Abra os olhos, Anjo (livro 2)

By ShaiAssis

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***ATENÇÃO***: NÃO LEIA ESTA SINOPSE CASO AINDA NÃO TENHA LIDO O PRIMEIRO LIVRO, POIS ELA CONTÉM SPOILER DO M... More

Prólogo
1 - Encontro
Encontro pelos olhos dele
2 - Apenas um toque
3 - O sonho
4 - Safiras familiares
5 - Descobertas
6 - Sonho dado ao criador
Nota
7- A festa
8 - Sentimentos
9 - Presente
Sorte?
10 - Que tal um beijo?
11 - Pronta para o passado
12 - Existem outras lagartixas
13 - Descobertas e um passeio
14 - Não me provoque
15 - Crescendo
16 - Sublime
17 - Angel
18 - Detalhes
19 - Recordação
20 - Família
21 - Bons sonhos
22 - Êxtase
23 - O passeio
24 - A batalha
25 - Para o seu bem
26 - Declaração
27 - Um novo inimigo
28 - Disputa acirrada
29 - O louco
30 - Sacrifício
32 - O medo pode unir rivais
33 - A hora de renascer
34 - Um simples toque
35 - O baile
36 - Em paz
37 - A noite
38 - Final
Epílogo
Agradecimentos/Nota

31 - Ele voltou

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By ShaiAssis


Renascidos, vim avisar que estamos em reta final! :(

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.

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Depois de nosso maravilhoso café da manhã, eu já não fazia questão de combater contra Jacó. Sua loucura era perceptível até mesmo para um cego, mas o que me fazia questionar sua maldade, era o fato de eu conseguir ver o mesmo garoto de antes em seus olhos. Às vezes, eu podia jurar que ele não se agradava por estar fazendo tudo aquilo. Estávamos no quarto outra vez, eu penteava meu cabelo com um pente de madeira e ele lia um livro, alegou que passaria aquele dia comigo e que tudo seria do jeito que eu sempre havia sonhado. Virei-me para ele.

— Jacó?

— Sim, minha querida? — Disse-me, sem tirar os olhos do livro.

— Você está bem?

— Agora que está aqui, sim.

Respirei fundo, sem saber realmente como prosseguir.

— Internamente? Quer dizer, é que... — hesitei — não parece você.

Ele ergueu o rosto e seus olhos me encararam, e havia algo neles. Não era bom, mas também não era ruim, como se buscasse alguma coisa... como se pedisse ajuda.

— É ele, Susana.

Subitamente, ele começou a chorar e aproximou-me de mim. Afastei-me mais que depressa, e levantei-me da cama.

— Quem? Quem está fazendo isso com você? — Encarei-o, confusa, até que um pensamento terrível passou pela minha mente. — Devon... — O som desse nome praticamente nem saiu da minha boca, como se o fato de pronunciá-lo em voz alta pudesse levá-lo até ali.

Jacó abaixou a cabeça e fechou os olhos, assim permaneceu por algum tempo, e então tornou a encarar-me, seus olhos estavam completamente escuros novamente.

— Como é esperta, Srta. Bontempo. — Era a voz de Jacó, mas naquele momento eu percebi, não era ele quem falava.

Era Devon.

— Eu não tenho medo de você. — Afirmei, porém, minha voz soou mais trêmula do que eu pretendia, denunciando a mentira.

Jacó -Devon- se levantou e caminhou calmamente até mim, como um verdadeiro felino, com extrema precisão e elegância, parou à minha frente e tocou meu rosto com delicadeza, o que me causou calafrios.

— Por que teria? Você me derrotou...

— Achei que estivesse morto, por que não está morto?! — Meu coração estava disparado.

— Sabia que sempre admirei seu atrevimento? Mas às vezes, ele é realmente capaz de me aborrecer. Escute seu coração, ouça seu medo... — Fechou os olhos, e tocou meu pescoço, então o arranhou até o meio dos meus seios, fazendo minha pele arder levemente. — Eu não posso ir para o Paraíso, porque sou... mau. — Sorriu. — Tampouco posso retornar ao Inferno, eles não me querem lá. — Arqueou uma das sobrancelhas escuras. — Entretanto, minha alma não foi destruída, vocês não pensaram nisso, não é mesmo? Pois bem, estou preso no mundo que criei para seu pai.

— Onde Lúcifer ficou trancafiado até eu matá-lo...

— Exatamente. E só poderei ser libertado quando minha querida assassina for destruída...

— Se conseguir sair, não terá para onde ir. — Lembrei-o, uma vez que não o queriam em nenhum dos dois reinos.

— Ingenuidade não combina com você, Srta. Bontempo. — Respirou fundo. — Vamos, seja a garota esperta que eu sei que é, e raciocine mais um pouco.

Baixei o olhar, tentando decifrar seus pensamentos. Sem sucesso.

— Não vejo saída para você. — Acabei dizendo.

— Ah, tola! — Exclamou. — Creio que os humanos estão necessitados de um novo líder.

— O quê? — Balbuciei, sem acreditar.

— Por que eu deveria me importar com Paraíso ou Inferno, quando há um mundo abarrotado de criaturas tolas para me receber? — Ironizou — Ah, querida, não me olhe assim... Entristeceu-se por saber que não é o centro de tudo? — Tocou minha bochecha. — Você é apenas uma das peças adversárias desse jogo, alguém que dificulta minha vitória. Mas o que é a vida, se não um amontoado de obstáculos?

— Caleb... Caleb jamais permitiria que você governasse a Terra. — Retorqui, embora não estivesse tão certa disso.

— Pare com essa ladainha, Caleb não dá a mínima para a Terra e tudo o que há nela, pelo menos não desde que vocês a destruíram. — Ele direcionou seu olhar ao espelho que havia no quarto, e eu fiz o mesmo, e uma série de imagens começou a surgir ali, como lembranças. — Holocausto, guerras... catástrofes globais causadas por pura ambição... são tantos humanos, e tão pouca humanidade. Seu povo assassinou mais de sua própria raça do que nós, demônios. — Enfatizou esta última palavra. — E ainda espera que Caleb, em sua infinita bondade, faça algo por vocês?

Do modo como ele expôs, esperar que Caleb nos ajudasse era realmente uma tremenda audácia, ou mesmo tolice. Nós não éramos merecedores de coisa alguma.

— E o que pretende fazer? Matar todos os humanos? — Indaguei, curiosa.

— Todos, não. — Passou a língua pelo lábio, e sorriu. — Apenas os mais... independentes, se é que me entende.

— Não... eu não entendo.

— Jacó... Por que acha que eu o escolhi? — Encarou-me. — Ele é fraco, tolo... é um corpo fácil de se possuir. E estou sendo gentil, nem cheguei a comentar dos problemas psicológicos que o garoto possui. — Debochou. — Às vezes, é ele quem fala com você, eu mexi em seus pensamentos, e o tolo já não se dá conta do que diz.

Pensei em Jacó, e no quanto sua alegria havia me dado forças quando eu sentia que desabaria a qualquer momento no Inferno, ouvir suas piadas óbvias e espontâneas haviam me fortalecido, e naquele momento, senti-me uma inútil por não ser capaz de ajudá-lo a se libertar.

— Vocês têm um corpo, não precisam possuir ninguém para habitarem a Terra... Ou estou errada?

— Está certa, porém, não seria agradável destruir nossos corpos, precisamos de voluntários dispostos a... ceder. — Respirou fundo. — Vocês são levados à ruína por seus pecados... pela ira que há dentro de cada um, pela luxúria, vícios... Por que não aproveitar tudo isso ao máximo, até seus corpos se esgotarem, até implorarem para me tornar seu novo deus?

— Você é um monstro! — Esbravejei, incapaz de ficar em silêncio perante à repulsa que aquelas palavras causaram-me.

— Todos temos monstros dentro de nós, cedo ou tarde, eles se libertam.

— Está errado! — Gritei. — Existem pessoas boas, que jamais fariam o que você pretende!

— Pessoas boas também possuem seus monstros, elas apenas os trancafiam com mais cadeados, Srta. Bontempo. — Piscou para mim. — Ah, como estou ansioso para matá-la, e sair logo daqui.

Devon caminhou ao meu redor e parou atrás de mim, segurou meus cabelos com as mãos e aproximou seu rosto do meu pescoço, beijando-o em seguida. A vontade de me afastar era imensa, mas eu realmente não queria morrer, pois tinha de saber o motivo pelo qual ele não havia me destruído até aquele momento, já que estava comigo em suas mãos.

— E por que não faz isso? — Indaguei.

— Infelizmente, você ainda possui o espírito de Fae, e enquanto o tiver, não morrerá completamente. Eu poderia acabar com você nesse instante. — Sussurrou em meu ouvido. — Mas não seria libertado, pois você voltaria... E eu ficaria num eterno ciclo de esperanças frustradas...

— Como sabe disso?

Ele deu uma risada maléfica.

— Essa não é a primeira vez que você renasceu, minha querida. Houve uma outra vez, eu a encontrei quando completou três anos de vida... ah, você era uma garotinha ruiva e muito alegre. Seus olhos perderam rapidamente o brilho quando rasguei sua garganta pálida, e a empurrei de um penhasco.

Nesse momento, constatei com imensa tristeza que a menina do sonho, que eu havia confundido com Heloíse, era realmente eu. Tapei a boca, tentando inutilmente abafar o choro. Como ele havia tido coragem?

— Como você pôde...? — Murmurei, em meio aos soluços.

A imagem de Devon ferindo uma criança, sem o menor remorso, passou por minha mente, e foi a coisa mais terrível que eu já imaginara. Eu não queria ter sentimentos ruins, mas aquele demônio conseguia fazer o pior de mim vir à tona, e eu queria vê-lo sofrer com uma morte lenta e dolorosa. Desejava quase desesperadamente que ele padecesse tudo o que havia feito suas vítimas sofrerem.

— Então, como ainda não descobri uma maneira de tirar esse espírito de você, eu a trouxe para cá, onde passará os melhores dias de sua vida, Srta. Bontempo. — Concluiu ele. — Inclusive, estou planejando um baile, o que acha?

— Luca virá atrás de você, e vai matá-lo. — Afirmei, então o encarei. — Aliás, eu mesma o farei, demore o tempo que precisar, acredite.

Ignorando minha última ameaça, disse:

— Luca... — Fitou o vazio ao meu lado, como se estivesse se lembrando do filho. — Somos mais parecidos do que pensa, minha cara

— Não, você não tem um terço da bondade dele.

O demônio baixou o olhar e sorriu.

— Bondade... — Sussurrou. — Graças a ela.

— Ela quem?

Ele hesitou, depois, encarou-me.

— Ariel.

— A mãe de Luca...

— Vejo que tem conhecimento de tudo, afinal.

— Luma, a amiga de Luca, contou-me toda a história.

Devon deu uma risada baixa.

— Amiga? Não seja tola, minha querida. Luma sempre amou meu filho, mas nunca foi digna dele, eu jamais permiti essa união, e Luca, como um bom filho, negou aos encantos dela.

— Por que ela nunca foi digna dele?

— Ela tentava a todo custo tirá-lo da escuridão, como vocês chamam, mas nunca conseguiu, Luca não soube o que era bondade e redenção por um tempo muito longo, tudo caminhava excelentemente bem... até você aparecer, com seus olhos de avelã e seu sorriso meigo. — Encarou-me com desdém. — Por muitos anos, tentei descobrir o que ele havia visto de tão especial em uma humana tola. Eu me questionava: será a aparência? Mas não podia ser, você não é tão bonita assim, pelo menos não tanto quanto Luma. — Desdenhou, sorrindo com os olhos. — Que qualidade, então, surtira nele um efeito tão poderoso? Eu a considerava uma inútil... mas então notei que havia algo incrivelmente ardente em você: bravura. Eu tenho de admitir, não encontramos alguém como você num dia qualquer, durante um passeio ao parque. Pessoas com uma coragem genuína são raras.

— Eu...

— De qualquer forma — interrompeu-me—, eu gostaria que Luca se apaixonasse por alguém sem máscaras. Vocês, bom samaritanos, usam disfarces para esconder suas reais intenções, aquelas que habitam o mais profundo de suas almas. — Cravou seus olhos escuros nos meus.

— Como pode ter certeza?

— Abra os olhos, minha querida, ninguém é bom o tempo todo.

Percebi, ainda que com desgosto, que Devon estava certo. Ninguém é verdadeiramente bom, eu nunca fora, não todo o tempo. Todos nós possuímos máscaras. No entanto, se não existia alguém inteiramente benévolo...

— Então, não há alguém completamente mau também. — Arrisquei, pois queria testá-lo, saber a que ponto ele se considerava o "rei das trevas".

— Exatamente. — Confirmou. — Mas há aqueles tão maus, mas tão maus, Srta. Bontempo... cujo pouco bem que possuem, não consegue ser expresso.

— É o que acontece com você?

Ele balançou a cabeça negativamente.

— Não. Eu já tentei ser o mocinho da história, já desejei ser o herói, mesmo que aquele herói pícaro.... Mas, sinceramente? Ser o mocinho é demasiadamente tedioso. Eu tinha de ser o que esperavam de mim, e realmente acho essa ideia de suprir expectativas alheias frustrante demais.

Ousadamente, sentei-me na cama, contendo lágrimas idiotas. Não havia motivo para chorar, pelo menos não naquele momento. Ele continuou parado, fitando o nada, como se estivesse preso em lembranças. Parecia... triste. Mas eu não me importava, Devon seria a última pessoa a quem eu desejaria algum tipo de contentamento. E mais uma vez, tive a confirmação de que ele estava certo, afinal, eu sempre havia sido boa, mas não estava sendo com ele, o que comprovava sua teoria sobre as máscaras.

— Não sente falta dos seus filhos? — Indaguei, sem pensar.

— Quais filhos?

— Luca e... Jack.

Ele franziu o cenho, em seguida, começou a rir histericamente. Senti-me desconfortável e receosa.

— Acho que está passando tempo demais comigo, minha querida.

Foi então que notei, já não era mais Devon ali. Agora, eu estava presa no quarto com Jacó novamente.

.

.

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Mas, não se preocupem. Teremos terceiro livro!! ♥♥

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