Programando o Amor - A Histór...

By IzzieGoes

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Uma jovem determinada, tímida e deslocada. Programadora de jogos e aplicativos em tempo integral, cantora nas... More

Carta aos leitores
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Aviso
Capítulo 30

Capítulo 1

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By IzzieGoes

Ai, chuva, por favor, por favor, por favor. Só mais dois metros até eu chegar à portaria, será que não dá para esperar?

Claro que não deu, com a sorte de Cat. Pelo menos, não choveu granizo, ela pensou.

De qualquer maneira, a menina foi obrigada a correr e o piso em frente à portaria era muito escorregadio. Como era de se esperar, isso não a ajudou; a garota bateu em alguma coisa, não, em alguém, e, pela dor em seu braço, além de estar encharcada, agora estava sem café da manhã e suja. Como se não bastasse, suspeitava que havia cortado o braço.

"Ei, menina, olha por onde anda. Droga, sujou minha roupa toda", John ralhou e então sentiu o mesmo perfume pairando por cima do café derramado. A primeira vez que o havia sentido fora no elevador, cerca de uma semana antes, quando descia para corrida da hora do almoço. Era um perfume extremamente feminino, adocicado. Não, ele era doce, o homem diria até que era doce demais, mas, ao invés de ficar enjoativo, o cheiro se tornava quase comestível. Então Jonathan olhou para baixo e viu uma menina de uns 20 anos, segurando o braço queimado e cortado.

"Você está bem? Deixe-me ver, parece que cortou o braço. Venha vou te levar para ver isso."

"Não, tudo bem. Eu me limpo no banheiro, estou superatrasada e, por mais que esse não seja o emprego dos sonhos, não posso, de jeito nenhum, perdê-lo. Ai, droga, acabei com sua roupa, me desculpe. Nem tenho com o que limpar... De qualquer maneira, tenho que correr, minha chefe é um carrasco."

"O que você faz aí?", perguntou John, apontando para o prédio.

"Assistente júnior de programação. Mais uma vez, me desculpe pela sua roupa", respondeu olhando por cima do ombro e entrou correndo no prédio, segurando o braço que não parava de sangrar.

"Senhorita Sullivan, por favor, transfira a ligação para o andar da senhora Milestone, na sala dos programadores", ordenou John. "Ah! Também avise Spencer que hoje não vou correr com ele, tive um incidente na portaria...", acrescentou e disse ao telefone: "Senhora Milestone, como vai? Jonathan Pettersen..., sim, senhora Milestone, sou realmente Jonathan Pettersen. Estou muito bem, obrigado pela preocupação. Estou ligando porque, na saída do prédio, vi uma de suas assistentes júnior acidentando-se e acho que ela vai se atrasar, a menina está com um corte bem feio no braço. A senhora poderia levá-la ao departamento médico? E, senhora Milestone, acho que a jovem não precisa saber que eu pedi isso a senhora, certo? Claro, senhora Milestone. Bom dia para a senhora também."

"Catherine Moore, você está atrasada", a voz nasalada e chata da senhora Milestone ecoou por metade do andar. "Contudo vejo que hoje teve um motivo válido para isso. Vamos ao Departamento Médico dar um jeito nisso antes que suje todo a andar de sangue".

Os funcionários que estavam mais perto da cena ficaram espantados, aquela mulher nunca foi gentil com ninguém. Levar um funcionário tão baixo na hierarquia ao Departamento Médico? Ela bateu com a cabeça?

"Ande, menina, Mônica pode ir adiantando o seu serviço, já que o dela está muito mais adiantado."

Meia hora depois, a supervisora e Cat estavam de volta ao andar. O estômago da menina gritava e ela lamentou, pois, pelo horário, havia perdido o café com bolinhos da cafeteria. Agora só lhe restava esperar a hora do almoço. Ah, não, gastei os últimos trocados naquele copo gigantesco de café que está todo no moletom do cara que me ajudou a levantar, pensou. Cara não, homem. Eu não sou assim tão baixinha, mas ele tem mais de 1,90, com certeza. Uma pele morena que lembra um copo enorme de café com leite e um cheiro, ai ai, que cheiro era aquele, Cat continuou divagando. Bom, melhor esquecer isso, estou sem tempo, cheia de trabalho e sem dinheiro. Pelo visto, fome, seremos só eu e você até chegar em casa depois da faculdade. Definitivamente aquele não era o melhor dia de Cat. Como se eu tivesse dias memoráveis, pensou se acomodando em sua baia.

"Ei, Cat, o que foi a senhora Milestone toda gentil e educada com você?", começou Mônica antes mesmo que a amiga terminasse de ligar o computador. "E o que houve com seu braço, aliás, com você? Toda molhada, suja e fedendo a café velho. Toma, coma meu chocolate antes que seu estômago comece a comer os lápis da sua mesa".

"No almoço conversamos, okay? Não quero a bruxa mais ainda no meu pé". Pelo menos machuquei o braço direito e uso mais o esquerdo. Nem tanto azar assim, pensou Cat tentando aliviar a dor e começando a revisar os códigos do novo jogo que seria lançado pela empresa em menos de dois meses.

Na hora do almoço ainda chovia torrencialmente, assim foram para o restaurante da empresa mesmo. A menina até pensou em usar o crédito de funcionária para almoçar, porque não dava para segurar o dia inteiro com uma barra de chocolate, o problema era que cada compra de produtos ou serviços com o cartão da empresa gerava um desconto no salário e com as dívidas que ela não tinha acumuladas não posso se arriscar.

"Anda, Cat, conte-me o que houve", Nick interrogava a amiga desde que saíram da sala. Distraidamente, ela pegou umas três refeições, será que meus amigos um dia vão parar de me proteger? Sei que sou a mascote da turma, mas algumas vezes isso é tão ridículo, analisou Cat ao olhar o tamanho da bandeja que a amiga carregava.

Monica, mais conhecida como Nick, não era rica, porém trabalhava a mais tempo do que Cat, além de ter apartamento próprio, quitado, um presente de seus pais. Logo, as contas dela eram bem menores.

"Ai, Nick, sabe aqueles dias em que a gente não deveria sair da cama? Então, meu despertador não tocou, por isso perdi a hora de acordar. Aí corri para o chuveiro e ele não esquentava, acho que não paguei a conta de gás, logo foi banho frio e com esse tempo. Quando cheguei à estação, o metrô tinha acabado de sair. Parei na cafeteria para comprar um café reforçado, porque é claro que acordando tarde não deu tempo de tomar café em casa, e aí antes que eu conseguisse chegar à portaria a chuva me pegou, na hora que estava quase alcançando a entrada, ali naquela parte mais lisa, perto das portas de vidro, já toda molhada bati em um cara e cai no chão, cortei o braço, perdi meu café e estou sem dinheiro e estava morrendo de fome até você pegar almoço para três pessoas."

"Cara? Que cara? Alto, magro, careca? Como ele é?", aquela era Mônica. Uma morena linda. Cat sempre pensava que tinha uma certa dificuldade em avaliar corretamente a beleza da mulher por serem muito amigas, quase como irmãs. Para a amiga, Nick inteira lembrava um pote de mel, pelo tom dourado da pele. Já os cabelos, sempre bem alisados e negros como a noite, eram como um véu, mas a pele era da exata cor do mel de abelhas.

"Sei lá, Nick, estava mais preocupada com meu braço sangrando na calçada."

"Sua falta de prioridades me surpreende", falou Nick dando uma de suas deliciosas gargalhadas, mas que chamou atenção de metade do refeitório.

Catherine ficou olhando para a mulher do outro lado da mesa, parecendo pensar em sua última afirmação. Mônica era quatro anos mais velha do que Cat. Tinha um irmão que era um fofo, já era programadora, antes mesmo de terminar a faculdade, onde as duas se conheceram quando Nick era monitora da turma de Cat e as duas discutiram por causa de uma linha de código em um dos programas teste. Cat derrubou o pior teste de programação da faculdade e humilhou os veteranos, até mesmo alguns professores, que nunca conseguiram resolver o tal problema. Nick morava em um apartamento perto do trabalho. Já Cat tinha como prioridades não torrar todo o fundo fiduciário que meu avô deixou, conseguir pagar o aluguel em dia (o que definitivamente não andava acontecendo) e se formar.

De repente um olhar de dor passou por seus olhos, a menina se lembrou do aluguel, atrasado mais uma vez. O senhorio até que foi legal, entendeu e prometeu dar-lhe mais três dias para pagar todo o valor que devia, o que era exatamente quatro vezes o valor que receberia no final da semana. A menina realmente não tinha a menor ideia de como faria para quitar mais aquela dívida.

"Cat, o almoço acabou, vamos subir?"

"Ah, vai indo, subo em um minuto", respondeu tentando se livrar da obrigação de usar os elevadores. Cat odiava aquilo, sempre que podia os evitava. Assim que viu a amiga ir em direção ao hall, correu para as escadas, subindo-as correndo. Aquela caixa de metal, suspensa por um cabo, completamente fechada e sem entrada de ar, deixava-a em pânico.

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