Insensato Amor

By andressarbs123

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Série irmãs Beaumont - Livro 3 Arabella é a filha mais nova das três princesas do reino de Beaumont, sendo co... More

Epígrafe
Capítulo I
Capítulo II
Capítulo III
Capítulo IV
Capítulo V
Capítulo VI
Capítulo VII
Capítulo VIII
Capítulo IX
Capítulo X
Capítulo XI
Capítulo XII
Capítulo XIII
Capítulo XIV
Capítulo XV
Capítulo XVI
Capítulo XVII
Capítulo XVIII
Capítulo XIX
Capítulo XX
Capítulo XXI
Capítulo XXII
Capítulo XXIII
Capítulo XXIV
Capítulo XXVI
Capítulo XXVII
Capítulo XXVIII
Capítulo XXIX
Capítulo XXX
Capítulo XXXI
Capítulo XXXII
Capítulo XXXIII
Capitulo XXXIV
Capítulo XXXV
Capítulo XXXVI
Capítulo XXXVII
Capítulo XXXVIII
Capítulo XXXIX
Capítulo XL
Capítulo XLI
Capítulo XLII
Capitulo XLIII
Epílogo
Agradecimentos
Spin-off?❤️

Capítulo XXV

611 85 14
By andressarbs123


O homem se levantou, de costas, parecendo completamente perdido, e quando os seus finalmente encontraram os meus, uma decepção profunda e pungente me atingiu.

Não eram azuis.
Eram roxos.

— Não sou ele, mas preciso de você, Bella. — foi o que ele conseguiu dizer, antes de desabar com força ao chão.

Sua barriga e pernas sangravam, como se ele tivesse sido atingido por flechas e espadas. Paralisada, precisei escutar a voz de outra pessoa para conseguir entender o que estava acontecendo.

— Obrigada, Princesa. Você conseguiu abrir o caminho para a salvação dos oito reinos. — disse o idoso jardineiro ao meu lado, como se sempre aparecesse na hora certa. — A maldição foi quebrada.

— Alteza, vamos embora. — Michael me puxou, apreensivo, enquanto eu encarava os servos olharem com pavor ao homem caído.

— Espera...

— Esperar o que? Não podemos fazer mais nada. Não temos poder aqui, estamos invadindo. Se o Conselho souber, seremos punidos por atacar Dazzo. É a última faísca para a guerra. Arthur deve estar morto. O que mais te prende aqui? Você não estava presa nesse lugar?

Por algum motivo, eu não conseguia ir embora.
O sangue ao redor do homem/dragão só aumentava.

Ele tinha me salvado, e agora, estava pedindo a minha ajuda. Como eu poderia ignorá-lo e ir embora? Deixá-lo para morrer? Todos o temiam.

Não era todo dia que se via um animal se transformar em homem. Os servos, aterrorizados, seguravam estacas, com medo de que ele atacasse, o que era ridículo porque ele estava à beira da morte.

Eu também estava com medo, afinal, eu não o conhecia, mas uma parte de mim, a parte que já tinha sido atormentada o suficiente, não conseguia mais ser dominada pelo medo. Não de novo.

A Arabella antiga saberia o que fazer. Eu seguraria na mão de Michael, e correria de volta para a minha família. Para o local seguro. Para os braços da minha mãe. Eu não devia me importar com um homem amaldiçoado, nem com servos que se calaram enquanto eu estava presa, mas tudo mudou.

Eu não era mais a mesma Arabella.

— Não posso ir.

— O que disse?

— Não posso ir, não agora. Desculpa, Michael.

Dei os passos trêmulos mais rápidos de toda a minha vida, e me abaixei ao lado dele.

Gemendo de dor, ele cuspiu sangue. Seus olhos roxos fixaram nos meus, e o meu medo passou. Uma sensação inexplicável de confiança me invadiu.

— Sou eu. — ele sussurrou, com tanta dor que me fez sentir angústia. Engoli a vontade de chorar, pois sabia que não o ajudaria.

— Eu sei. — apoiei a cabeça dele em meu colo. — Eu sei que é você.

— Ele precisa ser estabilizado, está perdendo muito sangue. — o idoso se abaixou também, pressionando o abdômen com um pano.

— Arabella, não irei deixá-la. — a voz de Michael surgiu atrás de mim. — Se deseja salvar essa criatura, podemos tentar levá-lo à Beaumont.

— Ele não suportaria a viagem. Não vê? — o senhor respondeu em meu lugar.

Quase sem forças, a mão do homem alcançou a minha.

— Bella, vá. Não precisa ficar... — ele tossiu, fazendo mais sangue se espalhar. — ...por mim.

— Você não me deixou, então também não irei deixá-lo. — angustiada, ajudei o idoso a estancar o sangue, e me virei para a multidão estática. — Alguém pode me ajudar?

Os guardas de Beaumont, como se tivessem acabado de escutar uma ordem, se aproximaram e ajudaram a carregar o corpo. O idoso os guiou até um quarto velho no fundo do Palácio, enquanto metade do Salão ainda queimava.

Pegando uma enorme quantidade de ervas que eu não conhecia, o idoso passou por toda a extensão dos ferimentos. Quando sentiu uma espécie de lama na ferida, ele gritou, com uma dor tão pungente que me fez estremecer.
Segurei na mão dele, tentando afastar a estranha sensação de calor e aspereza das escamas que emanava dela.

— Ara...

— Eu estou aqui. — coloquei um pano quente sob a testa dele. — Você vai ficar bem. Dragões não morrem assim, não é?

— Já conheceu muitos dragões antes de mim?

— Essa é uma ótima pergunta. Não. — resolvi ser sincera. Com dor, ele quase sorriu.

— Ele não vai conseguir sobreviver. — o idoso suspirou, limpando um suor da testa. — A maldição manteve marcas. Ele não voltou a ser totalmente humano. Se fosse, as ervas funcionariam.

— Ele ainda é parte dragão. — tentei pensar rápido, vendo o peitoral dele, também coberto por escamas banhadas de sangue, subirem e desceram em uma respiração difícil. — Eles não precisam, não sei, de fogo?

Os olhos grandes do idoso se arregalaram.

— Fogo. Você está certa. Fogo.

Ele saiu correndo do quarto e voltou com uma lenha, trazendo uma brasa viva.
Entrei na frente dele, desesperada.

— Não! Eu não quis dizer colocar fogo nele! Está louco? Irá matá-lo!

— Ele já está morrendo, Princesa.

Michael me puxou para trás, enquanto os dedos dele se soltavam dos meus. Gritei, quando o velho jogou a brasa e o fogo consumiu o corpo dele por completo. Ninguém parecia me escutar. Chorei, desesperada, e só parei quando algo impossível aos olhos aconteceu.

Ele se levantou da cama, coberto de chamas, e cada ferida começou a se fechar. Nenhuma parte do seu corpo pareceu ter sido queimada pelo fogo. Foi assustador, e ao mesmo tempo, tranquilizante. Ele estava bem.

As chamas se apagaram, e o lençol velho do corpo caiu em cinzas. Gritei por um motivo diferente.

Ele estava nu.

Me virei de costas, imediatamente, conforme Michael fechava os meus olhos com as mãos. O idoso riu.

— Nosso Príncipe! Está vivo!


Eu não tinha certeza se havia escutado direito. Quando o calor do quarto diminuiu, e eu consegui me virar, ele já estava vestido com uma calça folgada. Encarei, confusa, o velho jardineiro. Ele disse Príncipe?

O idoso sorriu, sem intenção de me explicar, e saiu para buscar alimento. Os outros guardas foram atrás, quando uma serva passou e gritou que precisava de ajuda para terminar de apagar o fogo antes que o Palácio inteiro fosse consumido.

O irmão do meu cunhado permaneceu firme atrás de mim enquanto os olhos do homem que eu não sabia o nome atraíam os meus. Ele deu um passo à frente, e Michael sacou a espada.

— Ele não vai me fazer mal. — empurrei a arma para baixo.

— Como você pode ter certeza?

Eu não sabia. Apenas tinha.

— Eu jamais machucaria a Arabella. Só preciso falar com ela, se me permitir.

Foi constrangedor vê-lo pedir permissão. Michael era um bom guarda, e parecia corajoso, mas não possuía nem metade do porte físico dele. Isso sem contar o fato de que ele, há pouco tempo atrás, lançava fogo.

— Está tudo bem. — sorri fraco para ele. — Me espera lá fora, eu já vou.

Michael assentiu, saindo a contragosto.
A porta do quarto velho foi fechada, e eu me senti, novamente, nos túneis subterrâneos. Uma sensação de déjà-vu me invadiu.

Estávamos em um ambiente fechado, abafado, e com uma luz que passava pelos olhos roxos dele. A diferença era que, agora, ele não era um dragão.

Para a minha surpresa, ele se curvou.

— Não me apresentei. Eu me chamo Aland.

— Não precisa se curvar. — dei um passo à frente, constrangida e aliviada, ao mesmo tempo, por finalmente saber como chamá-lo.

— Preciso. — os olhos dele se voltaram aos meus. — Não sabe como salvou a minha vida, Arabella.

— Você também salvou a minha. — engoli em seco. — Bom, isso é estranho.

Ele sorriu. Meu peito apertou. A semelhança física com Harry me balançou, e eu me detestei por isso. Por compará-lo a outro homem. Eles não se assemelhavam tanto quanto minha mente tentava sugerir.

Aland possuía uma pele mais dourada, sobrancelhas mais grossas e as marcantes escamas no peito e mãos. Isso sem contar os olhos, que eram estranhos ao se olhar, pelo forte tom de roxo que parecia mudar para violeta, na luz.

Ele tinha uma aparência selvagem por fora e parecia manso, por dentro.

— De fato. Você parecia mais à vontade comigo quando eu possuía sete metros a mais. Peço perdão por ter me visto...desprotegido.

— Por que aquele senhor te chamou de Príncipe? — tentei mudar de assunto, antes que meu rosto queimasse por falar da "proteção" dele.

— Porque... de certa forma, eu sou um, mas não do tipo que o povo deseja.

— Como assim? — me sentei na cadeira de madeira que estava ao lado. Ele abaixou a cabeça.

— Eu sou bastardo.

— Arthur... era seu irmão?

— Sim, ele que fez isso comigo. Me matar junto com o resto da nossa família teria sido mais eficaz, mas ele queria uma arma para quando a guerra chegasse e ele invadisse todos os reinos.

— Invadir? — meu coração disparou.

— Sim, ele deseja tomar todos os reinos para si. Esse sempre foi o plano dele, desde que éramos novos. — ele engoliu em seco.

— Mas... ele te queria como uma arma de guerra?

— Exatamente, por isso me mantinha vivo. Ele não esperava que um dragão tivesse consciência.

Assenti, me lembrando do diário.

— Você... o viu? Morrer.

Não precisei dizer o nome para ele saber que eu estava perguntando de Arthur.

— Não, não o vi. — ele não tentou mentir para fazer com que eu me sentisse melhor. De certa forma, isso me fez gostar mais dele. — Por isso você precisa ir embora daqui.

— Se ele estiver vivo, irá atrás de mim. — senti minha voz embargada. — Como posso colocar a minha família em risco?

— Se quiser, estarei ao seu lado e te seguirei para onde for.

— Não pode fazer isso. — o encarei, incrédula. — Você é o Príncipe, precisa assumir Dazzo.

— Eu sou um bastardo, Bella. Ninguém irá aceitar a minha liderança.

— E deixará o povo sem líder? — me lembrei dos escravos na cidade. — Eles estão sofrendo, Aland.

— Não sei sequer como me portar. — ele confessou, com vergonha. — Olhe para mim. Sou um monstro.

— Você não é um monstro. — o encarei, com pena por ele se ver dessa forma. Ele era o meu amigo. Tinha sido, durante os meus piores dias, a companhia que não me deixou morrer de desespero. Se ele precisava de ajuda, eu só tinha uma coisa a fazer. — Eu posso te ajudar.

Muita coisa parecia estar em risco agora. Não era mais sobre mim. Eu não podia deixar que aquilo continuasse. A frase do jardineiro, agora, parecia fazer muito mais sentido.

É o seu destino salvar os oito reinos.

— Como?

— Posso te ensinar um pouco do que sei sobre política, etiqueta e vestimenta.

— As pessoas têm medo de mim, Bella. Você viu a reação delas lá fora.

— Você pretende soltar fogo por aí?

— Bom, não. — ele franziu o cenho. — Não tenho certeza se posso fazer isso.

— Então eles irão te aceitar. Quando estiver pronto, eu irei embora. Teremos certeza de que Arthur estará morto se não aparecer até lá.
Talvez ele tenha queimado no fogo e eu só estou paranoica.

— Obrigado. — ele segurou a minha mão, com calma, parecendo ter medo de que eu tremesse. — Por tudo.

Puxei a mão de volta, assentindo, e abri a porta do quarto. Michael estava parado nela. Antes que eu pudesse explicar a ele que ficaria mais um pouco, um servo adolescente de cabelos dourados se aproximou.

— Moça, tenho um recado.

Michael e Aland se enrijeceram quando eu me aproximei dele. Era ridículo me proteger de um garoto que só tinha pele e osso e um rosto cansado. Ele não podia me fazer mal, mas o que ele sussurrou, fez.

— Ele mandou dizer que está vivo, e que ainda vai te matar.

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