The 2 Of Us - Livro 1. Duolog...

By FlaviaLobato

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Heather Colbert aprendeu a andar com suas próprias pernas e amadureceu da forma mais dura possível, perdendo... More

Inspirações
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Extra - Por Dan
Capítulo 18
Capítulo 2 - Por Stephan
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Extra - Por Dan
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Coluna: Voce ouviu?
Capítulo 40
Extra - Por Dan
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Extra - Por Dan
Extra - Por Adam
Capítulo 46
Capítulo 47 (FINAL)
Epílogo

Capítulo 9

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By FlaviaLobato

"Ela me guia pela luz do luar
Só para me queimar com a luz do sol."
- She's Like The Wind (Patrick Swayze)

Levantei sem muito esforço na manhã seguinte, na verdade até animada, mesmo tendo acordado três vezes durante a madrugada. Sabe aquele momento em que você anseia muito por algo que só de pensar dá nervosismo e vontade de sorrir? Me sentia assim. Queria ver Daniel e mesmo que fosse apenas isso, já me satisfaria. Uns chamam isso de perseguição e outros chamam de paixão, mas pra mim não tinha a menor importância, nada ia mudar aquela vontade esmagadora que fazia um minuto parecer horas. Era uma empolgação que há muito eu não sentia.

Cheguei ao trabalho radiante e quando vi Harriet quis contar sobre Daniel, sabia que ela ficaria animada por mim e enxergaria que eu não estava morrendo como ela pensava. Mas por onde começaria? Pela parte em que eu começava a trabalhar na boate ou pela parte que eu servia homens como se fosse uma secretária sensual de suas fantasias?

Acabei guardando só para mim aquele sentimento.

Fizemos nossos trabalhos como em todos os dias na mesma rotina, onde a única diferença eram os clientes. Com certeza, era muito melhor na boate, onde os homens pareciam mais felizes e o clima era menos estressante.

Eu estava atendendo um cliente quando vi Adam entrar no hall e vir até o balcão. Escutei-o avisando a Harriet que iria até a sala de reuniões, para que ela liberasse sua entrada, mas foi tão rápido que me senti até constrangida com o pensamento de que receberia alguma atenção de sua parte.
Minutos depois recebi uma ligação no meu ponto. Era Dara, a secretária pessoal de Neville Tamer.

— Heather, sua presença está sendo solicitada na sala 2 de reuniões.

Achei estranho. Muito estranho. Ultimamente meu trabalho como recepcionista passava de minhas obrigações, me tornando quase que uma secretária da empresa.

— Você sabe do que se trata?
Perguntei, um pouco aflita.
— Desculpa, mas a única coisa que sei é que você precisa ir até lá.

Ótimo. A última vez que fui solicitada de tal maneira não recebi a melhor notícia da minha vida. Na verdade, minha vida mudou completamente e cá estou eu, toda desconfiada, mentindo para pessoas importantes para mim.

— Tudo bem, já estou a caminho.

Harriet achava que podia ser promoção ou algo do tipo, até ficou feliz e me deu parabéns com o seu jeito louco, mas eu ainda desconfiava, tendo a certeza de que não era isso. Quando cheguei no andar certo, quase corri para a sala de reuniões, sem mal conseguir respirar corretamente. Um peso se acumulava nas minhas entranhas, me fazendo desejar dar meia volta. Eu não queria saber o que era, não estava nem um pouco curiosa. Um nó se formou e minha garganta, impedindo que eu emitisse qualquer som.

Abri a porta rapidamente e, como um baque, quase cai para trás quando vi que apenas Adam Gilbert se encontrava sentado em um dos assentos ao redor da longa mesa no centro da sala. Adam me olhou friamente e pediu que eu me acomodasse. Escolhi o assento a sua frente e esperei pelo inesperado.

Um silêncio mortal tomou conta do ambiente, eu podia ouvir minha respiração ainda ofegante, enquanto Adam apenas olhava fixamente para seu punho cerrado sobre a mesa.

