Capítulo XXIX

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Para corrigir, a vila inteira estava pegando fogo. Descobri isso quando avistei, pela janela, chamas altas e pessoas correndo. Acordei Aland, desesperada, e o vi pegar Isis no colo enquanto eu guiava Calanthe para o lado de fora.

A tenda foi consumida e caiu no exato momento em que chegamos ao lado de fora. Todas as casas eram próximas umas das outras. O fogo tinha alcançado o quarteirão. Aland colocou Isis nos braços da mãe e me olhou uma última vez antes de correr.

Sem sequer pensar, ele atravessou as chamas e entrou nas casas, salvando as pessoas que gritavam do lado de dentro. Um grupo de mulheres se juntou e começou a trazer baldes de água. Calanthe e eu nos juntamos para apagar o máximo de fogo que conseguíamos.

Como se fosse uma salvação dos céus, gotas de chuva começaram a cair e o fogo cessou. Aland, exausto, carregou a última criança machucada no colo e a entregou nos braços dos pais. Todos da vila fizeram uma grande roda ao seu redor, e se curvaram, agradecidos por ele ter salvo a vida dos filhos.

Uma única mulher não se curvou, a mesma que tinha gritado no dia anterior que Aland era um bastardo.

— Não se curvem! Ele é um monstro, não estão vendo? Ele que deve ter colocado fogo na vila para nos enganar.

Encarei-a, incrédula pelas palavras. Como eles eram capazes de preferir um tirano que os açoitava ao invés de Aland? Como a maldade do coração humano conseguia chegar a esse ponto?

Antes que mais pessoas refletissem sobre a fala da camponesa, um casal se ergueu e deu um passo à frente.

— Não foi ele. Foi minha culpa. — a mulher de cabelos loiros longos cacheados disse, chorando compulsivamente. — Esqueci o fogo ligado, eu estava tão exausta.

— Perdoem a minha mulher, foi um acidente. — o marido segurou em seus ombros. — Eu os imploro. Irei restaurar a tenda de todos.

O burburinho começou, e os olhos das pessoas, repletos de ódio por terem perdidos suas casas, refletiam a vontade de acabar com o casal, até perceberem que se tratava de um casal com boas condições.

— Ele é um construtor de tendas, as pessoas terão casas melhores que antes. — Calanthe me explicou, enquanto Aland foi erguido pelos homens da aldeia.

Sorri, percebendo que pelo menos uma coisa boa tinha saído daquilo tudo.

O povo aceitou ser livre.

— Menino imbecil me devolva logo a minha boneca! — corri atrás do garoto gordo e insuportável que os meus pais insistiam para brincar comigo

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— Menino imbecil me devolva logo a minha boneca! — corri atrás do garoto gordo e insuportável que os meus pais insistiam para brincar comigo. Eu o detestava.

— Não quero e não vou. — ele ergueu o braço no ar. — Se quiser, vem pegar Belinha.

— Eu já disse para não me dar apelido, eu te odeio!

Insensato AmorOnde as histórias ganham vida. Descobre agora