Capítulo XXXII

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Depois que Ella foi embora, eu passei um bom tempo tentando fazer o meu cabelo voltar ao normal. Os produtos do banheiro cheiravam a lavanda e plantas frescas.

Uma parte de mim reviveu a sensação dos lábios de Harry roçando a minha orelha quando disse que gostava que eu cheirava a cereja. Não tinha nada aqui que pudesse deixar o meu cabelo com esse cheiro.
Nem ele.

Tentando não cair de novo no vazio, me forcei a fechar os olhos. Dormi por tanto tempo que, quando acordei, escutei um alto barulho de música e uma batida na porta. Demorei um pouco para me levantar, colocar o vestido, e abrir.

— Boa noite, Qhana. — Aland disse, estendendo a mão. — Está pronta? A festa já começou.

— Não vou poder te acompanhar.

Aland deixou o braço cair.

— Por que? Você está bem? — ele roçou o polegar em minha bochecha, com um olhar cuidadoso. Dei um passo para trás, recusando o gesto.

— Estou, só não desejo ir.

— Ella nos convidou. Não seria educado recusar. Não foi o que você me ensinou?

Não consegui deixar passar o fato dele se referir a ela pelo primeiro nome. Será que eles tinham passado a tarde juntos? Se tivessem, isso deveria me alegrar. Qualquer pontada de alegria me serviria agora para eu não pensar que estava traindo a memória de Harry ao estar preocupada com a rotina de outro homem.

— Não estou com muita vontade de seguir meus próprios conselhos agora. — agarrei a maçaneta da porta, sentindo o vazio retornar.
— Por favor, vá. A Princesa está te esperando. Você deve ir.

— A única Princesa que estou interessado em fazer companhia está na minha frente. Não irei sem você, não importa o que diga. — ele deu um passo à frente, e uma fragrância intensa de cedro e limão me atingiu.

Ele cheirava a brisa marítima.

Eu nunca tinha estado com ele perfumado antes, e isso era... bom. Não apenas o perfume, mas Aland parecia diferente. Mais autoconfiante.

Ele estava tão arrumado que seria completamente decepcionante se ele tivesse que perder a noite me fazendo companhia. Era um completo desperdício. Ella deveria vê-lo e... querer entrar no mar.

Soltei a respiração com força. Não era uma boa alegoria.

— E então, o que me diz? Vamos para a festa, ou permanecemos por aqui? Na festa parece ter comida. — ele ergueu as sobrancelhas.

Fechei a porta atrás de mim, e me apoiei em seu braço.

Talvez fosse isso que eu precisasse. Algo para encher o estômago e aliviar o coração.

— Eu estou mesmo com fome.


***

O som de flautas, clarinetes e tambores ocupavam o ambiente. Todos os homens usavam brincos dourados, assim como Jahi, e todas as mulheres dançavam livremente com as saias longas que eram leves o bastante para que os corpos se movimentassem.

Todas estavam lindas, adornadas com tiaras e
pulseiras, nos braços e tornozelos que se destacavam nos pés descalços. Depois de comer o melhor peixe que já tinha experimentado na vida, resolvi andar com Aland.

Insensato AmorWhere stories live. Discover now