Abra os olhos, Anjo (livro 2)

By ShaiAssis

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***ATENÇÃO***: NÃO LEIA ESTA SINOPSE CASO AINDA NÃO TENHA LIDO O PRIMEIRO LIVRO, POIS ELA CONTÉM SPOILER DO M... More

Prólogo
1 - Encontro
Encontro pelos olhos dele
2 - Apenas um toque
3 - O sonho
4 - Safiras familiares
5 - Descobertas
6 - Sonho dado ao criador
Nota
7- A festa
8 - Sentimentos
9 - Presente
Sorte?
11 - Pronta para o passado
12 - Existem outras lagartixas
13 - Descobertas e um passeio
14 - Não me provoque
15 - Crescendo
16 - Sublime
17 - Angel
18 - Detalhes
19 - Recordação
20 - Família
21 - Bons sonhos
22 - Êxtase
23 - O passeio
24 - A batalha
25 - Para o seu bem
26 - Declaração
27 - Um novo inimigo
28 - Disputa acirrada
29 - O louco
30 - Sacrifício
31 - Ele voltou
32 - O medo pode unir rivais
33 - A hora de renascer
34 - Um simples toque
35 - O baile
36 - Em paz
37 - A noite
38 - Final
Epílogo
Agradecimentos/Nota

10 - Que tal um beijo?

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By ShaiAssis

— O que você quer? — Repeti a pergunta, ansiosa.

Ele sorriu com os olhos, depois passou as mãos pela calça. Parecia nervoso, estava hesitando falar.

— Passe o dia comigo. — Pediu.

Sério?

— Sério?

— Sim, você estava mal ontem, então, quem sabe não consiga... sei lá, esfriar a cabeça?

Hesitei. O que ele poderia estar querendo?

— Está bem! — Respondi, na esperança de que, com um dia todo, ele finalmente me beijasse alguma vez.

Luca deu um sorriso largo e lindo, em seguida, encarou-me com as sobrancelhas franzidas.

— Você tem um senso de moda bem diferente. — Comentou.

No mesmo instante, entendi o porquê dele dizer aquilo. Tirei a toalha que estava enrolada em meu cabelo, deixando meus cachos caírem por sobre os ombros e costas.

— Melhor? — Encarei-o com uma das sobrancelhas erguidas, observando-o engolir em seco.

— Você é muito bonita.

Tive certeza de que corei na mesma hora, mas não desviei o olhar do seu.

— Hum... então, o que vamos fazer?

— Almoçaremos, depois... podemos dar um passeio, se quiser, claro.

— Quero, sim.

Luca assentiu. Coloquei Scarlett dentro da caixa novamente, ela logo se encolheu num canto e adormeceu. Fui até o banheiro para pendurar sua toalha à parede, e olhei-me no espelho, meu cabelo não estava tão ruim quanto eu imaginava, então, eu apenas o modelei com os dedos. Quando retornei à sala, Luca não estava mais lá, fui até a cozinha e o encontrei cortando tomates.

— O que você quer comer? — Perguntou.

— O quê? Não... faça o que quiser...

— Certo...

— O que posso fazer? — Indaguei, prestativa.

— Sentar e olhar.

Ergui as mãos em redenção.

— Nossa, tá legal...

Puxei uma cadeira e sentei-me. Fiquei observando Luca preparar nosso almoço. Ele terminou de cortar os tomates e os deixou sobre a tábua, buscou uma panela e um pacote de macarrão nos armários. Não me olhou nem sequer uma vez, o que me deixou um pouco chateada. Talvez fosse pura imaginação minha, mas eu estava começando a achar que ele gostava de mim.

— Como está o corte? — Perguntou, tirando-me do transe.

— Corte? — Franzi o cenho, então me lembrei. — Ah, sim, está... — Curado. — Está melhor... melhor, tipo... curado.

Eu realmente não sei o motivo pelo qual contei a verdade a ele. Luca parou o que fazia e encarou-me.

— Mesmo? — Indagou quase num sussurro.

Confie nele, Su, confie nele...

Levantei-me e ergui um pouco a camiseta, revelando uma cintura livre de qualquer corte que pudesse tê-la deixado dolorida na noite anterior. Luca observou com atenção a clara cicatriz que havia ali.

— Sei que parece estranho, mas... isso sempre acontece comigo. — Acabei dizendo, sem saber o porquê. — Bem, e com Juliana também. É como se fôssemos... imortais.