— Então, Senhor Gilbert...?

Adam logo me interrompeu, como de terrível costume.
— Já esclareci que esse tipo de tratamento não é necessário entre nós dois, Heather.

A porta se abriu e Neville Tamer colocou a cabeça para dentro, todo desconfiado.
— Aconteceu algo?
— Nada de mais, Tamer.
Adam não deu brechas, o que pareceu deixar o outro mais curioso.
Neville hesitou, perguntaria algo mas logo desistiu, deixando-me apenas um recado.

— Também quero conversar com você depois, Senhorita Colbert.

Não fazia ideia do que estava realmente acontecendo. Fiquei apreensiva por seu tom de voz, mas o que mais me chamava atenção era o fato de que Neville Tamer não foi insistente, nem participaria da pequena reunião. Afinal, ele era o chefe, certo?
Esclareceria uma coisa após a outra e Adam, obviamente, era a prioridade. Tentei iniciar a conversa da melhor forma possível, casualmente já que formalidades eram dispensáveis.

— Hum. Bem, por que fui chamada? – Perguntei, cautelosa pela seriedade que ele demonstrava.
— Você sabe o motivo, Heather.
Adam me olhava inquisitivo e a maneira como falou parecia me acusar de algo terrível.

— Desculpe-me, mas eu não faço ideia.

Ele respirou fundo, como se juntasse paciência para lidar com uma criança travessa. Eu não gostava nem um pouco de suas mudanças extremas e nem do jeito que me tratava, como um ser inferior.

— Sei que é perceptível minha falta de paciência, Heather. Eu não costumo ir atrás de quem simplesmente ignora o que eu falo, mas você faz meu sangue ferver a um ponto em que eu não consigo deixar de lado.

Os grandes olhos verdes me encaravam com intensidade, provocando. Eu não pedi aquela atenção e isso me assustava. Logo, pensei em Daniel. Era isso, o bêbado e toda a confusão do final de semana. Droga! Ele contou o que acontecera noite passada.

— O que aconteceu foi...
Adam me cortou novamente, sendo rude como nunca antes comigo. O tom exaltado de sua voz só me deixou ainda mais aflita.
— Só... Só me deixa assumir o controle disso. Eu te ofereci suporte, mas você não aceitou e olha o que aconteceu!

— Daniel estava lá.
Disse quase sorrindo ao lembrar de meu “herói”, de sua preocupação e de seu jeito.
— O problema é que se ele não estivesse lá, você não estaria aqui agora e, porra, não consigo parar para pensar no que mais poderia acontecer! Sabe que isso era previsível, eu a alertei mais de uma vez.

Não queria deixá-lo convencido por completo de que estava certo.
— Já aconteceu, Adam. Eu estou aqui agora e estou bem.

Sentia como se testasse o limite de sua paciência, mas não conseguia conter esse impulso infantil. Adam respirou fundo mais uma vez, mas não me olhou.
— Você não voltará sozinha esta noite. Nem que eu a amarre a um dos seguranças.

Eu não queria ser amarrada aos seguranças. Minha nossa, como ele poderia me tratar assim, como uma pessoa sem opinião?!
Por um lado ele estava certo, assim como Daniel e eu não negaria que o que fiz foi estúpido, mas preferia que Adam tentasse fazer eu me sentir menos pior.

Respirei fundo e concordei, apenas porque ele era meu chefe lá e eu já suspeitava de que algo ocorresse entre ele e os donos da ConstruVille.

— Já pode ir. Não esqueça que Tamer quer falar com você.

Me retirei como um cão, com o rabo entre as patas. Querendo ou não, eu era vulnerável fisicamente, tanto que não tive chances com um bêbado de quase dois metros. Não me sentia protegida por Adam ou segura com suas palavras, apenas uma subordinada fraca que não tinha condições de contrariar.

Quando cheguei ao escritório, Dara já estava a minha espera, com liberação imediata para minha entrada.

Bati levemente à porta, para me anunciar, e entrei. Tamer brincava distraidamente com uma caneta enquanto inclinava o recosto de sua cadeira e lia um documento, demonstrando incômodo com algo.

— Senhor Tamer?

O tirei de sua distração, fazendo-o me olhar de maneira desconfortável, com desconfiança. O que eu havia perdido durante o tempo em que sonhei com Daniel Fountain?

— Sente-se Heather.

Me acomodei na cadeira, enquanto o observava cuidadosamente. Fiz menção de esticar meus braços, pois meu corpo estava rígido e dolorido devido a tensão pela qual estava passando. Percebi que esse era um momento no qual eu não devia me manifestar de modo insistente para não irritá-lo. Neville não parecia aberto a conversas ou discussões intensas e, eu deveria apenas ouvir. A situação era desconfortável, ainda mais porque eu não sabia o que havia deixado meu patrão estranho.

— Está tudo bem, Senhorita Colbert?
— Hã. Sim, tudo bem.
Respondi confusa. Algo estava implícito, não era esse o real rumo da conversa.
— Vou tentar ser mais direto, o que Adam queria conversar com você? – Ele crispou os lábios antes de continuar, notando minha confusão. – Desculpe-me, mas acho que tenho direito de saber porque o novo dono da empresa demonstra tanto interesse em uma das recepcionistas, não?

Minha mente só conseguiu registrar uma informação. Adam Gilbert era o novo dono da empresa, meu chefe duas vezes. E, então, ficou claro para mim o motivo de Neville Tamer parecer tão nervoso: ele achava que eu tinha um caso com Adam. Apenas pela fala cheia de julgamento e pelo olhar, qualquer um poderia deduzir sua acusação.
Mesmo não tendo certeza, considerei a teoria e me senti ofendida, mas em vez de me defender apenas disse uma coisa, ou melhor, perguntei.

— Dono?

Neville pareceu mais tenso que eu, se retorcendo em sua cadeira. Percebi que poderia parecer pretensiosa com tal pergunta e tentei refazer minha expressão, menos surpresa e mais espantada.

— Sócio majoritário, na verdade. Peço que não comente sobre isso com ninguém.

Em tal ponto senti vontade de gritar em cima de Neville Tamer, quis socar seu rosto ou apertar seu pescoço a ponto de fazê-lo se debater em sua confortável cadeira. Que tipo de pessoa ele pensava que eu era? Interesseira? Fofoqueira? O que mais? Barraqueira ou assassina? Eu não lhe daria a satisfação de adicionar mais nada a minha ficha, então apenas me controlei e respondi o que achei necessário.

— Claro, senhor. – Minha língua coçava, insatisfeita com poucas palavras, eu não poderia deixar por isso, nunca fui injusta e queria não passar por uma situação assim, precisava rebater aquilo dentro dos meus limites. – Não se preocupe, não sou fofoqueira, muito menos tenho algum envolvimento com o senhor Gilbert. Não sei justificar o interesse dele em mim, pode ser que apenas esteja investigando meu trabalho, mas espero que isso não o incomode. Não vou tratá-lo mal, se isso é mais uma de suas preocupações.

O olhar de Neville era menos estressado enquanto assimilava o que eu havia dito, por um momento vi um pouco de arrependimento em sua expressão.

— Tudo bem, senhorita Colbert, eu... Desculpe, fui precipitado. Só não queria que certas coisas acontecessem pelas minhas costas e acabei falando besteira. - sorriu um sorriso sem graça, enquanto eu esperava ordem para me retirar.– Hoje foi um dia muito estressante, me desculpe mais uma vez. Pode ir e, não esqueça de manter a informação sobre Adam.

Saí da sala tentando esquecer as conversas recentes, estava me sentindo desconfortável com essas situações. Eu precisava mesmo ter que aceitar esse tipo de invasão só porque eu era subordinada?! De qualquer jeito eu não deveria fazer nada se quisesse manter meu emprego e o serviço por fora.

Cheguei ao balcão em silêncio e Harriet já percebeu que havia algo de errado.
— O que aconteceu?

Lembrei do que Tamer disse e tentei usar como desculpa. Uma hora ou outra Harriet descobriria algo, mas eu não estava disposta a relatar tudo o que havia acontecido.
— Eu... – Busquei as palavras cuidadosamente. – Eu soube de algo, mas não posso comentar.

Harriet simplesmente se calou e isso me deu medo. Provavelmente, ela aceitara a história por estarmos no ambiente de trabalho e, relacionado aos negócios da empresa, não existiria fofoca.

...

A boate estava lotada, por ser véspera de feriado. O movimento era intenso e eu corria de um lado para o outro para atender todos os clientes da área VIP. Adam não estava presente, ele mesmo havia me ligado para avisar que viajaria para assinar a última papelada em relação a ConstruVille, ou seja, Daniel estava no comando. Nem tanto. Ele não parecia tão ocupado quanto Adam, que geralmente passava a noite toda no escritório. Daniel simplesmente cumprimentava os clientes, verificava serviços e voltava para o bar e, de vez em quando, trocávamos alguns olhares sugestivos. Olhares que me faziam sorrir sem perceber de cara.

Metade das mesas da área VIP estava ocupada e todos tinham companhia, eu estava sobrando. Segurar vela era nada comparado ao que eu estava passando. No pico da noite, umas 2 da manhã, já não havia ninguém na minha área, então Angel me dispensou. A primeira coisa que fiz foi ir ao bar.

— Você já pode ir, princesa.
Angel era tão delicado comigo e tão fofo que, para quem via, mais parecia meu namorado com seus tratamentos carinhosos, na maioria das vezes.

— Eu tô com uma sensação boa, eu só quero relaxar, sabe?
E realmente sentia algo. Eu não queria ir embora, então apenas observava a movimentação.

— Dizem que o sexto sentido feminino não falha. – O garoto piscou para mim, com uma expressão brincalhona. – Quer algo? Você não se hidrata faz meia hora, gata.

— Só água, Angie.

— Seja feliz então, senhorita!
Antes de servir os clientes, Angel me deu uma garrafinha de água.

Durante 10 minutos fiquei apenas observando o lugar, as pessoas, o clima. Chegava a ser extasiante, um sonho muito louco! Nada parecia real, nem as dançarinas, nem a decoração, ou mesmo a música. Pensando nisso tudo, lembrei de Daniel. Nada do que havia acontecido parecia real. Nem os momentos ambíguos, os beijos tentadores ou os sorrisos.

Senti vontade de vê-lo novamente então um impulso me fez levantar do banco e ir atrás dele. Sim! Eu não acreditava no que estava fazendo, ou melhor, no que ele estava fazendo comigo. Meus pensamentos estavam naqueles olhos azuis quase o tempo todo. Senão, estava no jeito de andar ou no seu sorriso. O procurei pela boate sem saber o que fazer quando o encontrasse. Eu estava tão empolgada que fui até o banheiro masculino e esperei do lado de fora, mas nenhum dos rapazes que saiam era Daniel. Só havia mais um lugar onde ele poderia estar, o escritório.

Eu estava enfeitiçada para fazer tais coisas, certamente aquele homem havia feito algo para mim. Além de sorrir e me beijar como eu sentia que precisava, claro.

Entrei no corredor e o som ficava para trás, abafado, permitindo que eu ouvisse as batidas do meu coração em ansiedade antecipada. Me sentia tonta, embriagada por um sentimento indescritível que mantinha uma coragem que eu nem sabia que tinha. Parei na frente da porta e bati. A esta altura eu estava mais nervosa do que nunca, não conseguia parar de mexer as mãos e meu coração parecia querer sair pela boca, quase me sufocando. Senti arrepios pelo corpo todo e um vazio terrível no estômago. Não acreditava no que estava fazendo!

Não precisei esperar muito tempo, logo a porta se abria. Daniel a abria. Quando o vi fiquei sem chão. Respirei fundo sem saber o que fazer. Meus dedos se enrolaram em uma mecha do meu cabelo, fazendo movimentos nervosos que eu não sabia como controlar. Minha língua parecia estar presa, pois qualquer coisa que pensasse sequer saía como som. Então, outra vez, agi feito uma idiota diante dele.

— Oi. – Simplesmente, sorri.
Daniel retribuiu o sorriso da melhor forma possível.
— Oi, Heather. – Meu nome parecia tão suave em sua língua que quase pedi para que repetisse.
— Angel me dispensou, então...

Não completei a frase, nem tentei. Apenas me calei. Daniel riu.
— Então?

— Não sei, eu só... Procurei você.
Soltei tanta informação em uma só frase que precisei de um tempo para assimilar a besteira que havia feito.
Daniel pareceu surpreso, mas tenho certeza que não chegava a ser metade do quão chocada eu mesma estava. Cuspi cada palavra sem pensar, apenas disse.
— Acho melhor eu ir embora.

Sem esperar reações do loiro, em passos apressados, voltei ao início do corredor, à música, às luzes, às pessoas e depois ao bar. Fiquei pensando na cara dele. O que eu estava pensando? Que ele diria “Oh, eu estava te esperando”?! Derrotada, me encostei na bancada, imaginando sua risada debochada enquanto tentava entender o que eu havia feito. Angel veio ao meu socorro enquanto montava um coquetel impressionante.

— Heather! Você está bem?
— Claro! Por que?
Eu mesma ouvia o drama na minha fala, sabendo que não o convenceria.
— Tá com uma cara de culpada. Parece que matou alguém.
Angel riu.

— Pior, muito pior. Eu matei a minha dignidade!

Antes que Angel pudesse dizer algo, senti uma mão firme segurar meu ombro. O dono da mão aproximou-se, enquanto Angel se afastava como se não tivesse visto nada. Senti a respiração leve na minha nuca, me trazendo fortes arrepios. Eu reconhecia aquele toque. Não havia como confundir desde o primeiro contato.

— Demorei a noite para resolver se fazia alguma coisa ou não, então você vem cheia de atitude acabar com o meu plano e depois desiste?

Apertei com força a garrafinha de água em minhas mãos, em busca de uma justificativa rápida.
— Eu só queria conversar.

Senti que Daniel sorria.
— Eu não consigo parar de pensar em você, Heather. Ou na sua boca. Ou no seu corpo macio e gostoso. – Daniel sussurrava ao meu ouvido. Senti seu peitoral firme colar em minhas costas, me deixando em alerta com o calor da parede de músculos firmes.

— Você só pode estar de brincadeira.
Acabei pensando alto. Não era possível que meus desejos mais profundos obsessivos estivessem sendo retribuídos. Eu não pensei no que faria se fosse tão correspondida, assim. Estava muito além do meu planejamento.

— Eu nunca estive falando tão sério em toda a minha vida. Você não sai da minha cabeça, garota... – Suas mãos grandes e firmes apertavam meus ombros com delicadeza, mesmo assim eu ficava cada vez mais rígida.

Algo me veio à mente. Algo que me impediu de seguir no clima. “Ele diz isso para todas?!”. Não me senti bem com o pensamento, ainda mais o levando como verdade. Meu humor estava tão afetado que acabei ficando chateada com a possibilidade de Daniel usar uma cantada repetida que dava certo com todas.

— Pra ser mais uma que você vai usar? Não, obrigada. Eu já disse que não pretendo ser a garota da vez?
Joguei um balde de água fria e sarcasmo em cima dele, enquanto bebia um gole de água para acalmar meu ânimo e tentar parecer indiferente.

— Eu disse que pretendia tê-la como uma?

Porra! Engasguei e tentei me recompor rindo sarcasticamente, mantendo uma expressão incrédula que mascarava meu real choque por sua frase. Pela primeira vez, a tática de disfarçar deu certo e isso pareceu irritar Daniel.

— Você ouviu o que eu disse, Heather?

Mais sarcasmos gratuito para ele não fariam muito mal, talvez até me livrassem de algo que acabaria me afetando terrivelmente, mais tarde.
— Que eu não seria uma das suas garotas?
— Que eu quero você!

Ele não havia dito isso! Pelo menos, não explicitamente. Respirei fundo. Eu precisava sair da sua proximidade. Eu precisava respirar.
— Pra quantas você já disse isso?
— Nas minhas contas, apenas para uma. – Ele estava mais próximo, disso não restava dúvidas, e minha concentração estava voltada para a sobrevivência da razão.

—Ah, por favor!

Daniel segurou em minha cintura e abraçou meu corpo, me fazendo sentir cada centímetro seu. Sua respiração já deslizava em minha pele com imensa facilidade, acabando com a dúvida sobre se ele tentaria ou não, até que senti sua boca tocar o lóbulo da minha orelha e descer. Ele passou firmemente seu nariz em meu pescoço e inalou profundamente meu cheiro. No mesmo instante fiquei toda arrepiada, fechei os olhos e soltei a respiração com força. Fiquei hipnotizada com sua atitude.

— Vamos dançar.

Apenas confirmei com um balançar de cabeça. Era como se eu não estivesse em mim enquanto sua mão impunha um toque possessivo sobre mim e guiava-me entre as pessoas. Meus dedos formigavam toda vez que os dele acariciavam minha pele devagar, espalhando aquela vibração em todas as minhas células. Daniel e eu entramos no meio da multidão. Estávamos frente a frente. Alguns corpos esbarravam em nós, nos aproximando mais ainda. Daniel colocou uma de suas mãos em minha cintura, me puxando totalmente para si.

— Dance comigo e relaxe, Heather. – Pouco conseguia ouvi-lo, mas seus lábios me permitiram uma leitura perfeita das palavras. – Eu quero sentir você!
Daniel me olhava nos olhos e dessa vez não tinha como fugir. Um palmo era o que separava nossos lábios.
Ele encostou seu rosto no meu e começou a se mexer, no seu ritmo. No ritmo da música. Seu quadril me guiava.

Relaxe, Heather.

Fechei meus olhos e suas palavras eram as únicas coisas que soavam na minha mente.

Relaxe.

Ouvi a música e a senti. Quando dei por mim estávamos em sincronia. Meu corpo estava relaxado e eu estava adorando a sensação de tê-lo tão perto de mim. Éramos um. Daniel, eu e a música.
Eu sentia meu sangue ferver, sentia o ritmo fluir entre nós dois. No momento em que a batida aumentou e a separação era necessária, ele colou meu corpo ao seu e já não dançava. Senti minha excitação crescer enquanto Daniel me tocava. O pulsar entre minhas pernas denunciava o quanto ele me provocava e até onde já tinha ido durante aquela noite, sinalizando um grande e delicioso perigo.

— Eu quero você, Heather. Desde o primeiro momento eu te quis e, agora, eu só consigo querer mais.
Suas palavras colocavam-me contra a parede, me deixando vulnerável as suas investidas. Ignorei o que havia sido dito, na esperança de que ele parasse ou eu não poderia responder pelos meus atos.
— Se você não me deixará entrar, por que foi atrás de mim no escritório? – Mordi o lábio inferior, temerosa de encontrar seus olhos quando abrisse os meus. – Por que me provoca tanto se não me quer?

Por que? Nem eu sabia. Fui até o escritório com a simples intenção de vê-lo, sequer imaginei que pudéssemos chegar a um momento tão fodidamente incrível na pista de dança, então não poderia ser culpada. Eu apenas não havia notado que poderia ser desejada com a mesma intensidade. Meu cérebro congelou e eu não tinha como rebater. O que mais eu poderia fazer quando as coisas não estivessem ao meu favor, mas colaborando com o corpo e só?

Bem, havia uma saída fácil: sair.

Olhei para os lados rapidamente, sentindo alguns leves empurrões por pessoas que dançavam ao nosso redor.
— Eu tenho que ir.

Daniel puxou minha mão, me fazendo ficar de frente para si novamente. Foi um movimento tão rápido que quase caí em cima dele, mas seus braços me mantiveram firme. Eu me equilibrava sobre os saltos enquanto Daniel aproximava seus lábios para me dizer algo novamente.

— Eu acompanho você.

Não neguei sua companhia. Eram dois extremos para mim estar com ele. Me sentia bem, mas não queria estar perto devido os sentimentos desesperadores que ele provocava. Jogamos um rápido “morde e assopra” e mesmo assim não me sentia ofendida ou coisa parecida. O pior era que eu só tinha vontade de mais quando, claramente, não estava preparada para isso.

Antes de sairmos Daniel conversou com um dos seguranças, demonstrando uma feição dura que não o deixava menos bonito e sim mais tentador. Se ele pegasse meu ponto fraco, eu estaria muito ferrada. Saímos da boate e ficamos parados do lado de fora. Senti uma gota de suor escorrer em minha testa, lembrando-me de que eu ainda usava a máscara. A tirei rapidamente enquanto Daniel me observava.

— O que uma pessoa como você faz num lugar como esse?
Franzi o cenho, sentindo-me desloca pelo tom de sua pergunta.
—Uma pessoa como eu?

— Do jeito que você me tratou, nenhuma outra qualquer trataria. – Daniel arqueou as sobrancelhas, buscando palavras. – Você não se mistura nesse meio, você é diferente em todos os sentidos que eu consigo pensar.

Eu queria quebrar o clima tenso que havia se formado e resolvi falar besteira (como sempre) e exatamente no momento errado.
— Eu quero experimentar coisas novas sabe? –Daniel me olhou espantado, ele não havia captado a ironia, o que me fez rir. – É brincadeira, não é bem isso.

— Ah! Bom...
Daniel sorriu, constrangido.
— Na verdade foi uma necessidade.

Começamos a andar em direção ao meu prédio. Daniel não perguntou o que era, me deixando aliviada pois não queria falar sobre o que havia acontecido. Ele não estava sendo invasivo nem exibiu o ar de curiosidade que se tornava irritante depois de tudo, permitindo que eu continuasse relaxada. Logo, chegamos a portaria do prédio.

— Está entregue.

— Obrigada por me acompanhar.
Sorri minimamente, ainda pensando no ocorrido na pista de dança.

— Não foi nada de mais. Preciso voltar agora.
Ele sorriu e por um momento hesitou. Olhou para os lados em busca de palavras, mas apenas sorriu novamente, acenou e saiu, me deixando sozinha. Um sentimento de abandono surgiu, jogando-me numa tristeza repentina.

O que é isso?!

Ele só foi embora. Sem deixar uma despedida mais gloriosa. Foi um favor o que fez, afinal, era isso que o pontinho em minha razão estava ansiando tanto. Mas o simples fato de não ter acontecido algo há mais, como nas outras vezes, me deixou confusa. Não sabia porque isso importava tanto.

Minha mente entrava em parafuso novamente.

.
...
.

A pior parte é que é assim mesmo quando o boy fica indiferente ahahaha

Então, o que acharam? Talvez vocês comecem a entender o motivo de Heather rejeitar Adam...

Não esqueçam de votar e dar suas maravilhosas opiniões.

Vejo vocês nos comentários!
Até a próxima ;**

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