Alfonso
Quando saímos da faculdade fomos pro shopping junto com os outros na intenção de almoçar lá.
Chris: Amor fica calma! - ouvi Chris dizer quando sentamos na mesa.
Poncho: O que aconteceu? - perguntei interessado.
Angel: Uma das garotas que mora na minha república foi embora e só eu e a Celina, a garota que mora comigo, não damos conta de pagar o aluguel e todas as despesas, precisamos de mais uma menina pelo menos.
Poncho: E se não encontrarem o que aconteceu?
Angel: Vamos ter que sair da casa... Só que ai como vamos continuar estudando aqui?
Dulce: Calma, vai aparecer alguém.
Ucker: Se a gente souber de algo avisamos.
Angel: Valeu gente! - forçou um sorriso.
Derrick: O que acham de irmos ao boliche um dia desses.
Any: Ah, mas eu mal sei jogar. - fez bico.
Poncho: Eu te ensino princesa, não é difícil. - sorri e a beijei.
Mai: Tem que ser bom professor hein. - brincou.
Ucker: Ainda bem que vocês se entenderam. - sorriu.
Poncho: Não da pra ficar muito tempo brigado com essa teimosa. - sorri abraçando Any.
Any: Run olha quem fala. - desdenhou sorrindo tão feliz quanto eu.
Ficamos brincando e conversando a tarde inteira no shopping e me lembrei de quando era obrigado a me divertir no hospital. Só de pensar naquele lugar e nas pessoas que ainda estavam lá eu sentia um arrepio. Permiti me deslocar um pouco e reparar no grupo à minha volta. Minha namorada e meus amigos, as pessoas mais importantes pra mim, socializando juntos. Eu não fazia ideia de como me sentia bem perto de todos eles.
Anahí
À noite depois de tomar banho fui pro quarto de Poncho.
- Meu amor, como ta indo o... Poncho o que você tem? - perguntei assustada vendo ele sentado na cama.
Poncho: Nada Any... Eu to bem. - respondeu ofegante.
Any: Não ta nada, o que você tem? - me aproximei assustada.
Poncho: Só to com um pouco de falta de ar.
Any: Tomou os remédios?
Poncho: Estão no banheiro! - respirou fundo.
Any: Espera que eu pego! - desci da cama às pressas e fui pro banheiro.
Quando voltei entreguei os remédios à ele. Poncho os tomou enquanto o olhava aflita.
Poncho: Calma meu amor, já vai passar. - respondeu acariciando meu rosto.
Any: É muito fácil pra você me pedir pra ter calma. - respondi e minha vista começou a embaçar.
Poncho: Vem cá! - suspirou largando o copo no criado e puxou minha mão.
Deitei na cama com ele e suspirei o abraçando. Meu medo aumentou quando ao escutar o batimento do coração dele percebi que estava desregulado.
- Poncho a gente tem que ir pro hospital, você não esta bem. - respondi o olhando.
Poncho: Daqui a pouco os remédios vão fazer efeito e vai ficar tudo bem.
Any: Eu vou chamar seu pai. - respondi com medo que ele piorasse.
Me afastei, mas quando ia levantar da cama, Poncho me puxou.
- Não precisa chamar meus pais, vai preocupá-los à toa.
Any: Mas ele é médico e...
Poncho: Any! - me calou pondo os dedos sobre meus lábios. - Eu to bem... Fica calma ok?
Any: Tem certeza? - perguntei mordendo os lábios.
Poncho: Tenho, vem cá. - me abraçou e deitamos na cama. - Agora mudando de assunto, o que você queria quando entrou aqui? - acariciou meus cabelos.
Eu sabia que ele estava tentando me distrair, mas eu estava assustada demais pra cair na conversa dela. Apesar disso suspirei e entrei no jogo dele.
- Queria saber onde você deixou os livros que pegou sexta na biblioteca.
Poncho: Estão ali perto do PC por quê?
Any: Não é que, eu ia te ajudando com o trabalho. - dei de ombros o encarando.
Poncho: Ah, mas eu ainda não fiz minha parte e tem dois meses pra entregar não se preocupa não.
Any: Só queria adiantar.
Poncho: Não sabia que você era meio nerd? - brincou me dando um selinho.
Any: Não sou nerd. - respondi me faz endo de ofendida.
Poncho: Você entende tudo de ligações iônicas e manda muito bem em Anatomia. - sorriu.
Any: Só por isso não quer dizer que eu sou nerd. - respondi sorrindo.
Poncho: Não tem importância, eu vou te amar de qualquer jeito. - sorriu acariciando meu rosto.
Quando nossos lábios se uniram me esqueci do que mais estava me assustando. Ao nos separarmos Poncho me aconchegou em seus braços e beijou meus cabelos. Suspirei e rapidamente peguei no sono, mas prestando muita atenção e acordando várias vezes durante à noite pra ver se ele estava bem.
