S k y l a r
Existem quatro tipos de regras fundamentais para eu considerar um rapaz como amigo. Eu mesma é que fiz estas regras, porque me pareceram bastante impossíveis de se realizarem. A primeira e a mais impossível, é o rapaz ter de ser cem por cento simpático e amável. É o que se passa aqui, literalmente. O Harry é simpático, mas eu também ainda não acabei de ditar todas as regras. A segunda e a mais provável, é eu ter de conhecer esse tal rapaz de uma maneira civilizada. Quando me refiro a conhecer civilizadamente, é isso acontecer numa escola, ou até em um café. Não em um elevador. Inventei esta regra agora, para que conste. A penúltima, é esse rapaz não me chatear de maneira nenhuma, e é o que se passa aqui. O Harry irrita-me de maneiras que nunca achei possíveis. Primeiro foi o elevador, agora derramou sumo de maçã, algo que eu odeio, por toda a minha camisa branca. É por isto e por muitas mais coisas, que afasto os rapazes e gosto de estar no meu canto, sossegada a desenhar ou a ler um bom livro. A última regra e a mais importante, é o rapaz não falar comigo segunda-feira. Esse é o pior dia para alguém tentar falar comigo, ou tentar ter algum tipo de relação. Primeiramente, porque segunda é o pior dia da semana, e também porque é o primeiro dia de escola depois do fim de semana. É por isto que só tenho uma amiga. A Bella é a única que tem paciência para me aguentar.
" Olá novamente, Sky. " Um sorriso apatetado ganha forma na sua cara.
Fuzilo-o com os olhos e passo perto dele, começando a caminhar por entre aquela imensidão de adolescentes. Estou furibunda e sou capaz de matá-lo se ele aparecer novamente à minha frente, ou tentar falar comigo.
" Sky, espera! " Ouço a sua voz, mas ignoro.
Continuo a andar, até chegar ao jardim da secundária, onde vejo um rapaz a esmagar uma rapariga contra uma árvore, enquanto a beija ferozmente. Quinta regra, que acabei de inventar: nunca, mas nunca namorar com alguém. Nem tentar.
O meu braço é puxado suavemente para trás e todo o meu ser vira-se para a pessoa que eu não queria tampouco ver. O Harry.
" Desculpa pelo sumo na tua blusa. " Ele morde o seu lábio inferior enquanto olha para os meus olhos.
" Não. " Sou curta e fria.
" Eu não imaginei isto como o nosso segundo encontro. " Ele baixa a cabeça.
" Então imagina isto como o nosso segundo e último encontro. " Preparo-me para andar novamente, mas a sua mão agarra o meu pulso, impedindo-me.
" Porque és assim comigo? "
" Assim como? " Ergo uma sobrancelha.
" Tão arrogante e rude? "
" Eu sou assim. " Suspiro profundamente.
" No elevador não foste assim. " Ele sorri francamente.
Estou a ficar extremamente nervosa, porque nunca falei tanto tempo com um rapaz, nem algo parecido. Tirando a parte de ter ficado com Harry no elevador. A última vez que falei com um rapaz, foi no sétimo ano, quando tivémos um trabalho de grupo para fazer, e o Alexander ficou comigo. Acho que era esse o nome dele. Ele era bastante popular na escola e obrigou-me a fazer o trabalho sozinha. E ainda fartou-se de gozar comigo. Mas tinha razões. As pessoas sempre gostaram de fazer pouco de mim. Eu sou um saco de boxe, usada para as pessoas descarregarem as energias más.
" Nós não podemos ser amigos. " Admito e olho fixamente para os seus olhos, que mais parecem duas esmeraldas.
" Porquê? " Ele franze a testa.
" Porque eu não sou uma boa pessoa para teres algum tipo de amizade. " Admito.
" Sky, tu é que pensas isso. " Harry faz uma pausa e pousa uma das suas mãos no meu ombro. " Nós podemos ser amigos, mas tu estás a complicar as coisas.
" Eu não complico as coisas. " Faço uma pausa. " As coisas já são complicadas. "
" E nós podemos transformar as coisas complicadas em coisas simples. " Ele admite.
Porque é que ele está a tentar ter uma amizade comigo? Nenhum rapaz ficou a falar comigo mais do que três minutos e trinta e nove segundos, e a nossa conversa já passou desse tempo à algum tempo. Mas como ele é novo aqui, em Los Angeles, é normal que queira arranjar uma amizade. E claro, tinha de ser logo comigo, porque ficámos os dois presos num elevador.