— Dessa vez, você é imortal... — Disse-me ele, incrédulo. Dessa vez? — Não posso acreditar que... — Ele sorria, mas eu não sabia o motivo.

Luca caminhou até mim, então, ergui novamente a aba da camiseta e mostrei minha cintura, mas ele continuou balançando a cabeça negativamente. Em um súbito ataque de loucura, peguei sua mão e a coloquei no lugar onde havia tido um corte. O toque de seus dedos sobre minha pele causou-me um certo arrepio e eu não queria que ele parasse. E, como se houvesse lido minha mente, Luca acariciou levemente minha cintura com o polegar. Depois, afastou-se.

— Acredite... — Sussurrei, cravando meus olhos nos seus.

— Susana, o que mais há de diferente em você?

— Cara, eu não sou uma aberração, okay?

— O que mais acontece com você?

Pensei por alguns segundos.

— Não ria, mas eu sou... forte, mais do que várias garotas da minha idade. E, bem, não sou nenhum Flash, mas sou um pouco mais rápida também...

Subitamente, Luca tornou a fazer a macarronada. Algum tempo se passou, e eu já estava ficando irritada com aquele silêncio. Sem olhar para mim, perguntou:

— Você tem irmãos?

— Uma irmã, ela ainda é uma criança... Por quê?

— E sua mãe?

Demorei para responder.

— Ela... ela morreu.

Recostei-me num balcão e o observei.

— Eu sinto muito.

— Certo... mas por que essas perguntas agora?

— Curiosidade...

— Curiosi... — Interrompi-me. — Luca?

— Sim?

— Por que está indiferente com o que eu disse? Quer dizer, acabei de falar que sou uma lagartixa... ou melhor, sou como uma lagartixa. Você devia estar um pouco assustado, não?

Ele começou a rir, e é claro que eu era a piada do momento. Eu estava ficando desconfortável com aquilo.

— Por que eu teria medo de você? — Indagou, virando-se para mim.

Seus olhos escuros me desafiavam.

— Viu o que fiz com Vitor...

Luca caminhou em minha direção, então, ele me prendeu contra o balcão que havia atrás de mim.

É agora...

— Vitor não é nada.

— Mas, teoricamente, deveria ser mais forte do que eu... Não é?

— Está tentando me convencer de que você realmente é diferente... Quer dizer, que é uma lagartixa?

Respirei fundo.

— Você entendeu o que eu quis dizer com isso.

— Se eu disser que acredito em você... Acharia que estou mentindo?

Ergui um pouco o queixo para olhá-lo diretamente nos olhos.

— Eu não sei... não conheço você o suficiente para saber.

— E... — Ele segurou minha cintura, seus dedos acariciando o local onde supostamente devia haver um machucado. — Se eu disser que já nos conhecemos, há muito tempo... acreditaria em mim?

Seus olhos me fitavam tão intensamente que não fui capaz de desviar o olhar.

— Não, não acreditaria.

Sorri e o encarei, ele sorria também, mas por alguma razão, não era um sorriso irônico como o meu... era um sorriso malicioso, o que me fez fechar a cara na mesma hora, pois em minha mente eu e ele nos beijávamos.

— O que foi?

— Por que faz isso? — Eu praticamente gritei.

— O que você pensa que eu estou fazendo? Por que não diz? Não acha que tudo ficaria mais fácil?

Eu tentava afastar as imagens da minha mente, mas era... real demais.

Intenso demais.

E era como se ele realmente lesse meus pensamentos, pois eu sentia que já o conhecia de algum lugar, mas não conseguia me lembrar de onde. Saí de perto dele e deixei a cozinha, fui até a sala e peguei Scarlett, sentei no sofá e permaneci brincando com ela, como se nada tivesse acontecido. Luca logo apareceu na divisa entre a cozinha e a sala, e olhou para mim.

— O que foi? — Indaguei, acariciando o cachorrinho.

— O almoço ficará pronto em alguns minutos.

— Tudo bem...

E ele continuou ali, observando-me, querendo me dizer outra coisa, mas não sabia como, pelo menos foi o que me pareceu.

— O que vai fazer amanhã à noite?

Será que ele vai me convidar pra sair? Deus, faça-o tomar uma atitude logo...

— Provavelmente ficarei debaixo da coberta lendo e comendo chocolate... muitos chocolate.

— É que... se você não tivesse algo tão importante para fazer como isso, eu a convidaria para jantar.

Acabei sorrindo.

— Eu dispenso os chocolates, posso ficar com eles um outro dia.

— Ótimo. — Assentiu. — Trarei alguns amigos para conhecê-la.

Encarei-o, sem acreditar.

— Por que seus amigos devem me conhecer?

— Porque você é uma adolescente que fica comendo chocolate durante uma sexta-feira ao invés de sair e se divertir?

Olhei-o com descrença.

— Não sou uma garota chata e antissocial, é só que...

— Eu não disse isso. — Interrompeu-me.

Observei Scarlett mordiscar minha mão.

— Sim, você disse, só que usou um eufemismo.

Luca me encarou e, revirando os olhos, retornou à cozinha. Fiquei na sala com Scarlett durante algum tempo, até que ele me chamou para almoçar. Sentamos nas cadeiras lado a lado, então, estendi o prato para que ele pudesse colocar a cheirosa macarronada em meu prato, mas ele disse para eu mesma fazer isso.

Que cavalheiro.

Enquanto comíamos, notei que Luca não degustava da comida com muita vontade, o que é estranho para um homem.

— O que foi? — Perguntou-me ao reparar que eu o observava.

— Nada, só estou com vergonha...

— Por quê?

— Porque estou terminando o meu almoço antes de você, e provavelmente vou repetir, enquanto você mal tocou na comida...

Luca riu, encarando-me.

— Você sempre foi assim...

De repente, ele parou de sorrir.

— Como?

— Foi uma pergunta...

Mentiroso...

— Sim, sempre. — Respondi, fingindo não ter notado a mentira em sua voz.

Ficamos algum tempo sem silêncio, e enquanto eu colocava um pouco mais de macarrão em meu prato, ele me questionou:

— Não quero ser indelicado, mas... por que estava chorando ontem?

Pus o garfo sobre o prato e cruzei as mãos sobre o colo.

— Meu pai quer ir embora daqui... eu não quero isso, mas ele não entende.

— Embora?

— Sim, para o Rio. Eu sei que São Gabriel não é lá uma grande cidade, com muitos empregos disponíveis ou coisas para diversão... mas eu amo esse lugar. E Juliana está aqui, ela é a única pessoa que eu tenho, não posso ir. Simplesmente não posso perder outra pessoa. Tudo bem que nós poderíamos nos visitar, mas não importa, é aqui que eu quero ficar.

— Entendo...

— Já teve de sair de seu lugar? Daquele lugar que... é como se fosse sua própria casa? — Indaguei.

Encarei-o, esperando por uma resposta. Ele fitou o nada por um tempo que me pareceu muito longo, como se estivesse perdido em seus pensamentos.

— Já. — Respondeu-me, somente, ainda fitando o vazio.

Depois do almoço, lavei os pratos e talheres para Luca enquanto ele arrumava seu quarto -pelo menos foi o que ele me disse que faria. Eu já estava na sala quando Luca desceu a escada calmamente, observando-me. Em seguida, quando sentou-se ao meu lado, senti seu perfume e fechei os olhos por alguns segundos.

— Como são seus amigos? — Perguntei, apenas para iniciar um assunto.

— São legais... Um dele é meu irmão.

— Sério? Mais velho?

Luca sorriu e balançou a cabeça negativamente.

— Mais novo... bem mais novo.

— Quantos anos você tem?

— Digamos que... — ele se virou em minha direção — o suficiente para fazer com que você nunca queira...

Estávamos sentados lado a lado, nossas pernas roçavam uma na outra, e um calor acolhedor e familiar emanava dele.

— Com que eu nunca queira...? — Indaguei, aproximando meu rosto do dele.

Luca encurtou ainda mais o espaço entre nossos rostos, fazendo com que as pontas de nossos narizes se tocassem. Ele estava de olhos fechados. Nossas respirações estavam entrecortadas e eu estava nervosa, tão nervosa que seria capaz de beijá-lo logo para acabar com aquela tortura. Seus lábios eram um convite tentador, mas ele nada fazia além de sentir minha aproximação. Não que fosse uma sensação ruim, era maravilhosa, mas eu já não estava mais conseguindo suportar aquilo...

Segurei seu rosto com uma das mãos, e ele segurou minha nuca. Seus dedos frios causaram arrepios em mim. Nossos lábios estavam muito próximos. Eu estava prestes a ordenar que ele me beijasse quando, de repente, alguém abriu a porta de entrada da sala com força, causando um estrondo no cômodo.

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