Anahí
A semana seguinte pareceu voar. Como madrinhas e melhores amigas de Dulce eu e Maite estávamos ajudando-a a preparar tudo pro casamento e claro aguentando as crises dela, como acontecia naquela tarde na penúltima prova do vestido.
Dulce: Por que ele ta tão apertado?! Vocês andaram lavando ele com algum produtor encolhedor? - ela reclamou.
- Não senhorita... Será que com o stress do casamento você não engordou um pouquinho?!
Dulce a fuzilou e fiquei com medo pela moça.
- Eu não engordei ta bom?!... Se não fizer esse vestido caber em mim como semana passada eu vou processar essa loja.
Maite: Dulce não exagera. - sorriu do desespero da amiga.
Dulce: E você não zomba de mim. - rebateu apontando o dedo pra ela.
Any: É... Será que não trocaram o vestido?! - sugeri tentando acalmar os ânimos de Dulce e da atendente em pânico.
- É provavelmente foi isso, eu vou ver o que houve. - sorriu e saiu às pressas.
Dulce se jogou no estofado e fez um bico enorme. Me apavorei ao ver seus olhos marejarem.
- Com certeza não trocaram o vestido, eu que engordei... Ucker não vai querer se casar com uma baleia!
Any: Ai Dulce deixa de ser boba, você não esta gorda!
Dulce: Mas eu engordei! - fungou chorando.
Maite: Amiga esses vestido são complicado, 500gramas que você engorda eles já não entram mais. Mas se tiver apertado a gente pode fazer alguma coisa nele.
Dulce: O que? Alargar? Pra que? Pra acharem que eu to grávida e por isso engordei?! - esbravejou.
Any: Tudo bem, vamos ver se outro vestido cabe ok? Do mesmo modelo.
Dulce: Ai meninas obrigada por me aguentarem. - sorriu enxugando o rosto.
Maite: Relaxa eu to com mais pena do Ucker que daqui uma semana terá que aguentar você 24 horas por dia, 07 vezes por semanas e 365 dias no ano. - sorriu.
Dulce: Ai sua chata. - resmungou jogando uma almofada nela. - Eu amo vocês duas sabia?!
Any: Também amamos você! - sorri e a abracei.
Dulce: Any você tem mesmo que ir embora depois do meu casamento? - me olhou triste parecendo uma criança.
Meu sorriso desapareceu na mesma hora. Nos ultimos dias eu fazia o possível pra não pensar, falar e ouvir sobre esse assunto, mas era inevitável quando todos sabiam do que estava havendo.
- Sim! - assenti. - Vocês sabem por quê. - abaixei a cabeça disfarçando as lágrimas quer ameaçavam surgir.
Maite: Ainda não me conformo com isso. - reclamou furiosa.
- Prontinho acho que realmente trocaram seu vestido senhorita. - a vendedora sorriu entrando na sala.
Me afastei agradecendo pelo assunto ter morrido. Voltei à minha posição de madrinha e sorri quando Dulce vestiu a outra peça e sorriu satisfeita quando o vestido entrou perfeitamente. A vendedora me sorriu cúmplice e eu e Maite sacamos que o vestido não havia sido trocado e sim substituído por um outro um pouquinho maior, mas que não deixou nossa noiva menos linda e radiante. Com toda certeza Ucker morreria ao vê-la naquele vestido toda produzida.
Dulce: Agora sim esta perfeito... Tomem cuidado pra não trocá-lo de novo. - sorriu satisfeita se olhando no espelho.
- Sim senhora. - a vendedora assentiu sorrindo.
Alfonso
Enquanto as meninas estavam na loja de noivas provando os vestidos eu, Chris e Ucker estávamos no shopping almoçando.
Ucker: Nossa Dulce deve estar dando trabalho pras meninas.
Chris: Ela ta muito pilhada né?!
Ucker: Nossa e como. - suspirou.
Poncho: É, mas eu daria minha vida pra estar no seu lugar com a Any. - suspirei o olhando.
Chris: Verdade né cara? Como estão as coisas com vocês?!
Poncho: Péssimas, não consegui fazer ela mudar de ideia.
Chris: Tem que ter um jeito Poncho.
Poncho: Eu to desesperado cara, não sei mais o que fazer.
Ucker: Meu não é justo vocês se separarem de novo depois do que houve.
Poncho: Eu sei, mas se eu não achar uma saída Any vai embora no dia seguinte ao seu casamento e ai eu a perco de novo.
Ucker: Bom ainda temos uma semana para... Espera ai acho que sei como ajudar você.
Poncho: Então me diz pelo amor de Deus. - implorei não conseguindo conter uma onda de esperança.
Ucker: Peça pra alguma ginecologista do hospital fazer um ultrassom na Karina.
Poncho: Ela vai se recusar e já me entregou dois exames comprovando que esta grávida.
Chris: Ta, mas você viu ela fazendo esses exames?!
Poncho: Não, mas...
Ucker: Então faz o ultrassom. Se ela estiver grávida alguma coisa vai aparecer.
Poncho: Vocês tem razão... Eu vou fazer isso. - assenti sério. - Mas acham que essa gravidez pode ser falsa?
Chris: Ué é coincidência demais ela descobrir que esta grávida justo agora que você e An y se entenderam.
Poncho: Realmente é muito estranho. - refleti encafifado.
Anahí
Cheguei em casa já passando das 17 horas. Me joguei na cama suspirando e encarei as caixas espalhadas pelo meu quarto. Instantaneamente minha garganta queimou e senti quando duas lágrimas escorreram do meu rosto.
- Filha...
Any: Oi! - forcei um sorriso e enxuguei o rosto ficando sentada.
Patrícia: Tudo bem querida?!
Any: Tudo! - assenti, mas meus olhos marejados denunciavam o oposto.
Patrícia: Quer conversar?!
Any: Não tenho nada a dizer... Eu quero ficar sozinha ta?!
Patrícia: Mas tem uma pessoa querendo falar com você, lá embaixo.
Any: Quem?! - enxuguei o rosto e estreitei as sobrancelhas.
Patrícia: Por que não desce e confere você mesma?! - sorriu e ficou de pé.
Any: Se for o Poncho...
Patrícia: Não é o Poncho. - sorriu e saiu fechando a porta.
Suspirei e movida pela curiosidade desci as escadas um tanto às pressas.
- O que ta fazendo aqui?! - encarei Manuela pasma.
Manuela: Quero conversar com você, posso? - me encarou com aquele ar maternal.
Assenti e senti minha garganta pegar fogo. Cerrei os punhos com força contendo a vontade de abraçá-la. Durante anos Manuela havia sido como uma mãe pra mim e apesar dos dois anos que fiquei sem vê-la isso não mudara.
- Vamos comigo... Na biblioteca. - apontei com a cabeça o corredor e nos dirigimos pra lá.
Manuela entrou atrás de mim e sentou ao meu lado no sofá.
- Eu sei que a situação esta difícil, Poncho me contou tudo... Any, não pode ir embora.
Any: Manuela... Se eu ficar é pior.
Manuela: Mas meu Deus, você s demoraram dois anos pra sacar que ainda se amam e agora você vai assim?!
Any: Não quero obrigar o Poncho a escolher entre eu e o filho.
Manuela: Mas Any...
Any: Não adianta, você pode me dizer que ele pode ficar com nós dois, mas Karina nunca vai dar sossego à ele.
Manuela: O que eu posso dizer pra você ficar?!
Any: Nada Manu. Poncho abriu mão de mim pro meu bem uma vez e eu vou abrir mão dele agora.
Manuela: Não é justo isso... Por uma fatalidade dessas vocês se separarem de novo.
Any: Talvez a gente nunca devesse ter ficado junto. - dei de ombros me sentindo desolada.
Manuela: Eu queria tanto poder ajudar vocês... Vê-los juntos!
Any: Eu sei e agradeço, mas não tem nada que a gente possa fazer... Acabou Manu.
Manuela: Não acabou não... Enquanto estiver aqui vai haver esperanças. - sorriu.
A olhei e sem me conter a abracei. Estava cansada de bancar a forte e pelo menos por cinco minutos e eu me permitiria desmoronar.
Alfonso
Karina apareceu no meu apartamento feliz com a meu pedido pra vê-la.
- Fiquei feliz quando me ligou.
Poncho: Tenho algo pra te falar... Amanhã você vai fazer um ultrassom, já esta agendado.
Karina: O que? Por que isso?!
Poncho: Porque temos que cuidar desse bebê desde cedo e amanhã começaremos com os procedimentos pro pré-natal.
Karina: Ta eu marco o ultrassom e depois te conto como foi.
Poncho: Não... Como pai eu quero estar presente. Ou tem algum problema eu ir junto?!
Karina: Claro que não. - sorriu e notei que ela estava nervosa demais pra algo tão simples.
Poncho: Ótimo, então amanhã faremos esse ultrassom. - respondi sério.
Anahí
Na manhã seguinte aproveitei que meu turno começava mais tarde no hospital já que eu teria plantão e fui até o apartamento de Dulce e Ucker. Precisava falar com eles ou pelo menos um deles.
Quando toquei a campainha a porta se abriu e Dulce surgiu em meu campo de visão.
- Oi Any... O que faz aqui?! - deu passagem e eu entrei.
Any: Ucker esta em casa?!
Dulce: Não, vou ver umas coisas do bufe, falei que hoje era a vez dele. - sorriu dando de ombros.
Any: Ah ta. - sorri aliviada por ela estar sozinha, seria mais fácil dizer tudo apenas pra ela.
Dulce: Por que você ta com essa cara Any?!
Any: Eu tenho uma coisa pra te contar, mas preciso que guarde segredo.
Dulce: O que foi?! - me olhou assustada.
Suspirei e ela me conduziu até o sofá onde sentamos.
- Quer beber alguma coisa?!
Any: Não, já tomei café e daqui a pouco eu entrou no hospital... Eu quero desde já te pedir desculpas.
Dulce: Ué desculpas? Mas pelo que?!
Any: Eu não vou poder ficar na sua festa de casamento... Eu sou vou assistir a cerimônia e vou embora.
Dulce: Quando você diz quer vai embora... Você esta falando...?!
Any: De Acapulco... Já esta tudo pronto, consegui uma passagem para as nove da noite, é o tempo da sua cerimônia acabar e enquanto todos estiverem indo pra festa eu vou estar indo pro aeroporto.
Dulce: Mas assim você não vai conseguir se despedir de ninguém.
Any: Essa é minha ideia... Todo mundo acha que eu vou na tarde seguinte ao casamento e até notarem a minha falta na festa e entenderem o que houve eu já vou estar no avião...
Dulce: E Poncho não poderá mais te impedir?!
Any: Isso! - assenti com os olhos marejados.
Dulce: Any por que esta fugindo como uma ladra? Caramba você não fez nada, não precisa ir embora assim.
Any: Dul, Poncho é padrinho do Ucker, com certeza Karina vai querer subir ao altar com ele e o clima vai ficar insustentável, deixa eu aproveitar a festa pra ir embora antes que eu não tenha mais coragem. - suspirei.
Dulce: Você sabe que eu não concordo com isso né?
Any: Eu sei, mas eu só to te contando pra você saber porque eu não vou à sua festa. Quando eu for te cumprimentar depois da cerimônia você vai saber que é uma despedida e depois você diz ao Ucker e aos outros, eu só achei que devia te avisar. - suspirei.
Dulce: Eu entendo seu lado... Eu não sei o que faria no seu lugar.
Any: Obrigada... E já que me entende será que você pode guardar segredo sobre isso?! Não contar a ninguém, nem ao Ucker?
Dulce: Ta, tudo bem... Mais alguma coisa pra me contar?!
Any: Não! - abaixei a cabeça apertando as mãos.
Dulce: Anda Any, eu te conheço o que foi, me fala?! - me encarou.