" Tenho de ir. " Confesso e ele olha para mim, como se a pedir para eu ficar.
" Eu empresto-te uma blusa minha para usares, se quiseres. " Ele coça a sua nuca novamente e já reparei que isso é uma mania dele.
" Pode ser. " Confesso.
Só aceitei a sua oferta, porque primeiramente odeio sumo de maçã e segundamente, não ía andar neste estado horrendo pela secundária. Logo no primeiro dia.
" Vem comigo. " Ele começa a andar e eu faço o mesmo.
Nós encontramo-nos a andar lado a lado e eu só quero a Bella aqui agora. Ela concerteza saberia o que fazer numa situação destas. E saberia como ajudar-me a inventar uma desculpa e ir embora daqui rapidamente. Mas a culpa é minha. Fui eu que aceitei a sua oferta.
Nós paramos à frente do cacifo e ele abre-o. Dezenas de fotos estão coladas lá dentro e em todas, aparece uma rapariga de cabelos longos e olhos cinzentos como a cor do mar em dias de temporal. Ele apressa-se a fechar o cacifo atrapalhadamente e entrega-me uma blusa preta bastante comprida.
" Obrigada. " Faço uma pausa." Aquela rapariga é a tua irmã? "
Observo todo o seu corpo ficar tenso e ele a fechar os punhos com bastante força. Não deveria ter dito o que disse. Decerteza que esse assunto é algo de que ele não gosta de falar. Eu não sei mesmo estar calada.
" Não fales disso nunca mais, está bem? " Ele é frio.
" D-Desculpa. " Baixo o olhar. " E obrigada pela última vez. "
Começo a andar apressadamente pelo corredor e trato de vestir a blusa preta rapidamente. Como não tenho tempo para ir à casa de banho trocar-me, é mais simples assim, apesar do cheiro a maçã estar super intenso. De repente, o cheiro a maçã quase desaparece, dando lugar a um cheiro de menta, juntamente com chocolate. Ele cheira tão bem. Quer dizer, a blusa que ele emprestou-me, que mais parece um vestido. Ela chega-me quase aos joelhos.
Estou a sentir-me bastante culpada. Desta vez, não foi o rapaz que se afastou porque quis, mas sim, fui eu que fiz com que isso acontecesse. Fui eu que toquei naquele assunto, que ele tampouco gosta de falar. Mas a curiosidade veio ao de cima. Quem é aquela rapariga? Será a irmã dele? Namorada? Prima? Tantas são as opções, que deixo-me ficar na dúvida.
Afasto estes pensamentos para longe e caminho até à sala, onde irei ter aulas. Os alunos encontram-se a entrar e eu faço o mesmo. Olho em volta da sala e decido ficar na última mesa, onde ninguém se atreve a sentar.
" Já estão todos? " O professor pergunta, e todos assentem, fazendo com que ele continue a falar. " Bom dia alunos. Primeiramente, venho desde já dizer-vos que eu não sou o vosso professor de história. Sou o substituto. O vosso professor de história, encontra-se de baixa médic... " O professor é interrompido.
A porta abre-se de rompante, e a figura do Harry aparece no meu campo de visão. Arregalo os olhos e o seu olhar fixa-se no meu. Um sorriso apatetado ganha forma na sua face e eu tento acalmar-me. Isto, concerteza, não está a acontecer, pois não? Eu estou a sonhar desde que entrei naquele elevador, não é? Eu daqui algumas horas, vou acordar na minha cama aparentemente confortável e com os pássaros a chilrear de um lado para o outro. Isto é só um sonho, e está quase a terminar. Espero que seja mesmo isso.
" Ao que se deve o seu atraso? " O professor franze a testa e pousa os seus óculos na mesa.
" Desculpe. "
" Qual é o seu nome, já agora? "
" Harry. Harry Styles. "
" Muito bem. Pode sentar-se. " O professor acaba por dizer.
Harry olha novamente para mim e sorri. Ele começa a caminhar na minha direção, e eu não estou a gostar nem um bocadinho disso. Quando me dou conta, ele está à frente da minha mesa. Eu franzo a testa de imediato. Ele não está a pensar sentar-se a meu lado, pois não? É porque eu gosto de ficar sozinha.
" Este lugar está ocupado, se estás a pensar sentar-te. " Admito.
" Não vejo aqui ninguém, por isso... " Num movimento repentino, ele senta-se a meu lado, e claro, sorri novamente.
Gemo em frustação e olho fixamente para o professor, apesar dos meus pensamentos estarem centrados no rapaz de cabelos encaracolados que está mesmo a meu lado. É engraçado como ele está sempre a sorrir. Parece que ele tem um tipo de máscara, onde, disfarça toda a sua dor. Talvez não seja isso, mas eu sei o que é. Sei o que é ter um tipo de máscara, para escondermos o que nós somos verdadeiramente, onde toda a nossa dor se encontra escondida no fundo do nosso corpo. Onde ninguém se atreve a ir.
" Como eu estava a dizer, o vosso professor de história está de baixa médica e talvez eu fique encarregue de vocês até ao final do ano. " O professor faz uma pequena pausa. " Por isso, quero saber as notas que tiveram a esta disciplina o ano passado, já que eu não sei. Vou distribuir-vos um papel para vocês escreverem o vosso nome e a nota que tiveram. "
O professor começa a cortar aos pedaços uma folha de papel, e começa a distribuir um pedaço de papel por cada pessoa que está nesta sala. Quando finalmente o pequeno papel chega às minhas mãos, apresso-me a escrever e a entregar ao professor. O Harry faz o mesmo quase instantaneamente, que nem consegui ver que nota ele teve antigamente. Mas também não estou interessada.
Quando o professor recolhe todos os papéis e começa a vê-los um a um, arregala os olhos, como se tivesse visto uma criatura de outro mundo. Ele olha em volta da sala e abre a boca diversas vezes, mas nada sai de lá.
" C-Como é possível, em uma turma de vinte e nove alunos, todos terem negativa a história, e as positivas serem só dois cincos? " Ele faz uma pausa, e pousa os papéis no canto da mesa. " Já agora, quais foram as duas pessoas que tiveram cinco? "
Apresso-me a levantar o braço e olho em volta, porém sou a única que encontro-me de mão no ar. Que eu saiba, o professor disse que haviam dois cincos, e não um. Olho para o meu lado, e é aí que dou-me conta de que Harry encontra-se de braço no ar. Ele também teve cinco, assim como eu.
" Muito bem. " O professor diz e nós baixamos os braços.
Olho fixamente para Harry, e ele faz o mesmo comigo. A intensidade dos seus olhos é tão grande, que dou por mim a olhar para uma imensidão de verdejante, como a cor de duas esmeraldas.
" Tiveste o quê no último teste de história? " Dizemos em uníssono e acabamos por rir como dois idiotas.
" Noventa e nove, e tu? " Afirmo.
" Cem. " Ele sorri vitoriosamente e eu reviro os olhos.
Sempre fui a melhor aluna de história da turma. Nunca ninguém conseguiu superar-me, até agora. Este rapaz teve de aparecer para estragar tudo. No primeiro teste que tivermos este ano, eu vou estudar bastante e vou chegar ao cem. O Harry vai descer a nota, e se isso não acontecer, eu mesma trato disso. Ele está a conseguir irritar-me, e não é só pelo facto das notas. É o facto do elevador e do sumo de maçã. Ele está a declarar guerra, não é? Vou ter todo o prazer em participar, e também em ganhar. Porque eu desta vez, vou ganhar. E vou rir na cara dele depois disso.
" Podem sair alunos. Estão dispensados. " O professor afirma.
Arrumo os materiais dentro da minha pequena mala, e saio disparada da sala. Estava quase a chegar ao bar, até que Harry aparece a meu lado, quase por magia. Paro nesse preciso momento e olho para ele de sobrancelha erguida. Um sorriso torto cresce na sua cara e um sorriso apatetado cresce na minha.
" Vamos fazer um acordo. " Faço uma pausa. " Se eu tiver mais que tu no primeiro teste de história, deixas-me em paz, ok? "
" Tudo bem. " Ele faz uma pausa e aproxima-se de mim, fazendo com que o seu lábio quase toque na minha orelha. " Mas se eu tiver mais que tu, deixas-me ser teu amigo. "
Olho para ele e estendo a minha mão na sua direção.
" Acordo feito? " Pergunto.
Ele cobre a minha mão pequena com a sua enorme, e os nossos olhares fixam-se novamente. A junção de verdejante novamente. Algo inexplicável.
" Acordo feito. " Ele responde.
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☯ Bom dia loves! Então gostaram do capítulo?
☯ Arrrgh, amanhã já à aulas novamente e não estou com nenhuma vontade de ir...
☯ Beijinhos! Em princípio, publicarei um novo capítulo amanhã, mas não prometo nada!
☯ Amo-vos! Beijinhos, e obrigada pelas 146 visualizações e por todos os votos e comentários!