Capítulo XVI

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— Você está parecendo uma estrela, Bella. — Harry disse, me olhando dos pés à cabeça, lentamente. Seus olhos pararam nos meus, como se não houvesse mais nada ao redor.

— Obrigada. — respondi, sem saber onde pôr as mãos. Agarrei a lateral do vestido. — Como eu disse, quero ir para o festival.

— Não a deixarei ir sozinha.

— Não desejo ir só. Estou pedindo que me acompanhe. Tiana tinha razão. Irei embora amanhã e mal conheci a cultura de Sírios.

Harry olhou para as minhas pernas, preocupado.

— Não está boa para andar ainda.

— Se consigo ir embora amanhã, também consigo ir à uma festa. — argumentei, vendo-o me olhar com intensidade.

— Não é necessário que vá amanhã se não estiver melhor.

Era. Mais do que necessário. Se eu não fosse embora no dia seguinte, não sabia mais até quando suportaria. Eu, provavelmente, me jogaria aos braços dele como uma insensata e revelaria um amor que nunca deveria ter nascido.

— Não é preciso a vossa preocupação. — respirei fundo. — Posso andar.

— Irei trocar de roupa, então. — ele assentiu.
Rápido e simples. Sem discussão. Assim como estava sendo desde que tudo entre nós havia se tornado complexo demais.

Os últimos dias me sufocaram. Senti falta das brigas e discussões. Dos flertes e olhares. Senti até falta de quando ele me chamava de "meu bem", e me detestei por isso.

— Está bom assim? — ele apareceu de volta na sala, com uma roupa um pouco mais formal e o cabelo ainda preso. Sua camisa era azul, do mesmo tom do meu vestido.

— Está. — assenti, tentando não olhar muito. — Como iremos?

— Se sentirá bem em andar a cavalo novamente? É a forma mais rápida de irmos. Estarei atrás de você lhe segurando e prometo que não descerei dessa vez.

— Tudo bem, confio em você.

Assenti, enquanto saíamos da cabana. Ele me ajudou a subir em Bella. Harry pareceu ficar incomodado com o que eu disse, e não me falou mais comigo desde então, apesar de praticamente me abraçar durante o caminho com medo de que eu caísse novamente.

A noite estava calma e silenciosa. Quando os galhos e as árvores começaram a desaparecer, diversos candelabros começaram a iluminar o ambiente. A música era tocada apenas em flauta, em um ritmo alegre e, ao mesmo tempo, bonito. Como se uma história estivesse sendo contada em cada nota.

Todos os casais estavam bastante arrumados e andavam de mãos dadas. Os padrões dos vestidos eram bem diferentes dos meus. As cores eram vivas, e os cabelos eram enfeitados com folhas e flores naturais.

Harry amarrou Bella a um tronco e me ajudou a descer, me erguendo com as mãos em minha cintura. Quando paramos, um em frente ao outro, tão perto, ele se afastou e segurou em minha mão.

— Noite bela! — um velhinho que guardava a entrada, sentado em uma pequena mesinha de madeira gritou, sorrindo. Seu cabelo branco possuía leves cachos esverdeados, seus olhos eram amarelos, sua pele era escura e imaginei que a sua altura também não chegasse aos meus ombros. — Casal bonito como deserto com pássaro. As mãos estende, e a alma desprende!

Olhei para o velhinho, confusa com o que ele tinha dito, e vi Harry estender um dos braços. O senhor, então, me olhou na expectativa de que eu fizesse o mesmo. Harry se abaixou e sussurrou em meu ouvido:

— Ele é um mago, nos fará tatuagens de iniciação. Todos na festa recebem. É tradição.

— O que é uma tatuagem?

Insensato AmorWhere stories live. Discover now