Capítulo XXXIX

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Quando o quarto se fechou, eu e Harry encaramos a grande cama de lençóis brancos que combinava com a parede cristalina. Por um momento, nós dois consideramos esquecer o plano.

— Suponho que eu não deva te beijar agora. — ele soltou o ar dos pulmões e acariciou os meus dedos de forma instigante.

— Não... — soltei o ar que prendia também. Dizer não nunca foi tão difícil. — ...não deve.

— Esse casamento nunca fica mais fácil. — Harry ficou em minha frente e acariciou o meu rosto com o polegar.

— Dizem que o primeiro ano é o mais difícil.

Sorrimos juntos.

— De fato. Você até me sequestrou e até me amarrou.

— Harry!

— Eu estava brincando. Pode me amarrar sempre que quiser, meu bem. — ele me puxou para si, e me abraçou forte, enterrando o rosto em meu pescoço. — Senti saudades.

— Eu também. — senti a minha pele se aquecer.

Ter ele de volta era como estar em casa, e por um momento eu quis ficar ali, dentro dos braços dele sem me preocupar com mais nada, mas eu não podia.

Aland estava lá fora, metade do exército da minha família estava tentando segurar Dazzo e pessoas morreriam quando a guerra eclodisse. Se Arthur ganhasse, eu não podia sequer imaginar o que seria dos oito reinos.

Saindo contra vontade do abraço de Harry, senti ele me dar um beijo na testa antes de abrirmos a porta do quarto. Esperamos que as servas do corredor passassem, e nos esquivamos dos guardas ruivos.

— O que estamos procurando? — Harry sussurrou, enquanto segurava a minha mão. Outra dupla de guardas passou.

— Um Cristal escondido. Dizem que ele é capaz de realizar um desejo.

— Você está tremendo, estrela.

— Não sou especialista em roubar coisas de castelos.

— Você fica linda apreensiva. — ele me roubou um beijo rápido.

— Harry!

— Desculpa, não resisti.

Sorri de volta, o puxando para outro beijo.

— Vamos achar esse Cristal logo. — ele disse por fim, e voltamos a correr e nos esconder nas esculturas de gelo que decoravam cada corredor.

Depois de encontrar uma escada suspeita em espiral, subimos os degraus até encontrar uma imensa porta branca, tão grande e imponente que deveria ser dez vezes a minha altura. Harry apertou a minha mão.

— Parece suspeita.

— Tem que ser aqui. — tentei encontrar uma maçaneta.

Não tinha absolutamente nada que parecesse ser capaz de abrir a porta. Eu e Harry tentamos empurrar de todos os lados possíveis, mas nada funcionava. Quando a minha mão entrou no que parecia ser um gelo solto, um barulho estridente de sino começou a ser tocado, tão alto que nos fez apertar as orelhas.

— Eu falei que nós devíamos ter ido embora. — Harry disse alto, travando uma competição com o sino.

— Você está colocando a culpa em mim? — gritei de volta. — Eu sabia que você estava sendo fofo demais.

— Isso aqui é uma enrascada, meu bem.

— Nós devíamos estar correndo!

— Esse chão escorrega!

Insensato AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora