The 2 Of Us - Livro 1. Duolog...

By FlaviaLobato

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Heather Colbert aprendeu a andar com suas próprias pernas e amadureceu da forma mais dura possível, perdendo... More

Inspirações
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Extra - Por Dan
Capítulo 18
Capítulo 2 - Por Stephan
Capítulo 19
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Extra - Por Dan
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Coluna: Voce ouviu?
Capítulo 40
Extra - Por Dan
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Extra - Por Dan
Extra - Por Adam
Capítulo 46
Capítulo 47 (FINAL)
Epílogo

Capítulo 20

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By FlaviaLobato

Depois do sonho, só continuei acordada para almoçar um macarrão com queijo rápido e depois voltei para o maravilhoso sofá, na tentativa de ter mais sonhos deliciosamente eróticos, mas só tive daqueles sem sentido, como andar nua pelas calçadas ou aparecer em lugares inusitados.

Acordei a noite, com o lado esquerdo do rosto quente e úmido e tontura, eu deveria estar toda marcada pelas divisórias do móvel. Sabia que iria dormir mal durante o resto da semana, mas eu estava vivendo meu intenso e feliz presente solitário, cheio de cochilos e comilanças. Fui até a cozinha para beber água e na sala meu telefone celular começou a tocar, assutando-me. Não fazia ideia de quantas horas se passaram, mas não poderia ser tão tarde, o que me dava esperança na ligação. A aflição se desenvolveu no caminho até a mesinha de centro, perturbando-me com o desejo de que fosse Daniel. Peguei o aparelho com cuidado e vi que o número não estava registrado. Não hesitei em atender.

-Quem é?
Fiz a impreterível pergunta totalmente afobada.

-Adam, querida. E com outro número novamente. - Enquanto ele parecia divertido, murchei no sofá. - Posso buscar você em meia hora?

-O que?
Distraída e indiferente, perguntei tentando relembrar o assunto. Olhei para o relógio de parede ao lado da porta, que marcava 9:30.

Adam ficou calado por alguns instantes.
-Você pode jantar comigo hoje, Heather?

Poder eu podia, mas não queria. Eu precisava ficar longe de tudo aquilo pelo menos uma vez na vida antes de enlouquecer.
-Adam, eu...
Silêncio novamente.

-Tudo bem, já entendi. Você também não precisa ir à boate hoje a noite, precisa de descanso, pelo menos uma vez na semana. Domingo não vai fazer muita falta, já que movimento é mais no bar. Falamos sobre isso depois.

-Tudo bem. Obrigada, Adam. Nós podemos marcar outro dia, mas hoje eu realmente prefiro adiar.

-Claro, podemos sim.
E desligou. Sua voz soou irônica, como se eu tivesse falado alguma besteira necessariamente descartável.

Sentei no sofá e olhei para a tela do celular, que debochava de mim, como eu mesma fazia naquele momento. Ah, fala sério! Eu iria parar de pensar naquelas pessoas e tentar manter minha calma. Eu precisava deixar aquela confusão de lado, mesmo Daniel. Precisava estar preparada para o momento em que conversaríamos e não falar compulsivamente o que me viesse à mente, já que toda vez nossos diálogos se desenvolviam de forma bruta aos sentimentos não descobertos.

O celular tocou novamente, vibrando com muita intensidade e me assustando. Dessa vez atendi com mais calma, sem olhar para o visor.

-Boraa prima!
Uma gritaria terrível se iniciou. Fiz cara feia e afastei o celular do rosto.

-Heaaat!
Louis gritou-me em um tom dramático.

-Apressa, aí gata. Se arruma que estamos passando para te buscar.
A voz de Stephan saiu mais baixa, parecendo mais distante que os outros.

- O quê? Meu Deus, parem de gritar! O que tá acontecendo?
Acabei gritando também, só que atordoada.

-Nós vamos sair, Heather. Apressa que em 30 minutos estamos aí.
Rick desligou na minha cara.

Olhei mais uma vez para o bendito celular na minha mão, que só mostrava o papel de parede de gatinho. Não era eu quem queria minha antiga vida de volta? Eu iria me arrumar para sair com meus amigos ao invés de ficar me martirizando. Joguei o celular no sofá e corri para o banheiro.

Me lavei rápido, tendo tempo só para pensar que não deveria me embebedar. Fui até o guarda-roupas e peguei o primeiro vestido que vi, um branco de alças que tinha mangas soltas, só para fazer charme nos braços e deixando os ombros mostra. Vesti rápido e depois peguei os saltos. Penteei meus cabelos, quase arrancando-os do couro cabeludo e fui até o espelho do banheiro me maquiar. Como minha pele estava boa, fiz a base da maquiagem, acendi os olhos e passei um batom rosado, bem discreto e natural.

Sim, seria uma noitada, mas eu não fazia questão de chamar atenção. Adivinhe o porquê.

Só consegui ser rápida porque eu não precisei de muita produção e já conhecia o ritmo daquele pessoal, que sempre fora assim. Saideiras de última hora eram constantes.

Ouvi uma buzina insistente e muito alta vindo do exterior do prédio. Filhos da mãe. Ri do desespero deles e de alguns xingamentos que saíam pelas janelas de outros apartamentos. Saí tão apressada que esqueci bolsa, celular e maquiagem, para emergências, e nem liguei. Quase escorreguei quando saí do elevador, mas continuei meu caminho empolgada, ansiosa para ver meus amigos.

Rick, usava calça jeans, camisa e uma jaqueta toda estilosa, super a cara dele; Louis usava um vestido preto rodado de mangas e botas de cano curto e salto; os dois estavam encostados no carro e Stephan estava de frente para eles. Louis correu toda desengonçada para me abraçar, com um lindo sorriso no rosto. Abri meus braços para recebê-la e ficamos um tempinho naquela enrolação de garotas, elogiando cabelo e tudo.

-É tão bom ver você, Heat. Melhor ainda, sorrindo. Eu te amo, garota, você sabe!
Ela passou suas mãos delicadas pela cascata negra sobre meus ombros.

-Obrigada, Louis. Eu também te amo.
A abracei mais forte. Dez anos de amizade e continuavamos firmes em nossas promessas de apoio.

Mesmo com pouquíssimos amigos, eu podia me orgulhar, pois todos eram verdadeiros e me faziam bem. Eu poderia conter com eles para qualquer coisa e sabia disso, não eram pessoas que só se pronunciavam quando havia diversão e festas, mas também na dor e na tristeza. A amizade é quase um casamento, a diferença é que existe a possibilidade de escolher quem vai fazer parte da minha vida, quem vai me ajudar e quem eu vou ajudar. Eu os escolhi e eles me escolheram, não poderia existir uma combinação melhor.

Nos soltamos, trocando olhares carinhosos e quase dramáticos, nós duas juntas só era esse tipo de besteira. Olhei para os meninos, dividindo um pouco minha atenção para Rick, que me deu um aceno, e para Stephan, que me lançava um olhar que eu tinha certeza que só nós dois entenderíamos. O olhar de adoração e desejo de Stephan, que além de ser discreto e fofo me deixava boba. Sim, ele era lindo e tudo mais, não tinha como não ficar, ainda mais o vendo tão simples e gostoso, na camisa azul e calça jeans.
-Vamos?

Antes que eu pudesse responder, Louis me pegou pelo braço, dirigindo-nos até o carro, mas ela se jogou no banco de trás, ao lado de Rick. Eles sempre faziam essas coisas, desde nosso primeiro encontro, me jogando para ele ( literalmente). Me acomodei ao lado de Steph, que me lançou um sorriso de desculpas e ligou o som. O som da bateria que invadiu o ambiente era incomparável e inconfundível. "Simplesmente" começou a tocar Always. Bon Jovi, baby.

Aquele safado sabia que eu adorava a música e a pior parte era que todos nós cantamos juntos, descontrolados. O refrão chegou nos fazendo esbravejar com vontade. Olhei para Stephan toda sorridente, simplesmente feliz, mas ele prestava atenção a rua e parecia sentir a letra na alma. Com certeza era isso. Oh não...

*"And I will love you, baby
Always
And I'll be there, forever and a day
Always
I'll be there till the stars don't shine
Till the heavens burst and the words don't rhyme
I know when I die, you'll be on my mind
And I love you, always."

Em vinte minutos chegamos ao local. A rua estava praticamente vazia, porque toda alma viva se concentrava dentro do imenso estabelecimento, que se intitulava EGO em letras neon na fachada. Saímos do carro e fomos até a portaria, onde esperamos Stephan, que estacionava o carro. Dois seguranças faziam a guarda do local e um deles me lembrava o Tubarão, da CENSORED, talvez pela cabeça raspada e o olhar irônico exibido por um semblante arrogante. Do lado externo era possível sentir a batida e mesmo ouvir a música eletrônica.

Loius soltou um gritinho animado quando Stephan apareceu e assim, desguiados e animados, entramos na boate, que nos acolheu calorosamente, exibindo seu bar, a pista de dança e os corpos que agitavam conforme o ritmo.

○○○

Peguei minha quarta tequila e saí do bar abarrotado de gente, tentando encontrar meus amigos sob o jogo de luzes coloridas. Por alguns segundos, senti o lugar todo rodar e me apoiei em um homem que estava ao meu lado. Olhei para seu rosto, rindo da minha besteira e acabei me arrependendo ao dar de cara com uma par de olhos intensos e um rosto másculo. Ele era fodidamente lindo, com um charme natural que emanava de todos os seus poros, mas infelizmente eu não me sentia disponível. Tanto por pensar em Daniel quanto por estar acompanhada por Stephan. Sorri mais uma vez só que sem graça, quando ele retribuiu de forma e sexy e me segurou de volta. Procurei o pessoal, apressada, e enxerguei Stephan acomodado numa mesa em um canto. Em passos rápidos e sem muito equilíbrio, me dirigi até lá, ainda envergonhada. Quando cheguei, olhei para os outros bancos que estavam vazios.

-Onde eles estão?
Gritei para Steph. Ele sorriu e apontou com o queixo para a pista de dança.

Os dois dançavam animados e pelo contato físico percebi que rolava algo. Os olhares, o jeito como se falavam e onde as mãos estavam, cheias de intimidade no toque. Olhei para Stephan de um jeito sacana, prevendo como aquilo iria terminar e ele gargalhou.

Já era a hora! Desde sempre esses dois enrolavam mais do que eu e Steph já fizemos algum dia, pois eles não assumiam que se gostavam e estava na cara. Pelo menos estavam felizes, levando do jeito deles aquela relação diferente.

Sentei de frente para Stephan e comecei a entornar a bebida enquanto observava o pessoal a dançar. Muitas vezes, meus olhares foram retribuídos, cheios de lascívia por parte de homens e até garotas. Comecei a balançar meu corpo no ritmo da música, sentindo a batida me contagiar. Pensei na última vez que saí para festejar e me divertir com meus amigos, sem deixar de me sentir grata por tudo estar melhorando aos poucos. Ah, fazia muito... Estava tão concentrada no ambiente que nem percebi quando Stephan parou ao meu lado, apenas quando ele me ofereceu a mão.

-Vamos, eu sei que você está louca para dançar.
Levantei sorrindo e lhe dei a mão.

Fomos até a pista de dança e mesmo que tentássemos fugir da multidão, éramos empurrados para o meio, por outros que se juntava àquela manifestação de agitação e empolgação. Uma música eletrônica, de batida sensual, ecoou pelo ambiente, animando ainda mais o festeiros. A bebida fazia meus neurônios trabalharem de forma confusa, porém me levava a buscar um êxtase do qual provei e tinha certeza de que não esqueceria. Eu era combustão, intensa, selvagem, esperando pelo momento certo, pelo toque certo.

Stephan se movimentava em sincronia com meu corpo, já que a minha mente apenas vagava, observando aquele momento caloroso. Senti seu corpo firme se pressionar contra o meu, principalmente sua pélvis contra a base da minha coluna, deixando um rastro de calor na pele. Suas mãos se apoiaram em minha cintura, de modo sorrateiro, mas eu nem liguei. Seu rosto estava próximo ao meu e sua respiração tão desregulada quanto a minha. Seu calor era tão intenso quanto as carícias que começamos a trocar durante aquela dança. Minha vontade carnal era muito forte, mas a consciência encarava severamente cada movimento meu, dando início a mais um episódio de Heather e Seus Dilemas. Ah, mas ele não iria confundir uma dança com uma chance de reatar o relacionamento confuso, claro que não. Como sempre, eu me entreguei ao momento, deixando meus dilemas de lado.

