Capítulo XL

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Me acomodei nas costas amplas do pégaso, sentindo uma mistura de excitação e nervosismo tomando conta de mim. O pelo macio entrou em seus dedos. Se eu já não era boa em andar em um cavalo comum, veja lá em um que voava.

— Tem certeza disso, estrela? — Harry continuou segurando a minha mão após ter me ajudado a subir. — Você terá que segurar firme.

— Não precisa se preocupar, eu estou confiante.

— Você ainda não sabe mentir, meu bem. — ele sorriu, beijou a minha mão e foi em direção ao pégaso que o esperava.

Aland já estava montado no dele, mas ambos pareciam não ter se dado muito bem.

— Queremos ir até aquela montanha mais alta. — falei baixo ao meu cavalo de asas, apertando os olhos. — Não me deixe cair.

Ele respondeu com um barulho que me acalmou, apenas por um mísero instante. Com um batimento cardíaco acelerado, o pégaso se preparou para decolar, suas asas batendo contra o ar com uma força que me deixou sem fôlego. Logo, estávamos no ar, elevando-nos em direção às nuvens.

O vento frio e os flocos de neve chicoteavam meu rosto, fazendo com que meus cabelos voassem atrás de mim. Abaixei meu olhar para o mundo lá embaixo. Era uma visão de tirar o fôlego. Em ambos os sentidos.

Cada movimento do pégaso era fluido e gracioso, como se estivéssemos dançando juntos nos céus. Eu me senti viva, vibrante, como se pudesse conquistar qualquer desafio que o mundo lançasse em meu caminho. Eu estava mesmo voando! Minhas irmãs morreriam se eu contasse isso a elas.

Enquanto voávamos mais alto, uma sensação de serenidade e paz interior se instalou em meu coração. Eu me senti conectada não apenas ao pégaso, mas também ao próprio céu, como se fosse parte de algo maior e mais significativo do que eu mesma.

Tudo começou a fazer sentido, como se cada sofrimento que eu passasse precisasse me levar até ali, a viver uma aventura que eu jamais pensei que viveria. Era aterrorizante e excitante, ao mesmo tempo.

Percebi que eu era pequena em relação ao mundo, e que eu nunca mais seria a mesma. Eu sabia que levaria comigo as lembranças deste momento, gravadas em minha mente como uma tapeçaria de sonhos, para sempre.

Como se soubesse exatamente onde pousar, os três pégasos pararam juntos, na base da montanha. Os agradeci, um por um, com um beijo em seus rostos, e os vi desaparecer no horizonte. Harry e Aland pareciam tontos pelo voo. Acho que ambos não tiveram a mesma boa experiência.

— Eu nunca mais subo em um bicho desse. — Harry disse, apoiando um braço na árvore.
Aland vomitou.

— Eles não gostaram de mim.

— Não sejam dramáticos.

Fiquei sem fôlego ao ver a árvore que Harry escorara. Os galhos brancos e secos. Era exatamente a mesma do desenho da parede.

— É aqui! O próximo desenho! — sorri, tocando os galhos. — E agora, o que será que devemos fazer?

— A próxima figura era de um homem. — Aland ponderou, respirando fundo. — Talvez deva ter alguém que more aqui perto.

— Acho difícil. — Harry olhou ao redor. — Não tem nada a quilômetros.

Abracei meu próprio corpo, confusa em como prosseguir. O frio estava ainda mais severo.

— Talvez não alguém vivo. — Aland andou por detrás da árvore. — Venham ver.

Harry segurou a minha mão e seguimos o olhar dele, até encontrar uma pilha de ossos humanos. Senti meu estômago revirar.

Insensato AmorWhere stories live. Discover now