Abra os olhos, Anjo (livro 2)

By ShaiAssis

254K 27.2K 8.6K

***ATENÇÃO***: NÃO LEIA ESTA SINOPSE CASO AINDA NÃO TENHA LIDO O PRIMEIRO LIVRO, POIS ELA CONTÉM SPOILER DO M... More

Prólogo
1 - Encontro
Encontro pelos olhos dele
2 - Apenas um toque
3 - O sonho
4 - Safiras familiares
5 - Descobertas
6 - Sonho dado ao criador
Nota
7- A festa
8 - Sentimentos
9 - Presente
Sorte?
10 - Que tal um beijo?
11 - Pronta para o passado
12 - Existem outras lagartixas
13 - Descobertas e um passeio
14 - Não me provoque
15 - Crescendo
16 - Sublime
17 - Angel
18 - Detalhes
19 - Recordação
20 - Família
21 - Bons sonhos
22 - Êxtase
23 - O passeio
24 - A batalha
25 - Para o seu bem
26 - Declaração
28 - Disputa acirrada
29 - O louco
30 - Sacrifício
31 - Ele voltou
32 - O medo pode unir rivais
33 - A hora de renascer
34 - Um simples toque
35 - O baile
36 - Em paz
37 - A noite
38 - Final
Epílogo
Agradecimentos/Nota

27 - Um novo inimigo

4.7K 569 285
By ShaiAssis

— Isso é um problema seu.

Levantei-me e saí do quarto, sem sequer olhá-lo para me certificar de que ficara ferido. Sim, eu queria demonstrar indiferença com relação a ele e aos seus sentimentos, mas a verdade é que aquela confissão -direta e sincera- havia, sim, deixado-me muito abalada. Hector estar apaixonado por mim complicava muito minha situação, ele faria de tudo para impedir meu casamento com Luca, e talvez, isso incluísse contar toda a verdade a ele. Caminhei até a cozinha, que era pequena e muito bem limpa -cheirava a limpador de maçã verde-, eu poderia permanecer naquele cômodo para sempre com o aroma da sopa de Enrique.

— Já está pronta...

— Hum...

— O que foi? Hector fez alguma coisa?

Minha cara estava tão ruim assim?

— Nasceu, isso que ele fez.

— Su... — Enrique se sentou na cadeira ao meu lado. — Eu sei que você e Luca se amam, mas se ele realmente não sabe controlar o mal que há em seu interior, não posso permitir que vocês fiquem juntos.

— Até você? Enrique, eu sei que Luca jamais me machucaria!

— Estou dizendo isso para o seu bem.

— Eu sei, mas fique tranquilo, eu sei o que estou fazendo. — Afirmei, levantando-me. — Não desistirei de Luca. Nunca.

Beijei meu irmão na testa, fui ao banheiro e peguei minhas roupas, nem me dei ao trabalho de ver como Hector estava, saber que viveria bastava para mim. Assim que Enrique entrou em seu quarto com um prato de sopa nas mãos, saí pela porta da frente e observei a rua vazia. Um vento frio veio contra mim, como se quisesse me fazer voltar para a casa do meu irmão. Mas eu não podia, precisava de um tempo sozinha, comecei a caminhar e logo me arrependi por não ter pedido a Enrique para me acompanhar. Meu suéter estava todo sujo de sangue e eu não podia vesti-lo, pois as pessoas pensariam que eu era uma louca que acabara de matar alguém.

— Ótimo, agora passe frio... — Resmunguei.

Após alguns minutos caminhando, senti uma sensação estranha, como se alguém estivesse me observando. Olhei para os lados e tudo o que vi foram casas e mais casas pouco iluminadas. Temi olhar para trás e descobrir que minha intuição estava certa, então, apenas comecei a andar mais rápido. A sensação de estar sendo vigiada não passou, pelo contrário, apenas aumentou a cada metro que eu conseguia andar sem paralisar de medo. Em minha mente, eu fazia uma oração pedindo para que meu perseguidor fosse Luca. Talvez ele estivesse se sentindo culpado e não sabia o que dizer, então apenas decidiu me acompanhar até minha casa para se certificar de que eu estava bem. Algum tempo depois, avistei o portão largo do meu lar, visão que me deu um profundo alívio. Tentei abri-lo sem fazer barulho, mas foi impossível. Do lado de fora, notei que a luz da sala estava acesa, quando abri a porta, Juliana soltou um grito.

— Calma... — Pedi, fazendo sinal para que ela ficasse quieta.

— Você me assustou, achei que voltaria mais tarde.

— É...

Ela estava deitada num dos sofás, enrolada numa coberta. Scarlett estava em seu colo, minha amiga assistia a alguma coisa na televisão, mas nem me importei em descobrir o que ela assistia àquela hora, apenas desejava deitar em minha cama e apagar por algum tempo.

— E aí, como foi? — Ela perguntou, depois, estreitou os olhos. — Su, o que aconteceu com seu cabelo?

— Longa história... não quero falar sobre isso agora.

— Tudo bem, depois conversamos.

— Vai terminar de assistir? — Apontei para a TV, fazendo-a assentir. — Então, eu vou dormir, boa noite. — Abracei-a. — Obrigada por tudo.

— Não precisa agradecer... Boa noite.

Quando cheguei em meu quarto, desabei na cama e chorei. Sim, chorei para aliviar o peso da mentira, o peso de ter dois demônios apaixonados por mim e o peso de estar redondamente arrependida por ter nascido e estragado a vida deles. Desejei ter uma vida menos complicada, mas algo me dizia que isso estava longe de acontecer.

Adormeci um longo tempo depois.



Os dias seguintes foram um desastre, eu não consegui prestar atenção nas aulas, tudo o que se passava em minha mente era onde Luca poderia estar e o porquê dele não ter me dado algum sonho, sem contar que não procurou por mim nenhuma vez, assim como não estava dando aulas.

Na quinta-feira, estávamos na aula de Educação Física, e o jogo do dia era voleibol, para minha felicidade. Eu amarrava o cadarço do meu tênis, sentada na arquibancada cinza da quadra da escola, quando notei que só restara um time para que eu pudesse entrar, já que havia me atrasado para a aula, e nele estavam Vitor e Luís. Juliana estava entusiasmada, afinal, eu não havia contado a ela sobre o ataque que sofrera depois da festa de aniversário dele. Fitando os olhos castanhos e temerosos de Luís, posicionei-me num dos lugares da frente, enquanto Juliana ficou atrás, em meio aos dois valentões. Começamos a jogar, e quando Jéssica -outra integrante do nosso time- sacou, os rapazes começaram a caçoá-la, uma vez que a mesma não conseguiu fazer a bola passar pela rede. Procurei pelo nosso professor, mas ele havia se ausentado da quadra, alegando ter de conversar com a diretora.

— Parem com isso, é só um jogo! — Juliana se aproximou da garota, como que para protegê-la, e os dois pararam.

— Só vou parar porque você joga bem para uma menina. — Luís elogiou Juliana, fazendo meu sangue ferver.

Respirei fundo, e contive-me. Então, o time adversário jogou a bola em direção à Jéssica, que a arremessou para fora da área.

— Ah, qual é? — Exclamou Vitor. — Não sabe jogar?

— Vamos trocar, e usar ela como bola, quem sabe assim ela serve para alguma coisa. — Luís debochou, fazendo Vitor e outros alunos gargalharem.

Observei Jéssica baixar o olhar, evitando que alguém visse a lágrima que caíra por seu rosto rosado. Deixei que Luís buscasse a bola ao longe, para enfim dar-lhe uma lição, quando o mesmo retornou, eu a tirei de sua mão com um puxão.

— Vocês não aprendem mesmo, não é? — Esbravejei.

— Ninguém falou com você, Ferrugem, então sai da frente. — Ele tentou tirar a bola das minhas mãos.

— Você quer? — Indaguei, erguendo-a, e quando ele arqueou uma das sobrancelhas, impaciente, eu arremessei com força a bola contra seu estômago.

Luís curvou o tronco para a frente, e fez uma expressão de dor. Todos os outros alunos ficaram em silêncio, em expectativa. Eu aproximei meu rosto do garoto e apoiei minha mão em seu ombro, fazendo-o ajoelhar, ainda segurando o próprio corpo.

— Vo... você é uma... vaca. — Murmurou ele.

— Tá sentindo dor, seu desgraçado? — Sussurrei, para que somente ele ouvisse. — Eu queria poder arrancar a sua língua. Não pense que não sei que você e seu amiguinho Vitor armaram para mim, depois da sua festa.

Ele ergueu os olhos castanhos para mim, eles estavam aflitos.

— Eu...

— Shhh... fique tranquilo, eu não vou bater em você. — Afastei-me um pouco dele. — Eu quero que isso sirva de lição para todos vocês, babacas, que se acham melhores do que nós, mulheres. — Voltei-me para os demais que estavam ao nosso redor, na quadra. — Não é só porque somos o sexo frágil -fiz aspas com os dedos nessas palavras-, que não podemos jogar bem, porque você tem razão, Luís, a Ju é uma excelente jogadora.

— Obrigada, meu amor! — Ouvi Juliana me agradecer.

— E chamar alguém de "bola", não te deixará mais magro. — Afirmei, observando Luís se levantar, depois voltei-me para Jéssica, que me observava atentamente, buscando ajuda com um olhar triste. — Jéssica, você é linda, e não deve, jamais, aceitar que alguém desse nível a subestime ou faça você se sentir inferior. — Assegurei-a, e ela assentiu para mim, esboçando um breve sorriso. — Porém, já que gosta tanto de debochar dos outros, devo dizer que não gostei de ser chamada de "Ferrugem", Luís. — Arqueei uma das sobrancelhas para ele. Vitor, que estava ao seu lado, mantinha um olhar preocupado. — Você se acha um valentão, não é? Quem sabe isso tudo não seja apenas para esconder sua insegurança? Aliás, vocês dois.

Notei que ambos me encaravam confusos.

— Su? — Juliana estava mais próxima de mim.

— Ah, gente, não é nada de mais... — Olhei para os outros alunos, que esperavam ansiosos pelo término daquilo, então comecei a me afastar, indo em direção ao banheiro feminino. — Eu só soube, por fontes confiáveis, que ambos têm o pênis pequeno.

O que se seguiu foram todos gargalhando em uníssono. Já na porta de tinta branca do banheiro das meninas, dei uma breve olhada para a quadra, Vitor e Luís estavam vermelhos como pimentões, e olhavam furiosos em minha direção.

Enfim, minha vingança está feita.



Uma semana se passou sem que eu tivesse notícia de Luca, mas durante todos os dias, eu sentia aquela estranha presença perto de mim, como se me vigiasse. Enrique e os outros me visitaram algumas vezes, e eu tive de dizer ao meu pai que eles eram da minha turma e que haviam chegado à cidade naquele ano. Num domingo, por volta das 21h, eu voltava da casa de Juliana por um atalho, uma rua quase não utilizada por ter fama de mal assombrada, o que era ridículo, afinal, o que mortos poderiam fazer, que vivos não fizessem pior? E então, eu senti aquela mesma presença. Parei na calçada e respirei fundo. Havia apenas dois postes de luz e algumas casas pequenas no local. Após um vento frio passar por mim, e uma garoa fina cair como pequenas agulhas em minha pele, arrependi-me por ter vindo por aquele atalho. Mas eu sabia que não estava sozinha ali. Devia ser Luca, tinha de ser!

— Luca... você está me assustando. Pare com isso, por favor.

Ninguém respondeu de imediato. Então, ouvi uma risada baixa atrás de mim. Meu cérebro ordenou às minhas pernas que corressem, mas foi em vão, eu estava paralisada e com um medo imensurável.

— Luca? — Indagou um homem.

Minha primeira reação foi ficar aliviada por não ser a voz de Devon. Mas a segunda foi entrar internamente em pânico por não reconhecer o dono dela. Minha curiosidade estava me matando, eu queria olhar para trás e descobrir quem era meu perseguidor, mas meu medo era maior e manteve-me com os olhos fixos à minha frente.

— Quem é você? — Minha voz saiu mais baixa do que eu pretendia.

— Acredito que eu deva fazer essa pergunta. Quem é você, minha querida? A mesma Susana de antes?

Ele me conhece... mas por que eu não reconheço sua voz? Será que é... Lúcifer?

— Lúcifer? — Indaguei.

— Errou outra vez. Sabe, eu estava começando achar que Luca não desgrudaria de você. Dei aquele sonho a você, para que se sentisse apavorada. Eu queria vê-la gritar, mas ele estava lá!

— Eu sabia que não era só um pesadelo...

Subitamente, senti que aquele homem estava atrás de mim, realmente próximo. Ele segurou meus ombros e aproximou-se mais, ficando com os lábios muito próximos ao meu ouvido.

— Eu sou aquele que segura pelo calcanhar... — Sussurrou.

A princípio, não entendi, mas então, a compreensão invadiu minha mente, virei-me e o vi. Era ele. Era o humano que me ajudara no Inferno. Mas como ele saíra de lá? E o que queria comigo?

— Jacó... você está... diferente.

Sim, não era mais o humano magro que eu conhecera, ele estava forte, com uma barba rala no queixo e um olhar marcante, sem a infantilidade de antes. Era um olhar sombrio.

— O Inferno foi generoso comigo.

— Por que está aqui? O que quer comigo?

— Oh, Jacó, por que está aqui? — Imitou-me, com a voz melodramática. — Quero muitas coisas com você, mas creio que este não é um lugar apropriado para uma jovem da realeza como você, minha querida.

— O quê?

Tentei me afastar dele, mas suas mãos fortes agarraram meus braços e puxaram-me contra ele, que me abraçou como se eu fosse algo precioso.

— Senti sua falta. — Sussurrou.

— Solte-me!

Empurrei-o, mas foi inútil, uma nuvem negra já me encobria por completo, e junto de mim, aquele que me ajudara anos atrás também desaparecia. A última coisa de que me lembro, foram seus olhos me contemplando em meio a escuridão.

Continue Reading

You'll Also Like

239K 15.9K 19
OBRA REGISTRADA NA BIBLIOTECA NACIONAL Esta história é o segundo volume de uma trilogia, por isso segue o link do primeiro e terceiro livro: 1 - http...
33K 3.9K 47
Harry Potter ( Hadrian Black ) recebe sua carta para Escola de Magia e bruxaria de Hogwarts , mas as dores e abusos de seu passado o tornam diferente...
37.3K 3.5K 44
E se a dança dos dragões não tivesse acontecido? E se tudo tivesse sido diferente? É o que vamos ver nessa história em que a personagem Visenya vai s...
195K 16.6K 12
O LIVRO ESTÁ COMPLETO NA AMAZON! "Ele é ranzinza, parece muito mais velho do que realmente é. Insuportável, autoritário e um pouco arrogante, não val...