A batida do último refrão veio com tudo, convidando as mãos de Stephan a passear pela minha barriga e as minhas a deslizar por sua nuca, enquanto a volúpia, fervorosa, nos jogava em um abismo luxurioso. Minha mente parou de trabalhar ao meu favor de vez, trazendo fortes lembranças à tona. Comecei a ficar confusa com tudo aquilo.

O cheiro era diferente, ele também parecia menos forte e menos experiente. O toque não era tão peremptório quanto antes e seu corpo nem era tão inconfundível.

Me esfreguei, sem vergonha, tentando sentir o que me acostumei a sentir. Os corpos à frente aumentavam minha excitação e a iluminação confundia minha visão. De costas para ele, parecia mais diferente ainda. Quando seus lábios se aproximaram da minha orelha, prendi a respiração esperando as sensações que só ele provocava aparecerem de vez. Tocou o lóbulo e passou para o pescoço, dando apenas alguns arrepios, me deixando com dúvida sobre nossa eletricidade. O que deu nele? Era a bebida ou ele estava indiferente? Minhas mãos em sua nuca o puxaram para que pudesse me ouvir.

-Eu quero você, Dan!

-Dan?
O quê?
-Quem é Dan, Heather?
Stephan perguntou parecendo irritado, mas suas mãos ficaram ainda mais firmes em meu corpo.

Mil vezes merda.

-O quê?

-Você me chamou de Dan. Quem é esse?

-Ninguém, Stephan.
Disse tentando me soltar, mas ele me puxou de volta. Senti seu corpo colar ao meu e, estranhamente, adorei a sensação como nunca antes.

-É ele quem eu terei de superar para ter você de novo?
Sua boca ainda estava colada à minha orelha.

-Você não tem que superar ninguém. Eu. Eu tenho que ir, vou trabalhar amanhã.
Stephan me virou, deixando-nos face a face. Seus olhos estavam tão intensos quanto no maldito sonho, que ainda pronunciava efeitos sobre mim.

-Eu levo você.

Deixei que ele me guiasse pela multidão, passando por várias pessoas que não ligavam se esbarravamos nelas, apenas continuavam dançando. Depois da pista de dança percorremos o caminho até a saída e minha mão ainda estava na de Stephan. Ele segurava com firmeza, de vez em quando dando alguns apertos calorosos, como se quisesse ter certeza do contato. Chegamos ao lado de fora da boate, que ficava perto da saída da cidade. Era um lugar simples, mas ainda assim bem frequentado, principalmente por acadêmicos que estavam de passagem, já que as universidades situavam-se nessa região.

Olhei para os carros estacionados no estacionamento lateral. Estava lotado. Respirei fundo na tentativa de me recompor e também para tentar afastar a tontura causada pela bebida.

Esqueci de lembrar de não beber. Que maravilha.

Esfreguei os dedos nas têmporas para aliviar a sensação, deixando o vento me refrescar. Abri os olhos e Stephan estava ao meu lado, me olhando como se eu fosse algo exótico. As mãos na cintura demonstravam que o gesto era de paciência, enquanto os olhos pareciam mais distantes.
-Vamos?

-Só nós dois?
Não que eu estivesse receosa, mas não poderíamos deixar Rick e Louis para trás.

-Depois eu volto para buscá-los. Rick e eu temos que voltar para o dormitório, de qualquer jeito.

-Então vamos.

Fui na frente sem ao menos saber onde estava o carro. Desacelerei o passo e esperei Stephan me guiar. O frio repentino me pegou desprevenida, dando uma pontada de insegurança. Me sentia só e mesmo que eu cedesse a Stephan, não achava que iria melhorar algo, muito pelo contrário. Eu só queria ter controle sobre minhas emoções, isso é pedir muito?!

O caminho todo foi percorrido em silêncio, e não foi curto. Me sentia estranha, não queria que ele soubesse, não até ser algo concreto e nem que ficasse do jeito que estava, absorto. Em nenhum momento Stephan falou comigo, apenas prestou atenção à estrada, de vez em quando me olhando desconfiado.

Ah, eu não tinha culpa. Se ele sofria era porque queria. Se meu corpo reage de um jeito, não significa que me coração vai acompanhar o raciocínio, até porque ele não raciocina por ser errado e insensato. Tentei me tranquilizar e colocar a culpa em qualquer coisa, mas não dava certo. O pior era que esse maldito, que bombeava o sangue que causou toda aquele excitação, só aumentava minha sensação de culpa, já que eu não mandava em meus sentimentos amorosos. Só posso dizer que tentei. Por cinco anos eu tentei. Não conseguiu amá-lo, mas a atração ainda estava lá e era mútua. O que eu poderia fazer? Afastar até era a solução, mas não uma opção.

Chegamos à frente do Guilder Build. Não desci imediatamente do carro e Stephan não parecia incomodado. Ele se recostou no banco como quem queria desabafar e se livrar de algo, mas ficou calado. Relaxei no banco e pensei no que falar. Eu precisava falar alguma coisa.

-Desculpa.

-Porque está se desculpando?
Seu descaso me deixou frustrada.

Stephan não me tratava com frieza, ele fazia questão de superar qualquer pessoa que me agradasse, e então veio a indiferença. O jeito despretensioso como falou me deixou magoada.

-Por não ser o que você queria.
Mordi meu lábio inferior, tentando conter um choro quase infantil e muito mimado. Ele me deixou mal acostumada, a culpa era de ambos os lados.

-Eu deveria estar pedindo isso. Por te incomodar tanto.
Ele apenas olhava para a rua, como se a minha presença fosse dispensável comparada à visão e aos próprios pensamentos.

-Você não me incomoda, Steph. Eu só me sinto culpada por não amá-lo como deveria.

Ele não falou nada. Nada. Olhei mais uma vez, esperando qualquer coisa. Mas nada, novamente. Saí do carro e não olhei para trás, eu não queria ver o que eu provoquei sem querer.

Entrei no apartamento e me joguei no sofá. Respirei fundo e passei as mãos pelos cabelos, tirando-os do rosto. Joguei minha cabeça para trás e a pousei no encosto do móvel. Olhei para o teto de gesso, branco, e fiquei assim por alguns minutos sem saber o que fazer ou o que pensar. Eu podia ser complicada, mas não merecia indiferença, muito menos de Stephan. A culpa não era minha, ele devia saber isso. Limpei os resquícios de lágrimas e respirei fundo, tentando mandar a sensação para longe.

Deixei os braços penderem de cada lado do corpo, para relaxar completamente, então senti a mão esquerda tocar em algo, o meu celular. Peguei para checar as notificações e lá estava o número na lista de chamadas perdidas novamente. Cadastrei na minha agenda, ele merecia. Nós merecíamos. Dan.

Na pressa esqueci o aparelho em casa e acabei perdendo, novamente, um momento que poderia fazer diferença no rumo que minha noite tomaria. Poderia ter ficado sem mais essa culpa, preferia até ser dispensada a deixar Stephan mal. Dessa vez não tinha mensagens. Não queria desistir de Dan, mesmo ele sendo muito para mim. Se ele estava disposto a explicar, estaria disposta a ouvir.

Levantei do sofá e fui até o quarto. Antes de dormir, tomei um belo banho. Queria me preparar para a semana seguinte, onde tomaria decisões importantes. Seria fogo.

○○○

Tentei controlar a risada, enquanto Harriet se contorcia em sua cadeira, desconfortável com o rumo da conversa. Uma pontada atingiu minhas têmporas, o resultado da leve ressaca que estava lá para me lembrar as besteiras da noite anterior.

-Vou perguntar de novo: o que vocês fizeram depois do almoço?

-Eu já disse, nada de mais. Fomos à uma galeria de arte e depois ele me deixou em casa.

-Aham, sei.
Voltei a digitar um e-mail para a empresa que oferecia os serviços de limpeza à ConstruVille, preenchendo um formulário regular, com níveis de satisfação e coisas do tipo.

-Ah, senhorita Colbert, não me venha com esse tom! Se eu não sou santa, imagina você que, com certeza, não estava apenas almoçando amigavelmente com aquele loiro maravilhoso.

-Não estou negando nada, Harriet.
Sorri, tentando fazer cara de quem já nem ligava, apesar de que a cena do beijo ainda piscava fervorosamente na minha mente.

-Você quer que eu assuma algo que não posso.

-Não quero que assuma, só quero saber o que aconteceu.

Adam entrou no prédio, acompanhado de um homem charmoso, do tipo que chama atenção e hipnotiza quem o observa, como o meu novo chefe. Os olhos do homem era profundamente escuros, o corte era um pouco mais comprido que o convencional e o terno bem alinhado o fazia parecer mais novo do que realmente era. Provavelmente estava na casa dos quarenta anos, ainda assim era atraente. O sorriso perfeito exibia confiança exacerbada, como o andar que era totalmente cheio de si.

Os dois conversavam animados e pela informalidade era perceptível que se conheciam há tempos. Eles se aproximaram do balcão e eu voltei minha concentração à tela do computador, pelo menos fingi.

-Senhorita Smith, prepare um café para o meu convidado.
Adam sorriu para Harriet, que me lançou um último olhar, desconfiado. Provavelmente lembrando de nossa conversa sobre ele.

O convidado sorriu para ela, que saiu apressada, e depois jogou sua atenção em mim, que me pegou de forma bruta quando eu estava totalmente despreparada. Olhei para a tela do computador novamente.

-Então você é Heather Colbert.
Não foi uma pergunta.

Olhei para Adam, como se quisesse saber o que estava acontecendo.

-Heather, esse é Zachary King. Trabalhamos em alguns negócios há um bom tempo. É um amigo da minha família também.

Sorri para o outro, ainda acanhada. Na última vez que Adam me apresentou um amigo as coisas ficaram sem controle.
-É um prazer conhecê-lo, senhor King.

-Heather, pare com essa história de "senhor".

-Eu estou trabalhando, senhor Gilbert.
Zachary King soltou uma risada descontraída. Porque eu não preparei o bendito café quando cheguei?!

-Você é muito mais bonita do que eu imaginava. Adam não me contou esse detalhe.
Enquanto um flertava, o outro o encarava com um sorriso sarcástico no rosto.

Meu Deus.

-Não adianta pressionar, King. As coisas não funcionam assim com ela e eu não ficaria apenas assistindo esse seu papo barato.

Comecei a me sentir sufocada com tanta atenção e segundas intenções, ainda mais vindo de pessoas tão intimidantes, chegava a ser irritante. O dos olhos verdes vivia atrás de mim e o da confiança exacerbada parecia saber de alguma coisa e demonstrava algo... Falso. Quem era, de verdade, o tal de Zachary King? Adam escondia algo e eu podia sentir minha intuição gritar para que eu me afastasse.

-Com pressão ou sem, não tem nada de mais por aqui, senhor. Eu preciso terminar um relatório de satisfação, então se me dão licença...

Usei toda neutralidade possível, somada ao profissionalismo necessário em qualquer ambiente de trabalho.

-Foi um prazer conhecê-lá, senhorita Colbert. Espero vê-lá novamente.
Zachary King deu algumas batidas no balcão, antes de sair, e se direcionou aos elevadores.

-Você é ótima.
Adam sorriu mais uma vez e saiu, indo logo atrás do outro.

-Cadê eles?

Assustei-me ao ouvir a voz de Harriet atrás de mim. Virei e dei de cara com seus olhos azuis desconfiados, que de algum jeito, mesmo sendo muito curiosos, me traziam paz. Respirei fundo, aliviando a tensão acumulada nos poucos minutos. Eu hein. O ar ficou pesado tão pesado de repente. Tinha algo de errado, com certeza.
.

●●●

*"E eu vou te amar, querida
Sempre
E estarei aqui, para sempre e mais um dia
Sempre
Estarei lá até as estrelas não brilharem
Até os céus explodirem e as palavras não rimarem
Sei que quando eu morrer, você estará em minha mente
E eu te amo, sempre."

○○○

Por favor meninas, não me vejam como uma terrível pessoa, eu também fico triste pelo Steph e torço por ele na medida do possível, mas não posso contrariar os sentimentos da Heat. Quem escreve sabe como essas pessoas são independentes. 😂

Se ela não quer, bem, tem quem queira, mas não adianta, ?! Hahaha
Espero que compreendam.

Bom, o que acharam? É terrível se apaixonar por alguém que você não entende, minha nossa, sei que sabem disso. Para Heather e Daniel se resolverem, vão precisar de boas conversas e o tempo para mostrar o que realmente querem. Vou tentar garantir isso ;).

O que acharam de Zach? Eu não sou muito , não...

Por aqui deu, ?!

Música: Wanna Be Your Baby - Zara Larsson 🔥

Até qualquer momento, gente! ;*

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