Alfonso
Any, Marcos e eu fomos os últimos a chegar ao apartamento de Chris. Já que eu e Any perdemos hora e Marcos também demorou pra se arrumar. Quando entramos a "festa" já estava armada, tinha até bebida no meio.
Havia colchões espalhados pela sala e deduzi que acabariamos dormindo todos juntos.
- Meu amor... Você não vai poder me devolver o sutiã hoje à noite, ou nossos amigos vão ver. - sussurrei no ouvido de Anahí ao abraçá-la por trás.
Ela sorriu apertando meus braços e percebi que ficou vermelha. Dulce apareceu em seguida sorridente:
- Oi gente!
Marcos: E ai?! - sorriu.
Dulce: Any, precisamos de ajuda na cozinha, pode vir com a gente, por favor? - perguntou a puxando pela mão.
Any: Claro! - deu de ombros e me deu um beijo antes se afastar.
Chris: Fiquem a vontade, Poncho você sabe que é de casa e Marcos, bem vindo. - sorriu.
Marcos: Valeu! - sorriu assentindo e percebi quando ele encarou Celina parecendo que ficara petrificado.
Poncho: Seja mais discreto ou ela vai perceber. - sussurrei.
Marcos: Você é igualzinho com a Any... Às vezes eu acho que rola uma competição pra ver quem faz mais cara de bobo, você ou ela. Com licença. - sorriu e se retirou.
Sorri negando com a cabeça ao vê-lo sentar ao lado de Celina, Chris e Angelique e puxar conversa com eles.
Da cozinha eu conseguia ouvir Any, Dulce, Maite e Derrick discutindo sobre alguma coisa. Ucker saiu da mesma sorrindo e veio na minha direção.
Poncho: O que aconteceu? - perguntei sorrindo.
Ucker: Amigo, um conselho... Nunca se meta numa cozinha onde estão três mulheres, Derrick esta tentando fazer isso e ta se dando super mal. - sorriu negando com a cabeça. - Daqui a pouco ele sai a vassouradas.
Sorri divertido, gostando daquele clima, da descontração com meus antigos e novos amigos. Foi quando me lembrei de uma coisa. Sabia que aquela era a hora certa de falar com ele, antes que todos se juntassem de novo.
Poncho: Eu quero te pedir um favor.
Ucker: O que? Você ficou estranho, o que houve?
Poncho: Vem comigo... Quero conversar a sós com você. - respondi sério e o puxei pra longe dos outros.
Fomos pro corredor na direção dos quartos e entrei em um deles, puxando Ucker comigo.
- Hei o que foi?!
Poncho: Olha eu sei que é uma péssima hora pra falarmos sobre isso, mas desde que sai do hospital é o único momento que consegui ficar a sós com você e não vai demorar até sentirem nossa falta.
Ucker: To te estranhando... Vai dizer que se apaixonou de verdade por mim? - sorriu.
Poncho: Não Ucker, é sério. - respondeu e o sorriso dele sumiu. - Quero que me prometa uma coisa, um favor de amigo de infância pra outro amigo de infância.
Ucker: O que foi?! - estreitou os olhos.
Suspirei fechando os olhos com força antes de encará-lo e soltar a bomba.
- Quero que cuide da Any, se o pior acontecer comigo.
Ucker: O que? Ta falando de que?
Poncho: Você sabe do que to falando. Ucker eu piorei e só nós dois sabemos disso e assim que tem que continuar sendo. Eu recebi alta, mas eu sei que não to legal. Olha você sabe que a Any se culpa pelo que eu tenho, por isso se algo me acontecer eu quero que você cuide dela pra mim, quero que a convença de que ela não é culpada de nada, que me fez muito feliz.
Ucker: Poncho chega de conversa. Você ta me dizendo tudo isso por que acha que vai morrer?
Poncho: Ucker... Eu já to esperando há muito tempo!
Ucker: Poncho quer sossegar e parar com essas idéias? Vai aparecer um doador!
Poncho: Ta, mas e se não aparecer... Olha eu não quero estragar a festa, ta todo mundo animado lá fora, mas eu precisava te pedir isso, eu não vou me perdoar esteja onde eu estiver se alguma coisa acontecer com a Any. Por favor, promete que vai cuidar dela pra mim. Eu sei que ela tem nossos amigos, mas eu confio mais em você, sei que sempre deu força pra ela, sempre a ajudou quando eu era internado e quando meu pai a rejeitava. Faz isso por mim também, por favor, cara eu to pedindo. Cuida dela se algo me acontecer?!
Ucker: Beleza... Mas vai ver que quem vai cuidar da sua namorada é você mesmo, porque vai continuar com a gente seu idiota e no dia do casamento de vocês dois eu vou te dar um pedala na hora do sim, pra você se lembrar de hoje.
Poncho: Ok... E você será um dos padrinhos, prometo. - sorri o olhando.
Ucker: Acho bom! - respondeu sorrindo.
Poncho: Obrigado cara... Você é como um irmão pra mim e sabe disso. - sorri.
Ucker: Você também, apesar deu não saber direito se queria um irmão meio lesado como você. - sorriu.
Poncho: Palhaço, você é muito correto pra falar de mim né? - sorri o olhando.
Anahí
Dulce e eu saimos da cozinha quando Derrick e Maite começaram a se beijar, enquanto terminavam de arrumar o que iriamos correr. Entrei no corredor que separava a sala do outro corredor para os quartos.
- Cadê o Poncho?! - olhei em volta.
Dulce: Ucker também sumiu... Será que saíram?! - deu de ombros e foi pra sala, a acompanhei. - Gente vocês viram se o Poncho e o Ucker saíram?
Marcos: Não vi não... Quando chegamos ele ficou parado no corredorzinho e depois vi ele falar com o Ucker, mas acho que não saíram. - deu de ombros sem se lembrar, os outros nos olharam também sem saber.
Tomei um susto quando por trás os braços de Poncho me envolveram pela cintura, me erguendo do chão.
- Oi! - a voz rouca dos dois sôo atrás da gente.
Dulce: Onde estavam? - se virou encarando Ucker.
Ucker: Fomos pegar o baralho pra jogarmos. - mostrou a caixinha e sorri aliviada.
Dulce: Ah, ótimo, vem vamos sentar ali. - o puxou até o sofá.
Poncho: O que foi?! - me olhou sorrindo.
Any: Besteira, acho que to ficando paranóica, pensei que tivesse te acontecido alguma coisa. - sorri sem jeito.
Poncho: Eu to bem, meu amor, não se preocupe. - sorriu piscando pra mim.
Any: Uhum, tem razão! - forcei um sorriso e o abracei com força.
Poncho me apertou entre seus braços e suspirei beijando seus ombros. Fiquei aliviada ao vê-lo com Ucker, mas era como se alguma vozinha falasse dentro de mim. Um mau pressentimento tinha se apossado de mim, no momento que Poncho me dissera aquelas palavras no quarto.
"Não me preocupo mais com isso. Eu só quero ser feliz com você enquanto estivermos juntos."
Aquilo me deixava com medo, como se eu estivesse perdendo alguma coisa. Respirei fundo não querendo me entregar à um medo sem fundamentos. Quando Poncho me soltou, lhe mostrei meu melhor sorriso e o beijei.
- Ta tudo bem?!
Any: Uhum! - assenti sorrindo. - Só estou feliz de estar aqui com você e nossos amigos.
Poncho sorriu e me beijou, voltando a me abraçar em seguida. Entramos no meio da roda e ficamos conversando todos juntos, até Derrick e Maite se unirem à gente completando o enorme grupo.
Alfonso
Depois de muita conversa nos espalhamos pelos colchões no chão e ficamos vendo filme, comendo pipoca e brigadeiro. Bom pelo menos alguns tentavam já que estavam distraídos com outras coisas.
- Any! - sussurrei a chamando, ela ergueu a cabeça do meu peito e me olhou. - Olha?! - apontei.
Ela olhou pra onde eu apontava e sorriu um tanto surpresa e incrédula ao ver Celina e Marcos se beijando.
- Eu disse que ele tava de olho nela. - sussurrei no seu ouvido.
Any: Que bom que um esta fazendo companhia pro outro. - sorriu dando de ombros e sorri de acordo.
Poncho: Por que agente não faz o mesmo que eles?! Ninguém ta prestando atenção no filme. - dei de ombros.
Any sorriu e olhou em volta. Maite e Derrick estavam deitados e quase dormindo, ela tinha a cabeça apoiada no ombro dele que lhe fazia lentos carinhos em seus cabelos. Celina, Marcos, Ucker e Dulce estavam aos beijos e Angelique e Chris conversavam trocando sorrisos e beijos.
No meio daquela turma eramos os únicos comportados.
- Hum... Prestar atenção em você ou no mocinho?! - apertou os lábios estreitando os olhos.
Poncho: Se escolhê-lo pode ficar com ele a noite toda viu? - resmunguei.
Any pôs as mãos na boca gargalhando não querendo chamar atenção. Inclinou o corpo ficando praticamente em cima de mim e beijou meu peito descoberto. Com aquele calor seria impossível dormir sem camisa.
Any: É claro (mordeu meu queixo) que eu escolho você, bobo!
Apertei os braços dela e a beijei, senti que meu coração ia parar de tão rápido que batia, mas de felicidade.
- Tem sorte de estarmos com nossos amigos, ou você ia ver o que eu ia te fazer por causa dessa provocação.
Any: Minha agenda ta livre amanhã... Podemos acertar essa dívida. - brincou sorrindo.
Poncho: Eu amo você Any! - acariciei seu rosto. - Não esqueça, nem duvide disso nunca.
Any: Não vou! - sorriu se aproximando e me beijou.
No fim ficamos como os outros casais, namorando e vendo algumas partes do filme. Eu não sabia bem do que a história falava, só sabia que era comédia romântica porque ri em algumas cenas do tal casal atrapalhado. Minha atenção estava toda voltada para a garota de cabelos castanhos mais linda que eu já tinha conhecido. Senti meu coração disparar de novo e como que pra constatar que ela era real, a apertei entre meus braços com força e beijei seus cabelos. Prontamente ela sorriu me olhando e me deu um beijo. Em seguida acomodou o rosto na curva do meu pescoço e apertou o braço em torno da minha cintura, respirando fundo. Sorri arrepiado e acariciei seus cabelos querendo tê-la assim comigo pra sempre.
- Será que demora por filme acabar?! - sussurrou e beijou meu rosto antes de me encarar.
Poncho: Acho que não por quê? Ta com sono?!
Any: Uhum! - assentiu.
Poncho: Então dorme, quase todo mundo já pegou no sono. - encarei Derrick, Mai, Dul e Ucker que dormiam, Marcos e Celina ainda namoravam e Chris e Angelique assistiam ao filme.
Any: Ta, qualquer coisa você me chama ok?!
Poncho: Ta bom. Boa noite princesa. - sorri dando um beijo em sua testa.
Any: Boa noite, príncipe! - sorriu e voltou a esconder o rosto no vão do meu pescoço, a apertei com força até que se aconchegasse ali.
Suspirei voltando ao filme. Em segundos senti Any relaxar e a respiração dela se tornar regular e lenta. Fiquei pensando na conversa com Ucker e inconscientemente pedi à Deus que ele estivesse certo e eu errado. Eu nunca quis morrer, sempre tive esperanças de encontrar um doador pra mim. Às vezes eu pensava com frieza. Pessoas morrem todos os dias, vai acabar morrendo alguma e salvando minha vida. Mas na certa essa pessoa tinha família, entes queridos, gente que ela amava como eu tinha.
Encarei Any e todos na sala, eu sofreria se perdesse qualquer um deles e eles também sofreriam se me perdessem. Alguns um pouco mais, como Any particularmente. Suspirei não querendo pensar no assunto. Eu não queria ir embora, deixar todos eles. Se já doia há seis meses agora doia muito mais porque havia Any, havia amigos novos. Odiei-me quando senti minha garganta queimar e os olhos marejarem. Seria perfeito se alguém notasse meu estado ou Any acordasse. Obriguei-me a me controlar. Se eu queria que isso permanecesse entre eu e Ucker, teria que fazer as coisas direito.
O filme acabou e Chris levantou indo desligar o DVD, enxuguei meu rosto com pressa e com cuidado.
- Não sobrou quase ninguém acordado. - sorriu falando baixo.
Poncho: Todo mundo acordou cedo por isso. - sorri.
Angel: É, mas vamos dormir, é meia noite já e eu to com sono. - se espreguiçou no colchão.
Ucker: Boa noite gente... Digo por mim e Dul porque acabou de dormir. - sorriu acariciando a mão dela.
Marcos: Boa noite! - sorriu e abraçou Celina.
Poncho: Boa noite! - encarei os que estavam acordados.
Rapidamente o abajur da sala se apagou e a tv foi desligada. Apertei Any com força e fechei os olhos. Obviamente demorei um bom tempo pra conseguir dormir, sendo o único a ficar acordado na sala.