30 - Sacrifício

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Narrado por Luca


Então, mesmo com a crescente raiva que eu estava sentindo de Hector, não deixei de ir à casa de Susana. Provavelmente o pai dela estaria lá também, mas não me importei, tudo o que eu precisava era vê-la, abraçá-la e implorar que me perdoasse, perdoasse meus erros e meus medos infantis, pois tudo o que importava para mim era ela. Depois de algum tempo caminhando, cheguei à sua casa e abri o portão, fui até a porta e toquei a campainha. Sem demora, Pedro Albuquerque apareceu atrás dela.

— Boa noite, Sr. Albuquerque.

— Olá, minha filha está com você? — Indagou-me, seus olhos demonstravam certa preocupação.

— Na verdade, eu esperava encontrá-la aqui.

— Susana foi visitar Juliana há algumas horas, pedi para que ligasse quando saísse de lá, e assim ela fez, mas... isso já faz algum tempo.

Um calafrio percorreu minha espinha. Já passava das 22h e Susana não estava em casa? Onde poderia estar?

— Vou ligar para Juliana... — Disse eu, e peguei meu celular, a nefilim atendeu rapidamente.

— Luca?

— Oi, é... por acaso a Su está por aí?

— Estava... por quê? Quer levá-la àquele lugar outra vez? — Detectei um tom acusador em sua voz.

— Não quero nada... só preciso... — Respirei fundo. — Quando ela saiu daí?

— Já faz uma hora, mais ou menos... Ou mais.

— Obrigado.

Desliguei. Pedro me encarava, em expectativa.

— Ela está lá?

Balancei a cabeça negativamente.

— Não. — Respondi, somente.

— Ah, Deus... vou ligar para minha filha. — Ele caminhou de volta à sua sala, pegando imediatamente seu celular.

Eu não tinha tempo para verificar se ela atenderia, pois certamente que não, era óbvio que algo havia acontecido. Saí correndo, sem sequer prestar atenção na reação do pai de Susana. Eu não me importava, tudo o que eu queria saber era onde estava minha garota. E se Lisa a tivesse sequestrado?

Eu não queria nem pensar nessa hipótese. Mas onde eu poderia procurá-la?

Já em minha casa, eu me encontrava em meu quarto, andando de um lado a outro. Na casa de Enrique, ela não estava, nem ele, na verdade, confiei na hipótese de que ela pudesse estar com o irmão. Liguei para ele, e fiquei sem uma resposta. Eu já estava desesperado. Decidi ligar para Jack, o nefilim demorou um pouco para atender.

— Alô?

— Jack?!

— Luca... o que foi? — Sua voz estava baixa, revelando que eu havia acabado de acordá-lo.

— Susana está com você e Ana?

— Não, eu não a vejo há alguns dias... Por quê?

Sentei-me em minha cama, passando os dedos entre meus cabelos.

— Ela sumiu. Ela e Enrique.

— O quê? Tem certeza?

— Tenho... Mas que inferno! — Exclamei. — Quando é que vamos ficar bem? Quando as coisas vão parar de ficar contra nós?

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora