casa foi preciso tirar a roupa ensopada, e Lisa achou que seria uma boa ideia ficar quase sem roupa ao meu lado.
- Precisamos de duas, não?
- Sim - Ela sorriu. - Só estava confirmando com você.
Eu me inclinei pra perto dela.
- Confirmando o que?
- Vai que você não quer minha presença.
- Lisa, eu quero a sua presença.
Ela não diz nada, apenas sorri e clica em "comprar" no aplicativo de sua empresa aérea.
- Partimos amanhã as 17h. Agora, eu preciso ir embora. Já são quase dez da noite e eu preciso fazer as malas. Já pensou em onde vamos ficar?
- Meu sobrenome é nome de vários hotéis.
- Ótimo.
Ela me deu um beijo no rosto e saiu do quarto. Ouvi Lisa rir de alguma coisa com Gabriel e bater a porta da sala. Em menos de dois minutos, ele estava abrindo a porta do meu quarto:
- Vocês vão a São Paulo?
- Gabriel...
- Ian, porra. - Ele se sentou na minha cama - Em que parte desse seu tempo viajando que você se esqueceu que Felicia e Augusto Castelli te odeiam? Você abandonou Amora!
- Não. - Senti meu sangue se concentrar no meu rosto e me segurei para não explodir de raiva. - Eu fui realizar o sonho dela, porque alguém tirou isso dela e minha irmã está numa cama de hospital tem mais de um ano e meio. Eu fiz a merda de um blog, eu fiz um álbum de fotos, eu fiz tudo pra quando Amora acordar vir que eu nunca a abandonei. Não tem um dia no qual eu não pense nela.
- Ian, e se ela não acordar?
A ideia parecia absurda.
- Como que você consegue manter uma teoria dessa, Gabriel? Ela é sua irmã também!
- Ian, não é uma teoria, é uma chance! Uma grande chance! Ela está em coma e não da resultados, Ian! Você precisa...você é o único que...
Eu franzi a testa, me virando para Gabriel.
- Eu sou o que?
- Você é o único que pode desistir. Você é o único que pode acabar com essa prolongação que você SABE que é atoa!
- Como que é? - Eu arregalei os olhos.
- Olha, eu não te contei...
- Desembucha, porra!
- Uns 10 meses atrás, quando eu fui em casa contar para mamãe e papai que eu e Diana decidimos romper, eles tocaram no assunto Amora. -
"Assunto Amora"... como se não estivéssemos falando da nossa família. - Eles queriam desligar os aparelhos. - Vendo que fiquei pasmo, Gabriel continua: - Ian, já faz tanto tempo... nossos pais perderam a esperança.
- Você não pode estar falando sério.
- Eu perdi o juízo naquele dia, bati na mesa, gritei coisas que não deveria e sugeri que eles passassem pro seu nome...
- Passassem o que pro meu nome?
- Ian, a guarda de Amora é sua. -
Minha cabeça era uma confusão absurda. - Você é o único que pode desligar os aparelhos. Nossos pais não são mais responsáveis por Amora, e eu não poderia ser. Eu não teria forças, Ian, eu já teria desligado.
- Será que estamos falando da mesma pessoa? - Cuspo - Vai a merda, porra! É a Amora! É a menina de trancinhas e all star que passeava pela casa e quebrava todos os nossos carrinhos porque não deixávamos ela brincar. É a Amora que chorava quando Felicia ameaçava te bater quando você fazia alguma burrada. É a Amora do trio perfeito. É a nossa irmãzinha, Gabriel, caralho!!!!!!!! É a Amora!!! Nada mudou! - Bati na cama e me levantei, segurando meus cabelos como se aqui fosse a merda de um pesadelo. Quem dera tivesse sido.
- Ian, acorda!!!! - Ele gritou! - Amora não fala, não respira por conta própria, não pensa...
- Você não sabe disso. - O interrompi.
- Mas os médicos sabem! Ian, ela não vai voltar. Nós nunca mais vamos ouvir a voz dela, Amora está morta, Ian! Aceita essa merda como eu aceitei. Você acha que não dói? Que eu não tenho coração? Que eu não senti quando ela morreu? Quando a vi jogada naquele balanço como a merda de uma drogada tendo uma overdose? Porque foi isso que ela teve, Ian! Amora Castelli sua irmãzinha perfeita teve uma overdose. E as pessoas não voltam dessa merda.
Sem me controlar, eu o coloquei contra parede, segurando seus ombros.
- Acontece que Amora está viva, seu irmão mais velho de merda. Se recomponha, Gabriel, sua vida não acabou quando Diana te deu um pé na bunda, você ainda tem a porra da sua família, você ainda tem seus irmãos. Dar as costas pra Amora é a pior coisa que poderia ter feito. Ela está sozinha, merda, e eu... - Me afasto dele, tentando organizar minha cabeça - eu não sabia! Porque você não achou que eu tivesse o direito de saber que nossos pais não a visitam mais!
- Talvez seja o certo a se fazer. Ela está agonizando, Ian, todo dia... você pode acabar com isso. Você pode deixá-la descansar em paz.
- Eu jamais desistirei de Amora.
- Ian...
Sem pensar duas vezes, eu o empurrei, fazendo com que Gabriel caísse contra o chão frio do apartamento. Coloquei minha mochila em cima da cama, jogando todos os meus pertences dentro dela.
- Brother..
- Não ouse - eu apontei o dedo no rosto dele quando o mesmo se levantou, colocando a mão direita em meu pulso, tentando me impedir - me chamar assim. Amora está viva, Gabriel, mas foi você quem acabou de morrer pra mim. Quando ela acordar, não ouse...porra, não ouse olhar na cara dela. Seja homem, uma vez na sua merda de vida, e assuma que você é fraco! Você é só isso, Gabriel, um moleque vivendo do dinheiro dos pais por anos apenas porque uma vadia qualquer decidiu que ela não queria mais nada com você.
- Você pense duas vezes antes de falar de Diana. - Ele ameaçou.
- Engraçado como você defende uma viva que não te quer, mas desiste da sua irmã em coma que te ama mais do que tudo.
Com essas palavras e a mochila nas costas, eu saí do apartamento azul claro de Gabriel. Eu não aguentaria mais uma noite sob aquele teto.

                                ****
Duas horas e uma mala pronta depois de ter chegado em casa, meu pai bateu na porta do meu quarto.
- Entre.
- Você tem visitas.
Ergui as sobrancelhas e olhei o relógio. Meia noite e trinta e três. Quem faz visita a essa hora?
Desci as escadas segurando no corrimão dourado e lá estava ele.
- Ian, o que faz aqui?
- Festa do pijama? - ele pergunta, me fazendo sorrir.
Meia hora depois, estou procurando almofadas na sala de cinema para Ian dormir.
- E o que você está pensando em fazer? pergunto, após Ian me contar a absurda história sobre como seus pais desistiram de sua irmã mais nova. Aquilo me corta o coração e me dá vontade de abraçá-lo para todo sempre.
- O que quer dizer?
- Sobre os aparelhos...
- Não vou desligar.
- Acho certo. Ela está viva, você não deve desistir ainda. Quer ver um filme pra distrair?
Ele faz que sim com a cabeça, e me sentando ao lado dele, escolho Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças e coloco no projetor. Gosto de como Clementine passa por diversas metamorfoses nesse filme, gosto como ela é uma pessoa só mas se desdobra em várias outras personagens. Gosto de como ela se esforça para esquecer algo que pode machuca-la.
Às vezes, eu queria ser menos Lisa e mais Clementine .
- Não é incrível como ela fica bem em todas as cores de cabelo? - Pergunto, me referindo a protagonista. - Droga, ela é tão bonita.
- Você ficaria bonita de cabelos vermelhos. - Ian sorri, como quem sonha acordado.
- Você acha? Eu sempre tive medo de mudanças drásticas.
- Sou suspeito de falar.
- É?
E então ele se aproxima. Ian tem cheiro de perigo e chocolate. E eu não gosto de perigo, mas gosto de chocolate. Eu não gosto de Ian, mas gosto do que sou com ele. Com Ian, não tem Pedro, não tem relacionamento abusivo, não tenho que ser a bailarina perfeita ou a ótima estudante de direito. Com Ian, eu posso sonhar.
- Suspeito por que?
E então ele me olha nos olhos, como quem tenta me despir de dentro pra fora.
- Porque eu iria a guerra por você, Lisa Wengrov.
Prendo a respiração e sinto meu coração acelerar e tento acalma-lo, mas sem sucesso. "Isso só pode ser um pesadelo" repito para mim mesma em pensamento "ele está apaixonado por mim, isso só pode ser um pesadelo".
Quando ele me beija, eu quase não sinto a gravidade me puxar. Eu perco a noção do tempo e do espaço quando Clementine começa a falar pra Joel que ele logo logo encontrará algo nela que não gostará. Joel insiste, mas ela diz que não. Eles devem seguir caminhos diferentes. Como eu e Ian. Mas eu não consigo dizer, porque seus lábios me tiram a concentração e em poucos segundos eu me esqueço da presença de Clementine, de Joel e de mim mesma. Em poucos segundos, eu sou Ian Castelli e Ian Castelli é Lisa Wengrov. Em poucos segundos, eu estou sem roupa e começo a tirar a dele. Não que eu nunca tivesse visto o abdômen de Ian na vida, porque ele parece ter desprezo por camisetas, mas naquele momento, eu me deixo reparar. Ian não é o ser humano mais atlético desse mundo, mas também não deixa a desejar. Suas mãos em minha cintura são firmes, enquanto, sentada em seu colo, eu passo as minhas por toda a extensão de seu rosto. Vejo ele abrir os grandes olhos azuis e gostaria de poder nadar no mar infinito que é Ian Castelli. Vejo ele os fechar novamente e descubro que seus cílios são longos. Quando ele coloca as duas mãos em meus seios, descubro que sou feita de paixão e fogo. E Ian é feito de amor e água. Somos dois opostos que de tão parecidos, se completam. Eu gostaria de ir a guerra por Ian Castelli.
Quando ele me deita no grande sofá cama vermelho da sala de cinema, a qual tem vários sofás iguais, eu me permito fechar os olhos e apenas sentir sua respiração. Ele beija meus seios, minha barriga e vai descendo. Ninguém nunca tinha me feito sentir aquele turbilhão todo. Ele faz tudo tão devagar que é como se quisesse guardar cada cena em sua mente, fotografar cada pedacinho de mim com seus grandes olhos de ondas.
- Você é tão incrível... - Ele sussurra.
Eu agarro seus cabelos e o puxo pra mim. Eu quero que ele me beije. Eu quero que sejamos um só, eu quero Ian Castelli, mesmo não sendo apaixonada por ele, mesmo tendo apenas uma minúscula intenção de ser.
- Eu quero você dentro de mim. Agora.
Ele obedece, me beijando enquanto escorrega pra dentro de mim. E naquele momento, eu descobri: Ian Castelli é o mais perto do céu que já estive. Quando tudo em mim é feito pra ser quebrado, ele me conserta. Ian Castelli é uma coletânea de todas as musicas do Blink 182 com uma pitada de Goo Goo Dolls. Ian Castelli é R U Mine do Arctic Monkeys com o fundo sonoro de Look After You de The Fray. Ian Castelli é We Can Try do Between The Trees. Com Ian Castelli, eu posso tentar. Com Ian Castelli, eu posso conseguir. Com Ian Castelli, eu posso me permitir. Ian Castelli poderia ser o brilho eterno da minha mente sem lembranças e eu não reclamaria.

                               ****
Com Lisa Wengrov, eu posso dormir abraçado numa sala de cinema sem me incomodar com seus cabelos batendo no meu rosto ou com sua respiração alta.
Com Lisa Wengrov, eu posso me acordar às três da tarde desesperado. Porque quando eu acorda-lá, sei qual será sua reação.
- O quão caralhos nós dois somos irresponsáveis? Ian, são três da tarde, larga essa merda de almofada, os empregados arrumam isso, vá tomar seu banho, tem a porra de um banheiro ali dentro, caralho, Ian, nos vamos perder esse voo, é uma hora daqui até o aeroporto! Meu Deus, eu preciso de um banho! Puta que me pariu, se juntar nós dois não dá um!
Lisa saiu da sala me fazendo desejar a morte. Que tipo de pessoa, em sã consciência, acorda gritando? Santo Cristo, ela me enlouquecia.
Quinze minutos depois, estou parado em frente a grande sala de cinema da grande mansão Wengrov, observando o movimento daquela casa.
Empregados passam de um lado pro outro, todos ocupados demais pra sequer notarem minha presença, mas uma senhorinha chamou minha atenção para ela quando parou na minha frente:
- Meu nome é Marice, você parece estar com fome.
- Estou sim, mas eu e Lisa vamos sair daqui a pouco e...
- Venha, vou te preparar um sanduíche rápido, dona Lisa nem vai perceber sua ausência.
Sentei num banco em frente ao balcão de mármore da imensa cozinha decorada em tons de branco e cinza enquanto assistia Marice colocar ovo mexido e mortadela frita em um pão francês. Eu nunca tinha comido aquilo, mas parecia ser bom.
- Veja se gosta. - Ela empurrou o prato em minha direção, ao lado de um copo com um líquido amarelo.
Dei a primeira mordida e agradeci a Deus por Marice existir. Aquilo estava maravilhoso. Dei um sorriso e Marice entendeu o recado.
- Espero que tenha feito um para mim, Marice - Lisa entrou na cozinha, dando um beijo na cabeça da empregada - estou morta de fome, mas não podemos nos atrasar.
- Sim, senhorita. -  Marice entregou a Lisa um copo térmico e um pote com dois pães iguais aos meus.
- O senhor já terminou de comer ou podemos ir? - Lisa brincou.
- Eu acabei de começar.
- Come essa merda no carro, e pelo prazer do seu estômago, traga esse suco de abacaxi com hortelã que Marice te fez. Isso é dos deuses.
Obedecendo, coloquei a mochila nas costas e segurei o pão com uma mão e o copo com a outra. Eu não podia nem comer em paz com essa garota em minha vida.
No carro, vi Lisa dançar e cantar o repertório inteiro de uma banda antiga que eu conhecia, mas não conseguia me lembrar o nome. Foi uma terrível hora, já que Lisa não era boa em improvisar dança de musicas antigas e eu precisei assistir aquela cena toda.
- Posso lhe trazer algo, Srta. Wengrov?
- Não, Patricia, obrigada.
Mas é claro que Lisa conhece a aeromoça. Ela é dona da porra do avião.
Menos de uma hora depois, pousamos em São Paulo. Ah, minha cidade cinza...como eu não estava com saudade de você.

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