25 - Para o seu bem

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Narrado por Luca


Medo.

Os brilhantes olhos azuis esverdeados de Hector transmitiam toda a apreensão que ele estava sentindo. Mas eu não me importei, o que ele havia tentado fazer para me ferir não se compararia com o que eu estava planejando para ele. Então, senti a transformação. Sim, eu estava me transformando no ser que habitava dentro de mim. Um ser maligno? Sim, provavelmente. Mas Hector merecia, ele não devia ter usado Susana para me vencer. Senti que minhas asas aumentavam de tamanho.... Hector começou a se afastar... Garras apareceram no lugar dos meus pés, e penas negras e sem brilho começaram a nascer por todo o meu corpo. O olhar da multidão era uma mistura de medo e fascinação. Senti meu rosto se deformando para dar origem a uma nova fronte, grotesca e assustadora. Depois que a transformação estava completa, o que se estendia agora à frente de Hector era um enorme pássaro negro, e sua respiração entrecortada não escondia seu medo. Urrei, fazendo-o cambalear para trás.

— Você quer lutar? — Minha voz não estava mais calma, era agora um som arrastado e horripilante, como de um monstro.

Bem, era isso o que eu era, não é?

Comecei a voar em direção a ele, que correu como um rato prestes a ser pego pela serpente. Voei por cima dele, parando exatamente no local no qual ele planejava se esconder -ao lado do palco.

— Você não pode me matar! — Gritou Hector.

Aproximei minha cabeça de seu rosto, fazendo-o ter de encarar meus olhos completamente preenchidos pela escuridão.

— Quer apostar?

Ele arregalou levemente os olhos e tentou correr outra vez. Confesso, eu estava quase desistindo de matá-lo, apenas para fazê-lo de idiota. Claro que eu já havia feito isso, afinal, deixara ele ter a esperança de que estava ganhando de mim, mas... eu não me importei. Voei novamente em direção a ele, agarrando seus ombros com minhas garras e erguendo-o do chão. Comecei a voar em direção ao céu, quando parei, estávamos realmente alto. Eu ouvia Susana suplicar para que eu parasse, mas eu não podia simplesmente deixá-lo impune. Ele tinha me feito vê-la com ele, fora um golpe sujo demais, mesmo que eu não tivesse acreditado.

— Vamos, Luca, mate-me! Você e Devon são como os dois lados da mesma moeda, não é? Então, o que está esperando? Mate-me! — Hector gritou.

A menção do nome daquele que dizia ser o meu pai só me deixou ainda mais enfurecido, e alguns segundos depois de Hector calar sua maldita boca, soltei-o, como uma ave de rapina faz com sua presa. Mas eu não queria matá-lo de uma forma tão fácil, eu queria vê-lo lutar pela própria vida. Então, quando ele estava próximo ao chão, o choque que ele esperou não veio, pois ele estava novamente em minhas garras. Arremessei-o com força do outro lado da arena, em seguida, fui até ele novamente e mordi sua perna, arrastando-o por todo o campo de batalha, ele urrava de dor.

— Vamos, Hector, levante e lute como um homem! — Minha voz soava assustadoramente voraz e sombria.

Esperei-o levantar -ato que demorou algum tempo. Suas vestes estavam rasgadas e seu corpo todo cheirava a ferrugem, pelo sangue que escorria de sua perna e ombros. Suas asas surgiram e ele voou, mas é claro que não permiti isso por muito tempo, agarrei um de seus pés com a boca e o fiz cair no chão outra vez, como um boneco indefeso. Foi então que, quando eu estava prestes a lhe rasgar as costas com minhas garras, Susana entrou em minha frente. A princípio, não entendi o que ela estava fazendo. Mas ela chorava, e admito, isso tirou de mim um pouco do ódio que estava me consumindo.

— Pare, Luca! — Ela gritou.

— Saia da frente, Susana. — Pedi o mais calmamente possível, mas minha voz não ajudava em nada, parecia que eu estava prestes a matá-la.

— Não, você não pode fazer isso!

— Saia...

— Você não é mais um assassino, Luca! Você não é como Devon!

Nesse momento, a multidão se silenciou, estavam todos temerosos pela vida da jovem corajosa que havia interrompido a luta.

— Saia daí, Susana.

— Não! Se quiser matá-lo, terá de passar por mim.

— Por que está fazendo isso?

Hector estava imóvel no chão, sua respiração mantinha-se extremamente fraca. Estava tão fácil, por que ela tinha de me atrapalhar?!

— Porque eu não posso deixar que você o mate. Luca, olhe para você, é isso o que quer ser? Um assassino outra vez?

Eu não podia acreditar que ela estava protegendo aquele demônio. Então, apenas a encarei por algum tempo, depois, arqueei minhas asas o máximo que eu pude e levantei voo, afastando-me da arena e de Susana. Se ela o queria vivo, que cuidasse dele, eu não queria presenciar aquilo.

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A coisa ficou feia, não é? Então, Renascidos, será que Hector sairá vivo dessa luta? Aguardem o próximo capítulo. Agradeço por estarem acompanhando, espero que estejam gostando. ♥

P.S.: A música abaixo foi a que tocou na arena durante a luta.

Abra os olhos, Anjo (livro 2)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora