Capítulo VII

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O passeio foi tranquilo, sem mais investidas da parte do Duque, o que, para admitir, foi um pouco decepcionante para mim. Tentei parar de pensar em bobagens e prestei atenção nas árvores ao meu redor.

Aprendi o caminho até o riacho mais próximo, o que levava às frutas mais fáceis de colher, o que levava à rota do vilarejo e o que trazia, em segurança, de volta para a cabana. Quando retornamos, o deixei preparar o almoço, enquanto eu observava. O cozido de carne e legumes havia ficado bom, na medida do possível.

Era interessante vê-lo cozinhar. Quem o analisasse, com a roupa simples que usava e a agilidade com que ele cortava os ingredientes, jamais poderia imaginar que havia sido um Duque. Harry era bonito de um jeito irritante. Ele sabia o charme que tinha e parecia usar isso para conseguir tudo que queria.

Como se não bastasse, ele também era o homem mais simples e engraçado que eu já havia conhecido, e constatar isso me fez perceber que estávamos passando tempo demais juntos.

— Vou sair. — coloquei um chapéu com laço branco, peguei uma das malas que havia separado e calcei o mais confortável de meus sapatos.

— Posso saber para onde?

Sorri para ele.

— Não.

Saí da cabana, satisfeita por ele não ter vindo atrás de mim. Fiz o caminho que havia aprendido até a aldeia e entrei na taverna, que era bem menos movimentada e, certamente, menos barulhenta durante o dia. Tiana parou de organizar os copos e sorriu, andando em minha direção.

— Você voltou! Harry ainda está vivo?

— Por ora. Fizemos um novo acordo e ele está aprendendo a agir como um cavalheiro.

— Vocês dois e os seus acordos. — ela me abraçou. — Que bom que veio.

— Eu disse que viria. — a abracei de volta e estendi a mala. — Trouxe os vestidos que lhe falei. Aí deve ter, pelo menos, uns 6 bem quentes. Espero que as ajude quando o inverno chegar.

— Com certeza vai ajudar. Se forem tão arrumados quanto o que está vestindo agora, elas ficarão nas nuvens.

— Ele realmente chama bastante atenção, não é? — toquei na saia do vestido, vendo Tiana se esforçando para não concordar rápido demais.

— É que ninguém teria condições para usar uma peça como essa por aqui, Bella, não é sua culpa. Eu poderia te emprestar um dos meus, seu corpo é magro, mas creio que não servirão... — ela olhou para o meu corpo e arregalou os olhos. — ...no busto. O seu é, certamente, bem mais valorizado. Tem certeza que Harry está sendo um cavalheiro? Por que, como um conselho de amiga, é impossível ele não ter notado esse seu atributo.

Senti meu rosto arder de vergonha.

— O casamento logo irá acabar, não é correto que nenhum dos dois alimente tais pensamentos errados.

— Bobagem. Vai me dizer que passaram todos esses dias juntos e você nunca sequer pensou em beijá-lo?

— Ele não quer uma esposa e eu não o quero como marido. — finalizei o assunto, observando as pessoas que comiam na taverna
me olharem de soslaio, com cochichos.

— Tudo bem, assunto encerrado então. — Tiana levantou as mãos, seguindo o meu olhar. — Olha, é realmente um pouco perigoso que você use roupas tão caras e saia desacompanhada. Sei que irá ficar pouco tempo até conseguir a sua anulação, mas deveria ter algo mais simples para vestir enquanto estiver aqui. Olhe.

Tiana me acompanhou até a porta e apontou um estabelecimento no fim da rua.

— Ali há uma vendedora que vende boas roupas usadas. Não são tão caras e há uma boa chance de você encontrar algo que goste.

Insensato AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora