Abra os olhos, Anjo (livro 2)

By ShaiAssis

254K 27.2K 8.6K

***ATENÇÃO***: NÃO LEIA ESTA SINOPSE CASO AINDA NÃO TENHA LIDO O PRIMEIRO LIVRO, POIS ELA CONTÉM SPOILER DO M... More

Prólogo
1 - Encontro
Encontro pelos olhos dele
2 - Apenas um toque
3 - O sonho
4 - Safiras familiares
5 - Descobertas
6 - Sonho dado ao criador
Nota
7- A festa
8 - Sentimentos
9 - Presente
Sorte?
10 - Que tal um beijo?
12 - Existem outras lagartixas
13 - Descobertas e um passeio
14 - Não me provoque
15 - Crescendo
16 - Sublime
17 - Angel
18 - Detalhes
19 - Recordação
20 - Família
21 - Bons sonhos
22 - Êxtase
23 - O passeio
24 - A batalha
25 - Para o seu bem
26 - Declaração
27 - Um novo inimigo
28 - Disputa acirrada
29 - O louco
30 - Sacrifício
31 - Ele voltou
32 - O medo pode unir rivais
33 - A hora de renascer
34 - Um simples toque
35 - O baile
36 - Em paz
37 - A noite
38 - Final
Epílogo
Agradecimentos/Nota

11 - Pronta para o passado

6.4K 697 241
By ShaiAssis

— Aff... foi mal, não sabia que estava rolando um clima... — Desculpou-se um rapaz alto, cujo cabelo comprido e castanho cobria-lhe um pouco a testa.

— Max. — Luca disse, apenas.

Max vestia uma bermuda cinza larga e uma camisa azul-marinho perfeitamente alinhada. Então, ele me encarou com certa curiosidade.

— Você?

— Eu o quê? — Respondi, asperamente, por ele ter acabado de interromper o que eu estava ansiando desde a manhã daquele dia.

— Max. — Luca o chamou novamente.

— Que é? — Ele continuava a me encarar, mas agora com as sobrancelhas escuras franzidas.

— Susana, fique um pouco aqui, preciso falar com ele.

Não me dei ao trabalho de lhe responder, apenas peguei Scarlett enquanto ele fazia o tal de Max voltar para o portão de entrada -de onde não devia ter sequer saído. Mas eu não era tola, claro, fui até a porta e posicionei-me num pequeno espaço no qual nenhum deles pudesse me ver, então, ouvi toda a conversa.

— Cara, que loucura! — Exclamou Max.

— E eu não sei? Ela é... ela é ela.

Ela é ela?

Ouvia a risada do amigo de Luca.

— Cara, dizem que ruivas são as piores.

Idiota.

— Cale essa boca. Será que não percebeu o que está acontecendo?

— Ela voltou.

Eu voltei de onde?

— Eu não sei o que fazer, ela não se lembra... — Luca se interrompeu, de repente, e apareceu à minha frente.

Eu sorri, sem graça, e obviamente estava corada.

— Eu... — comecei a dizer.

— Você sabe que não é nada legal ouvir coisas que não deve, não é?

— Vocês estavam falando sobre mim.

— Quem disse?

Fiquei boquiaberta, e encarei-o.

— Sério, não seja um babaca.

— Adoro essa garota! — Max entrou novamente na sala -só que, desta vez, com menos brutalidade.

Ele foi até mim e abaixou-se para me olhar mais de perto, nossos rostos ficaram frente a frente, e eu percebi que seus olhos tinham um tom azul tão claro que mais pareceram cinzas. Eram realmente assustadores e davam-lhe um ar de louco.

— Se não quer me contar o que está acontecendo, vou embora. — Avisei a Luca, ainda sustentando o olhar de seu amigo.

— Luca, não seja um babaca com sua namorada.

Luca cobriu os olhos com os dedos indicador e polegar, depois balançou a cabeça negativamente.

— Ela não é minha namorada...

— Ah, mas vocês pareciam estar bem próximos até eu chegar. — Max comentou, sorrindo.

— Exatamente, até você chegar. — Disse eu, enfatizando a palavra "você".

Os dois me encararam surpresos, em seguida, notei um sorriso pequeno no rosto de Luca. Não me importei, pois nunca gostara de ficar com essas tolices, afinal, eu queria mesmo beijá-lo, então, por que não assumir isso?

— Max, por que não vai comer alguma coisa? — Sugeriu-lhe Luca.

Max balançou a cabeça afirmativamente e foi para a cozinha.

— Quem é ele? — Perguntei, curiosa.

Luca respirou fundo.

— Um amigo... Desculpe se Max pareceu um pouco imbecil, ele tem problemas mentais.

— Eu ouvi isso! — Gritou Max da cozinha.

Foi quase impossível não rir.

— Ele parece legal... — Comentei.

— Gostará dos outros também...

— São só amigos?

— Sim, não tenho namorada. — Ele respondeu, rapidamente. — Foi isso que quis dizer, não foi?

— Na verdade... não. Quis dizer se você tem amigas também.

Luca pareceu ficar um pouco constrangido.

— Sim, Ana e Luma. Ah, antes que você as conheça, por favor, tente não irritar Ana, ela é meio maluca, às vezes.

— Às vezes? — Max se pronunciou outra vez, fazendo-me rir.

— Alguma restrição quanto à Luma, também?

— Não. — Luca respondeu de forma fria.

Será que Luca gosta dessa Luma? Se não, por que ficou incomodado quando perguntei sobre ela?

Ficamos em silêncio por algum tempo. Max retornou à sala e nos encarou.

— Luca, eu chamei o pessoal aqui... hoje.

— O quê? Eu tinha que falar com eles sobre ela primeiro... Droga, Max!

— Ei, por que quer tanto que eu os conheça? — Perguntei, irritada por ele estar falando de mim como se eu não estivesse ali.

— Porque você me contou certas coisas...

Ah, sobre eu ser uma lagartixa. É óbvio que ele está falando disso. Será que seus amigos são assim também?

— Max? — Chamei-o.

— Sim?

— À que horas eles virão?

— Bem... Jack e Ana estão no Rio, não sei como eles virão, Luma não me disse onde estava, na verdade, ela desligou na minha cara... — O rapaz fez uma expressão de desdém. — Todos combinaram de encontrar Enrique, que está numa cidade próxima à esta, então, creio que devem chegar pelo começo da noite.

— Susana... — Luca me encarou. — Quer que eu a leve para casa? Mais tarde eu a busco...

— Pode ser...

— Estou com o carro, se quiser... — Max balançou uma chave à frente de Luca, que a pegou rapidamente.

— Obrigado.

Coloquei Scarlett dentro da caixa novamente, depois, peguei minha mochila e olhei para Max.

— Tchau, foi bom conhecê-lo.

Ele me olhou com curiosidade.

— Igualmente, Ruivinha.

Luca e eu saímos de sua casa e nos deparamos com um Fiat Sedan preto em frente ao portão. Ele abriu a porta do carona para mim e eu entrei, com sua ajuda para colocar a caixa com Scarlett sobre o meu colo.

— Em qual bairro você mora?

— No Campos. Não fica longe daqui... na rua Santa Luzia. Sabe onde fica?

— Sei, sim.

Permanecemos num silêncio amolador durante todo o trajeto, que levou pouco mais de cinco minutos. Luca parou o carro em frente à minha casa e olhou para mim.

— Que foi?

— Quer que eu entre com você? Posso explicar ao seu pai o que houve ontem... ele entenderá.

— Não precisa, mas obrigada.

Abri a porta, estava prestes a sair quando Luca segurou meu braço com delicadeza.

— Espera, deixa eu te ajudar.

Ele saiu do carro e deu a volta, quando parou ao meu lado, pegou a caixa com Scarlett das minhas mãos, o que facilitou minha saída. Depois, peguei meu presente novamente.

— Sabe me dizer quantos dias ela tem, mais ou menos?

— Deve estar com uns quarenta dias...

— É, deve ser... À que horas vem me buscar?

— Pode ser umas sete?

— Sim.

— Combinado.

Luca apenas acenou com a mão, entrou no carro, deu partida e foi embora. Assim que passei pelo portão de entrada e parei em frente à porta ampla de madeira da sala, prometi a mim mesma que não discutiria com meu pai, não diria nada relacionado à nossa partida para o Rio, eu não queria brigar. Eu não queria me entristecer. Havia sido um dia ótimo, e para quê estragá-lo?

A porta estava aberta, o que significava que o Sr. Albuquerque estava em casa, e Heloíse também, claro.

— Ise?! Trouxe um presente...

— Chocolate? — Gritou ela, provavelmente estava em seu quarto.

— Não é comida, meu amor. — Sorri. — É muito melhor...

Heloíse apareceu na sala segurando um lápis vermelho, obviamente estava desenhando, e eu decidi que daria uma boa olhada em seus desenhos mais tarde. A garotinha usava um vestido de algodão branco com florzinhas azuis, parecia uma boneca.

— O que é?

Ise ergueu os pezinhos -inutilmente-, tentando ver o que havia na caixa. Coloquei o caixote no chão com cuidado, e ela cobriu a boca com as mãos, como se estivesse surpresa.

— Gostou?

— Suuu... não acredito! Papai! Papaaai!

Dei Scarlett para ela segurar, e meu pai entrou na sala.

— Oi, pai.

— Onde você estava?

Abaixo de seus olhos claros havia olheiras profundas, revelando a noite mal dormida, senti-me mal por isso.

— Com um amigo.

— Tem noção de como eu fiquei preocupado?

Ele respirou fundo e fitou o animalzinho nos braços de Heloíse.

— Onde você conseguiu um dálmata?

— Na verdade, é uma dálmata... Meu amigo me deu.

— Amigo? — Indagou ele, incrédulo. — Amigos não dão abrigos e cães.

— Pai, por favor, somos apenas amigos.

Por enquanto, espero.

— O nome dela vai ser Jujuba... — Comentou Heloíse.

— Ah, nem pensar... o nome dela é Scarlett.

— Scar.

— Scarlett.

— Scar é o apelido, Suuu...

— Tudo bem, Ise... Tenho que comprar ração para ela, quer ir também,

— Sim.

Meu pai sorriu.

— Ela é muito bonitinha, mas ficará enorme.

— Eu sei.

Ainda bem que ele não me mandou devolvê-la, pois não faria isso. Fui até a lavanderia e coloquei minha camiseta suja de sangue para lavar, com sorte, a mancha sairia. Depois, fui ao meu quarto, troquei de camiseta e peguei algumas notas em minha carteira. Quando voltei à sala, meu pai brincava com Scarlett também.

— Ela é pesada... Heloíse olhou para mim.

— É um pouco... Vamos, Ise, deixe ela aí, papai cuidará dela.

— Sim, pegarei um pote para colocar água... Aliás, você tem dinheiro suficiente para comprar tudo?

— Acho que para a ração basta. — Respondi.

Ele foi até seu quarto, e então voltou depois de alguns segundos e estendeu-me seu cartão de crédito.

— Compre tudo que precisa, ração, cama... Enfim.

— Obrigada, pai.

Saí de casa segurando a mão de Heloíse, por sorte, num mercado que havia perto de casa vendia-se de tudo. Depois que compramos duas tigelas, uma para ração, outra para água, uma cama enorme -que teve de ser dobrada para caber na sacola de plástico oferecida pelo mercado-, uma bolinha vermelha e ração, Ise e eu fomos até a padaria Andolini e compramos alguns croissants de presunto e queijo, e depois demos uma volta pelo parque, no qual ela adorava brincar com outras crianças nas balanças e gangorras que a prefeitura instalara alguns meses antes. Quando chegamos em casa, alimentamos Scarlett e a colocamos em sua caminha, ela ficou espaçosa em seu leito revestido com algodão. Deixei Heloíse brincando com ela e fui para meu quarto, ouvi meu pai dizer para ela me avisar que estava indo ao mercado, mas é claro que Ise estava ocupada demais para ir até meu quarto dar o recado. Peguei meu celular, queria ligar para Juliana e contar-lhe tudo o que tinha acontecido comigo na noite anterior, mas não estava com paciência suficiente para ouvir suas múltiplas e maçantes perguntas, então desisti.

— É, Luca, você está me devendo um beijo... — Disse a mim mesma.

Peguei um livro que estava sobre meu criado-mudo, era de poesias, e comecei a lê-lo, eu sempre o deixava ali, perto da cama, pois desde que minha mãe falecera, a poesia foi uma das coisas que salvou minha saúde mental, então, sempre que eu me sentia solitária ou abatida, era a ela a quem eu recorria. Não vi o tempo passar, e quando notei que já estava começando a escurecer, percebi que já passava das 18h. Fui correndo até o banheiro e tomei um banho rápido. Não era uma noite calorosa, então, vesti uma calça jeans escura, tênis e uma blusa larga. Modelei meus cachos com o auxílio de um creme, e voilà, estava ótima.

Fui até a sala, onde encontrei papai jogando xadrez com Heloíse.

— Pai, não vale, Ise não sabe jogar... — Acusei-o.

— Não tenha tanta certeza disso... — Ele riu, depois me encarou. — Onde vai?

— Tenho um encontro com alguns amigos...

— Desde quando tem amigos?

— Valeu, pai. — Revirei os olhos.

— Eu quis dizer... além da Ju...

— Não a chame de Ju. Por favor, é muito estranho. — Pedi, fitando seus olhos. — E um deles virá me buscar daqui... — a campainha tocou, interrompendo-me. — Agora.

— Mande-o entrar.

Abri a porta, Luca estava vestido inteiramente de preto: tênis, calça, blusa e boné. A cor de seu cabelo destacava-se em meio à negritude de suas vestes, eu tinha de admitir: ele estava muito bonito. E cheiroso, o que eu julgava ser melhor ainda.

— Oi, Luca. Você pode entrar? Só para meu pai não achar que você é...

— Entendi. — Respondeu-me, passando por mim.

Papai estendeu a mão para ele, que a apertou prontamente.

— Olá, Sr. Albuquerque.

— Você não é o...

— Sim, pai, é o professor que me defendeu na diretoria. — Assenti, desejando que isso o fizesse permitir mais facilmente minha ida à casa de Luca.

— Meu nome é Luca, senhor.

— Gosto de você, rapaz...

Luca riu um pouco. Heloíse se levantou, claro que almejava ser apresentada também.

— Essa é Heloíse, minha irmã.

— Oi, Heloíse... — Luca c cumprimentou, estendo a mão para a menina, que a apertou sem tirar os olhos dele.

— O que foi, Ise? — Perguntei, notando que ela estranhava alguma coisa, mas eu não fazia ideia do quê.

— Luca, quer jogar? — Ela o convidou, ignorando-me completamente. — Eu deixo você ganhar...

— Ah, é? Bem, quem sabe um outro dia... tenho que vir preparado, você parece ser uma ótima jogadora.

— Sim, eu sou.

Convencida demais para uma menina que ainda não tem cinco anos completos... Você está me saindo melhor do que a encomenda, Ise, continue com essa autoestima até sua adolescência.

— Vamos, Luca.

— Até mais, Sr. Albuquerque.

— Até.

— Tchau, princesa. — Luca se despediu da minha irmã, acariciando o topo de sua cabeça.

— Tchau, tchau...

Eu saí de casa primeiro, notei que ele estava com o carro de Max.

— Não menti quando disse que viria jogar com ela... — Luca comentou.

— E nem poderia.

— Por quê?

— Porque Ise ficará me enchendo até trazê-lo aqui de novo.

— Imagino que sim.

Entramos no carro e ficamos em silêncio durante todo o trajeto, que não era muito longo, mas parecia ser pelo fato de estarmos quietos. Quando Luca parou em frente à sua casa, respirei fundo e pensei no possível motivo para ele estar querendo me apresentar aos seus amigos. Não era só pelo fato de eu ser um pouco antissocial, devia haver alguma outra razão. E por algum motivo, senti-me feliz por poder conhecer as pessoas que faziam parte de sua vida, e, naquele instante, desejei fazer parte também.

— Estão todos aí? — Indaguei.

— Sim.

Respirei fundo.

— Okay.

— Está tudo bem?

— Sim, eu só... estou com medo.

— Por quê?

— E se eles não gostarem de mim?

Luca balançou a cabeça negativamente, olhou-me profundamente. Ele pegou minha mão e sorriu gentilmente.

— É impossível não gostar de você. — Sussurrou.





Continue Reading

You'll Also Like

589K 52.8K 78
ATENÇÃO: ESSE NÃO É O MESMO ARQUIVO QUE ESTÁ NA AMAZON. Houve alterações no livro para a venda dele na plataforma. Livro completo na Amazon Série:...
2.7M 192K 86
Livro 1 - Completo | 2 - Completo | 3 - Em andamento No dia do seu aniversário de 18 anos, Aurora Crayon sentiu o chamado do seu parceiro, enquanto...
121K 9.1K 29
2° Livro da sequência de Destina a um Vampiro
54.5K 2.2K 40
𝑆𝑛 𝑛𝑜 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑱𝑱𝑲, 𝐵𝑜𝑎 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑢𝑟𝑎ఌ︎ Temporariamente parada!! 𝑷𝒆𝒅𝒊𝒅𝒐𝒔 𝒂𝒃𝒆𝒓𝒕𝒐𝒔 (X) _ _ 𝑇𝑒𝑟𝑎́ 𝑣𝑒𝑧 𝑒 𝑜𝑢𝑡𝑟...