Alfonso
Na manhã seguinte depois que a aula acabou fechei meu caderno e encarei Any que se entregara ao sono e agora dormia com a cabeça encostada na mesa. Marcos um dos meus amigos perguntou:
- Hei o que ela tem hoje? Mal prestou atenção à aula de Anatomia e ela curte Anatomia, não curte?
Poncho: É, ela gosta, mas (o encarei), digamos que dei trabalho pra ela durante a noite e nem percebi.
Marcos: Como assim?
Poncho: Bom já te contei sobre a insuficiência que eu tenho no coração. Acontece que ontem à noite eu passei mal e Any como sempre ficou preocupada, como ficou no quarto comigo, acordou várias vezes durante a noite pra ver se estava tudo bem. Eu não percebi nada, só me toquei porque ela me contou.
Marcos: Poxa vida, que barra hein! - fez uma careta.
Poncho: É, mas um tem o outro e isso torna as coisas mais fáceis. - sorri.
Marcos: Que sorte a sua cara, quisera eu ter uma garota como a Any por perto. - sorriu e desencostou da mesa. - Eu vou comer alguma coisa e já venho ta?
Poncho: Beleza! - sorri assentindo.
Quando Marcos saiu da sala, puxei uma cadeira e sentei perto de Any. Ela acordou antes que eu tivesse tempo de tocá-la e sorriu ao me ver.
- Está anotando tudo direitinho? - perguntou sonolenta acariciando minha mão, a cabeça ainda deitada na mesa.
Poncho: Eu to, por quê?
Any: Porque vou precisar que me explique depois. - suspirou fechando os olhos.
Poncho: Não devia ter ficado a noite inteira acordada. - respondi sério.
Any: Eu tinha que ter certeza que você ia ficar bem.
Poncho: Então vai pra casa, tira o resto da manhã pra dormir.
Any: Mas eu vou ficar com falta.
Poncho: Meu amor você não ta prestando atenção na aula, tem mais umas 2 horas pra ir embora, vai pra casa, dorme um pouco e quando eu chegar, se quiser, te explico a matéria de hoje.
Any: É uma ideia tentadora. - sorriu de olhou fechados.
Me levantei sorrindo e beijei os cabelos dela.
- Então vamos, eu vou com você até o táxi pra garantir que não vai cair de sono no chão.
Any: Palhaço, você ta muito engraçadinho. - fez bico se levantando.
Poncho: Posso te pegar no colo se quiser. - sorriu piscando.
Any: Nem pensar, prefiro a companhia andando. - sorriu abraçando meu braço e deitou a cabeça no meu ombro.
Poncho: Então, vamos dorminhoca. - brinquei beijando sua testa.
Quando chegamos na portaria da faculdade, acabei tocando num assunto meio delicado.
- Sabe... Você não quis saber de ir atrás do seguro pra resgatar seu carro, mas se você estivesse com ele aqui, você iria chegar em casa mais depressa.
Any: O que quer dizer com isso Poncho? - me olhou séria.
Poncho: Que eu acho que você devia aceitar a ajudar da sua mãe.
Any: De qual das duas ta falando? - se afastou, cruzando os braços.
Suspirei sabendo que tinha tocado num assunto delicado, Any sempre reagia assim quando falava da família.
- Se você se incomoda de me trazer é só me avisar, que eu venho de táxi, ônibus, a pé se for preciso.
Poncho: Any não disse isso, que mal tem te trazer aqui se moramos na mesma casa agora?
Any: Então por que fica falando delas?
Poncho: Olha me desculpa, eu não devia ter tocado nesse assunto, me perdoa. - me aproximei dela arrependido.
Any se afastou não querendo que eu chegasse perto, mas insisti até conseguir abraçá-la.
- Me perdoa! - repeti a abraçando com força.
Any: Só não toca mais nesse assunto, por favor. - pediu retribuindo o abraço.
Poncho: Ta bom, me desculpe, não vou falar mais disso. - me afastei dela, a encarando.
Any: Ta vindo um táxi eu vou nessa. - mudou de assunto.
Poncho: Ok... Quando quiser eu te passo as anotações ok?
Any assentiu e se virou acenando pro táxi.
Poncho: Não vai me dar um beijo? - perguntei antes que entrasse e fosse embora.
Any assentiu se aproximando e segurou meus rosto, unindo seus lábios nos meus. Envolvi meus braços em torno da cintura dela e abri caminho entre os lábios dela com minha língua, dando mais movimento ao beijo.
Any: Te amo!
Poncho: Também te amo. - sorri acariciando seu rosto.
Any: Até mais tarde.
Poncho: Até! - respondi e lhe dei um selinho antes que fosse embora.
Esperei ela entrar no táxi e voltei pra sala.
