Anahí
Entrei no bar e fui direto ao balcão, sentei na cadeira e joguei minha bolsa na cadeira ao lado. Ramon, o sócio do bar e um dos mais famosos Barman da cidadade me viu e perguntou sorrindo:
- Fala ai Any o que vai ser hoje?
Any: O de sempre... Qualquer coisa! - respondi passando a mão pelos cabelos ao sentar em frente ao balcão.
- Que tal começarmos por uma tequila? - perguntou sorrindo mostrando a garrafa.
Any: Qualquer coisa Ramon! - respondi séria, eu só queria esquecer de tudo e aliviar minha cabeça.
Ramon: Beleza então, saindo uma tequila. - ele sorriu enchendo o copo pra mim.
Quando estendeu o copo pra mim virei de uma vez tossindo um pouco ao engasgar. Nunca ia me acostumar com o gosto daquela coisa. Peguei a garrafa que estava na mesa dizendo:
- Deixa a garrafa comigo, eu devolvo e peço outra coisa quando enjoar dessa.
Ramon: Ta! - respondeu e começou a preparar as bebidas para as outras pessoas.
Enquanto curtia a minha garrafa de tequila vi Ramon preparar diversas bebidas e notei que o fluxo de pessoas já tinha aumentado consideravelmente. "Há quanto tempo eu já estava aqui?... Ah não importa!", pensei.
Ouvi um cara pedindo uma batida de pinga com frutas vermelhas, algo assim. A tequila já tinha surtido efeito, pois, as coisas começavam a se misturar. Virei mais uma vez meu copo de tequila, quando o vi.
Era o copo mais lindo que já tinha visto em toda a minha vida com a bebida da cor mais linda do mundo. Lilás. Ou era roxa?... Ah não importa! Estiquei a mão maravilhada, mas outra mão se apossou dela antes de mim.
- Ah eu queria aquela bebida! - fiz bico achando que seria capaz de chorar.
Ramon: É a batida de frutas vermelhas com pinga. - sorriu pra mim.
Any: Ah faz uma dessas pra mim, por favor, por favor! - implorei feito criança.
Ramon: Ta termina sua tequila enquanto preparo uma. - sorriu.
Any: Não quero mais tequila! - emburrei cruzando os braços.
Meu bico durou até Ramon trazer aquele copo lindo pra perto de mim dizendo:
- Toma sua batida!
Any: Eh! - bati palmas feliz da vida e fiquei brincando com o canudo rodando ele na bebida, encantada com a cor dele e de como a luz refletia nela.
Tirei o canudo e lambi a espuma que estava nele. Encarei Ramon e perguntei com a língua de fora:
- Mia liua a roça?!
Ramon: O que? - perguntou sem entender.
Any: Minha língua ta roxa? - perguntei e mostrei a língua.
Ramon: Ah ainda não, ta rosinha... Experimenta beber pra ver se fica. - respondeu sorrindo.
Encarei a bebida com dó de beber aquela corzinha linda. Dei de ombros sabendo que Ramon faria outra pra mim e virei o copo de uma vez.
- E aoa?! - perguntei com a língua de fora.
Ramon: Ainda não! - respondeu sorrindo.
Any: Então... Faz outra pra mim! - mandei batendo no balcão.
Ramon negou com a cabeça e preparou outra batida pra mim. Eu virei de uma vez e perguntei se tinha ficado roxa, cada vez que ele falava não eu mandava ele preparar outra. Nessa brincadeira eu perdi as contas de quantas batidas daquela corzinha fofa eu tinha tomado.
- E aoa ta?! - mostrei a língua pela centésima vez, sei lá.
Ramon: Ah agora sim ta roxinha. - respondeu sorrindo.
Eu sorri e bati no balcão feliz e dizendo:
- Quero outra pra ficar mais roxa. - respondi.
Ramon: Acho melhor você parar e ir pra casa Any, já ta muito tarde.
Any: Ah... Já?! - perguntei fazendo bico e fiquei de pé.
Quando fui dar meu primeiro passo me desequilibrei caindo em cima do banco e comecei a rir sem parar.
- Ramon! - um homem chegou nele. - Liga pra alguém vim buscar ela, ela não ta em condições de sair sozinha.
Any: Não! - neguei com o dedo. - Eu to de carro... O vo dirigindo assim ó vrum (gesticulei com a mão) e rapidinho to em casa. - respondi sorrindo.
- Vai Ramon liga logo. - o homem mandou e foi embora.
Vi Ramon pegar meu celular dizendo:
- Vou ver suas últimas chamadas e peço pra última pessoa que te ligou vir te buscar ok?
Any: Ta... Faz outra batida de frutinha? - perguntei manhosa.
Ramon: Chega de batidas Any... Ta chamando! - falou apontando o celular.
Alfonso
Acordei com meu celular tocando sem fazer ideia de quem poderia ser. Ao ver o nome no visor não acreditei.
- Any?! O que aconteceu? Por que ta me ligando à essa hora?
- Desculpa meu nome é Ramon, eu to ligando do celular da Anahí pra você vir buscá-la. - a voz masculina soou.
Poncho: Buscá-la? Mas aonde? O que aconteceu? - perguntei confuso e preocupado.
Ramon: Ela ta aqui na boate Nebraska, o problema é que ela bebeu um pouco além da conta e não ta em condições de voltar pra casa dirigindo, você poderia vir buscá-la, por favor? - ele perguntou.
A barulheira que ouvi indicava que realmente ele estava num lugar muito movimentado e aquele era o celular da Any, não podia ser trote. Afastando o cobertor de cima de mim respondi:
- Tudo bem, eu sei onde fica essa boate, estou indo praí.
Ramon: Ok e obrigado, quando chegar procure por mim, Ramon. - respondeu.
Poncho: Ok! - assenti e em seguida desliguei.
Deixei um bilhete na parede inventando a desculpa de que Ucker tinha me ligado e estava com problemas. Peguei o carro do meu pai, já que seria impossível buscar Any na minha moto e sai às pressas.
Cheguei à boate Nebraska uns 15 minutos depois. Desci e quando entrei dei de cara com um dos seguranças.
Poncho: É... Estou procurando por... Roman!
- Ramon, o senhor quis dizer? - perguntou o homem.
Poncho: Isso! - assenti.
- Venha comigo, por favor. - ele pediu e saiu na frente, mesmo estranhando tudo aquilo o segui.
Trombei com inúmeras pessoas antes de chegar ao segundo andar. O homem me guiou até uma sala e eu entrei. No momento que a mesma se fechou atrás de mim, toda a música cessou e um silêncio reinou.
- Você é o Ramon? - perguntei quando um homem se levantou na minha frente.
Ramon: Isso! - respondeu assentindo.
- PONCHO! - uma voz soou atrás de mim.
Me virei e vi um homem ajudando Any a sentar no sofá ao meu lado, ela sorria pra mim como uma criança. Eu não sabia se estava feliz em me ver ou se eram efeitos das coisas que ela tinha ingerido. O que eu sabia era que morria de saudades dela.
Ramon: Aqui é minha sala e do meu sócio. - apontou o homem de pé ao lado de Any. - Como sempre vem aqui e a conheço, achei melhor tirá-la daquela bagunça e trazê-la aqui... Ela só está bêbada, não demos nada elícito pra ela, não se preocupe. - ele respondeu e assenti sério.
Any: Poncho? - ela chamou fazendo manha.
Poncho: Oi Any, o que foi? - perguntei me aproximando dela com calma.
Any: Como você ta aqui? Você não tava internado? - uniu as sobrancelhas confusa.
Poncho: Recebi alta e vim te buscar! - sorri.
Any: Hum... Fiquei com saudades! - falou fazendo bico e me senti feliz com aquilo. - Ramon faz aquela bebida de frutinha roxa que deixa a língua roxa pro Poncho toma. - sorriu como uma boba o olhando.
Ramon: Quem sabe outro dia Any, você e o Poncho estão de saída agora. - respondeu sério, parecendo um pai falando com a filha.
Any: Ah ta bom! - deu de ombros e se levantou.
Quando se desequilibrou caiu sobre mim e eu a segurei a olhando nos olhos, Any riu e ficou séria logo em seguida.
- Au... - gemeu pondo a mão no estomago.
Poncho: O que foi? - perguntei preocupado.
Any: Acho que eu vou vomitar. - fez uma careta e saiu correndo com a mão na boca.
Entrou na sala de onde viera e bateu a porta. Fiz uma careta ao ouvir os barulhos e Ramon deu de ombros.
Ramon: É normal pela quantidade de pinga e tequila que ela tomou. - disse tentando me tranquilizar.
Quando a porta se abriu de novo minutos depois Any se largou no sofá e resmungou:
- Não quero mais bebida roxa!
Poncho: Vem, vou te levar embora. - respondi a puxando pelas mãos.
Vendo que ela não ia conseguir andar sozinha a peguei no colo. O sócio de Ramon abriu a porta e eu sai com ela meio adormecida, meio acordada com a cabeça encostada no meu peito.
- Obligada. - ela resmungou lutando pra manter os olhos fechados.
Poncho: De nada! - sorri e sai da boate pelas portas do fundo.
Quando a coloquei no carro e dei partida pensei em quais lugares eu podia levá-la. Sua casa eu não sabia onde era e tenho quase certeza que aquele era o último lugar que Any desejaria ir. Pensei na minha casa, mas também não dava por causa do meu pai, ele estava de plantão, mas o que eu diria quando amanhecesse e ele visse Any lá? Então pensei na amiga dela.
Poncho: Qual era o nome da garota? - me perguntei encarando Any que dormia, sem conseguir lembrar do nome. - Maiane, Mariane... Ma... Maisa?... Não adianta, eu não vou conseguir lembrar! - respondi frustrado.
"Ucker!", pensei encontrando uma luz no fim do túnel.
Ucker era perfeito, morava num apartamento sozinho, sem pais pra implicarem e era de total confiança, alguém que eu sabia que poderia pedir ajuda. Peguei meu celular e disquei pra ele. Já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha chamado quando ele atendeu.
- Poncho?! - sua voz sono meio mole.
Poncho: Que bom que consegui falar com você, desculpa se te acordei. - pedi meio sem jeito.
- O que foi?
Respirei fundo sabendo que aquilo seria difícil e respondi fazendo uma careta:
- Ucker, preciso de um favor seu!
- O que aconteceu pra você me ligar à essas horas? - perguntou sonolento do outro lado da linha.
Poncho: To indo pra sua casa e te explico. - respondi e desliguei ignorando seus protestos.
Olhei Any novamente esperando que ela não se odiasse e nem me odiasse muito quando acordasse e descobrisse onde tinha passado a noite.
Ucker abriu a porta pra mim só de bermuda e entrei com Any nos braços dizendo:
- Desculpa é uma emergência. - coloquei Any no sofá com cuidado.
Ucker: Quem é essa garota? O que você fez com ela?
Poncho: Any, Ucker, Ucker, Any e não fiz nada com ela. - respondi ficando de pé.
Ucker: Essa é a tal Any? A garota do acidente? A causa do seu mau humor dos últimos dias? - perguntou espantado.
Poncho: Exatamente. - assenti.
Ucker: E como ela veio parar inconsciente no meu apartamento trazida por você?
Poncho: Ela não ta inconsciente, só ta dormindo. - respondi. - Olha... Me ligaram daquela boate Nebraska e me pediram pra ir buscá-la porque tinha bebido demais... Eu não sabia pra onde levar ela e...
Ucker: Então resolveu trazer ela pra cá? - assenti. - Poncho seus pais sabem que você saiu há essa hora? Tem noção de que são quase 04 horas da manhã?
Poncho: Sim, mas inventei uma desculpa falando que vim pra cá e espero que confirme se eles ligarem e eu não estiver mais aqui.
Ucker: Ta, mas o que ta pensando em fazer com ela? - perguntou apontando Any.
Poncho: Pensei que você podia deixar ela dormir aqui essa noite. - pedi sem jeito.
Ucker: Que?... Você tem ideia de como a Dul vai ficar se souber disso?
Poncho: Dul e Any se conhecem e Dul sabe dos problemas dela, vai acreditar em você se disser a verdade... Por favor, Ucker, eu não tenho pra onde levar ela, não sei onde mora e nem onde é a casa da amiga dela e eu não posso levá-la pra minha casa depois do que o meu pai disse pra ela.
Ucker: Você me mete em cada uma cara! - respondeu negando com a cabeça.
Poncho: Olha tive uma ideia... Eu fico aqui com você e tomo conta dela, meus pais pensam que estou aqui mesmo, se eles ligarem, eu falo que você teve um problema e vim pra cá... Tudo bem?
Ucker: Ta legal, pelo menos se Dul aparecer amanhã você se vira com ela. - respondeu sério.
Poncho: Valeu cara... A gente leva ela pro quarto de hóspedes e eu durmo na sala ou num colchão no chão, você nem vai perceber que a gente ta aqui, prometo.
Ucker: Ta, mas se forem fazer algo, sem barulhos, por favor. - deu de ombros.
Poncho: Mas... Como você é idiota, acha que vamos fazer algo com ela assim? - a apontei dormindo.
Ucker: Ta beleza! - deu de ombros. - Só dei um aviso!
Poncho: Você é um idiota. - o olhei sério. - Mesmo me ajudando e sendo meu amigo ainda é um idiota. - me virei e voltei a pegar Any no colo a levando pro quarto de hóspedes dessa vez.