Anahí
Acho que só percebi como estava cansada quando cheguei na casa de Poncho e me deparei com a escada que eu teria que subir até chegar à minha desejada cama. Suspirei sabendo que não tinha outro jeito.
Quando finalmente abri a porta tirei minha sapatilha, fui no guarda-roupa peguei dois travesseiros e me deitei de bruços. Nem me preocupei em trocar de roupa ou arrumar a cama porque apaguei assim que fechei os olhos.
Não faço ideia de quanto tempo dormi, só sei que acordei com deliciosos beijos - que eu conhecia muito bem - percorrendo meu rosto e pescoço, acompanhados da voz mais linda desse mundo, me chamando.
- Chego cedo! - resmunguei me virando.
Poncho: Cedo nada, já são quase duas da tarde.
Any: Há quanto tempo chegou? - estreitei os olhos estranhando.
Poncho: Uma hora e meia, não quis te acordar, mas minha mãe insistiu pra eu trazer seu almoço. - se afastou e foi então que vi a bandeja de café ao pé da cama.
Any: Você não existe, era só me acordar que eu descia pra comer com vocês. - sorri derretida.
Poncho: Acontece que já almoçamos... Falta você! - colocou a bandeja no meu colo.
Any: Mesmo assim não precisava fazer isso.
Poncho: Precisava sim, a garota que eu mais amo nesse mundo merece que eu faça tudo por ela. - sorriu.
Any: Assim vai me estragar e depois não vai agüentar hein?! - respondi segurando seu rosto entre minhas mãos.
Poncho: Se você deixar eu vou te dar o mundo Any! - afirmou olhando nos meus olhos.
Any: E o seu amor você me dá? - acariciei seu rosto.
Poncho: Ele já é seu, assim como meu coração! - sorriu.
Any: Então eu já tenho o mundo que eu quero. Não preciso de mais nada. - sorri e o puxei o beijando.
Poncho mordiscou meu lábio inferior quando nos afastamos. Uma trapaça muito suja que ele sempre usava quando queria me provocar e isso acabou me fazendo sorrir.
- É melhor comer antes que esfrie. - encarou a comida se afastando.
Assenti notando que estava faminta e em minutos comi tudo o que estava no prato, uma surpresa já que não sou de comer exageradamente como Poncho parece gostar de fazer.
Poncho: Assim que eu gosto! - sorriu afastando a bandeja e sentou do meu lado.
Encostei a cabeça no seu ombro e Poncho beijou meus cabelos. Suspirou encostando sua cabeça na minha e ficamos em silêncio por alguns segundos, até eu me manifestar.
Any: Estive pensando em uma coisa.
Poncho: O que? - inclinou a cabeça me olhando.
Any: Acho que vou me candidatar pra morar com a Angelique na república dela.
Poncho: Por quê? - estreitou os olhos desgostoso.
Any: Porque não é certo eu ficar aqui na sua casa.
Poncho: Por que não? O que tem de mau ficar aqui? Você e meu pai estão se dando super bem, minha mãe te adora e eu amo ficar perto de você. Por que quer ir? Você não gosta de ficar comigo? - me olhou meio ofendido.
Any: Como você é bobo... A coisa que eu mais amo nesse mundo é ficar do seu lado. - sorri.
Poncho: Então por que quer que a gente fique longe um do outro? - fez bico e eu soube que ele estava apelando de novo.
Any: Meu amor, eu não vou me mudar pra Austrália, só vou mudar de bairro... É estranho quando me perguntam onde eu moro e eu respondo "na casa do meu namorado, com os pais dele".
Poncho: E eles têm o que com isso? Eles pagam suas contas?
Any: Não, mas não to falando por eles, to falando por mim. Eu me sinto mal, eu adoro sua mãe, eu e seu pai estamos nos dando super bem, não quero que comecem a pensar mal de mim... Ou que falem mal de mim pra eles, sem contar que eu... Tenho medo que você enjoe de mim.
Poncho: Ai, como acha que eu vou enjoar de você?
Any: Ah não sei, ficar me vendo todo dia, toda hora, não tem sossego nem na sua casa, isso pode te cansar.
Poncho: Agora é você quem ta bancando a boba... Eu amo você, ter você comigo é o que mais me deixa feliz. Mas e se eu passar mal como ontem? Quem vai cuidar de mim?
Any: Chantagista! Você ainda vai ter sua mãe e eu corro pra cá ou pro hospital se alguma coisa te acontecer.
Poncho: Ah, mas eu não quero que você vá embora. - fez bico.
Any: Eu prometo que não vai mudar nada... Que você vai enjoar de ver a minha cara de qualquer jeito.
Poncho: Run, não sei não. - resmungou.
Any: Pensa também que pra ajudar uma amiga... Por favor, vai. - pedi fazendo bico.
Poncho: Run, quero ver o que minha mãe vai achar disso. - resmungou apoiando minha cabeça no ombro dele.